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Micotoxinas em rações animais

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FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE BRAGANÇA PAULISTA 
DESSIRÊE DUQUE
ISABELLA PESENATO
JULIANA MOYA 
NICOLLE VAITEKAITES
TÁTILA VALENTIM
 MICOTOXINAS PRESENTES EM ALIMENTOS PARA ANIMAIS
MEDICINA VETERINÁRIA
BRAGANÇA PAULISTA
2016
FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE BRAGANÇA PAULISTA 
DESSIRÊE DUQUE- 2014067
ISABELLA PESENATO - 2014265
JULIANA MOYA - 2014179
NICOLLE VAITEKAITES-2014310
TÁTILA VALENTIM- 2014385
Trabalho
 da matéria de 
Bromatologia
 e Nutrição Animal apresentado à Faculdade De Ciências e Letras da FESB como requisito parcial para obtenção de nota no curso de Medicina Veterinária. MICOTOXINAS PRESENTES EM ALIMENTOS PARA ANIMAIS
MEDICINA VETERINÁRIA
BRAGANÇA PAULISTA
2016
INTRODUÇÃO
As micotoxinas constituem hoje um dos grandes problemas das matérias-primas e das rações, principalmente nos países de clima temperado e quente. Existem mais de 200 micotoxinas identificadas, tóxicas para os animais e possivelmente perigosas ao consumidor de produtos por ela contaminados. 
No Brasil, praticamente apenas uma micotoxina é hoje determinada em laboratório, a aflotoxina. Existem, no entanto, várias micotoxinas, sendo as mais importantes as próprias aflatoxinas, as ocratoxinas, as zearalenonas e as tricotecenes. Outras micotoxinas de interesse são a patulina, que é uma lactona carcinogênica, a citreoviridina, a citrinina, a luteoskirina, a cicloclorotina, a toxina tremorgênica, a rubrotoxina, a fumagilina e a gliotoxina.
Outro aspecto a considerar é que as micotoxinas, uma vez formadas na matéria-prima e/ou ração, não são mais, no geral, passíveis de eliminação, daí a necessidade de se prevenir a sua formação, evitando-se o desenvolvimento dos fungos produtores. A este propósito, o Ministério da Agricultura dos EUA publicou um método para a inativação das aflatoxinas na farinha de torta de algodão, e que consiste no tratamento da mesma com amônia, por 30 minutos, a 3 a 3,5 atmosferas de pressão e à temperatura de 90 a 120°C. Este processo destrói 99% das aflatoxinas tendo, porém, como inconveniente, o seu alto custo.
Afora as micotoxinas, os fungos ocasionam ainda outros danos, tais sejam o desgaste de nutrientes os quais, ao se decomporem, desprendem calor e água fazendo subir a temperatura do alimento e propiciando a continuidade de um processo de oxidação indesejável, e que pode, inclusive, levar a processo de combustão espontânea.
Quanto aos alimentos, a maioria daqueles usados como matérias-primas para rações podem ser contaminada pelos fungos e apresentar substrato para a formação das micotoxinas. Já foram detectadas as toxinas fúngicas no milho, trigo, arroz, aveia, centeio, cevada, sorgo, tortas de amendoim, algodão, soja, coco, etc. Como as matérias-primas mais perigosas poderiam ser consideradas as tortas de amendoim e de algodão.
CLASSIFICAÇÃO DAS MICOTOXINAS E CONSEQUÊNCIAS
AFLATOXINAS
É teratogênica, carcinogênica e mutagênica. Sua propriedade carcinogênica é principalmente evidente em trutas, nas quais uma dieta com 0,4 ppb causa tumores hepáticos. Em função da dosagem provoca diarreia e necrose hepática.
A aflotoxina G¹, cuja DL 50 é de 0,78 mg, medida em patos, por quilograma de peso vivo, oral é responsável pela ruptura de vasos e hemorragias. Os metabólitos das aflatoxinas são ruptura de vasos e hemorragias. Os metabólitos das aflatoxinas são denominados de M¹ e M² (M de Milk) e podem ser encontrados no leite e urina de animais que as ingeriram, conservando suas propriedades tóxicas. Outros metabólitos são o aflatoxicol, que pode se constituir como um reservatório para a formação da aflatoxina B¹, a P¹ e a Q¹. As aflatoxinas são produzidas pelos fungos Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus.
2.2 ZEARALENONAS
Em suínos estas micotoxinas ocasionam uma síndrome estrogênica. Em leitoas ocorrem problemas com a vulva, que se torna inchada, edematosa, podendo conduzir ao prolapso da mesma. O útero aumenta de tamanho, torna-se edematoso, com atrofia dos ovários. Em machos jovens podem ocorrer problemas de feminilidade. As zearalenonas não provocam aborto, mas induzem a distúrbios da fertilidade e redução da ninhada. Dentre as espécies domesticas os suínos são os mais sensíveis.
As zearalenonas são produzidas pelos fungos do grupo Fusarium roseum, que compreendem inúmeras variedades.
