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Direito à educação necessidades educacionais especiais subsídios para atuação do Ministério Público Brasileiro

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Prévia do material em texto

Presidente da República 
Fernando Henrique Cardoso 
Ministro da Educação 
Paulo Renato Souza 
Secretário Executivo 
Luciano Oliva Patrício 
Secretária de Educação Especial 
Marilene Ribeiro dos Santos 
 
Organização e Coordenação: 
. Francisca Roseneide Furtado do Monte 
. Ivana de Siqueira . José Rafael 
Miranda 
Grupo de Sistematização 
. Irmã Vieira de Santana e Anzoategui 
.Luiz Roberto Salles - Coordenador 
. Maria Alice Rosmaninho Perez - Coordenadora 
. Maria da Conceição Nogueira Silva 
. Paulo Roberto Barbosa Ramos 
. Waldir Macieira da Costa Filho 
Revisão Estatística e indicadores: . 
Reinaldo Estelles 
Apoio: 
. Ana Paula Xavier 
. Carla Maria Boueri Souto 
. Maria Luiza Lima Lopes Araújo 
Tiragem: 1500 exemplares 
Direito à educação : necessidades educacionais 
especiais : subsídios para atuação do Ministério Público 
Brasileiro / organização e coordenação : Francisca R. 
Furtado do Monte, Ivana de Siqueira, José Rafael 
Miranda.___ Brasília: MEC, SEESP, 2001-11-09 
300 p. :il. 
1. Educação Especial. 2. Política da Educação. 
3. Dados Estatísticos. I. Brasil. Ministério da Educação. 
Secretaria de Educação Especial 
CDU 376 
Esta publicação foi editada para atender os objetivos do Encontro Nacional do Ministério da Educa-
ção com o Ministério Público Brasileiro sobre o direito à educação das pessoas com necessidades 
educacionais especiais 
 
SUMÁRIO 
PARTE I 
Introdução: carta do Ministro da Educação 
Paulo Renato Souza ............................................................................................................ 7 
Apresentação 
Marilene Ribeiro dos Santos ...............................................................................................9 
A Política Educacional no âmbito da Educação Especial ................................................11 
Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Básica .................................27 
Fontes de Recursos e Mecanismos de Financiamentos da Educação Especial............45 
Evolução Estatística da Educação Especial....................................................................49 
(O Ministério Público Brasileiro......................................................................................61 
PARTE II 
Ordenamento Jurídico - Marcos Legais 
Lei n° 10.172, de 9 de janeiro de 2001 - Aprova o Plano Nacional de Educação e dá 
outras providências.............................................................................................................67 
Medida Provisória n° 2.216-37, de 31 de agosto de 2001 - Altera dispositivos 
da Lei n° 9.649, de 27 de maio de 1998, que dispõe sobre a organização da 
Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências ............................. 151 
 
Decreto n 3.956, de 8 de outubro de 2001 - Promulga a Convenção Interamericana 
para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras 
de Deficiência .................................................................................................................. 152 
Resolução n° 2, de 11 de setembro de 2001- Institui Diretrizes Nacional para a 
Educação Especial na Educação Básica........................................................................... 158 
Lei n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000 - Estabelece normas gerais e critérios 
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência 
ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências .................................................... 164 
Decreto n° 3.298, de 20 de dezembro de 1999 - Regulamenta a Lei n° 7.853, 
de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração 
da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá 
outras providências .......................................................................................................... 169 
Portaria n° 1.679, de 2 de dezembro de 1999 - Dispõe sobre os requisitos de 
acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências, para instruir os processos 
de autorização e de reconhecimento de cursos, e de credenciamento de instituições ....... 187 
Portaria n° 319, de 26 de fevereiro de 1999 - Institui o Ministério da Educação, 
vinculada à Secretaria de Educação Especial/SEESP e presidida pelo titular desta, 
a Comissão Brasileira do Braille, de caráter permanente .................................................. 189 
Decreto n° 2.264, de 27 de junho de 1997 - Regulamenta a Lei n° 9.424, de 
24 de dezembro de 1996, no âmbito federal, e determina outras providências.................. 191 
Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Estabelece as diretrizes e bases da 
educação nacional............................................................................................................. 195 
Lei n° 9.424, de 24 dezembro de 1996 - Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, na 
forma prevista no art.60, §7°, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, 
e dá outras providências....................................................................................................217 
Aviso Circular n° 277/MEC/GM - Brasília, 08 de maio de 1996 ..................................224 
Portaria n° 1.793, de dezembro de 1994 - O Ministro de Estado da Educação e do 
Desporto, no uso de suas atribuições, tendo em vista o disposto na Medida Provisória 
n° 765 de 16 de dezembro de 1994 e considerando: - a necessidade de 
complementar os currículos de formação de docentes e outros profissionais 
que interagem com portadores de necessidades especiais; - a manifestação favorável 
da Comissão Especial instituída pelo Decreto de 08 de dezembro de 1994, resolve ........226 
 
Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990 - Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente e dá outras providências .............................................................................. 227 
Lei n° 7.853, de 24 de outubro de 1989 - Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras 
de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração 
da Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE, institui a tutela jurisdicional de 
interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério 
Público, define crimes e dá outras providências ............................................................... 271 
Constituição da República Federativa do Brasil (promulgada em 05/10/88) ............. 277 
Resolução n° 02, de 24 de fevereiro de 1981 do Conselho Federal de Educação ............ 293 
Resolução n° 09, de 24 de novembro de 1978 do Conselho Federal de Educação - 
Resolve, Excepcionalmente, poderá ser admitida a matrícula com dispensa da prova 
de conclusão do curso de 2o grau ou equivalente quando se trata de aluno superdotado 
que, em data anterior à da inscrição no concurso vestibular, tenha obtido 
declaração de excepcionalidade positiva, mediante decisão do Conselho Federal 
de Educação ..................................................................................................................... 294 
 
INTRODUÇÃO 
 
DIREITO À EDUCAÇÃO: UM ESFORÇO CONJUNTO 
PAULO RENATO SOUZA 
Ministro da Educação 
O século XX caracterizou-se pela formulação de instrumentos legais que garantissem 
os direitos fundamentais da pessoa humana, em vários aspectos e níveis, abrindo as portas da 
transformação sócio-jurídica na área dos direitos humanos. 
Na área da Educação e, especificamente, das pessoas com necessidades educacionais 
especiais, a legislação existente representou, sem dúvida, um avanço importantíssimo, em-
bora a realidade esteja ainda muito aquém dos anseios da sociedade que almeja uma vida 
mais digna e justa para estas crianças, jovens e adultos. 
O fundamental,porém, é dar efetividade prática a esse conjunto de leis, por meio do 
desenvolvimento dos diversos agentes: político-jurídicos e sociais na garantia do direito à 
todos de uma educação com qualidade. 
Nesse sentido, a busca de uma parceria com o Ministério Público, sem dúvida, cons-
titui extraordinária importância para a efetivação dos mecanismos legais, de modo a concre-
tizar o direito à educação, a partir de uma perspectiva de cooperação do poder Executivo 
com os "Guardiões da Constituição e das leis". 
Esta publicação tem por finalidade contribuir para os trabalhos que se iniciam a partir 
do I Encontro do Ministério da Educação com o Ministério Público, na área da educação dos 
alunos com necessidades educacionais especiais, de modo a instrumentalizar os agentes do 
Ministério Público na defesa e promoção do direito à educação destas pessoas. 
Na oportunidade, da publicação deste documento, ainda numa primeira versão a ser 
aprimorada futuramente, quero agradecer a todos que, motivados pela justiça social, contri-
buíram para a produção e organização dos textos aqui contidos. 
Quero também, registrar a minha confiança de que este trabalho, que já se iniciou, 
representa um avanço significativo para construção dos alicerces de uma sociedade que res-
peita a diversidade humana. 
 
