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Direito Civil Prof.: Fabio Figueiredo Matéria: Modalidades Obrigacionais/ Classificação das Obrigações. 31/03/2011 Modalidades Obrigacionais: - Dar; - Fazer; - Não Fazer. 1. Obrigação de dar: Subdivide-se em: dar coisa certa e dar coisa incerta. a) Obrigação de Dar coisa certa: É aquela definida por gênero, quantidade, qualidade (especificada). Portanto, a obrigação de dar coisa certa é determinada. A obrigação de dar coisa certa, pode se perfazer de duas maneiras: entrega ou restituição. - Entrega: É o dar originário. Na entrega a obrigação só se perfaz efetivamente no ato da tradição, sendo que até o momento efetivo da tradição o devedor poderá cobrar o aumento do preço da coisa, conforme previsto no Art. 273 “caput”, do CC, exceto nas relações de consumo firmado via pacto (deverá ser cumprida, conforme a proposta apresentada). Caso o credor não concorde com a obrigação, a mesma se resolver sem perdas e danos. Art. 237. “Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação”. - Restituição: É aquela em que se devolve algo à alguém, ou seja, restitui-se. Em regra o devedor não poderá cobrar o aumento no preço da coisa, exceto se o aumento no preço da coisa ocorreu por força de trabalho ou implemento de capital do devedor – para tanto deve-se analisar a boa e a má-fé do possuidor. Obs. A posse é justa quando não há vício possessório, por outro lado a posse é injusta quando há vício possessório, são eles: - violência; - clandestinidade; - precariedade (vencimento do lapso temporal possessório). A posse será de boa-fé quando o possuidor desconhece a existência de algum vício. Sendo que, a posse será de má-fé quando o possuidor sabe da existência de algum vício. Portanto, toda posse justa é de boa-fé. Já se a posse é injusta será de má- fé (regra), salvo exceção com relação a transmissão hereditária da posse. Obs.: Na transmissão hereditária da posse existe a possibilidade da posse ser injusta de boa-fé. O possuidor de boa-fé irá perceber indenização quanto as: - benfeitoriass necessárias; - benfeitorias úteis; - benfeitorias voluptuárias. O possuidor de boa-fé terá direito a retenção quanto as: - benfeitorias necessária; - benfeitorias úteis. Obs.: Não excluindo a possibilidade de perceber a voluptuárias. Caso o devedor poder “levantá-las” sem detrimento à coisa – ele poderá fazê-la. Diante do exercício da retenção, o devedor não perde o direito à indenização pelas benefeitorias voluptuárias, mas terá que mover uma ação indenizatória em apartada. Caso a posse seja de má-fé, o indivíduo terá direito a indenização apenas pelas benfeitorias necessárias, bem como não tendo direito a retenção. b) Obrigação de Dar coisa incerta: Conforme a lei a obrigação de dar coisa incerta é definida, através do gênero e quantidade. Sendo que, doutrinariamente é definida por gênero, quantidade e qualidade. Obs.: Caso exista a alternativa no exame da OAB – gênero e quantidade (assinalar esta opção), mas caso não tenha esta alternativa e tenha – gênero, quantidade e qualidade (assinalar esta opção). O objeto das obrigações de dar coisa incerta é indeterminado, mas determinável. Portanto, será necessária a qualidade, sob pena de ser indeterminável, consequemente acarretando em defeitos do negócio jurídico – nulo. Obs.: Na coisa incerta não há concentração do objeto prestacional, sendo portanto necessário que se proceda a escolha. Escolha: É o instrumento de concentração do objeto prestacional da obrigação. Regras quanto a Escolha: A escolha se faz, via de regra, pelo devedor na ausência de acordo entre as partes. Porém poderá ser estabelecido no contrato que a escolha cabe ao credor ou a terceiro. Sendo que, este terceiro se não poder ou não querer escolher a escolha será judicial. Por fim, aquele que escolhe não poderá escolher nem a pior e nem a melhor das coisas, razão pela qual deverá guardar o meio termo. Obs.: Independentemente de quem proceda a escolha, ela só restará aperfeiçoada mediante a cientificação (notificação receptícia) da outra parte ou das partes. Resumo das Regras de Escolha: 1º Devedor escolhe (regra); 2º Por convenção o credor pode escolher; 3º Por convenção 3º pode escolher; 4º Se o 3º não poder ou não quiser – a escolha será judicial; 5º Aquele que escolhe deve notificar a outra parte, mediante cientificação (notificação receptícia); 6º Regra do meio termo. Inadimplemento da Obrigação de Dar Coisa Incerta: Em regra, na obrigação de dar coisa incerta inexiste a possibilidade da alegação de inadimplemento não culposo (sem perdas e danos), pois este tipo de obrigação é definida pelo gênero que jamais perece (“genus nom perit”), salvo exceção – gênero previamente determinado. Caso o gênero seja previamente determinado (um dentre os 30 cavalo da fazenda de João) há possibilidade de alegação de inadimplemento não culposo, posto que é possível que todo o gênero pereça sem a culpa do devedor. Conclui-se, portanto que: conforme disposição do Art. 246 na obrigação de dar coisa incerta – até o momento da escolha, o devedor não pode alegar inadimplemento não culposo. Isto, porque a coisa incerta é um genêro e o genêro nunca perece. Art. 246. “Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.” 