2.3 TRICOTECENES
Primeiramente descrita a ação patogênica em humanos, onde se manifesta por sensação de queimadura na boca, esôfago e estômago, seguindo-se de diarreia e vômitos, acompanhados de decréscimo nos leucócitos, agranulopenia e linfocitose. Das micotoxinas deste grupo a mais comum é a T-2, a qual, em animais, se manifesta por edema, redução de número de leucócitos e possível efeito teratogênico. A DL50, dosada em ratos, é de 4 mg/kg, oral. A toxina é produzida pelo Fusarium tricinctum.
2.4 OCRATOXINAS
A ocratoxina A apresenta uma DL 50 para aptinhos de 150 mcg, 3,3 a 3,9 mg/Kg em pintos de um dia e de 4,67 mg/kg para trutas.Manifesta-se por reabsorção de fetos, efeito teratogênico, disfunção renal, infiltração gordurosa do fígado, diarreia e vertigem. Geralmente provoca também enterite no intestino delgado. Estas toxinas são produzidas pelos fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium viridicatum.
Independentemente do tipo, as micotoxinas provocam problemas gerais, afora os específicos citados acima e que podem ser resumidos como: crescimento retardado, diminuição da eficiência alimentar,
Diminuição de pigmentação, diminuição da resposta imunitária, fragilidade capilar, deficiência de emplumagem, fragilidade da casca de ovos, distúrbios de absorção e mortalidade.
ANTIFÚNGICOS
A legislação nos vários países fixa níveis atualmente apenas para as aflatoxinas, como máximo nas rações, podendo-se considerar o nível de 20 ppb (partes por bilhão) como no máximo admissível nas mesmas.
Os problemas decorrentes da contaminação das rações pelos fungos, e o possível desenvolvimento das micotoxinas nas mesmas, são razões suficientes para evidenciar a necessidade da proteção das rações com antifúngicos.
Os antifúngicos mais empregados hoje na alimentação animal são:
- Violeta Genciana, a nível de 8 ppm;
-Ácido propiônico, seguir a recomendação do fabricante, variável conforme a apresentação comercial;
-Propionato de cálcio, nível de 0,9 a 1,0 kg por tonelada de ração;
-Outras drogas, como Thiabendazole, podem também ser utilizadas com finalidade fungistática.
4. ARMAZENAMENTO DE RAÇÕES
É o determinante para a qualidade das rações. Os fungos causam os maiores danos aos grãos estocados.
Em Fábricas de rações é importante ter equipamento de alta precisão na separação de grãos. A separação do produto ocorre através da diferença de densidades, eliminando detritos, grãos danificados, mal formados, rugososos e meio-grãos.
Os fatores predisponentes para o desenvolvimento de micotoxinas são a umidade (tabela 1), temperatura (tabela 2), o tempo de armazenamento (tabela 3), contaminação com impurezas (materiais estranhos) e inadequações na armazenagem do produto.
Tabela 1: O teor de umidade crítico do milho em grão, a uma temperatura de 32°C e UR de 70% é de 14,7%. (Fonte: Butolo, 2002). 
Para a fabricação de rações é recomendado que a umidade estivesse entre 13 e 15%; Para a finalidade de armazenamento a umidade deve-se estar menor que 13%; em colheitas mecanizadas é recomendado que a umidade dos grãos esteja de 20 a 24% e em colheitas de espigas a umidade têm que estar de 18 a 22%.
Tabela 2
Tabela 3
Muitas das micotoxinas não têm seu efeito diminuído por processos de beneficiamento, como peletização em rações e acondicionamento em latas.
O homem pode ser contaminado por micotoxinas através do consumo de carne de animais alimentados com ração contaminada, pois a toxina pode ser transmitida pelo corpo do animal através da sua carne, leite ou ovos.
Alguns alimentos com contaminação potencial, como o milho, podem ter seus produtos derivados,como óleo refinado, isento da toxina, pois há a destruição da mesma no processo de transformação do produto.
5. DETECÇÃO, PREVENÇÃO E CONTROLE DE MICOTOXINAS
A presença de fungos indica a possibilidade de produção de micotoxinas e a necessidade de considerar o destino do lote de produtos atestados. Existem meios de descontaminar produtos atestados, mas são todos relativamente caros, e sua eficiência está ainda em discussão.
Existem testes rápidos desenvolvidos pelo Serviço Federal de Inspeção de Grãos dos Estados Unidos (FGIS) para a identificação de aflotoxina em milhos e estão disponíveis comercialmente. Os conjuntos de equipamentos (kits) aprovados pelo FGIS incluem Teste Elisa rápido, cartucho de imunoafinidade, Teste Elisa de fase sólida e procedimentos seletivos adsorventes de coluna mínima. Porém para a quantificação é utilizado o método da luz negra, no qual 90% são identificadas aflatoxinas. Porém para a realização deste procedimento é necessário ter laboratórios capacitados. As desvantagens são os custos e o tempo para a finalização.
