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Direito de Família Prof. Nelson Matéria: Guarda (continuação) – compartilhada e nidação/ Ação Negatória de Paternidade/ Ação de Desbiologização da Paternidade/ Ação de Investigação de Paternidade/ Ação de Alimentos. 26/05/2011 Guarda (aula passada): A guarda constitui um desdobramento do direito de convivência que os pais possuem em relação aos filhos, a qual, portanto, deve ser vista como um dos aspecto do poder familiar. Sendo que, com o rompimento da convivência dos pais, há a fragmentação de um dos componentes da autoridade parental. Ambos continuam detentores do poder familiar, mas o direito de convivência desdobra-se. Assim, o filho passará a viver com um dos genitores, este terá a guarda, enquanto que ao outro será assegurado o direito de visita. Espécies de Guarda: Natural: É aquela que decorre da própria natureza do casamento, união estável e da comunidade formada por qualquer um dos pais ou descendentes, p.ex: mãe dos filhos do Gugu/ monoparental (Art. 226, p.4º, da CF). Art. 226 § 4º - “Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.” Judicial: a) Guarda única, exclusiva ou unilateral: Será composta pelas figuras - guardião e não guardião. O guardião é aquele que detém a posse do menor, bem como o poder de imediatividade nas escolhas e alguns deveres familiares. Ex.: Escolhe a escola, o médico, cursos que o menor irá fazer etc. Obs.: O juiz aplica o princípio do melhor interesse da criança ao decidir qual dos pais permanece com a guarda, bem como analisando qual deles tem melhores condições para ficar com o menor. Isto, não implica em condições financeiras, mas afetivas para auxiliar da melhor maneira possível a educação, sustento, criação dentre outras condições ao menor. b) Guarda Alternada: Alterna-se a guarda física e o poder da imediatividade – em períodos longos. Ex.: Durante 6 meses o menor permanece com a mãe no Nordeste e nos outros 6 meses permanece com o pai no Sul. Este tipo de guarda é repudiada pelo Ministério Público. c) Guarda Compartilhada: Regida pela 11.698/08. É um sistema de co-responsabilização dos pais separados, perante os seus filhos menores. Obs.: Os avós também tem direito a guarda compartilhada, de acordo com decisão do STJ. Na guarda compartilhada a guarda física e o poder de imediatividade – é dos dois guardiões simultaneamente. A guarda compartilhada tem como requisito principal – que os pais tenham os mesmos valores éticos, morais, religioso, profissionais e etc. d) Guarda de Nidação: Esta modalidade de guarda é aquela em que os filhos continuam fixados na residência sendo os pais que à alternam, ou seja, as alternâncias de convivência entre pais e filhos se dão através das idas e vindas dos pais, mantendo os filhos na mesma residência. Ação Negatória de Paternidade: É à ação, que compete exclusivamente ao “pai”, de rito ordinário, que permite que seja contestada a paternidade dos filhos de mulher ou companheira, ainda que tal paternidade conste no registro civil das pessoas naturais. Partes: - Autor: Pai (aquele que registrou a criança). O polo ativo desta demanda é personalíssimo, posto que se o pai estiver morto antes da propositura da ação – não poderá ninguém propor em seu lugar, mas se já tiver sido ingressada a demanda e o pai falecer no curso dela – os herdeiros podem prossegui-la. - Réu: Filho. A ação negatória de paternidade é imprescritível, ou seja, pode ser proposta a qualquer tempo. Obs.: Caso uma pessoa tenha um filho e um indivíduo sabendo que não é o pai da criança – e mesmo assim, decide registra-la como se filho seu fosse, não poderá diante da ruptura da relação do casal – pleitear a negatória de paternidade, pois tinha ciência desde o início não ser o pai. Portanto, o arrependimento impede o cabimento de uma ação negatória de paternidade. A ação negatória de paternidade cabe quando ocorrer um vício de consentimento. Ação de Desbiologização da Paternidade: Consiste na retirada do