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Assepsia e Antissepsia

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1 Assepsia e anti-sepsia 
1- INTRODUÇÃO 
O ano de 1846 representa um marco na história da medicina: é realizada a 
primeira cirurgia sob anestesia, a dor finalmente vencida. A partir de então, 
operações inéditas puderam ser executadas e novas técnicas cirúrgicas 
desenvolveram-se, pois o cirurgião não mais necessitava trabalhar com máxima 
rapidez para amenizar o sofrimento do paciente. 
A anestesia realmente foi um triunfo para a cirurgia, porém só a anestesia 
não melhorou significativamente os resultados operatórios. Poucos dias após a 
intervenção o paciente desenvolvia febre alta, seguida de supuração da ferida com 
drenagem de grande material purulento. Progressivamente havia necrose e 
gangrena dos tecidos e a morte do paciente sobrevinha dias após, na maioria dos 
casos. Várias foram as especulações a respeito do fenômeno não se encontrando 
solução adequada. 
Semmelweis, em 1840, trabalhando em uma maternidade em Viena 
observou que as pacientes acompanhadas por estudantes apresentavam maior 
incidência de febre puerperal do que aquelas acompanhadas por parteiras. Após 
muitas investigações algo lhe chamou a atenção: os estudantes dirigiam-se 
diretamente das salas de necropsia para as enfermarias, com as mesmas roupas 
e sem lavarem as mãos. Procurando resolver a questão, obrigou a todos lavarem 
as mãos em solução de água clorada, não mais permitindo a passagem direta das 
salas de necropsia para as enfermarias. 
Os resultados em pouco tempo demonstraram redução sensível na 
porcentagem de febre puerperal. Apesar dos resultados, Semmelweis foi 
ridicularizado por alunos e professores, sendo mesmo afastado do serviço e sua 
hipótese ignorada. 
Os trabalhos iniciados por Pasteur, em 1857, sobre o estudo de putrefação 
e fermentação colocam por terra a teoria de geração espontânea, demonstrando 
que a fermentação é causada por partículas minúsculas por ele denominados 
microorganismos. 
Em 1860, Lister ao mesmo tempo em que toma conhecimento dos 
trabalhos executados por Pasteur observa que fraturas fechadas ao contrario das 
expostas, progrediam raramente para febre e supuração. Finalmente, em 1887, 
obtém êxito na intervenção cirúrgica de uma fratura exposta de rótula, fazendo a 
limpeza com solução de ácido fênico a 5%. O paciente evoluiu sem apresentar 
sinais de febre ou formação de pus na ferida. Inicialmente houve resistência por 
parte dos cirurgiões da época em aceitar suas teorias, porém com o decorrer dos 
anos seus trabalhos tornaram-se universalmente conhecidos e aceitos. Lister é 
considerado o precursor da anti-sepsia. 
Infecções hospitalares continuam sendo as principais complicações 
iatrogênicas, no entanto, podem ser evitáveis por meio da utilização das técnicas 
de esterilização e de anti-sepsia que visam atingir o estado de limpeza total 
(completamente livre de germes) denominado de estado de assepsia. 
Tais técnicas têm, por muitas vezes, seus conceitos confundidos e até 
mesmos tidos como sinônimos, porém cada uma guarda particularidades, o que 
as tornam bastante diferentes. 
 
2- ESTERILIZAÇÃO 
Esterilização significa a destruição por completo de todos os 
microorganismos vivos, sejam eles patogênicos ou não. São esterilizados 
materiais metálicos, tecidos e vidrarias e antes que estes objetos sejam 
submetidos à esterilização deve ser realizada a limpeza dos mesmos, para que se 
remova a maior quantidade de detritos e microorganismos. 
 
3- TIPOS DE ESTERILIZAÇÃO 
 
3.1- CALOR SECO 
Existem vários meios de se obter a 
esterilização.Um deles é o calor seco, que é obtido 
através da utilização de estufas elétricas que promovem a 
oxidação do citoplasma dos microorganismos. São 
esterilizados por este meio, especialmente materiais 
metálicos como instrumentais, e vidrarias como os tubos 
de ensaios. Sabe-se que o calor de 180º C durante 30 
minutos, por exemplo, é o suficiente para eliminar todos 
os microorganismos. 
 
