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FACULDADE ESPÍRITO SANTENSE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE DIREITO STÉPHANY ULHÔA MORATTI SUELEN TEIXEIRA RODRIGUES DA APLICABILIDADE DAS REGRAS ATINENTES AO PREPARO RECURSAL, PREVISTAS NO ARTIGO 1.007 DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, NOS PROCESSOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO CARIACICA/ES 2015 STÉPHANY ULHÔA MORATTI SUELEN TEIXEIRA RODRIGUES DA APLICABILIDADE DAS REGRAS ATINENTES AO PREPARO RECURSAL, PREVISTAS NO ARTIGO 1.007 DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, NOS PROCESSOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO Projeto de pesquisa para elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Direito da Faculdade Espírito Santense de Ciências Jurídicas, como requisito parcial para obtenção do Titulo de Bacharel em Direito. Orientador: Professor Márcio Valério Effgen CARIACICA/ES 2015 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 3 2. PROBLEMA................................................................................................... 4 3. OBJETIVOS................................................................................................... 4 3.1 OBJETIVO FINAL........................................................................................... 4 3.2 OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS.................................................................... 4 4. JUSTIFICATIVA............................................................................................. 4 5. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 6 5.1 O PROCESSO NA JUSTIÇA DO TRABALHO............................................... 6 5.2 O PROCESO NA JUSTIÇA DO TRABALHO E O CÓDIGO PROCESSO CIVIL............................................................................................................... 6 5.3 O NOVO CÓDIGO PROCESSO CIVIL.......................................................... 7 5.4 DA APLICAÇAÕ DA REGRA SUPLETIVA PREVISTA NO NCPC................ 7 5.5 DA APLICAÇÃO DO NCPC AOS PROCESSOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO..................................................................................................... 10 5.6 DO PREPARO E O INSTITUTO DA DESERÇÃO.......................................... 11 6. HIPÓTESES................................................................................................... 14 7. METODOLOGIA............................................................................................. 15 8. CRONOGRAMA............................................................................................. 17 9. REFERÊNCIAS.............................................................................................. 18 3 1. INTRODUÇÃO O processo trabalhista, como dispõe Leite (2015), surgiu da necessidade de se efe- tivar um sistema de acesso à Justiça do Trabalho, que fosse simples, célere e de baixo custo, ficando, então, regulado pelo decreto Lei 5.452/43, denominado: Conso- lidação das Leis do Trabalho (CLT). Em 16 de março de 2015 fora sancionado pela presidenta o Novo Código de Pro- cesso Civil (NCPC), trazendo em seu texto a sua utilização de forma suplementar às relações processuais trabalhistas, o que demonstra mudanças que poderão causar reflexos nos processos da Justiça do Trabalho, tendo em vista a existência expressa no artigo 769, da CLT, que dispõe que o direito processual comum será utilizado como fonte subsidiária do processo trabalhista. Dentre as mudanças no NCPC temos o artigo 15º dispondo que “Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposi- ções deste código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente”. (BRASIL, 2015, s.p.). Ainda se tratando de inovações do novo código, o artigo 1007, reprodu- ziu parte do que já estava previsto no CPC de 1973, em seu artigo 511, bem como acrescentou dois novos parágrafos, dentre eles o parágrafo 4º, que trouxe positivado entendimento doutrinário e jurisprudencial. Tendo em vista a previsão do artigo 15º do NCPC em que se é possível aplicar as normas processuais do processo comum não só subsidiariamente quanto supletiva- mente nos processos da Justiça do Trabalho entende-se ser possível a rediscussão sobre a aplicabilidade do artigo 1.007 contido na norma processual civil, no que se refere aos pressupostos recursais, particularmente em relação ao preparo (recolhi- mento de custas e depósito recursal) e a deserção recursal, sendo esta a proposta do presente trabalho, ou seja, analisar a possibilidade de aplicação do artigo 1.007 do Novo CPC nos processos da justiça do trabalho, no que tange a deserção recur- sal, sob a ótica da aplicação supletiva do NCPC, visando, de alguma forma, contri- buir para a discussão do tema. 4 2. PROBLEMA É possível a aplicação das regras atinentes ao preparo recursal, previstas do artigo 1.007 do Novo Código de Processo Civil de 2015, nos processos da Justiça do Tra- balho? 