pai artificial do registro e a inclusão do pai natural, ou seja, verdadeiro, através da retificação de assento. O direito de propor a desbiologização da paternidade é imprescritível. Ação de Investigação de Paternidade: Pode ser uma ação meramente declaratória ou ação constitutiva/condenatória, conforme, respectivamente, trate o pedido apenas de obter a declaração da paternidade ou a declaração da paternidade cumulada consequentemente com o pedido de alimentos. Partes: - Autor: Filho - Réu: Suposto pai. O prazo para pleitear à ação de investigação de paternidade é imprescritível. Em regra, esta ação é cumulada com alimentos. Caso o suposto pai seja falecido, o autor irá requere o ingresso na herança, tendo como pólo passivo – o espólio, desde que, já aberto inventário, caso contrário será em face dos herdeiros. A ação de investigação de paternidade tem como requisito – a ocorrência de indícios amorosos. Provas Cabíveis: - Documental; - Testemunhal; - Exame Prosopográfico: Fotos ampliadas do suposto pai e do filho, tendo por finalidade verificar a existência de semelhanças entre eles. - Exame de Sangue: É uma forma de excluir 100% a paternidade, porém ineficaz para comprovar a paternidade. - Exame Odontológico: Realizado pela arcada dentaria. - DNA/ Finger Print: É a impressão digital do DNA. Este exame é contundente e eficaz para comprovação da paternidade. Caso o suposto pai tenha sido convocado para realizar o exame de DNA – e nao comparece e nem justifica o motivo da sua ausência, presumi-se ser o pai da criança, desde que não exista outro meio probatório. Art. 2º -A (Lei 12.004/2009). “Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório.” STJ Súmula nº 301 - Ação Investigatória - Recusa do Suposto Pai - Exame de DNA - Presunção Juris Tantum de Paternidade “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.” Ação de Alimentos: A cobrança de alimentos não é solidária, conforme o Art. 1.698, do CC. Art. 1.698. “Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.” A Lei 12.398/11: estende aos avós o direito de visita aos netos, desde que, com o consentimento judicial. Esta lei acrescentou o parágrafo único ao art. 1.589, do CC. Se for pleiteado alimentos em face dos avós paternos, estes poderão chamar os avós maternos também para ingressar o poló passivo da demana, posto que todos estão na mesma linha sucessória, conforme o Art. 1.698, do C. Exceção – Estatuto do Idoso, previsto na Lei 10.741/03, Art. 12 – dispõe que os alimentos são solidários para os idosos (maior de 60 anos de idade), ou seja, pode ingressar com à ação de alimentos em face de qualquer um dos filhos, este arcará com a totalidade dos alimentos. O filho que pagar os alimentos, poderá ingressar com uma ação regressiva contra os demais irmãos. Requisitos de necessidade, possibilidade e razoabilidade da obrigação alimentar: A pretensão aos alimentos materializa-se no binômio necessidade/possibilidade, o qual é previsto expressamente no p.1º, do Art. 1.694, do CC, que estabelece que “osalimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”. A necessidade é comprovada pela real dificuldade de se obter rendimentos necessários para uma vida digna. No caso de filhos e outros parentes menores é, inclusive, presumida. Já a possibilidade é constatada nos rendimentos reais que possam servir de lastro ao pagamento dos alimentos, respeitando o limite necessário ao sustento do próprio devedor, de acordo com o disposto no Art. 1.695, do CC. Art. 1.695. “São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.” Finalmente, em relação à razoabilidade, trata-se de um requisito doutrinário e jurisprudencial utilizado para balancear à aplicação do binômio necessidade/possibilidade. O requisito da razoabilidade está presente no texto legal, quando alude – “na proporção das necessidades”. Espécies de Alimentos: A doutrina alude à distinção tradicional dos alimentos em naturais e civis. a) Naturais: Seriam os alimentos estritamente exigidos