 
3.2- CALOR ÚMIDO 
 Obtido no interior das autoclaves que fazem a associação 
de altas pressões com altas temperaturas, o calor úmido é 
letal para os microorganismos promovendo a coagulação das 
proteínas citoplasmáticas destes. 
São esterilizados por este método especialmente 
materiais de borracha como as luvas, e de tecido como por 
exemplo, gorros, capotes, gazes e campos. 
Após a esterilização por calor úmido, os objetos 
deverão passar pelo processo de secagem que é realizado 
no interior da autoclave. 
A fervura, que por muitas vezes é empregada como método de 
esterilização, deve ser evitada visto que esta não consegue 
promover a destruição dos esporos que são formas 
bacterianas que resistem a condições inóspitas, visto que as 
mesmas possuem um intenso poder de desidratação. 
 
3.3 – GASES 
A esterilização empregando gases é comumente 
realizada. Um dos gases mais utilizados é o oxido de 
etileno. Porém, para o emprego deste é necessário um 
equipamento especial, de alto custo, sendo este 
processo de esterilização mais utilizado por indústrias 
que fazem a aplicação do mesmo em objetos que não 
podem ser submetidos às estufas e às autoclaves a 
exemplo de materiais descartáveis, como os espéculos 
nasais, bem como no interior de embalagens de fios, 
agulhas e seringas. Destacando-se que o óxido de 
etileno é considerado tóxico. 
Qualquer material é considerado não estéril a partir do 
momento em que este entra em contato com o ar que é 
contaminado. Assim, antes destes objetos sofrerem 
qualquer processo de esterilização os mesmos são 
envolvidos em panos ou papéis apropriados o que 
garante uma maior durabilidade da esterilização. 
Deve-se lembrar que a durabilidade da esterilização vai 
depender do tipo de material utilizado para armazenar o 
objeto estéril, e não da técnica utilizada. 
 
4- ANTI-SEPSIA 
Anti-sepsia visa combater os microorganismos patogênicos promovendo 
sua destruição ou inativação, sendo assim considerada um sinônimo de 
desinfecção. Porém, a anti-sepsia é empregada apenas em tecidos vivos 
enquanto que a desinfecção é realizada em superfícies inanimadas. Para a 
realização da anti-sepsia é necessário o emprego de certas substancias químicas, 
denominadas anti-sépticos. 
 
4.1- ANTI-SÉPTICO IDEAL 
O anti-séptico ideal seria aquele que possuísse: 
• Amplo espectro de ação: sendo eficaz no combate de diversos 
microorganismos, como: bactérias, fungos, vírus e inclusive esporos. 
• Início de ação imediato 
• Efeito residual prolongado, mantendo sua ação anti-séptica horas após a 
sua primeira aplicação. 
• Apresentar uma baixa toxicidade para os tecidos orgânicos, como pele e 
mucosas. 
• Baixo custo 
 
 
 
 
4.2- ANTI-SÉPTICOS UTILIZADOS NA PRÁTICA 
O anti-séptico ideal não existe, porém, devem ser utilizadas substâncias 
que agrupem a maior quantidade possível de propriedades do anti-séptico ideal. 
 
a) Álcoois 
Esses anti-sépticos ainda são utilizados com 
relativa freqüência na anti-sepsia da pele para a 
aplicação de injetáveis, no entanto apresentam um 
efeito residual diminuto e um espectro de ação 
limitado. Atualmente estão sendo substituídos por 
substâncias à base de cloro e iodo. 
 
 
 
 
 
 
b) Aldeídos e derivados 
Apresentam um elevado poder germicida, 
combatendo inclusive os esporos, porém quando 
utilizados por muito tempo tornam-se irritantes para pele e 
mucosas, como exemplo tem-se o formol. 
 
 
 
 
 
 
 
c) Agentes oxidantes 
Atuam oxidando o sistema enzimático dos germes. 
O destaque deste grupo é o peróxido de hidrogênio (água 
oxigenada). Estes compostos possuem um efeito residual 
diminuto e estão entrando em desuso, visto que, geram 
radicais livres que dificultam a cicatrização. 
d) Halogênios e derivados 
Este grupo é composto por substâncias à base de 
cloro e iodo. Apresentam grande eficácia no combateaos 
microorganismos, eliminando até mesmo os esporos. São 
recomendados em cirurgias de longa duração devido ao seu 
amplo efeito residual. O destaque deste grupo vai para o 
PVPI, conhecido comercialmente como Povidine. Vale a pena 
ressaltar que esta substância não deve ser utilizada no interior em 
lesões, pois diminui a quimiotaxia dos neutrófilos, ou seja, diminui 
a sinalização química emitida por essas células que deflagra o 
processo de cicatrização, além de promover a citólise destas. 
Dessa forma, em tecidos lesionados e em pessoas que possuem 
sensibilidade ao iodo são empregadas substâncias a base de 
cloro como o Clorexidine, que é um dos constituintes do 
Merthiolate®, visto que tal substância apresenta esse efeito em 
menor escala. 
 