3. OBJETIVOS 3.1. OBJETIVO FINAL Analisar se é possível a aplicação das regras atinentes ao preparo recursal, previs- tas do artigo 1.007 do Novo Código de Processo Civil nos processos da Justiça do Trabalho. 3.2 OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS Discorrer sobre a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil aos pro- cessos da Justiça do Trabalho; Discorrer sobre a aplicação supletiva prevista no Novo Código de Processo Civil aos processos da Justiça do Trabalho; Discorrer sobre os pressupostos recursais, respectivamente sobre preparo e depósito e sobre deserção de recursos; Fazer levantamento jurisprudencial e doutrinário sobre o tema; 5 4. JUSTIFICATIVA Com as mudanças advindas com o NCPC, especificamente em relação ao artigo 15º que prevê a aplicação supletiva (e não apenas subsidiaria) das normas do processo comum aos processos da Justiça do Trabalho, entendemos plausível a análise do Novo Código de Processo Civil, no sentido de (re)avaliar a aplicabilidade do artigo que dispõe sobre o preparo para interposição de recurso. No artigo 511 do CPC em vigor, que foi inserido pela lei nº 9.756, de 17 de Dezem- bro de 1998, consta a necessidade do recorrente comprovar o preparo no ato de interposição do recurso sob pena de deserção. O TST através da instrução normati- va nº 17 de 17 de Dezembro de 1999, pacificou o entendimento de que não seria cabível a aplicação do referido artigo nos processos da justiça do trabalho, tanto o caput quanto o parágrafo 2º. Sendo assim, até o advento do NCPC pacífico estava o entendimento sobre a im- possibilidade de aplicação de tal norma. Ocorre que, no artigo 15 do NCPC consta a previsão da aplicação supletiva do NCPC nos processos da justiça do trabalho, e além disso, o artigo 1.007, trouxe pacificado no artigo § 4º um entendimento juris- prudencial de que, o advogado deva ser intimado a comprovar o preparo, e apenas após a sua intimação será declarada a deserção. Assim, tendo em vista a previsão de aplicação do NCPC de forma supletiva aos pro- cessos da justiça do trabalho, bem como a positivação de entendimento jurispruden- cial sobre a intimação do advogado para regularização do preparo, justifica-se o pre- sente estudo, diante da possibilidade de mudanças nos processosda justiça do tra- balho. 6 5. REFERENCIAL TEÓRICO 5.1 O PROCESSO NA JUSTIÇA DO TRABALHO A jurisdição é una, todavia, existe uma divisão, meramente acadêmica, consideran- do assim, o direito do trabalho, ao lado do direito eleitoral e militar, como sendo ju- risdições especiais ou especializadas. O ramo do direito do trabalho, regulado pelo Decreto Lei 5.452/43, denominado Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), é dividido em direito material e direito processual. A primeira parte prevista do artigo 1° ao 762 e a segunda parte, do arti- go 763 ao 910 (BRASIL, 2015). Trataremos no presente artigo sobre a segunda par- te, qual seja, Direito Processual do trabalho. Direito Processual do Trabalho, embora possua título inserido na CLT, que regule especificamente o tema, não é exaustivo, sendo assim, há previsão expressa no ar- tigo 769 da CLT, para que nos casos de omissão, deve o Código de Processo Co- mum ser utilizado subsidiariamente, o que tem sido feito, utilizando-se o Código de Processo Civil de 1973. O doutrinador Martins conceitua Direito Processual do Trabalho como sendo “o con- junto de princípios, regras e instituições destinado a regular a atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos dissídios, individuais ou coletivos, pertinentes à relação de trabalho”. (MARTINS, 2006, p.18). 