APRESENTAÇÃO 
MARILENE RIBEIRO DOS SANTOS 
Secretária de Educação Especial 
Esta publicação, intitulada NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS: 
SUBSÍDIOS PARA A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO, apresenta 
um conjunto de textos que tratam da Política Educacional no âmbito da Educação Especial, 
os Dados Estatísticos do atendimento e a cobertura da Educação Especial no país, das Diretrizes 
Nacionais da Educação Especial na Educação Básica, das Fontes de Recursos e Mecanismos 
de Financiamento da Educação Especial, a atuação do Ministério Público e do Ordenamento 
Jurídico - Marcos Legais. 
Este documento que não tem a pretensão de ser uma versão definitiva do tema, foi 
resultado de discussões realizadas entre o grupo de Estudos "Parquet" e de técnicos da 
Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação - MEC, com objetivo de subsidiar 
a atuação do Ministério Público -MP, especialmente, nas áreas de defesa da cidadania, da 
juventude e das pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais ligadas a 
deficiências e a outros fatores associados à aprendizagem. 
E importante, registrar que o grupo de Estudos "Parquet" surgiu da necessidade de 
discutir-se a implementação dos direitos das pessoas portadoras de deficiência e dos idosos 
no âmbito do Ministério Público Brasileiro. O primeiro encontro ocorreu na cidade de São 
Luís/M A (1999), de onde resultou a redação da "Carta de São Luís", cujo texto foi aprovado 
pelo Egrégio Colégio Nacional de Procuradores-Gerais de Justiça. Atualmente o Grupo de 
Estudos "Parquet" conta com a colaboração de profissionais, estudiosos e pesquisadores 
das áreas jurídica, educacional, saúde, arquitetura e urbanismo, serviço e assistência social. O 
Grupo de Estudos "Parquet" tem por objetivo fomentar a discussão, análise, pesquisa e 
concretização de atitudes que busquem eliminar as formas de exclusão social. 
Assim, diante de inúmeras questões que o Ministério Público vem se deparando em 
relação as demandas oriundas da sociedade que reivindica o direito à educação das pessoas 
com necessidades educacionais especiais, o grupo "Parquet", procurou este Ministério, 
buscando ações conjuntas que pudessem instrumentalizar a atuação dos agentes do Ministério 
Público em relação a essas questões. 
Com este documento pretende-se ainda, induzir o estabelecimento de parcerias entre 
 
o Ministério Público e a área de educação, nas diversas esferas administrativas, no sentido de 
contribuir para a ação do Ministério Público na garantia dos direitos à educação de crianças, 
jovens e adultos com necessidades educacionais especiais. 
Tenho plena certeza de que os resultados deste trabalho, que se iniciou com as 
discussões que resultaram na elaboração deste documento e a partir dos trabalhos que se 
desenvolverão durante o I Encontro do Ministério da Educação com o Ministério Público, 
sem dúvida, contribuirá para a concreta operacionalização do direito à educação de pessoas 
com necessidades educacionais especiais, assegurado na legislação vigente, rompendo assim, 
com os paradigmas tradicionais que empobrecem e distorcem a aplicação das leis. 
Quero aproveitar, finalmente, para expressar a minha satisfação e agradecer o esforço 
e empenho do grupo, que movidos pelo espírito do mais alto compromisso social, dedicaram 
à elaboração deste documento que certamente subsidiará a atuação dos agentes do Ministério 
Público comprometidos com a viabilização do direito à educação de qualidade para todos. 
 
 
Outro grupo que é comumente excluído do sistema educacional é composto por alunos 
que apresentam dificuldades de adaptação escolar por manifestações condutuais peculiares 
de síndromes e de quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos 
no desenvolvimento, dificuldades acentuadas de aprendizagem e prejuízo no relacionamento 
social3. 
Certamente, cada aluno vai requerer diferentes estratégias pedagógicas, que lhes 
possibilitem o acesso à herança cultural, ao conhecimento socialmente construído e à vida 
produtiva, condições essenciais para a inclusão social e o pleno exercício da cidadania. 
Entretanto, devemos conceber essas estratégias não como medidas compensatórias e pontuais, 
e sim como parte de um projeto educativo e social de caráter emancipatório e global. 
A construção de uma sociedade inclusiva é um processo de fundamental importância 
para o desenvolvimento e a manutenção de um Estado democrático. Entende-se por inclusão 
a garantia, a todos, do acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, sociedade 
essa que deve estar orientada por relações de acolhimento à diversidade humana, de aceitação 
das diferenças individuais, de esforço coletivo na equiparação de oportunidades de 
desenvolvimento, com qualidade, em todas as dimensões da vida. 
Como parte integrante desse processo e contribuição essencial para a determinação de 
seus rumos, encontra-se a inclusão educacional. 
Ao participar da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, 
Tailânida (em 1990) e assinar a Declaração dela resultante, o Brasil assumiu como 
compromisso, perante a comunidade internacional, combater a exclusão de qualquer pessoa 
do sistema educacional. Tal compromisso representou um reforço qualitativo importante para 
o segmento populacional constituído de pessoas com deficiência, ao qual a Constituição Federal 
já garantia, desde 1988, o direito à educação, preferencialmente no ensino regular. 
Um longo caminho foi percorrido entre a exclusão e a inclusão escolar e social. Até 
recentemente, a teoria e a prática dominantes relativas ao atendimento às necessidades 
educacionais especiais de crianças, jovens e adultos, definiam a organização de escolas e de 
classes especiais, separando essa população dos demais alunos. Nem sempre, mas em muitos 
3 Luiz Roberto Salles, Promotor de Justiça em São Paulo, apresentou a tese "Meios alternativos de cooperação 
comunitária na defesa eficaz da cidadania dos adolescentes submetidos à liberdade assistida", no II Congresso do 
Ministério Público do Estado de São Paulo, realizado no período de 28 a 31 de maio de 1997. na cidade de São Paulo, 
tendo aprovado as seguintes conclusões: a) o amparo educacional ao adolescente que praticou ato infracional e foi 
submetido a medida sócio-educativa de liberdade assistida, é o caminho mais eficaz para se garantir a sua reintegração 
social; b) O Ministério Público, que tem a função de zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos aos direitos 
assegurados na Constituição Federal, deve priorizar,no tocante aos adolescentes submetidos ao regime de liberdade 
assistida, a sua atuação na área educacional; c) O Promotor de Justiça da Infância e da Juventude não deve limitar a 
sua atuação em manifestações nos autos de procedimentos, devendo, também, no tocante à medida de liberdade 
assistida aplicada a adolescentes em conflito com a lei penal, mobilizar e apoiar a realização de programas de 
acompanhamento educacional, procurando parcerias com entidades públicas e privadas; d) o Promotor de Justiça da 
Infância e da Juventude, quando necessário, deve tomar as medidas judiciais cabíveis, para obrigar a família e o 
Estado, a assegurarem ao adolescente autor de ato infracional submetido ao regime da liberdade assistida, o efetivo 
acesso à educação; e) O adolescente que comete ato infracional necessita de amparo educacional baseado em um 
método pedagógico específico e diverso do tradicional, mas integrado ao sistema regular de ensino, com amplo 
convívio social entre todos os envolvidos (Anais do II Congresso do Ministério Público do Estado de São Paulo, 
p. 94). 
 
casos, a escola especial desenvolvia-se em regime residencial e, conseqüentemente, a criança, 
o adolescente e o jovem eram afastados da família e da sociedade. Esse procedimento conduzia, 
invariavelmente, a um aprofundamento maior do preconceito. 
Essa tendência, que já foi senso comum no passado, reforçava não só a segregação de 
indivíduos, mas também os preconceitos sobre as pessoas que fugiam do padrão de 
"normalidade", agravando-se pela irresponsabilidade dos sistemas de ensino para com essa 
parcela da população, assim como pelas omissões e/ou insuficiência de informações acerca 
desse alunado nos cursos de formação de professores. Na tentativa de eliminar os preconceitos 
e de integrar os alunos portadores de deficiências nas escolas comuns do ensino regular, 
surgiu o movimento de integração escolar. 
Esse movimento caracterizou-se, de início, pela utilização das classes especiais 
(integração parcial) na "preparação" do aluno para a "integração total" na classe comum. 
Ocorria, com freqüência, o encaminhamento indevido de alunos para as classes especiais e, 
conseqüentemente, a rotulação a que eram submetidos. 
O aluno, nesse processo, tinha que se adequar à escola, que se mantinha inalterada. A 
integração total na classe comum só era permitida para aqueles alunos que conseguissem 
acompanhar o currículo ali desenvolvido. Tal processo, no entanto, impedia que a maioria 
das crianças, jovens e adultos com necessidades especiais alcançassem os níveis mais elevados 
de ensino. Eles engrossavam, dessa forma, a lista dos excluídos do sistema educacional. 
Na era atual, batizada como a era dos direitos, pensa-se diferentemente acerca das 
necessidades educacionais de alunos. A ruptura com a ideologia da exclusão proporcionou a 
implantação da política de inclusão, que vem sendo debatida e exercitada em vários países, 
entre eles o Brasil. Hoje, a legislação brasileira posiciona-se pelo atendimento dos alunos 
com necessidades educacionais especiais preferencialmente em classes comuns das escolas, 
em todos os níveis, etapas e modalidades de educação e ensino. 
A educação tem hoje, portanto, um grande desafio: garantir o acesso aos conteúdos 
básicos que a escolarização deve proporcionar a todos os indivíduos - inclusive àqueles com 
necessidades educacionais especiais, particularmente alunos que apresentam altas habilidades, 
precocidade, superdotação; condutas típicas de síndromes/quadros psicológicos, neurológicos 
ou psiquiátricos; portadores de deficiências, ou seja, alunos que apresentam significativas 
diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores genéticos, inatos ou 
ambientais, de caráter temporário ou permanente e que, em interação dinâmica com fatores 
socioambientais, resultam em necessidades muito diferenciadas da maioria das pessoas4. 
Ao longo dessa trajetória, verificou-se a necessidade de se reestruturar os sistemas de 
ensino, que devem organizar-se para dar respostas às necessidades educacionais de todos os 
alunos. O caminho foi longo, mas aos poucos está surgindo uma nova mentalidade, cujos 
resultados deverão ser alcançados pelo esforço de todos, no reconhecimento dos direitos dos 
cidadãos. O principal direito refere-se à preservação da dignidade e à busca da identidade 
como cidadãos. Esse direito pode ser alcançado por meio da implementação da política nacional 
de educação especial. Existe uma dívida social a ser resgatada. 
Vem a propósito a tese defendida no estudo e Parecer da Câmara de Educação Básica 
(CEB/CNE) sobre a função reparadora na Educação de Jovens e Adultos (EJA) que, do seu 
4 Conselho de Educação do Estado de São Paulo. 
 