 
 
5- MANUTENÇÃO DO ESTADO DE ASSEPSIA 
Os componentes básicos dos procedimentos assépticos são o centro 
cirúrgico, o paciente, a equipe cirúrgica e os instrumentais e materiais cirúrgicos, 
sobre os quais se aplicam cuidados especiais para que o estado de assepsia seja 
mantido. 
 
 
5.1- CENTRO CIRÚRGICO 
Deve ser projetado em ambiente isolado, sendo o ideal aquele que não 
oferece qualquer risco de contaminação bacteriana ou viral; para isto, deve-se 
instituir regras rigorosas relacionadas aos indivíduos que nele entram. 
Deve sempre ser vedada à entrada ou permanência nos centros cirúrgicos 
de pessoas com lesões cutâneas não cicatrizadas ou com infecções de vias 
aéreas. 
No centro cirúrgico distinguem-se três áreas de relevância à técnica 
asséptica, que são: zona de proteção para a equipe cirúrgica e uma equivalente 
destinada ao paciente denominada zona de transferência, zona limpa e zona 
asséptica ou estéril. 
 
 
 
5.1.1. Zona de proteção 
Corresponde ao local de transito da equipe cirúrgica, incluindo os vestiários 
masculinos e femininos onde serão abandonadas as roupas rotineiras e vestidas 
roupas apropriadas para adentrar o Centro Cirúrgico. Ainda nos vestiários, são 
colocados os gorros ou toucas, as máscaras e os pró-pés de uso exclusivo do 
ambiente cirúrgico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vestiário da Equipe Cirúrgica: com armários para toda a roupa de cada elemento que irá trafegar no ambiente cirúrgico, 
além do local onde está disponível o uniforme próprio do centro cirúrgico, de cor diferente dos usados nas demais áreas do 
hospital. 
 
 
ZONA DE TRANSFERÊNCIA 
Corresponde ao local onde os pacientes são transferidos das macas de 
suas respectivas unidades de internação para macas que só trafegam no Centro 
Cirúrgico, evitando assim a contaminação do ambiente cirúrgico por meio das 
rodas das macas advindas de outros locais do hospital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porta da Zona de Transferência, como pode ser visto, a mesma não abre por completo, impedindo assim, a passagem da 
maca das unidades de internação para o interior do centro cirúrgico. 
 
 
5.1.2. Zona asséptica 
É também denominada de zona estéril, sendo constituída pelas salas de 
operações, onde são realizadas as cirurgias, e pela sala de subesterilização, que 
serve para esterilizar qualquer material que por ventura tenha sido contaminado 
durante a cirurgia e cujo uso é imprescindível para a realização da mesma. Esta 
sala também serve para o acondicionamento temporário de roupa estéril e 
complementos para as mesas de instrumentação. 
O acabamento de um centro cirúrgico é o somatório de detalhes que 
conjuntamente irão influir na eficiência e segurança das atividades desenvolvidas 
no interior do mesmo, facilitando, para tanto, a limpeza e reduzindo o risco de 
contaminação do ambiente. 
 