5.2 O PROCESSO NA JUSTIÇA DO TRABALHO E O CÓDIGO PROCESSO CIVIL. Como exposto, o artigo 769 da CLT prevê que o código de processo civil será apli- cado nos casos de omissão da CLT, servindo basicamente para complementar o que a especializada não previu em sua codificação. Como bem colocado por MIERELLES (2015) os processos na justiça do trabalho assemelham-se aos processos da justiça comum, todavia a CLT não trouxe em seu texto a delimitação de atos diretamente ligados aos processos, tais como a definição 7 de sentença, apenas a título de exemplo, portanto, não há dúvida quanto à impor- tância da aplicação do CPC nos processos da justiça do trabalho. Atualmente, o Código de Processo Civil em vigor vem sendo aplicável na especiali- zada no que não é incompatível. Como já dito fora sancionado um Novo CPC que a partir de 2016 irá substituir integralmente o anterior, assim, antes de adentrar no te- ma especifico do presente projeto, ou seja, a aplicação do artigo destinado ao prepa- ro, no NCPC, falaremos em suma, sobre o NCPC propriamente. 5.3 O NOVO CÓDIGO PROCESSO CIVIL Em 2010 foi divulgado projeto visando a alteração do Código de Processo Civil, ten- do sido, após alterações, sancionado pela presidenta em 16 de março de 2015. Em seu artigo 15, o novo código, prevê que, “na ausência de normas que regulem pro- cessos eleitorais, trabalhistas ou administrativas, as disposições deste código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente” (BRASIL, 2015). Assim, nota-se que o novo código, trouxe possíveis mudanças significativas relacionadas aos processos da Justiça do Trabalho. Há de ser destacar que o NCPC em seu artigo 1º dispõe que “O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamen- tais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código.” (BRASIL, 2015, s.p.) Isso significa que os idealizadores do NCPC buscam aplicar os princípios constitu- cionais previstos na Carta Magma na norma processual civil. Gonçalves, (2015) ex- plana sobre um tema de extrema relevância para a Justiça do trabalho, veja-se: Os pilares da Constituição, a exemplo da garantia da duração razoável do processo (umas das reclamações mais comuns da sociedade é a lentidão em determinados processos) – Direito Fundamental assegurado no artigo 5º, inciso LXXVII da Constituição – são normatizados no novo diploma [...]Um avanço, sem dúvida. (GONÇALVES, 2015, s.p.) Com base nessa ideia de celeridade processual, o que é justamente o que se busca na Justiça do Trabalho tendo em vista a matéria tratada, o NCPC trouxe que a apli- 8 cação do processo comum nos processos do trabalho, advindo do artigo 769 deixará de ser apenas fonte subsidiária para o direito processual do trabalho, passando a ser também supletiva e acessória, assim, em primeiro plano, uma necessidade de se analisar os reflexos de tal previsão, ou seja, a aplicação supletiva, na prática. 5.4 DA APLICAÇÃO DA REGRA SUPLETIVA PREVISTA NO NCPC Como exposto anteriormente, o Novo CPC trouxe em seu artigo 15, a aplicação su- pletiva do referido código, ou seja, passando a ser aplicado não somente de forma subsidiária nos processos da Justiça do Trabalho. Insta frisar que, a lei não contém palavra inútil, ou seja, embora as duas regras pareçam tratar do mesmo fenômeno serão utilizadas de maneira distinta, é o que corrobora Meireles: Para o Deputado Efraim Filho, “aplicação subsidiária visa ao preenchimento de lacuna; aplicação supletiva, à complementação normativa”. Sútil diferen- ça que procuraremos ressaltar e que, na prática, vem dar solução a uma questão pouco resolvida no processo do trabalho que é da incidência da re- gra do direito processual civil mesmo quando não há lacuna na CLT. (MEI- RELES, 2015, p. 10) Embora a doutrina sobre o tema ainda seja ínfima, há consenso dentre os doutrina- dores de que a supletividade trará para os processos da justiça do trabalho, as ca- racterísticas que foram previstas para o NCPC dentre eles, destacamos a duração razoável do processo. Outrossim, para o doutrinador Mauro Schiavi (2015), a supletividade significa a apli- cação do CPC sempre que a lei processual trabalhista não for completa, ou seja, embora ela regule o instituto processual, a sua norma não se encontra completa e menos abrangente que as normas do CPC. Assim, a regra da supletividade visa complementar uma regra principal, ou seja, a regra mais especial incompleta, visan- do uma maior efetividade e justiça nos processos trabalhistas. A bem da verdade, a lei trabalhista, por vezes, tem se mostrado antiquada e menos efetiva, motivo pelo qual, se faz necessário o uso das normas do processo civil ainda que não omissa a CLT, devendo se atentar, decerto, aos princípios que regem o processo do trabalho, em especial aos princípios: do acesso à justiça, da duração razoável do processo trabalhista, do contraditório e da efetividade das decisões judi- ciais. 