relator Prof. Carlos Roberto Jamil Cury, mereceu um capítulo especial. Sem dúvida alguma, 
um grande número de alunos com necessidades educacionais especiais poderá recuperar o 
tempo perdido por meio dos cursos dessa modalidade: 
"Desse modo, a função reparadora da EJA, no limite, significa não só a entrada no 
circuito do direito civil pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de 
qualidade, mas também o reconhecimento daquela igualdade ontologica de todos e qualquer 
ser humano. Desta negação, evidente na história brasileira, resulta uma perda: o acesso a um 
bem real, social e simbolicamente importante. Logo, não se deve confundir a noção de reparação 
com a de suprimento". 
Falando da Função Equalizadora, o mesmo Parecer especifica: "A igualdade e a 
desigualdade continuam a ter relação imediata ou mediata com o trabalho. Mas seja para o 
trabalho, seja para a multiformidade de inserções sócio - político - culturais, aqueles que se 
virem privados do saber básico, dos conhecimentos aplicados e das atualizações requeridas, 
podem se ver excluídos das antigas e novas oportunidades do mercado de trabalho e 
vulneráveis a novas formas de desigualdades. Se as múltiplas modalidades de trabalho 
informal, o subemprego, o desemprego estrutural, as mudanças no processo de produção e o 
aumento do setor de serviços geram uma grande instabilidade e insegurança para todos os 
que estão na vida ativa e quanto mais para os que se vêem desprovidos de bens tão básicos, 
como a escrita e a leitura."5 
Certamente, essas funções descritas e definidas no Parecer que institui as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos podem, sem prejuízo, qualificar 
as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, principalmente porque 
muitos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais também se incluem nessa 
modalidade de educação. 
Os Princípios 
Matéria tão complexa como a do direito à educação das pessoas que apresentam 
necessidades educacionais especiais requer fundamentação nos seguintes princípios6: 
1) a preservação da dignidade humana; 
2) a busca da identidade; e 
3) exercício da cidadania. 
Se historicamente são conhecidas as práticas que levaram, inclusive, à extinção e à 
exclusão social de seres humanos considerados não produtivos7, é urgente que tais práticas 
s Parecer n° 1 l/2000-CEB/CNE. 
6 Art. 4o, da Resolução n° 2, de 11 de setembro de 2001, da Câmara de Educação Básica, do Conselho Nacional de 
Educação (DOU, 14/9/01, seção 1). 
7 Luiz Roberto Salles, salienta que "a trajetória histórica da pessoaportadora de deficiência está intimamente relacionada 
a mecanismos de exclusão social e não a patologias. Ricardo Fonseca (O Trabalho Protegido do Portador de Deficiência, 
em Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, 1997, São Paulo, ed. Max Limonad, pp. 135/138) indica, com 
maestria, os povos que no curso da história da humanidade, mostraram-se avessos aos deficientes e outros que sempre 
conviveram de forma natural e realística. O autor noticia situações onde o portador de deficiência era abandonado à 
 
sejamdefinitivamente banidas da sociedade humana. E bani-las não significa apenas não 
praticá-las. Exige a adoção de práticas fundamentadas nos princípios da dignidade e dos 
direitos humanos. Nada terá sido feito se, no exercício da educação e da formação da 
personalidade humana, o esforço permanecer vinculado a uma atitude de comiseração, como 
se os alunos com necessidadesyeducacionais especiais fossem dignos de piedade. 
A dignidade humana nâo permite que se faça esse tipo de discriminação. Ao contrário, 
exige que os direitos de igualdade de oportunidades sejam respeitados. O respeito à dignidade 
da qual está revestido todo ser humano impõe-se, portanto, como base e valor fundamental de 
todo estudo e ações práticas direcionadas ao atendimento dos alunos que apresentam 
necessidades especiais, independentemente da forma em que tal necessidade se manifesta. 
A vida humana ganha uma riqueza se é construída e experimentada tomando como 
referência o princípio da dignidade. Segundo esse princípio, toda e qualquer pessoa é digna e 
merecedora do respeito de seus semelhantes e tem o direito a boas condições de vida e à 
oportunidade de realizar seus projetos. 
Juntamente com o valor fundamental da dignidade, impõe-se o da busca da identidade. 
Trata-se de um caminho nunca suficientemente acabado. Todo cidadão deve, primeiro, tentar 
encontrar uma identidade inconfundivelmente sua. Para simbolizar a sociedade humana, 
podemos utilizar a forma de um prisma, em que cada face representa uma parte da realidade. 
Assim, é possível que, para encontrar sua identidade específica, cada cidadão precise encontrar-
se como pessoa, familiarizar-se consigo mesmo, até que, finalmente, tenha uma identidade, 
um rosto humanamente respeitado. 
Essa reflexão favorece o encontro das possibilidades, das capacidades de que cada 
um é dotado, facilitando a verdadeira inclusão. A interdependência de cada face desse prisma 
 
própria sorte, impedido de conviver com os demais membros da comunidade ou simplesmente morto. Da mesma 
forma, ressalta que entre os hindus o deficiente visual era considerado uma pessoa de 'sensibilidade interior mais 
aguçada, justamente pela falta de visão*. Analisando a obra de Michel Foucault. o filósofo Márcio Alves Fonseca 
(Direito e Exclusão: Uma Reflexão sobre a Noção de Deficiência, em Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, 
1997, São Paulo, ed. Max Limonad, pp. 118/124), relata o surgimento nos meados do século XVII, em toda Europa, 
de estabelecimentos destinados a internação dos loucos, uma vez que a sociedade 'toma-se extremamente intolerante 
em relação à loucura. Só que nestes estabelecimentos, chamados de Hospitais Gerais, não são internados apenas os 
loucos, mas todos aqueles que de certa forma são marcados pela ociosidade', v.g., idosos, libertinos de toda espécie. 
desempregados, mendigos, etc. Surge assim, na história recente, o sistema da segregação da pessoa portadora de 
deficiência. Por este sistema, o deficiente não tinha qualquer possibilidade de convívio e integração social. Somente 
no final do século XVIII começa a surgir o conceito de doença mental e a grande massa de Moucos de todo o gênero' 
começa a ser diferenciada, entre si. Em meados do século XX surgem os conceitos de integração e normalização que 
refletiam um conhecimento cada vez maior das potencialidades dos portadores de deficiência. A filosofia do sistema 
de normalização consistia em garantir ao deficiente o direito 'de viver de acordo com as normas e condições comumente 
aceitas, em que se desenvolve a vida de qualquer outra pessoa de sua idade, e de que os serviço que lhe são prestados 
impliquem o mínimo grau possível de limitação, intromissão ou desvio dessas normas e condições de vida' (Declaração 
de Cartagena de índias sobre Políticas Integrais para Pessoas com Deficiências na Região Ibero-Americana - 1992.). 
Na atualidade já se fala do sistema da diversidade (A Declaração de Manágua, de novembro de 1993, reconheceu que 
'para assegurar o bem-estar social de todo o povo, as sociedades devem ser baseadas na justiça, igualdade, equidade 
e independência e reconhecer e aceitar a diversidade') segundo o qual, as pessoas deficientes ou não devem conviver 
respeitando-se nas suas peculiaridades e diferenças individuais, não mais se exigindo do portador de deficiência sua 
adaptação às condições comumente aceitas" (Parecer exarado, no Protocolado n.° 12044/00, que foi adotado pelo 
Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo na decisão publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo, 
seção I, do dia 14/3/00, p. 26). 
 