para a mantença da vida, ou seja, para sobreviver. Estes alimentos abrangem a necessidade de quem o requer e a possibilidade de quem é requirido. b) Civis: Também denominados de sociais ou côngruos, servem para manter o status sociais. Estes alimentos abrange a possibilidade de quem é requerido à paga-lo. Obs.: O culpado na separação - não tem direito de perceber os alimentos naturais e civis, apenas o inocente terá este direito. c) Legais: Todos em linha reta podem pleitear alimentos, porém o pleito de forma recíproca somente ocorrerá entre pais e filhos. Na linha colateral – até o 2º grau pode pedir alimentos. Os cônjuges e os ex cônjuges, podem requerer alimentos. Obs.: O não pagamento dos alimentos legais, enseja na prisão civil, Art. 733, do CPC. Art. 733 – “Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. § 1º - Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. § 2º - O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas. § 3º - Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.” d) Voluntários: Requeridos de forma espontânea. d.1) Voluntários Obrigacionais: Decorre da ação cautelar de oferta de alimentos, sendo que uma vez deferido estes alimentos, deverá ocorrer o seu pagamento, sob pena de execução dos alimentos. d.2) Voluntário Não Obrigacionais: Decorre da oferta de alimentos, se deixar de pagar os alimentos, não enseja em execução dos alimentos. e) Indenizatórios: Decorre de um ato ilícito, ou seja, responsabilidade civil. Ex.: Acidente de trânsito – mata um taxista, que por sua vez sustentava toda a sua família – o causador além de pagar os danos sofridos, pagará os alimentos indenizatórios. Obs.: Não cabe prisão ao causador, e sim o cumprimento de sentença, Art. 475 – J, do CPC. f) Gravídicos: A obrigação de alimentar também pode começar antes do nascimento e depois da concepção, pois, antes de nascer, existem despesas que tecnicamente se destinam à proteção do nascituro. Esta modalidade de alimentos foi introduzida pela Lei 11.804/04 com a nomenclatura de “alimentos gravídicos”, os quais são destinados a mulher gestante, compreende aos valores dos exames médicos, consultas, internação no hospital, medicamentos, alimentação especial + outros que o juiz ou médico entender serem necessários. Partes: - Autor: Gestante; - Réu: Futuro pai. Estes alimentos começam a correr apartir da citação, salvo exceção apartir da concepção. Normalmente, o juiz concede liminar nos gravídicos, bastando ter indícios e convicção que o réu é o pai. Nascido a criança com vida os alimentos gravídicos convertem-se automaticamente em alimentos. Posto isto, presumi-se a paternidade (Art. 6º, p.ú, da lei) Portanto, se o réu for recorrer dos alimentos também deverá recorrer contra a paternidade. Art. 6o “Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.” Características dos Alimentos: - Personalíssimos - Incessíveis - Transmissíveis (Art. 1.700, do CC): O débito alimentar se transmite aos seus sucessores. Portanto, se o devedor morrer – arcará os sucessores com a dívida deixada, não se limitando apenas ao espólio. Art. 1.700. “A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.” - Imprescritíveis (Art. 1.707, do CC). Obs.: Prescreve-se a cobrança (débito da execução), mas não o direito de pleitear a demanda – pois tal direito é imprescritível. Art. 1.707. “Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.” Não corre a prescrição para quem tem o poder familiar. - Impenhoráveis - Irrenunciáveis - Irrestituíveis/Irrepetíveis: Conforme jurisprudência do STJ os alimentos pagos são irrepetíveis, uma vez que não se pode cobrar valores que foram pagos para o sustento e manutenção da criança, mesmo se descobrir que não é o pai. Obs.: O máximo que pode ser feito – é requerer o abate no imposto de renda, pois praticou um ato binevolente. - Incompensáveis: São atos de mera liberalidade. Obs.: Escola, faculdade, compra no mercado – pode compensar.
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