9 De acordo com Leite (2007), o Tribunal Superior do Trabalho manifestou-se no sen- tido de que há possibilidade de se suprir não somente as lacunas normativas1, mas, também, as lacunas ontológicas2 e axiológicas3 ao editar súmulas para regulamentar normas com brechas interpretativas, como por exemplo a súmula 303 do TST. Para José Evaldo Bento Matos Júnior, o que se visualiza com essa mudança é o notório envelhecimento do artigo 769, da CLT. Pontua em seu artigo que, “obser- vando-se a interpretação teleológica da previsão do artigo 769 da CLT, deve ser a- dotada as novas regras do NCPC naquilo que for mais favorável ao exequente”. (MATOS JÚNIOR, 2015, s.p.) É de se notar que, há divergência quanto à essa mudança, veja-se o que dispõe Chaves, citado por José Evaldo Bento Matos Júnior: Precisamos avançar na teoria das lacunas do direito (quer sejam estas de natureza normativa, axiológica ou ontológica), a fim de reconhecer como in- completo o microssistema processual trabalhista (ou qualquer outro) quando - ainda que disponha de regramento sobre determinado instituto - este não apresenta fôlego para o enfrentamento das demandas contemporâneas, ca- recendo da supletividade de outros sistemasque apresentem institutos mais modernos e eficientes" (CHAVES, 2006, p. 28 apud MATOS JUNIOR, 2015, s.p..). Em sentido contrário o professor e advogado Leone Pereira, citado por Brenno Gril- lo: Um dos problemas está no artigo 15 do novo CPC, que diz: “Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamen- te”. Ao prever apenas os casos em que há uma lacuna legal, sem falar em compatibilidade entre as regras, a norma permite a criação de três cenários: o juiz do Trabalho não aplicar nada do novo CPC; o juiz se empolgar e usar só o CPC, deixando a CLT de lado; ou cada vara do Trabalho aplicar a seu modo, gerando insegurança jurídica. (PEREIRA, 2015, s.p.. apud GRIL- LO,2015, s.p.). Corroborando neste sentido temos Suzy Elizabeth Cavalcante Koury “O processo 1 Lacunas normativas, ocorrem quando há ausência de norma sobre determinado assunto. 2 Lacunas ontológicas, ocorrem quando existe uma norma positiva a regular tal situação, entretanto, não corresponde mais aos fatos sociais. 3 Lacunas axiológicas, há a existência de um dispositivo legal aplicável ao caso, todavia, se aplicado, produzirá efeito insatisfatório ou injusto. 10 civil vai regredir no que diz respeito às execuções provisória e definitiva, em relação ao processo do trabalho, de tal forma que se deve mantê-lo protegido, recorrendo ao disposto nos artigos 769 e 889 da CLT”. (KOURY 2015, s.p.). 5.5 DA APLICAÇÃO DO NCPC AOS PROCESSOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO Notório que a inovação trazida pelo NCPC, em seu artigo 1007, é extremamente re- levante, tendo em vista que a ausência da comprovação do preparo não mais torna- rá irremediavelmente deserto o recurso. Ou seja, o recorrente, deve comprovar no ato da interposição do recurso o seu recolhimento, todavia, caso não comprove, o recurso não mais será considerado deserto, devendo ser intimado, através de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro4, deste modo, não sendo recolhido após a intimação, somente então será considerado deserto. Importante frisar que, à luz dos princípios constitucionais, tal regra aplicada a deser- ção no que tange os processos trabalhistas, é vista como prática irregular perante os doutrinadores, bem como os princípios da razoabilidade e proporcionalidade que visam restringir os excessos, ou seja, buscam afastar restrições desnecessárias e abusivas do poder judiciário, assim, traz a ideia de o direito do contraditório e ampla defesa deve se sobrepor ao direito de denegar seguimento ao recurso devido a insu- ficiência de preparo, é o que corrobora o advogado HERZMANN (2015). Com a inovação trazida no NCPC a respeito da supletividade, é notório que o siste- ma processual trabalhista tem-se mostrado incompleto, demonstrando não conse- guir enfrentar as demandas contemporâneas, se fazendo necessário o uso supletivo dos outros sistemas que se mostram mais eficientes, o que fica evidente quando se trata da não aplicação do CPC no âmbito do trabalho, que claramente cerceia o di- reito de defesa, disposto na Carta Magna. 