possibilitará a abertura do indivíduo para com o outro, decorrente da aceitação da condição 
humana. Aproximando-se, assim, as duas realidades - a sua e a do outro - visualiza-se a 
possibilidade de interação e extensão de si mesmo. 
Em nossa sociedade, ainda há momentos de séria rejeição ao outro, ao diferente, 
impedindo-o de sentir-se, de perceber-se e de respeitar-se como pessoa. A educação, ao adotar 
a diretriz inclusiva no exercício de seu papel socializador e pedagógico, busca estabelecer 
relações pessoais e sociais de solidariedade, sem máscaras, refletindo um dos tópicos mais 
importantes para a humanidade, uma das maiores conquistas de dimensionamento "ad intra" 
e "ad extra" do ser e da abertura para o mundo e para o outro. Essa abertura, solidária e sem 
preconceitos, poderá fazer com que todos percebam-se como dignos e iguais na vida social. 
A democracia, nos termos em que é definida pela Constituição Federal de 19888, 
estabelece as bases para viabilizar a igualdade de oportunidades, e também um modo de 
sociabilidade que permite a expressão das diferenças, a expressão de conflitos, em uma palavra, 
a pluralidade. Portanto, no desdobramento do que se chama de conjunto central de valores, 
devem valer a liberdade, a tolerância, a sabedoria de conviver com o diferente, tanto do ponto 
de vista de valores quanto de costumes, crenças religiosas, expressões artísticas, capacidades 
e limitações. É inegável que "o respeito aos direitos fundamentais do homem traduz o grau de 
civilidade de uma sociedade".9 
A atitude de preconceito está na direção oposta do que se requer para a existência de 
uma sociedade democrática e plural. As relações entre os indivíduos devem estar sustentadas 
por atitudes de respeito mútuo. O respeito traduz-se pela valorização de cada indivíduo em 
sua singularidade, nas características que o constituem. O respeito ganha um significado 
mais amplo quando se realiza como respeito mútuo: ao dever de respeitar o outro, articula-se 
o direito de ser respeitado. O respeito mútuo tem sua significação ampliada no conceito de 
solidariedade. 
A consciência do direito de constituir uma identidade própria e do reconhecimento da 
identidade do outro traduz-se no direito à igualdade e no respeito às diferenças, assegurando 
oportunidades diferenciadas (eqüidade), tantas quantas forem necessárias, com vistas à busca 
da igualdade. O princípio da eqüidade reconhece a diferença e a necessidade de haver condições 
diferenciadas para o processo educacional. 
Como exemplo dessa afirmativa, pode-se registrar o direito à igualdade de 
oportunidades de acesso ao currículo escolar. Se cada criança ou jovem brasileiro com 
necessidades educacionais especiais tiver acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente 
elaborados e reconhecidos como necessários para o exercício da cidadania, estaremos dando 
um passo decisivo para a constituição de uma sociedade mais justa e solidária. 
A forma pela qual cada aluno terá acesso ao currículo distingue-se pela singularidade. 
O cego, por exemplo, por meio do sistema Braille; o surdo, por meio da língua de sinais e da 
língua portuguesa; o paralisado cerebral, por meio da informática, entre outras técnicas. 
O convívio escolar permite a efetivação das relações de respeito, identidade e dignidade. 
Assim,é sensato pensar que as regras que organizam a convivência social de forma justa, 
respeitosa, solidária têm grandes chances de aí serem seguidas. 
8 Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988. 
9 Paulo Roberto Barbosa Ramos, Os Direitos Fundamentais das Pessoas Portadoras de Deficiência, São Luís/MA:2001. 
 
A inclusão escolar constitui uma proposta que representa valores simbólicos 
importantes, condizentes com a igualdade de direitos e de oportunidades educacionais para 
todos, mas encontra ainda sérias resistências. Estas se manifestam, principalmente, contra a 
idéia de que todos devem ter acesso garantido à escola comum. A dignidade, os direitos 
individuais e coletivos garantidos pela Constituição Federal impõem às autoridades e à 
sociedade brasileira a obrigaloriedade de efetivar essa política, como um direito público 
subjetivo, para o qual os recursos humanos e materiais devem ser canalizados, atingindo, 
necessariamente, toda a educação básica10. 
"A ordem jurídica é um produto eminentemente social e que, por isso, está a serviço 
de interesses hegemônicos. Através dessa consciência, pensamos ser mais justa e digna a luta 
em favor de uma ordem jurídica mais democrática, onde o povo também se constitua como 
fator real efetivo de poder"." 
O propósito exige ações práticas e viáveis, que tenham como fundamento uma política 
específica, em âmbito nacional, orientada para a inclusão dos serviços de educação especial 
na educação regular. Operacionalizar a inclusão escolar - de modo que todos os alunos, 
independentemente de classe, raça, gênero, sexo, características individuais ou necessidades 
educacionais especiais, possam aprender juntos em uma escola de qualidade - é o grande 
desafio a ser enfrentado, numa clara demonstração de respeito à diferença e compromisso 
com a promoção dos direitos humanos. 
Objetivos e Metas da Educação Especial 
Desde a promulgação da Constituição de 1988, os governos federal, estaduais e 
municipais deveriam ter tomado todas as medidas necessárias de âmbito administrativo e 
legislativo para oferecer a todas as crianças e jovens a educação adequada para que fossem 
inseridas na sociedade. Desse processo deveriam ter sido beneficiadas as crianças e jovens 
necessitadas de educação especial, ou seja, crianças e jovens com limitação ou dificuldade de 
aprendizagem ou superdotadas, de modo a que não ficassem excluídas do mundo em que 
vivem. Todavia, somente em 2001 foi aprovado o Plano Nacional de Educação, que tem 
como um dos seus pontos, quando se refere a modalidades de ensino, a educação especial. 
O referido plano impõe a generalização, no prazo de dez anos, do atendimento aos 
alunos com necessidades especiais na educação infantil e no ensino fundamental, inclusive 
através de consórcios entre municípios, quando necessário, provendo, nestes casos, o transporte 
escolar. 
Fica claro que o que se objetiva é o oferecimento do serviço de educação especial para 
todas as crianças e jovens que dele necessitam. Para isso, os municípios poderão se associar, 
isso porque imediatamente nem todos poderão oferecer esse serviço a contento no seu próprio 
10 A Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - LDB, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, prevê 
que a educação escolar compõe-se de: a) educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e 
ensino médio; b) educação superior. 
11 Paulo Roberto Barbosa Ramos, Discurso Jurídico e Prática Política - Contribuição à análise do Direito a partir de 
uma perspectiva interdisciplinar. Florianópolis/SC: 1997. Obra Jurídica editora, p. 38. 
 
território. O importante é assegurar àqueles que necessitam de educação especial esse serviço 
educacional, que é um direito fundamental. Para tanto, fica obrigado o município, em não 
tendo imediatamente condições de oferecê-lo, associar-se a outro que o tenha, colocando à 
disposição dos seus munícipes o transporte adequado para que possa acessar ao local em que 
é prestado, após parceria celebrada entre os governos locais. 
A educação infantil, que até então não vinha sendo prestigiado pelo legislador pátrio, 
passou a merecer atenção destacada do Plano Nacional de Educação, com o reconhecimento 
da estimulação precoce ("interação educativa adequada"), especialmente nas creches, como 
mecanismo eficaz de suprir as necessidades educacionais especiais. 
O texto Constitucional (art. 208), repetido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente 
(art. 54), priorizou o ensino fundamental (1a a 8a séries) com sua obrigatoriedade e gratuidade; 
em seguida, estabeleceu a "progressiva universalização do ensino médio gratuito" e apenas 
destacou que o atendimento em creche e pré-escola destina-se às crianças de zero a seis anos 
de idade. 
Portanto, a estimulação precoce, na educação infantil, não foi contemplada pelo 
legislador constituinte com a mesma importância do ensino fundamental e médio, razão pela 
qual a legislação infraconstitucional vem suprindo a deficiência do sistema legislativo ao 
acolher a orientação de que "a criança com necessidades educacionais especiais, em razão de 
deficiências orgânicas ou ambientais, deve ter o máximo de oportunidades para usufruir dos 
benefícios dos serviços comuns de educação pré-escolar, ainda que para isto ela possa necessitar 
de alguns auxílios especiais".12 
Nem todas as pessoas com necessidades especiais no campo da aprendizagem podem 
ser incluídas nas salas comuns ou especiais das escolas do sistema regular de ensino. Situações 
há em que a deficiência assume uma dimensão tamanha que se torna impossível manter a 
criança e o jovem dentro das escolas destinadas a todas as demais. 
A inserção da criança ou jovem com deficiência severa nas classes comuns ou especiais 
das escolas do sistema regular poderá trazer mais prejuízos do que benefícios para essas 
pessoas, razão pela qual o Plano Nacional de Educação, quando enumera as metas e objetivos 
da Educação Especial pondera que cada unidade da Federação deverá ter, no prazo de quatro 
anos, pelo menos um centro especializado, destinado ao atendimento de pessoas com severa 
dificuldade de desenvolvimento. Não se trata de atitude segregacionista, mas realista e benéfica 
àqueles que necessitam de serviços de alta tecnologia e de altos custos, só viável se estruturado 
em locais destinados a atender um número significativo de pessoas. 
O Estado deve se mobilizar para oferecer escolas adaptadas, com recursos pedagógicos 
adequados ao atendimento das mais diversas deficiências de que portam crianças e jovens, 
como também preparar os profissionais dessa área para lidar com essa realidade. Trata-se de 
uma atuação positiva, que já deveria ter iniciado desde a promulgação da Constituição de 
1988. Se em quatro anos cada Estado-Membro deverá contar com um centro para atendimento 
de pessoas com deficiências severas, em dez anos deverá contar com aqueles necessários 
para atender toda a população que necessitar desse serviço, devendo desde já o Ministério 
Público e a sociedade civil cobrarem dos Poderes Públicos um programa sério de oferecimento 
12 Marcos José da Silveira Mazzotta. Fundamentos de Educação Especial. São Paulo: 1982. Pioneira editora, p. 29. 
 