PISO 
O piso deve ser de material resistente, não poroso, de fácil visibilização de 
sujeiras, livre de ralos e frestas que possam facilitar o acúmulo de 
microorganismos, além de formar cantos arredondados com as paredes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAREDES 
As paredes devem ser lisas, sem frestas, formando cantos arredondados 
entre si, com o piso e com o forro, visando facilitar a limpeza e evitar o acúmulo de 
poeira. Devem ser pintadas com cores tranqüilizantes como o verde claro, por 
exemplo, além de não possuírem ar condicionado e janelas acopladas às 
mesmas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORRO 
O forro deve ser liso e de material não poroso para impedir a retenção de 
microorganismos. O mesmo deve formar cantos arredondados com as paredes, 
além de possuir luminárias embutidas e apresentar uma central de ar 
condicionado acoplada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PORTAS 
As portas de uma sala de operações são abertas um número significante de 
vezes durante a atividade em uma sala cirúrgica. Para diminuir a turbulência das 
correntes de ar, recomenda-se um sistema de pressão positiva no interior das 
salas de operação. As portas também devem ser dotadas de visores de vidro para 
facilitar a visão entre os dois ambientes e diminuir o número de aberturas 
desnecessárias da porta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.1.3. Zona limpa 
A zona limpa é considerada uma zona de transição entre as zonas de 
proteção ou transferência e a zona asséptica ou estéril. Tal zona é composta por 
vários setores de serviços auxiliares para a realização dos atos cirúrgicos. 
 
a) SALA DE RECUPERAÇÃO DO PACIENTE 
Ao término do ato cirúrgico os pacientes que se destinam às enfermarias 
ficam em observação nesse local, sendo transferidos após estarem recuperados e 
considerados fora de risco imediato. 
 
b) SALA DE SERVIÇOS AUXILIARES 
Reservada para a realização de exames laboratoriais urgentes, bem como 
estocagem de sangue ou medicação em geladeira. 
 
c) SALA DE EQUIPAMENTOS 
É utilizada para a colocação de aparelhos de uso eventual ou de rotina nas 
operações, a exemplo dos bisturis elétricos, eletrocardiógrafos, desfibriladores, 
respiradores, etc. 
 
d) SECRETARIA 
É a unidade central do Centro 
Cirúrgico, de onde partem todas as diretrizes 
para os vários setores do ambiente cirúrgico 
e constitui também o local de contato com as 
demais áreas do hospital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
e) CONFORTO MÉDICO 
É a sala de estar, destinada à equipe médica 
de plantão ou que aguarda o momento da 
cirurgia, dispondo de sofás e poltronas para o 
descanso das equipes. 
 
 
 
 
 
 
 
f) SALA DE MATERIAIS 
Destina-se a guardar e estocar todos os materiais para uso imediato nas 
cirurgias, como por exemplo, aventais e capotes, pacotes de gazes, campos 
operatórios, caixas com instrumentais cirúrgicos, estando todos esterilizados e 
prontos para serem utilizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
g) LAVABO 
É uma peça fundamental para a anti-sepsia da equipe cirúrgica. Está 
localizado próximo às salas de operação, tendo escovas estéreis, sabão, 
aparelhos dispensadores e borrifadores, além de torneiras que apresentam hastes 
longas que facilitam sua abertura por movimentos realizados com os cotovelos. 
Essas também podem ser acionadas por dispositivos acionados por movimentos 
de pressão dos membros inferiores. Em centros cirúrgicos mais modernos, as 
torneiras podem estar associadas a sensores de movimento, que evitam o contato 
da pele com superfícies contaminadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.2- PACIENTE 
É a fonte mais importante de contaminação na sala de cirurgia, sendo que 
seu preparo deve se iniciar na véspera dos procedimentos eletivos, com banho 
geral, lavagem da cabeça,axilas e genitais, pois, junto com o trato respiratório, 
são os maiores fatores de contaminação. 
O doente precisa receber vários cuidados por parte da equipe cirúrgica. O 
cuidado não deve ser limitado somente a área correspondente à futura ferida 
operatória e sim, ao paciente como um todo, estendendo-se as suas roupas 
pessoais e de cama. 
 
5.2.1. Banho 
O preparo da pele do paciente antes de uma incisão é um dos métodos 
mais importantes para redução da infecção. O banho no dia da cirurgia tem sido 
contra-indicado por aumentar a difusão de germes, visto que com o uso de 
detergentes, a gordura existente na pele é removida e há descamação acentuada, 
veiculando maior quantidade de microorganismos. Contudo, em regiões de clima 
quente (como Belém), permite-se que o banho seja tomado até 8 horas antes da 
cirurgia. 
 