4 De acordo com o Mestre e Doutor em Direito Processual Civil, Daniel Amorim Assumpção Neves, que apesar da omissão quanto ao prazo para recolhimento em dobro, tal entendimento é de cinco dias, de acordo com Enunciado 97 do Fórum Permanente de Processualistas Civis. 11 Este é o entendimento dos processualistas civis. No IV Fórum Permanente de Pro- cessualistas Civis, ocorrido em abril de 2014, com o objetivo de se discutir as novas regras previstas no NCPC, fora emitido o seguinte enunciado: Enunciado 106. (arts. 6º; art. 8º; art. 1.007, § 2º) Não se pode reconhecer a deserção do recurso, em processo trabalhista, quando houver recolhimento insuficiente das custas e do depósito recursal, ainda que ínfima a diferença, cabendo ao juiz determinar a sua complementação. (FPPC, 2014, s.p.) Assim, levando-se em consideração a nova regra da supletividade, bem como o dis- posto nos artigos 6º e 8º do NCPC, fica evidente a necessidade de se tornar mais flexível no que tange a análise de admissibilidade recursal. De acordo Meirelles (2015), a jurisprudência trabalhista é rigorosa em excesso quando se trata do tema deserção, citando como exemplo a prova deficiente do preparo, quando o recorrido deixa de apresentar fotocópia autenticada ou o documento original que comprova o preparo. Embora não se trate de ausência ou insuficiência do recolhimento dos valores ne- cessários para o preparo, a documentação insuficiente também gera a deserção do recurso, impossibilitando assim, frisa o autor, o acesso à justiça, previsto na Carta Magna. Assim, para Meirelles (2015), os Tribunais do Trabalho apegam-se por demais aos formalismos, especificamente quando tratamos do preparo recursal, sacrificando o direito constitucional à ação ou de tutela, e por esta razão, defende ainda o autor, ser plenamente possível e compatível a aplicação supletiva do NCPC nos processos da justiça do trabalho. 5.6 DO PREPARO E O INTITUTO DA DESERÇÃO Para interposição de recurso no âmbito dos processos da justiça do trabalho, seja recurso ordinário (direcionada para o Tribunal Regional) seja o recurso de revista (direcionado para o Tribunal Superior do Trabalho), de acordo com o artigo 899 da CLT, é necessária a realização de depósito recursal e recolhimento de custas, o que chamamos de preparo recursal, ou preparo do recurso. 12 Em relação ao agravo de instrumento, também presente nos processos trabalhistas, o preparo corresponde a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito vinculado ao recurso a que se refere o agravo de instrumento. Como regra, o CPC/1973 em seu artigo 511, determina que para a interposição de recursos é necessário que haja o preparo, que é pressuposto extrínseco, ou seja, o pagamento das custas processuais devidas em razão desta interposição. Assim, corrobora CÂMARA (2014, p. 79), que “os recursos estão sujeitos a preparo, estan- do as exceções previstas na lei (como é o caso do agravo retido) ou na legislação estadual (ex: RJ, com os embargos infringentes)”. Assim, no ato da interposição do recurso, o preparo deve ser comprovado, sob pena de ser considerado deserto. Ou seja, de acordo com a doutrina majoritária, a deser- ção, que é a sanção pela falta de preparo do recurso, incidirá se não for comprovado o preparo no ato da interposição do recurso. Ressaltando que na Justiça do Traba- lho, a ausência de comprovação do preparo, por via original ou autenticada, também atrai o instituto da deserção. Sendo considerado deserto, ou seja, não haja o prepa- ro, ou este seja insuficiente, o recurso será denegado pelo juízo de admissibilidade, e não será apreciado por não preencher os pressupostos objetivos previstos em lei. Voltando a analisar a regra do preparo constante no CPC, cuja aplicação suposta- mente seria subsidiária aos processos da Justiça do Trabalho, temos que, no pará- grafo 2º, do artigo 511, do CPC, há disposição de que a insuficiência de preparo também implicará em deserção caso o recorrente, intimado, não complementar o recolhimento das custas no prazo de cinco dias. Em outras palavras a previsão do CPC é de que se o recorrente no ato da interposi- ção comprovar que efetuou o preparo, entretanto, o valor que foi recolhido não está correto, não se poderá declarar de imediato que o recurso é deserto, devendo, neste caso, intimar o recorrentepara que complemente o recolhimento dentro do prazo supracitado. Somente depois de transcorrido este prazo sem a manifestação, é que será considerado deserto. 