desses serviços, exigindo, inclusive judicialmente, o cumprimento das metas previstas pelo 
Plano Nacional de Educação. 
O direito à educação especial nunca será uma realidade se não forem oferecidos os 
recursos materiais de que necessitam as pessoas com necessidades educacionais especiais 
para que possam ser inseridas po universo da linguagem e, a partir daí, no mundo em que 
vivem. Não pode tardar o oferecimento, por parte do Estado desses recursos, que inclusive já 
podem ser cobrados através de compromissos de ajustamentos e ações civis públicas, porque 
o Estado se encontra comprometido, desde a Constituição de1988, com o oferecimento desses 
serviços. Todavia, em cinco anos, através do Plano Nacional de Educação Especial, o Estado 
compromete-se a disponibilizar, independentemente de ações judiciais, livros didáticos falados, 
em braille e em caracteres ampliados a todos os alunos cegos e de visão subnormal do ensino 
fundamental. E preciso fiscalizar o cumprimento dessa meta. No mínimo, a cada ano, dentro 
desses cinco previstos, independentemente das ações judiciais, o Estado deverá atender 20% 
da população nacional que necessita desses serviços. 
A inclusão completa das pessoas com necessidades especiais no processo de 
aprendizagem não se dá apenas com o acesso aos livros de alfabetização, devendo também se 
estender a outras leituras, como a literatura, por exemplo, que garante a todos o acesso a 
várias reflexões e experiências de relacionamento entre os homens. Obras dessa natureza 
também deverão, progressivamente, no prazo de cinco anos, estar disponíveis a essas pessoas. 
E preciso estar atento ao cumprimento dessa meta pelos Poderes Públicos, 
especialmente os de âmbito municipal e estadual. A oferta cada vez maior de equipamentos 
de alta tecnologia, em classes especiais e salas de recursos garante a inserção completa das 
pessoas com deficiência auditiva e visual no processo de aprendizagem, garantindo, com 
isso, não somente a consolidação da cidadania, como também reais possibilidades de inserção 
no mercado de trabalho. 
O cumprimento dessa meta deverá completar-se em cinco anos, para tanto torna-se 
necessário que o processo de fiscalização seja iniciado agora para que os governos equipem, 
pelo menos, 20% das escolas a cada ano. 
A divulgação da língua brasileira de sinais objetiva facilitar a vida das pessoas 
portadoras de deficiência auditiva. O acesso das pessoas com deficiência auditiva a essa 
língua se torna essencial para sua inclusão no contexto social em que vivem. Todavia, não 
parece suficiente ensinar a língua de sinais apenas para os portadores de deficiência auditiva, 
tornando-se necessários instruir os familiares e as pessoas da unidade escolar em que estuda 
o portador de deficiência auditiva nessa linguagem, de forma a que não se sinta isolado apesar 
de ter a sua disposição uma forma de contato com o mundo. Para isso, é necessário que haja 
um programa capaz de preparar as pessoas ligadas ao portador de deficiência auditiva na 
língua em que ele é capaz de compreender. 
As escolas, assim como todos os espaços da sociedade, devem estar adaptados para 
receber todas as pessoas. Muito embora essa devesse ter sido sempre a prática, lamentavelmente 
somente agora a legislação brasileira começa a tê-la como obrigatória. 
Mesmo depois da Constituição de 1988, que impôs regras de convivência social 
arrimadas nos direitos humanos, ainda há fortes resistências por parte de vários setores da 
sociedade e do Estado no sentido de construir uma sociedade para todos. Muitos cidadãos e 
autoridades ainda vêem nas medidas de inclusão atitudes de excesso de proteção. Quando são 
obrigados a adaptar os espaços a todas as pessoas confundem adaptações com a construção 
 
de simples rampas sem qualquer preocupação com os padrões técnicos adequados a facilitar 
a locomoção das pessoas portadoras de deficiência física. Ignoram que as adaptações 
necessárias estendem-se a aspectos que ultrapassam a construção de simples rampas fora dos 
padrões técnicos. Dessa forma, as escolas, através dos seus dirigentes, professores e 
funcionários, devem estar conscientes de que o processo de adaptação que deve ser procedido 
dentro desses espaços, através da ação dos poderes públicos ou da iniciativa privada, sendo 
as escolas particulares, deve ser completo, envolvendo rampas dentro dos padrões técnicos, 
banheiros, pisos, iluminação, recursos materiais, pessoal qualificado, dentre outros elementos. 
A prestação do serviço de educação especial exige muita responsabilidade e preparo 
daqueles que irão prestá-los. É preciso acompanhar os resultados dos métodos e técnicas que 
estão sendo utilizados com os alunos que necessitam desses serviços como forma de se obter 
certeza de que está ocorrendo realmente a aprendizagem como forma de inserção social. O 
acompanhamento permanente é essencial para garantir a qualidade da educação prestada. 
Não é apenas a educação que é um direito de todo o cidadão, mas a educação de qualidade. 
Tendo alcançado o patamar tecnológico que alcançou a sociedade atualmente, não 
mais se justifica o Estado não disponibilizar aos seus cidadãos, tanto mais àqueles que 
necessitam de atendimento especial, os serviços da tecnologia que irão facilitar o seu processo 
de aprendizagem. O Estado tem obrigação de oferecer aos seus cidadãos os melhores recursos 
disponíveis para que possam ser efetivamente inseridos no contexto social em que vivem. 
A Constituição Federal (art. 244) e a Lei 10.098/00 (art. 16) garantem que todo 
transporte coletivo deverá cumprir com as normas de acessibilidade existentes, sendo que 
nenhum veículo ou embarcação destinado ao transporte coletivo será produzido sem obedecer 
aos requisitos básicos de acessibilidade, e para que seja garantido um transporte escolar 
adaptado a participação do Ministério Público nesse processo de mudança nos municípios e 
estados é de vital importância, podendo o Promotor de Justiça fomentar junto a sua comunidade 
que as empresas que fazem o transporte escolar, via terrestre ou aquaviário, adaptem seus 
veículos, realizando audiências públicas, se necessário, para conseqüente assinatura de termos 
de ajustamento, com as empresas, órgãos governamentais e representantes dos movimentos 
sociais, delimitando prazos para a adaptação dos veículos e também dos terminais de chegada 
e partida dos mesmos. 
A interação do Ministério Público com os agentes que gerenciam e trabalham na 
educação no município, além das associações de pais e alunos, é garantia de uma sintonia 
para que os problemas que afligem os educandos portadores de necessidades especiais possam 
ser resolvidos. Antes de fazer valer suas prerrogativas de notificações e requisições de 
informação às autoridades, é de bom tom que o Promotor de Justiça promova diálogos ou 
participe de reuniões de pais e mestres, a fim de tomar medidas preventivas e repressivas para 
garantia do processo de inclusão no projeto pedagógico das unidades escolares, do atendimento 
às necessidades educacionais especiais de seus alunos, e da devida preparação dos professores 
e funcionários das escolas para o trabalho com o aluno com necessidades especiais. 
A Lei 8.213/91 em seu art. 93, garante o sistema de cotas nas empresas para garantia 
de um mínimo de trabalhadores portadores de deficiência ou reabilitados empregados. Mas 
para que existam condições de as empresas empregarem parcela significativa desse segmento 
é necessário que haja ações políticas básicas para assegurar ensino profissionalizante e 
programas de qualificação profissional no município. Para isso, é necessário o 
acompanhamento do Ministério Público das ações e programas governamentais e não 
 