5.2.2. Tricotomia/epilação 
Só deve ser empregada quando se prevê que o pêlo possa interferir no 
processo cirúrgico. Em cirurgias emergenciais dá-se prioridade a realização da 
tricotomia, que consiste na simples aparação dos pêlos, uma vez que esta evita a 
ocorrência de escoriações que podem se tornar fontes de contaminação, a qual 
pode evoluir para uma infecção. A epilação, por sua vez, implica na retirada total 
dos pêlos desde sua raiz, sendo mais utilizada em procedimentos eletivos. 
Estudos recentes demonstram que tanto a tricotomia quanto a epilação devem ser 
realizadas em área limitada ao local incisão cirúrgica, exteriorização de drenos e 
fixação de curativos. As tricotomias devem ser realizadas, de preferência, com o 
auxílio de creme depilatório ou depiladores elétricos, ao invés do uso de lâminas. 
 
5.2.3. Roupas 
É recomendável que o doente seja introduzido na sala de cirurgia sem os 
lençóis e cobertores com que saiu da enfermaria ou quarto, pois estes são 
geralmente fontes de infecção. Não é admissível a entrada na sala de operações 
de pacientes com próteses, anéis, cordões, brincos e outros, assim como a 
utilização de esmaltes e batom, pois estes, além de serem fontes de infecção, 
impedem uma correta visibilização das unhas e da mucosa oral do paciente, que 
podem estar cianóticas, apresentando uma coloração azul-arroxeada em função 
do aumento da concentração da hemoglobina reduzida (responsável pelo 
transporte de gás carbônico) no sangue. 
 
 
 
 
5.2.4. Anti-sepsia 
Na sala de operações, a pele do paciente é previamente lavada com soro 
fisiológico, para em seguida ser preparada com substância à base de iodo ou 
cloro; os detergentes anti-sépticos à base de clorofeno são utilizados nos 
indivíduos com sensibilidade cutânea ao iodo. Estes compostos são aplicados na 
área onde se planeja realizar a incisão. 
As soluções mais utilizadas para anti-sepsia são os iodóforos (Betadine*). O 
iodo é reconhecido como antimicrobiano de amplo espectro, com atividade contra 
fungos, vírus, bactérias e até mesmo esporos. Compostos de iodo altamente 
complexos são muito estáveis, não possuem odor e são menos irritantes para os 
tecidos do que a tintura de iodo. Após o contato com a pele, estes complexos 
liberam iodo lentamente, promovendo atividade prolongada. 
A técnica mais aceita para limpeza da pele do paciente consiste em iniciar 
pela área onde será feita a incisão e considerar esta porção mais limpa. A gaze 
contaminada nunca deve ser recolocada na solução anti-séptica. Jamais realizar o 
procedimento da periferia para o local da incisão. 
Dependendo do tipo de cirurgia a ser realizada, há uma técnica específica 
para a anti-sepsia da pele do paciente. Em cirurgias gastrintestinais, por exemplo, 
o campo operatório se estende da linha intermamilar até a metade das coxas, 
englobando a região pudenda. O primeiro passo é embeber a gaze estéril em 
solução anti-séptica e realizar a limpeza da cicatriz umbilical. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Em seguida, com outra gaze com anti-séptico, desenha-se uma linha tangencia a 
união dos mamilos, estendendo-se de uma linha axilar posterior à outra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Contornando a cicatriz umbilical com uma terceira gaze, desenha-se uma linha 
perpendicular à anterior, indo do corpo do esterno até a região pudenda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Com outra gaze, segue-se com a anti-sepsia, espalhando a solução anti-séptica 
sobre as laterais do campo operatório, obedecendo o sentido de cima para baixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Até que a anti-sepsia seja realizada por completo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Utilizando-se outra gaze, segue-se com a anti-sepsia das coxas, indo de cima 
para baixo, até atingir a metade de sua extensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Realizando o mesmo procedimento do outro lado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Por último, é realizada a anti-sepsia da região pudenda, no sentido de cima para 
baixo. 
 
 
 
 
5.2.5. Campos operatórios 
Campos são tecidos grossos e estéreis de formato quadrado ou retangular 
de dimensões variadas utilizado para delimitar e isolar o campo operatório. O 
primeiro campo a ser colocado é o inferior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Posteriormente, coloca-se o campo superior, que será erguido para formar 
a tenda do anestesista. O anestesista ficará localizado posterior à tenda 
monitorando os sinais vitais do paciente, como pressão arterial e freqüência 
respiratória. 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns cirurgiões optam pela colocação de um filme plástico sobre a pele do 
paciente, visando evitar a dispersão da solução anti-séptica e prolongar o efeito 
residual da mesma. 
 