13 No que tange os processos trabalhistas, têm-se em seu artigo 789, § 1º, que no caso dos recursos as custas serão pagas e comprovado o seu recolhimento dentro do prazo recursal, não trazendo hipóteses de intimação do recorrente nos casos de in- suficiência, como ocorre no CPC. A previsão constante no parágrafo 2º do artigo 511 foi incluída através da Lei 9.756/1998, e tendo a nova disposição, à época, gerado dúvida quanto à possibili- dade de aplicação nos processos da Justiça do Trabalho, o TST sanou tal dúvida através da instrução normativa nº 17, de 17 de dezembro de 1998, onde prevê a a inaplicabilidade do § 2º, do disposto no artigo 511, caput, do CPC. Assim, até o sancionamento do NCPC já era pacifico o entendimento de que a pos- sibilidade de correção do erro de forma quanto ao preparo recursal, aplicando-se na Justiça do Trabalho a regra prevista no CPC em vigência, não se aplicaria.Como já dito com a previsão de aplicação supletiva do NCPC nos processos da justiça do trabalho, é possível a reanalise da aplicação do disposto no antigo artigo 511 do CPC, agora previsto no artigo 1.007. Além dos dois parágrafos já previstos no antigo artigo 511, o artigo 1.007 do NCCP possui dois novos parágrafos, e o que nos importa no momento, é o disposto no § 4º do supracitado artigo, que dispõe que o advogado deva ser intimado a comprovar o preparo, devendo realizar o recolhimento em dobro e, apenas após a sua intimação seja declarada a deserção. Assim, diante da possibilidade aplicação não só subsidiaria do NCPC, mas, também supletiva nos processos da justiça do trabalho, bem como a previsão de que deverá o advogado ser intimado a regularizar o preparo para só assim ser decretado a de- serção, versus o direito constitucional de acesso à justiça, passamos a delinear a hipótese de solução ao problema proposto. 14 6. HIPÓTESES Ao analisar o material disponível, em que constam discussões a respeito da deser- ção bem como da aplicação supletiva do CPC nos processos da justiça do trabalho, supomos que, ao final do presente trabalho constataremos que, pela regra da suple- tividade seja possível a abertura de nova discussão a respeito da aplicação do NCPC no que diz respeito à deserção nos processos trabalhistas, sendo possível visualizar, diante das mudanças, que tal rigor não merece ser mantido. Ressaltamos que o presente trabalho visa avaliar a possibilidade de nova discussão a respeito da deserção nos processos trabalhistas, levando-se em consideração a regra da supletividade, para que se possa garantir com maior efetividade o direito constitucional de acesso à justiça. Sendo assim, após analisarmos a doutrina disponível sobre o tema, e com base nas opiniões dos nobres doutrinadores, entendemos que o artigo 1.007 do NCPC, deva ser aplicado aos processos da justiça do trabalho, possibilitando ao recorrente o a- juste de erros formais relacionados ao preparo do recurso, tal qual já é possível atu- almente no caso dos Recursos de Revista, com base no artigo 896, § 11º da CLT.5 Frisa-se que não seria o caso de ignorar as regras processuais no que se refere o preparo, e sim, de possibilitar ao recorrente sanar os eventuais vícios formais que possibilitem o prosseguimento do recurso, e consequentemente a sua apreciação. Em contra partida, podemos supor ainda, que, tendo em vista o entendimento ante- rior do Tribunal Superior do Trabalho, em relação ao artigo 511 do CPC/1973, não será possível a aplicação do NCPC, mantendo assim a regra vigente atual em rela- ção ao preparo, sendo necessário, portanto, uma reforma na própria CLT para que o preparo recursal se adeque possibilitando assim, ao recorrente, regularizar possíveis vícios presentes no referido pressuposto extrínseco. 5 CLT Artigo 896, § 11. Quando o recurso tempestivo contiver defeito formal que não se repute grave, o Tribunal Superior do Trabalho poderá desconsiderar o vício ou mandar saná-lo, julgando o méri- to. (BRASIL, 2015). 