governamentais de qualificação, para que se garanta percentual significativo de alunos 
portadores de necessidades especiais no processo de qualificação profissional. A cidadania 
plena só é possível com a inserção dos alunos especiais no mercado de trabalho. 
Hoje, só é possível pensar numa política de garantias de direitos dos extratos mais 
vulneráveis da população se houver uma articulação conjunta dos vários setores governamentais 
responsáveis pela implantação' e garantia desses direitos. Não se pode pensar isoladamente 
em educação dos alunos especiais sem estar interligada às áreas de saúde, previdência e 
assistência social. Esse aluno geralmente precisa de um atendimento especializado de 
saúde, muitas vezes de prótese, prótese ou cadeira de rodas para se locomover até a sala de 
aula.Para que se exija dos professores uma educação de qualidade aos portadores de 
necessidades educacionais especiais, é necessário primeiro disponibilizar recursos e 
treinamentos específicos para capacitação dos docentes nessa área. O professor que freqüentar 
uma sala de aula a partir desse milênio terá que estar preparado para trabalhar com a diversidade 
humana, com educandos com as mais diferentes necessidades educacionais. A capacitação de 
professores na área da educação especial é de imperiosa necessidade e a inclusão de matérias 
teóricas e práticas no novo currículo de formação de professores é um dos caminhos para 
solucionar esse problema. 
Igualmente, os conteúdos disciplinares em cursos como de Medicina, Enfermagem e 
Arquitetura devem abordar o tema das necessidades especiais dos educandos e as universidades 
púbicas, em especial, devem incluir e ampliar as opções de habilitação específica em níveis 
de graduação e pós-graduação. Para isso necessário a participação do Ministério Público 
Federal junto às Universidades Federais para que as mesmas possam garantir a inclusão dessas 
matérias, assim como os Ministérios Públicos Estaduais junto as Universidades e Faculdades 
Estaduais. 
Para promover a efetiva integração social dos alunos com necessidades educacionais 
especiais é necessário que o Poder Público promova o incentivo à pesquisa e ao 
desenvolvimento tecnológico em todas as áreas do conhecimento a elas relacionadas, como 
previsto no parágrafo único, item IV, alínea ç, do artigo 2o, da Lei n° 7.853/89. 
As universidades gozam de autonomia didático-científica, conforme dispõe o art. 207, 
da Constituição Federal, mas devem obedecer ao princípio de indissociabilidade entre ensino, 
pesquisa e extensão 
Por oportuno cabe observar que, de acordo com a linha de ação traçada pelos signatários 
da Declaração de Salamanca, é importante que haja ativa participação de pessoas com 
deifíciência na pesquisa e formação, de forma a garantir que seus pontos de vista sejam levados 
em consideração. 
O atendimento de alunos com necessidades especiais não se restringe ao ensino, 
propriamente dito, fazendo-se necessária também a parceria com outros setores (saúde, 
assistência social, previdência social, etc.) para que o acesso e a freqüência à escola por esses 
alunos sejam garantidos. 
Assim, para o aumento dos recursos destinados à educação especial será importante 
obter a parceria de outros setores da administração, dado o caráter multidisciplinar dessas 
ações e tendo em vista a existência de recursos provenientes desses setores. 
A Constituição Federal dispõe que, em matéria educacional, a competência é 
concorrente, cabendo à União exercer "função redistributiva e supletiva, de forma a garantir 
 
equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante 
assistência técnica e financeira" aos entes federativos (art. 211,§ Io). No mesmo sentido, o 
parágrafo primeiro do art. 8o da Lei 9.394/96. 
A educação especial, como previsto na LDB e no Dec. 3.298/99, é uma modalidade de 
educação escolar, que envolve um conjunto de recursos e serviços especiais objetivando garantir 
não só a educação formal dos educandos, mas sobretudo promover o desenvolvimento das 
potencialidades dessas pessoas. 
O Plano Nacional de Educação não prevê apenas um programa educacional, mas um 
programa social, pelo qual a educação é vista como o grande processo de inclusão, e para isso 
faz-se necessário o financiamento com recursos oriundos de outras fontes, e não apenas aquelas 
destinadas estritamente à educação, cabendo, portanto, aos gestores buscar pareceria com 
outros órgãos (Ministérios ou Secretarias) de forma a obter seja apoio técnico, seja 
financiamento, para as áreas de atuação comum. 
Os recursos públicos destinados à educação estão previstos nos arts. 212 da Constituição 
Federal e arts 68 e 69 da LDB, enquanto que as despesas vinculadas à manutenção e 
desenvolvimento do ensino estão especificadas no art. 70 da LDB. 
Dispõe o art. 211, da Constituição Federal, que a União, os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino, princípio 
que se repete no art. 8o da LDB, cabendo porém à União exercer a função de coordenar a 
política nacional de educação, exercendo também função normativa. 
Assim, inobstante terem os sistemas de ensino liberdade de organização, deverão ter 
um setor responsável não só pela educação especial, mas também pela administração dos 
recursos orçamentários específicos a ela destinados, que possa articular a cooperação entre 
diferentes órgãos do Poder Público, em especial os vinculados à saúde, assistência e promoção 
social, trabalho e previdência, inclusive em termos de recursos, como também com 
organizações da sociedade civil, de natureza filantrópica. 
Para que o planejamento educacional seja viável, é necessário que se disponha de 
informações adequadas para sua implantação. Ainda não se dispõe de estatísticas completas 
sobre o número de alunos/pessoas que possuem necessidades especiais, mas com as 
informações a serem obtidas quando da divulgação de dados coletados pelo Censo Demográfico 
de 2000 e pelo Censo Educacional, a implantação de um sistema de informações permitirá a 
avaliação da eficácia das políticas públicas voltadas para a educação especial. 
Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com assistência 
da União, recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, bem como os 
jovens e adultos que a ele não tiveram acesso(art. 5o, § 1o, inciso I e art. 87, § 2o, LDB), 
cabendo à União coletar, analisar e disseminar informações sobre educação (art. 9o, V, e § 2o, 
LDB). 
Alunos com altas habilidades são aqueles que possuem grande facilidade de 
aprendizagem, assimilando rapidamente as informações, e por terem condições de aprofundar 
e enriquecer os conhecimentos adquiridos, devem receber apoio suplementar, possibilitando 
inclusive a conclusão, em menor tempo, da etapa escolar (art. 58, § 1o e art. 59,1, II e IV, 
LDB). 
A inclusão de alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino, como 
alternativa preferencial proposta pela LDB e pelo Plano Nacional de Educação, não pode se 
limitar à sua permanência física na escola com os outros alunos, mas sobretudo desenvolver 
 
seu potencial, identificando a melhor forma de atender às suas necessidades, em todos os 
níveis e modalidades de ensino. 
Os programas de atendimento deverão levar em conta a potencialidade intelectual e a 
maturidade emocional desse aluno, o contexto sócio-econômico e cultural em que está inserido. 
As organizações da sociedade civil, de natureza filantrópica, sem fins lucrativos, com 
atuação exclusiva em educação especial, terão assegurados o apoio técnico e financeiro dos 
órgãos governamentais, desde que atendam às exigências legais no que diz respeito ao seu 
processo de criação, funcionamento e reconhecimento, cabendo ao órgão gestor acompanhar 
e avaliar o seu desempenho (art. 60, LDB). 
O Plano Nacional de Educação tem como um de seus objetivos a melhoria da qualidade 
de ensino, e para que seja alcançado se faz necessária uma política global de magistério, que 
implica tanto uma formação profissional inicial, quanto uma formação continuada, além de 
condições de trabalho, salário e carreira. 
Assim, sob a ótica do PNE, além de se exigir do professor a formação em um 
determinado nível, exige-se também que ele possua qualificação para a especificidade de sua 
tarefa, portanto, a implementação de políticas públicas de formação inicial e continuada dos 
profissionais da educação é condição indispensável para a melhoria do ensino, devendo ser 
garantida. 
Desse modo, assegurar a formação continuada dos profissionais da educação da rede 
pública é tarefa a ser garantida pelas secretarias estaduaise municipais de educação, cuja 
atuação deverá incluir a busca de parceria com universidades e instituições de ensino superior. 
A distribuição e gestão dos recursos financeiros deve ser feita de forma transparente, 
fortalecendo-se os mecanismos de controle interno e externo, e, se possível, vinculando-se 
constitucionalmente os recursos, operando-se a gestão por meio de fundos de natureza contábil 
e contas específicas. 
 
 
A edição da Resolução n° 2, de 11 de setembro de 2001 '\ da Câmara de Educação 
Básica do Conselho Nacional de Educação teve como fundamento o Parecer14 CNE/CEB 17/ 
2001,5, homologado pelo Ministro da Educação em 15 de agosto de 2001 e envolveu estudos 
abrangentes relativos à matéria que, no caso, é a Educação Especial. 
"Muitas interrogações voltam-se para a pesquisa sobre o assunto; sua necessidade, 
sua incidência no âmbito da Educação e do Ensino, como atendimento à clientela constituída 
de portadores de deficiências detectáveis nas mais diversas áreas educacionais, políticas e 
sociais". 
A definição das Diretrizes baseou-se em "ampla bibliografia, diversos estudos 
oferecidos à Câmara da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, entre outros, 
os provenientes do Fórum dos Conselhos Estaduais de Educação, do Conselho Nacional de 
Secretários Estaduais de Educação e, com ênfase, os estudos e trabalhos realizados pela 
Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação. 
Dentre os principais documentos que formaram o substrato documental do parecer 
sobre a Educação Especial, citam-se: 
1) 'Proposta de Inclusão de Itens ou Disciplina acerca dos Portadores de Necessidades 
Especiais nos currículos dos cursos de Io e 2o graus' (sic.) 
2) Outros estudos: 
3) 'Desafios para a Educação Especial frente à Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional'; 
4) 'Formação de Professores para a Educação Inclusiva'; 
5) 'Recomendações aos Sistemas de Ensino'; e, 
6) 'Referenciais para a Educação Especial'." 
O Parecer foi "resultado do conjunto de estudos provenientes das bases, onde o 
fenômeno é vivido e trabalhado. 
De modo particular, foi o documento 'Recomendações aos Sistemas de Ensino' que 
configurou a necessidade e a urgência da elaboração de normas, pelos sistemas de ensino e 
" Diário Oficial da União n° 177, seção 1. de 14/9/01. 
M Relatores: Kuno Paulo Rhoden e Sylvia Figueiredo Gouvêa. 
15 Aprovado em 03/7/01. 
 