 
 
 
 
Por fim, são colocados os campos laterais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os campos operatórios são fixados entre si por meio de pinças de campo 
(Backhaus) ou por pontos de reparo, que podem unir os campos entre si ou então 
unir os campos à pele do paciente. 
 
 
 
5.3. EQUIPE CIRÚRGICA 
A preparação e conduta da equipe cirúrgica são de grande importância no 
tratamento asséptico do paciente. A contaminação é diretamente relacionada com 
o número e trânsito de pessoas na sala. 
A equipe cirúrgica é composta pelo cirurgião, auxiliares, instrumentador e 
anestesista. Sua constituição é extremamente variável, estando em estreita 
relação com o tipo e porte da intervenção a ser realizada. 
 
 
 
 
5.3.1.Banho 
Deve ser evitado momentos antes da cirurgia, pelo mesmo motivo que é 
contra indicado para o paciente. A propagação de germes é maior no período de 
30 a 90 minutos após o banho, diminuindo progressivamente até estabilização em 
2 horas. 
 
5.3.2. Roupas 
As roupas rotineiras devem ser trocadas antes de se adentrar no ambiente 
cirúrgico. São vestidas calça e blusa após a retirada de toda a roupa 
anteriormente usada. Além disso, a equipe cirúrgica deve também utilizar pró-pés 
(pantufas) para adentrar no centro cirúrgico. 
 
5.3.3. Gorros e toucas 
Devem cobrir todo o couro cabeludo, impedindo que os cabelos sejam fonte 
de contaminação. Pessoas de cabelos longos devem dar preferência às toucas, 
pois estas possuem elástico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.3.4. MáscarasDevem recobrir confortavelmente a boca e o nariz, estando justas o 
suficiente para impedir a contaminação do ambiente cirúrgico com gotículas e 
secreções oronasais. Até 40% da equipe cirúrgica carreiam Staphylococcus 
aureus em suas cavidades oral e nasal. 
No interior do centro cirúrgico, deve ser evitada a expiração forçada como 
tosse e espirro, bem como a fala excessiva para aumentar a sua segurança. A 
máscara deve ser repetidamente trocada durante as operações duradouras, uma 
vez que sua eficiência progressivamente decresce. 
 
5.3.5- Óculos 
Podem ser utilizados com anteparos laterais 
para proteger os olhos sempre que houver a 
possibilidade de borrifos ou respingos de sangue ou 
outros líquidos corporais. 
 
5.3.6. MÃOS 
A equipe cirúrgica deve escovar as suas mãos e braços até os cotovelos 
com uma solução anti-séptica antes de cada cirurgia. Agentes como iodóforos e 
clorexidine associados a um detergente provaram ser eficazes. Não foi observada 
diferença entre tempos de escovação de 3 a 5 minutos e tempos maiores, ou entre 
o uso de uma esponja e de uma escova. Mais recentemente há grandes 
evidências de que a simples lavagem cumpre a função de escovação dos 
membros, limitando este procedimento às unhas. 
O anti-séptico ideal deve ter amplo espectro de ação, alto poder germicida, 
atuando de forma rápida e prolongada sobre microrganismos e que mantenha a 
sua ação mesmo na presença de líquidos orgânicos. 
UZEDA e col. estudaram a ação imediata de alguns produtos (sabões e ou 
anti-sépticos) utilizados em larga escala, tais como: clorexidine a 4%, 
propilenoglicol, irgasan DP-300, sabão de coco (óleo de coco de babaçu, hidróxido 
de sódio, carbonato de cálcio, cloreto de sódio e água), PVPI e álcool isopropílico 
a 70%. Estes dois últimos determinaram redução estatisticamente significativa em 
relação aos demais, sendo, portanto, considerados eficientes na redução da 
microbiota das mãos. 
 A equipe cirúrgica deve estar sempre com as unhas limpas, aparadas e 
sem esmalte. Além disso, antes de iniciar a lavagem das mãos deve-se remover 
jóias e relógios. A limpeza das mãos deve ser realizada em duas etapas: 
 
a) DESINQUINAÇÃO 
Consiste na limpeza da pele para remoção da microbiota superficial nela 
existente.Este processo requer a escovação da pele com água e sabão em 
abundância. Pela possibilidade das escovas veicularem infecções das mãos de 
um cirurgião para o outro, é recomendada a esterilização ou descarte das escovas 
após suas utilizações. 
Os lavabos dispõem de torneiras com braços longos para facilitar o 
fechamento das mesmas com o auxilio de pequenos movimentos com o cotovelo. 
A água deverá ser despejada nas mãos do cirurgião. 
 