15 7. METODOLOGIA De acordo com o doutrinador MARCELO LOYOLA FRAGA (2009, p.51), diversas são as classificações de tipo de pesquisa. Em sua obra o autor opta por abordar dois critérios de método de pesquisa, que ele denomina “métodos primários ou gerais e métodos intermediários ou específicos” Considerando o tema escolhido para o desenvolvimento do presente projeto, bem como analisando-se o conceito de cada método de pesquisa, optamos por utilizar o método bibliográfico, tendo em vista a utilização de material disponível ao público, que nas palavras do autor se traduz em: Trata-se de estudo para conhecer as contribuições cientificas sobre deter- minado assunto. Tem como objetivo recolher, selecionar, analisar e interpre- tar as contribuições teóricas já existentes sobre determinado assunto. (FRAGA 2009, p. 53) Corroborando com tal descrição, temos a definição do método bibliográfico pelos doutrinadores MATIAS (2012) e VERGARA (2014): Bibliográfico: Abordagem utilizada para conhecer as contribuições cientificas sobre determinado assunto, tendo por objetivo recolher, selecionar, analisar e interpretar as contribuições teóricas já existentes sobre determinado as- sunto. (MATIAS, 2012, p. 86) Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto em, material acessível ao publico em geral. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mes- ma. (VERGARA, 2014, p. 43) FRAGA (2009, p. 54) informa que o método escolhido no presente projeto é o mais utilizado em pesquisa cientifica, pois selecionar conhecimentos prévios de outros estudiosos. Dentre os métodos apontados, entendemos ainda, ser aplicável o método explorató- rio, que, de acordo com FRAGA (2009, p.56) “trata-se de abordagem adotada para a busca de maiores informações sobre determinado assunto” que se aplica ao presen- te caso, por se tratar de um tema cujo rol de doutrina ainda é escasso. 16 FRAGA (2009, p. 65) informa em sua obra que os dados coletados através de estu- dos bibliográficos e exploratórios são chamados de dados secundários devendo as- sim ter suas fontes identificadas. Sendo os dados a ser coletado na modalidade se- cundário, estes serão coletados através de publicações em livros, revistas, artigos, jornais, redes eletrônicas. Os dados coletados devem receber tratamento para, analisados servirem para al- cançar resposta plausível ao problema de pesquisa. MARCELO LOYOLA FRAGA (2009, p. 67), explica que são comuns duas formas de tratamento dos dados coleta- dos: Quantitativos, ou seja, “utilizando-se procedimentos estáticos” e a forma qualita- tiva, em que é possível “tabular os dados apresentando-os de forma mais estrutura- da e analisando-os”. Por fim, há de ser abordar a questão da possibilidade de limitação do método de pesquisa. Por se tratar de assunto considerado novo no meio acadêmico, a disponi- bilidade de doutrina sobre o assunto ainda é mínima, contando atualmente com duas doutrinas especificas sobre o tema, sendo assim, crê-se que a limitação do presente estudo pode esbarrar na ausência de doutrina especializada para auxiliar na pesqui- sa bibliográfica. Em contra partida, a disponibilidade de artigos eletrônicos sobre o tema, ainda que possamvir a possuir, em casos pontuais, características subjetivas, podem suprir, ainda que não totalmente a lacuna da ausência de doutrina na presente pesquisa. 17 8. CRONOGRAMA ETAPA / ATIVIDADE AGO 2015 SET 2015 OUT 2015 NOV 2015 DEZ 2015 JAN 2016 FEV 2016 MAR 2016 ABR 2016 MAI 2016 JUN 2016 JUL 2016 Definição do tema X Encontros com o Orientador X X X X X X X Levantamento Bibliográfico e Leitura X X Elaboração do Projeto X X Análise do Projeto pela Banca Exami- nadora X Revisão Bibli- ográfica X X Redação Pre- liminar do Artigo X X Redação Final do Artigo X X X Avaliação do Orientador X Entrega do Artigo X Defesa do Artigo X 18 9. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto Lei nº 5.452, de 1º de Maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del5452.htm> Acesso em: 18 jun. 2015. ______.IV Encontro do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC). Belo Horizonte. Disponível em: < http://portalprocessual.com/wp co tent/uploads/2015/03/Carta-de-Belo-Horizonte.pdf> Acesso em: 13 set. 2015. ______. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. 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