educação, para o atendimento da significativa população que apresenta necessidades 
educacionais especiais. 
A elaboração de projeto preliminar de Diretrizes Nacionais para a Educação Especial 
na Educação Básica havia sido discutida por diversas vezes, no âmbito da Câmara de Educação 
Básica do Conselho Nacional de Educação, para a qual foi enviado o documento 'Referenciais 
para a Educação Especial'. Após esses estudos preliminares, a Câmara de Educação Básica 
decidiu retomar os trabalhos, sugerindo que esse documento fosse encaminhado aos sistemas 
de ensino de todo o Brasil, de modo que suas orientações pudessem contribuir para a 
normalização dos serviços previstos nos Artigos 58,59 e 60, do Capítulo V, da Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional - LDBEN." 
Construindo a Inclusão na Área Educacional16 
"Por educação especial, modalidade de educação escolar - conforme especificado na 
Lei n° 9.394/9617, de 20 de dezembro de 1996 e no Decreto n° 3.298, de 20 de dezembro de 
199918, 'entende-se um processo educacional definido em uma proposta pedagógica que 
assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, 
complementar, suplementar19 e, em alguns casos, substituir20 os serviços educacionais comuns, 
de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades 
dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todos as etapas e 
modalidades da educação básica.'21 
A educação especial, portanto, insere-se nos diferentes níveis da educação escolar: 
Educação Básica - abrangendo educação infantil, educação fundamental e ensino médio - e 
Educação Superior, bem como na interação com as demais modalidades da educação escolar, 
como a educação de jovens e adultos, a educação profissional e a educação indígena. 
'"Extraído do capítulo 1 (A ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO PARA O ATENDIMENTO AO ALUNO 
QUE APRESENTA NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS), item n° 4, do Parecer n° 17/2001 - CNE/ 
CEB. 
17 Art. 58 - Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. 18 Art. 24, § Io 
Entende-se por educação especial, para efeitos deste Decreto, a modalidade de educação escolar oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino para educando com necessidades educacionais especiais, entre eles o 
portador de deficiência. 
19 O Parecer 17/2001 adotou as seguintes acepções para os termos assinalados: 
Apoiar: "prestar auxílio ao professor e ao aluno no processo de ensino e aprendizagem, tanto nas classes comuns 
quanto em salas de recursos"; 
Complementar: "completar o currículo para viabilizar o acesso à base nacional comum"; 
Suplementar: "ampliar, aprofundar Ou enriquecera base nacional comum". 
Essa formas de atuação visam assegurar resposta educativa de qualidade às necessidades educacionais especiais dos 
alunos nos serviços educacionais comuns. 
20 O Parecer 17/2001 adotou a seguinte acepção para o termo assinalado: Substituir: "colocarem lugar de". Compreende 
o atendimento educacional especializado realizado em classes especiais, escolas especiais, classes hospitalares e 
atendimento domiciliar. 
31 Art. 3o, da Resolução n° 2/2001 - CNE/CEB. 
 
A política de inclusão de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais 
na rede regular de ensino não consiste apenas na permanência física desses alunos junto aos 
demais educandos, mas representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como 
desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas 
necessidades. 
i 
O respeito e a valorização da diversidade dos alunos exigem que a escola defina sua 
responsabilidade no estabelecimento de relações que possibilitem a criação de espaços 
inclusivos, bem como procure superar a produção, pela própria escola, de necessidades 
especiais. 
A proposição dessas políticas deve centrar seu foco de discussão na função social da 
escola. É no projeto pedagógico que a escola se posiciona em relação a seu compromisso com 
uma educação de qualidade para todos os seus alunos. Assim, a escola deve assumir o papel 
de propiciar ações que favoreçam determinados tipos de interações sociais, definindo, em seu 
currículo, uma opção por práticas heterogêneas e inclusivas. De conformidade com o Artigo 
13 da LDBEN, em seus incisos I e II, ressalta-se o necessário protagonismo dos professores 
no processo de construção coletiva do projeto pedagógico. 
Dessa forma, não é o aluno que se amolda ou se adapta à escola, mas é ela que, 
consciente de sua função, coloca-se à disposição do aluno, tornando-se um espaço inclusive 
Nesse contexto, a educação especial é concebida para possibilitar que o aluno com necessidades 
educacionais especiais atinja os objetivos da educação geral. 
O planejamento e a melhoria consistentes e contínuos da estrutura e funcionamento 
dos sistemas de ensino, com vistas a uma qualificação crescente do processo pedagógico para 
a educação na diversidade, implicam ações de diferente natureza: 
No âmbito político 
Os sistemas escolares deverão assegurar a matrícula de todo e qualquer aluno, 
organizando-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais 
nas classes comuns. Isto requer ações em todas as instâncias, concernentes à garantia de 
vagas no ensinoregular para a diversidade dos alunos, independentemente das necessidades 
especiais que apresentem; a elaboração de projetos pedagógicos que se orientem pela política 
de inclusão e pelo compromisso com a educação escolar desses alunos; o provimento, nos 
sistemas locais de ensino, dos necessários recursos pedagógicos especiais, para apoio aos 
programas educativos e ações destinadas à capacitação de recursos humanos para atender às 
demandas desses alunos. 
Essa política inclusiva exige intensificação quantitativa e qualitativa na formação de 
recursos humanos e garantia de recursos financeiros e serviços de apoio pedagógico públicos 
e privados especializados para assegurar o desenvolvimento educacional dos alunos. 
Considerando as especificidades regionais e culturais que caracterizam o complexo 
contexto educacional brasileiro, bem como o conjunto de necessidades educacionais especiais 
presentes em cada unidade escolar, há que se enfatizar a necessidade de que decisões sejam 
tomadas local e/ou regionalmente, tendo por parâmetros as leis e diretrizes pertinentes à 
educação brasileira, além da legislação específica da área. 
 
E importante que a descentralização do poder, manifestada na política de colaboração 
entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios seja efetivamente exercitada no País, 
tanto no que se refere ao debate de idéias, como ao processo de tomada de decisões acerca de 
como devem se estruturar os sistemas educacionais e de quais procedimentos de controle 
social serão desenvolvidos. 
Tornar realidade a educação inclusiva, por sua vez, não se efetuará por decreto, sem 
que se avaliem as reais condições que possibilitem a inclusão planejada, gradativa e contínua 
de alunos com necessidades educacionais especiais nos sistemas de ensino. Deve ser gradativa, 
por ser necessário que tanto a educação especial como o ensino regular possam ir se adequando 
à nova realidade educacional, construindo políticas, práticas institucionais e pedagógicas que 
garantam o incremento da qualidade do ensino, que envolve alunos com ou sem necessidades 
educacionais especiais. 
Para que se avance nessa direção, é essencial que os sistemas de ensino busquem 
conhecer a demanda real de atendimento a alunos com necessidades educacionais especiais, 
mediante a criação de sistemas de informação - que, além do conhecimento da demanda, 
possibilitem a identificação, análise, divulgação e intercâmbio de experiências educacionais 
inclusivas - e o estabelecimento de interface com os órgãos governamentais responsáveis 
pelo Censo Escolar e pelo Censo Demográfico, para atender a todas as variáveis implícitas à 
qualidade do processo formativo desses alunos. 
No âmbito administrativo 
Para responder aos desafios que se apresentam, é necessário que os sistemas de ensino 
constituam e façam funcionar um setor responsável pela educação especial, dotado de recursos 
humanos, materiais e financeiros que viabilizem e dêem sustentação ao processo de construção 
da educação inclusiva. 
É imprescindível planejar a existência de um canal oficial e formal de comunicação, 
de estudo, de tomada de decisões e de coordenação dos processos referentes às mudanças na 
estruturação dos serviços, na gestão e na prática pedagógica para a inclusão de alunos com 
necessidades educacionais especiais. 
Para o êxito das mudanças propostas, é importante que os gestores educacionais e 
escolares assegurem a acessibilidade aos alunos que apresentem necessidades educacionais 
especiais, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas urbanísticas, na edificação -
incluindo instalações, equipamentos e mobiliário - e nos transportes escolares, bem como de 
barreiras nas comunicações. 
Para o atendimento dos padrões mínimos estabelecidos com respeito à acessibilidade, 
deve ser realizada a adaptação das escolas existentes e condicionada a autorização de construção 
e funcionamento de novas escolas ao preenchimento dos requisitos de infra-estrutura definidos. 
Com relação ao processo educativo de alunos que apresentem condições de 
comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, deve ser garantida a acessibilidade 
aos conteúdos curriculares mediante a utilização do sistema Braille, da língua de sinais e de 
demais linguagens e códigos aplicáveis, sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa, 
facultando-se aos surdos e a suas famílias a opção pela abordagem pedagógica que julgarem 
 
adequada. Para assegurar a acessibilidade, os sistemas de ensino devem prover as escolas dos 
recursos humanos e materiais necessários. 
Além disso, deve ser afirmado e ampliado o compromisso político com a educação 
inclusiva - por meio de estratégias de comunicação e de atividades comunitárias, entre outras 
- para, desse modo: 
1) fomentar atitudes pró-ativas das famílias, alunos, professores e da comunidade 
escolar em geral; 
2) superar os obstáculos da ignorância, do medo e do preconceito; 
3) divulgar os serviços e recursos educacionais existentes; 
4) difundir experiências bem sucedidas de educação inclusiva; 
5) estimular o trabalho voluntário no apoio à inclusão escolar. 
E também importante que a esse processo se sucedam ações de amplo alcance, tais 
como a reorganização administrativa, técnica e financeira dos sistemas educacionais e a 
melhoria das condições de trabalho docente. 
O quadro a seguir ilustra como se deve entender e ofertar os serviços de educação 
especial, como parte integrante do sistema educacional brasileiro, em todos os níveis de 
educação e ensino:" 
SISTEMA EDUCACIONAL 
 