Posteriormente, com os pés, ele pressionará a bomba do aparelho 
dispensador que despejará o anti-séptico degermante, produzindo espuma no 
momento da escovação. 
 
A técnica de escovação deverá sempre ser iniciada pelas unhas, e a 
escova que foi utilizada deverá ser desprezada. 
 
Posteriormente faz-se a escovação das mãos, caminhando no sentido do 
cotovelo que será a zona de transição entre a parte limpa ( mãos e antebraço) e a 
parte contaminada (braço). A seqüência de escovação deve ser: 
 
 
1- Face palmar das mãos 2- Face dorsal das mãos 
 
 
 
3- Interdígitos (sentido rádio-ulnar) 4- Face anterior do antebraço 
 
5-Face posterior do antebraço 6- Remoção do anti-séptico 
 
A posição correta para a lavagem das mãos deve ser com estas a um nível 
acima dos cotovelos, de modo que a água e o sabão utilizados na desinquinação 
escorram da área limpa (mãos) para a área contaminada (cotovelos). A secagem 
das mãos deverá ser realizada nesta mesma posição, com movimentos 
compressivos, e não de fricção, feitos com o auxílio de uma compressa estéril, 
obedecendo a mesma seqüência da escovação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) ANTI-SEPSIA COMPLEMENTAR 
Após a secagem das mãos e antebraço com compressa estéril, deve ser 
procedida a aplicação da solução anti-séptica complementar com álcool iodado ou 
poliviniliodopirrolidona (PVPI) tópico, que não produza espuma. Esta aplicação 
pode ser realizada de duas maneiras: uma em que um circulante irá borrifar o anti-
séptico nas mãos do cirurgião ou em que o anti-séptico seja despejado através de 
um aparelho dispensador. É conveniente que a secagem da solução se faça pela 
evaporação, deixando que se forme uma película sobre a pele que aumentará seu 
efeito residual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.3.7. Aventais ou capotes 
NEUBER (1882) propôs o uso de aventais cirúrgicos em substituição as 
tradicionais casacas e sobrecasacas. Os aventais quando confeccionadas em 
tecido de malha frouxa, como os usuais, são ineficazes para impedir a 
contaminação, logo são feitos de tecido vegetal ou sintético, devendo se estender 
até abaixo do nível dos joelhos, possuindo mangas compridas com punhos 
elásticos. São dotados de cinto ou cordões para a sua amarração. Têm como 
finalidade a formação de barreira estéril entre as superfícies contaminadas e o 
campo operatório. 
Para a colocação do avental deve-se manipular somente pelos cordões 
existentes na gola para que ele se desdobre. 
 
Depois são introduzidas as mãos em direção as mangas e após estas 
terem ultrapassado os punhos, os cintos deverão ser apresentados para que o 
circulante proceda a amarração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os pontos vulneráveis de um avental são: região das golas, punhos e barra 
inferior. Estudos de penetração bacteriana no material do avental mostraram que a 
contaminação é maior com o pano, menor com o papel e mínima com o plástico. 
O uso de aventais descartáveis foi associado a uma redução significativa no 
número de infecções da ferida operatória, porém na maioria das vezes, após a 
utilização, os capotes são desprezados em cestos, de onde serão recolhidos para 
sofrerem esterilização. 
5.3.8. Luvas 
Possuem dupla função: proteger o paciente da mão do cirurgião e proteger 
o cirurgião de sangue potencialmente contaminado. Introduzidas no meio médico 
por HAlSTE (1889) para proteger as mãos de sua instrumentadora, alérgica ao 
ácido carbólico, substância então utilizada para a esterilização. São feitas de látex 
e preparadas com talco em seu interior para o fácil calçamento. Os tamanhos 
variam de 6 a 8. 
O cuidado principal no calçamento está em não tocar com a mão nua as 
faces externas da luva, assim como não tocar, com a mão já enluvada, a face 
interna, superfícies ou objetos contaminados. Para a retirada do talco de sua face 
externa, pode-se fazê-la com o auxílio de uma compressa umedecida em soro 
fisiológico.

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