2. Obrigações de Fazer: É uma obrigação positiva que envolve uma conduta comissiva por parte do devedor. A peculiaridade da obrigação de fazer está na possibilidade de que ela seja personalíssima ou não. Obs.: Quando a obrigação de fazer for personalíssima (“intuitu personae”) a tentativa de cumprimento por outrem implica em inadimplemento absoluto. Inadimplemento da Obrigação de Fazer: Obs – Têm-se a mora quando a obrigação descumprida ainda pode ser cumprida e têm-se o inadimplemento quando a obrigação descumprida não pode mais ser cumprida. A obrigação de fazer pode ser: Personalíssima, razão pela qual é possível que se dê: - Inadimplemento absoluto: Deve se auferir se o inadimplemento absoluto foi culposo (devolução dos valores pagos + perdas e danos) ou não culposo (devolução dos valores pagos). - Mora: Diante da mora do devedor, poderá ocorrer: 1º Purgação; 2º Ou devolve os valores pagos + perdas e danos (Art. 247, do CC); Art. 247. “Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.” 3º Ou cominação de multa diária, tendo por finalidade forçar o adimplemento (Art. 461, p.4º, do CPC). Art. 461. § 4º - “O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.” Na obrigação de fazer não personalíssima: É possível que ocorra: - Inadimplemento absoluto: Verifica-se a culpa – inadimplemento culposo (devolução de valores pagos + perdas e danos) e não culposo (devolução de valores pagos). - Mora: Diante da mora do devedor, poderá ocorrer: 1º Purgação; 2º Ou o credor pode pedir a execução específica (Art. 249, do CC) – ingressa em juízo pedindo uma ordem do juiz para contratar um 3º as custas do devedor; Art. 249. “Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.” 3º Ou Autotutela – Diante, de circunstâncias urgentes o próprio credor cumpre a prestação cobrando depois do devedor (Art. 249,p.ú, do CC); Art. 249. Parágrafo único. “Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.” Requisitos da Autotutela: - Imediatividade da reação; - Premente necessidade da prestação. Obs.: A pena de multa pecuniária diária não é possível nesta situação – obrigação não personalíssima (cabe apenas na obrigação personalíssima). 3. Obrigações de Não Fazer: É uma obrigação negativa que envolve uma conduta omissiva. A principal peculiaridade da obrigação de não fazer é a inexistência de mora. Classificação das Obrigações: 1ª Classificação: Obrigações Simples: Há apenas um credor, um devedor e um só objeto, ou seja, se apresentam com todos os elementos no singular. Obrigações Complexas: Mais de um credor, devedor ou objeto, ou seja, basta que um deles esteja no plural para que a obrigação se denomine composta ou complexa. - Complexa Subjetiva: Mais de um sujeito (devedor ou credor), sendo subjetiva passiva (mais de um devedor), subjetiva ativa (mais de um credor) e subjetiva mista (mais de um devedor e mais de um credor). - Complexa Objetiva. - Complexa Integral. 2ª Classificação: Obrigações Cumulativas/Conjuntivas: São obrigações que tem complexidade objetiva (mais de um objeto), sendo que os objetos estão ligados pelo integrativo E. Ex.: Apagador E Caneta. Obs.: Nas obrigações cumulativas o descumprimento de qualquer um dos objetos gera o inadimplementos absoluto da obrigação. Obrigações Alternativas: São obrigações com complexidade objetiva, no entanto seus objetos são ligados pelo alternativo OU. Ex.: Apagador OU Caneta. Obs.: Nas obrigações alternativas aplicam-se as regras da escolha (ver obrigações de dar coisa incerta). Ás obrigações alternativas NÃO se aplicam a regra do meio termo. Obrigações Facultativas: As obrigações facultativas não são previstas no ordenamento jurídico. Trata-se de uma teoria das obrigações facultativas. A obrigação facultativa é uma obrigação simples. Sendo que, esta modalidade de obrigação não se estabelece alternativas entre os objetos, mas estabelece uma faculdade de substituição em favor único e exclusivo do devedor (julgar conveniente e oportuno), bem como dependendo de concordância do credor a sua ocorrência. Diferença entre obrigação alternativa e obrigação facultativa: Da concentração compulsória do objeto prestacional – Se na obrigação alternativa perece todos os objetos, restando apenas um, não haverá mais escolha a ser feita pelo devedor, razão pela qual o credor poderá exigir o objeto remanescente. Já na obrigação facultativa (o 2º objeto não está afetado pelo credor) a substituição é uma faculdade do devedor, por este motivo não será possível se falar em concentração compulsória do objeto facultativo.
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