Operacionalização pelos Sistemas de Ensino.22 
"Para eliminar a cultura de exclusão escolar e efetivar os propósitos e as ações referentes à 
educação de alunos com necessidades educacionais especiais, torna-se necessário utilizar 
- Extraído do capítulo 2, do Parecer n° 17/2001 - CNE/CEB. 
 
uma linguagem consensual, que, com base nos novos paradigmas, passa a utilizar os conceitos 
na seguinte acepção: 
1 - Educação Especial: Modalidade da educação escolar; processo educacional definido 
em uma proposta pedagógica, assegurando um conjunto de recursos e serviços educacionais 
especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns 
casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e 
promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades 
educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica. 
2 - Educandos que apresentam necessidades educacionais especiais são aqueles que, 
durante o processo educacional, demonstram: 
2.1 - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de 
desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, 
compreendidas em dois grupos: 
2.1.1 - aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; 
2.1.2 - aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências. 
 
2.2 - dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, 
demandando adaptações de acesso ao currículo, com utilização de linguagens e códigos 
aplicáveis; 
2.3 - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a 
dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições 
de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem receber desafios suplementares em classe 
comum, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive 
para concluir, em menor tempo, a série ou etapa escolar. 
3 - Inclusão: Representando um avanço em relação ao movimento de integração escolar, 
que pressupunha o ajustamento da pessoa com deficiência para sua participação no processo 
educativo desenvolvido nas escolas comuns, a inclusão postula uma reestruturação do sistema 
educacional,ou seja, uma mudança estrutural no ensino regular, cujo objetivo é fazer com 
que a escola se torne inclusiva23, um espaço democrático e competente para trabalhar com 
todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais, baseando- 
se no princípio de que a diversidade deve não só ser aceita como desejada. 
Os desafios propostos visam a uma perspectiva relacionai entre a modalidade da 
educação especial e as etapas da educação básica, garantindo o real papel da educação como 
processo educativo do aluno e apontando para o novo 'fazer pedagógico'. 
Tal compreensão permite entender a educação especial numa perspectiva de inserção 
social ampla, historicamente diferenciada de todos os paradigmas até então exercitados como 
23 O conceito de escola inclusiva implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto pedagógico - no 
currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educadores - ações que favoreçam a interação 
social e sua opção por práticas heterogêneas. A escola capacita seus professores, prepara-se, organiza-se e adapta-se 
para oferecer educação de qualidade para todos, inclusive para os educandos que apresentam necessidades especiais. 
Inclusão, portanto, não significa simplesmente matricular todos os educandos com necessidades educacionais especiais 
na classe comum, ignorando suas necessidades específicas, mas significa dar ao professor e à escola o suporte necessário 
a sua ação pedagógica. 
 
modelos formativos, técnicos e limitados de simples atendimento. Trata-se, portanto, de uma 
educação escolar que, em suas especi fie idades e em todos os momentos, deve estar voltada 
para a prática da cidadania, em uma instituição escolar dinâmica, que valorize e respeite as 
diferenças dos alunos. O aluno é sujeito em seu processo de conhecer, aprender, reconhecer e 
construir a sua própria cultura. 
Ao fazer a leitura do' significado e do sentido da educação especial, neste novo 
momento, faz-se necessário resumir onde ela deve ocorrer, a quem se destina, como se realiza 
e como se dá a escolarização do aluno, entre outros temas, balizando o seu próprio movimento 
como uma modalidade de educação escolar. 
Todo esse exercício de realizar uma nova leitura sobre a educação do cidadão que 
apresenta necessidades educacionais especiais visa subsidiar e implementar a LDBEN, baseado 
tanto no pressuposto constitucional - que determina 'A educação, direito de todos e dever do 
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando 
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho' - como nas interfaces necessárias e básicas propostas no Capítulo 
V da própria LDBEN, com a totalidade dos seus dispositivos preconizados. Para compreender 
tais propósitos, torna-se necessário retomar as indagações já mencionadas: 
O 'locus' dos serviços de educação especial 
A educação especial deve ocorrer em todas as instituições escolares que ofereçam os 
níveis, etapas e modalidades da educação escolar previstos na LDBEN, de modo a propiciar 
o pleno desenvolvimento das potencialidades sensoriais, afetivas e intelectuais do aluno, 
mediante um projeto pedagógico que contemple, além das orientações comuns -cumprimento 
dos 200 dias letivos, horas aula, meios para recuperação e atendimento do aluno, avaliação e 
certificação, articulação com as famílias e a comunidade - um conjunto de outros elementos 
que permitam definir objetivos, conteúdos e procedimentos relativos à própria dinâmica escolar. 
Assim sendo, a educação especial deve ocorrer nas escolas públicas e privadas da 
rede regular de ensino, com base nos princípios da escola inclusiva. Essas escolas, portanto, 
além do acesso à matrícula, devem assegurar as condições para o sucesso escolar de todos os 
alunos. 
Extraordinariamente, os serviços de educação especial podem ser oferecidos em classes 
especiais, escolas especiais, classes hospitalares e em ambiente domiciliar. 
Os sistemas públicos de ensino poderão estabelecer convênios ou parcerias com escolas 
ou serviços públicos ou privados, de modo a garantir o atendimento às necessidades 
educacionais especiais de seus alunos, responsabilizando-se pela identificação, análise, 
avaliação da qualidade e da idoneidade, bem como pelo credenciamento das instituições que 
venham a realizar esse atendimento, observados os princípios da educação inclusiva. 
Para a definição das ações pedagógicas, a escola deve prever e prover, em suas 
prioridades, os recursos humanos e materiais necessários à educação na diversidade. 
É nesse contexto que a escola deve assegurar uma resposta educativa adequada às 
necessidades educacionais de todos os seus alunos, em seu processo de aprender, buscando 
implantar os serviços de apoio pedagógico especializado necessários, oferecidos 
preferencialmente no âmbito da própria escola. 
 
E importante salientar o que se entende por serviço de apoio pedagógico especializado: 
são os serviços educacionais diversificados oferecidos pela escola comum para responder às 
necessidades educacionais especiais do educando. Tais serviços podem ser desenvolvidos: 
1 - nas classes comuns, mediante atuação de professor da educação especial, de 
professores intérpretes das linguagens e códigos aplicáveis e de outros profissionais; itinerância 
intra e interinstitucional e outros apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à 
comunicação; 
2 - em salas de recursos, nas quais o professor da educação especial realiza a 
complementação e/ou suplementação curricular, utilizando equipamentos e materiais 
específicos. 
Caracterizam-se como serviços especializados aqueles realizados por meio de parceria 
entre as áreas de educação, saúde, assistência social e trabalho. 
Alunos atendidos pela educação especial 
O Artigo 2o. da LDBEN, que trata dos princípios e fins da educação brasileira, garante: 
"A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais 
de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo 
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho." 
Consoante esse postulado, o projeto pedagógico da escola viabiliza-se por meio de 
uma prática pedagógica que tenha como princípio norteador a promoção do desenvolvimento 
da aprendizagem de todos os educandos, inclusive daqueles que apresentem necessidades 
educacionais especiais. 
Tradicionalmente, a educação especial tem sido concebida como destinada apenas ao 
atendimento de alunos que apresentam deficiências (mental, visual, auditiva, física/motora e 
múltiplas); condutas típicas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos, 
bem como de alunos que apresentam altas habilidades/superdotação. 
Hoje, com a adoção do conceito de necessidades educacionais especiais, afirma-se o 
compromisso com uma nova abordagem, que tem como horizonte a Inclusão. 
Dentro dessa visão, a ação da educação especial amplia-se, passando a abranger não 
apenas as dificuldades de aprendizagem relacionadas a condições, disfunções, limitações e 
deficiências, mas também aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica, 
considerando que, por dificuldades cognitivas, psicomotoras e de comportamento, alunos 
são freqüentemente negligenciados ou mesmo excluídos dos apoios escolares. 
O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve uma diversidade de necessidades 
educacionais, destacadamente aquelas associadas a: dificuldades específicas de aprendizagem, 
como a dislexia e disfunções correlatas; problemas de atenção, perceptivos, emocionais, de 
memória, cognitivos, psicolíngüísticos, psicomotores, motores, de comportamento; e ainda a 
fatores ecológicos e socioeconômicos, como as privações de caráter sociocultural e 
nutricional. 
Assim,

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