Quanto à prevenção e controle das micotoxinas, deve-se levar em consideração que os fungos não podem crescer (ou micotoxinas serem produzidas) em alimentos devidamente secos. Por isso, a secagem eficiente dos produtos e a sua conservação sem umidade é a medida eficaz contra o crescimento de fungos e a produção de micotoxinas. O processo de secagem deve ser feito logo após a colheita e o mais rápido possível.
Onde o grão é armazenado em sacos, métodos que empregam cuidadoso sistema de secagem e, subsequente armazenamento em folhas de plástico à prova de umidade poderá superar este problema. O grão estragado tem mais tendência para invasão de fungos e consequentemente para a contaminação de micotoxinas. Por isso, é importante evitar estrago antes e durante o processo de secagem, bem como no armazenamento. A secagem do milho na espiga, antes de descascar, é uma prática muito boa.
Os insetos são as principais causas de estragos: pragas de insetos de campo e algumas espécies de armazenamento estragam o grão e estimula em ambiente úmido, o crescimento de fungos no grão em amadurecimento.
Nas regiões tropicais, pode ser difícil manter secos os produtos durante o armazenamento, mas nunca é demais enfatizar a importância do armazenamento seco. Em pequena escala, embalagens de polietileno são eficazes; em larga escala, o armazenamento seguro requer estruturas bem projetadas, com pisos e paredes impermeáveis contra umidade. A manutenção da umidade do armazém abaixo de 70% é crucial.
A ventilação durante um período de tempo devidamente controlado, preferencialmente com ventilador, ajudará muito a manter baixa a umidade. O ideal é que as áreas de armazenamento de grande escala sejam equipadas com instrumentos de controle de umidade.
Se for necessário armazenar os produtos antes da adequada secagem, isso deve ser feito no máximo, três dias. O uso do armazém vedado ou ambientes modificados prolongará este período de segurança, mas esses procedimentos são relativamente caros.
6. ADITIVOS ANTIMICOTOXINAS (AAMs)
Os AAMs são substâncias adicionadas à ração animal que agem fisicamente no controle de micotoxinas e possuem o objetivo de remover (sequestrar ou biotransformar) as micotoxinas das dietas contaminadas.
Eles incluem uma ampla gama de produtos, tais como aluminosilicatos de cálcio e sódio hidratado, organoaluminosilicatos, bentonita, zeolitas, carvão ativado, polímeros a base de carbono, como celulose, casca de aveia, pectina, hemicelulose, entre outros. Os mais utilizados são os aluminosilicatos, os quais são compostos de material inorgânico poroso que abrigam anéis tetraedros de silicato, cada um composto de uma molécula de sílica com uma carga positiva rodeada por quatro átomos de oxigênio com cargas negativas. As micotoxinas podem ser absorvidas nessa estrutura porosa e ficam presas por cargas elétricas elementares. A taxa de adsorção irá depender do tamanho e da carga elétrica da toxina e da estrutura da argila.
7. ASPECTOS QUE OS AAM DEVEM RESPEITAR 
Não devem interferir na absorção de outros ingredientes, como vitaminas e minerais (teste comprovado in vivo).
Deve-se ter o controle de Dioxinas e furanos, pois são contaminantes ambientais altamente cancerígenos e, por isso, seguem severa regulamentação. Conforme o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) o limite aceitável para AAM contendo aluminosilicatos é de 0,75 ng.
Controlar os metais pesados, esses compostos químicos são altamente reativos e bioacumuláveis, ou seja, o organismo não é capaz de eliminá-los. Conforme o MAPA os limites aceitáveis são: Arsênico (As) 12 ppm2, Chumbo (Pb) 15 ppm2, Cadmo (Cd) 5 ppm3 e Mercúrio (Hg) 0,1 ppm3.
Os AAMs devem ter um custo baixo. A utilização estratégica de AAMs é um conceito extremamente importante nos dias atuais, onde não há necessidade de utilizá-lo 100% do tempo. O acompanhamento do desafio no campo é fundamental para seguir esta metodologia e gerar benefício econômico.
Devem ser específicos os AAM (especificidade comprovada in vivo) e utilizados quando necessário (detecção e quantificação das micotoxinas).
 8. CONCLUSÃO
São inquestionáveis os enormes prejuízos de ordem econômica, sanitária e comercial que as micotoxinas causam para os animais. Desta forma, os principais métodos de prevenção desses metabólitos estão relacionados em evitar a sua produção, monitorar os cereais e seus subprodutos com análises micotoxicológicas e utilizar aditivos anti-micotoxinas (AAM) na alimentação animal para evitar sua absorção no trato gastrointestinal dos animais, sendo este último o método mais utilizado.
9. BIBLIOGRAFIA
Nutrição animal/ José Milton Andriguetto...(et al.) – São Paulo: Nobel, 1983. V.2; pág 373 á 376.
<http://www.revista-fi.com/materias/90.pdf> acessado no dia 11/10/2016 17h39min.
<http://nftalliance.com.br/artigos/ingredientes/micotoxinas-e-seus-impactos-econmicos-em-aves-e-sunos acessado no dia 11/10/2016> 18h41min.

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