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28/03/2018 1 Farmacodinâmica II Anticonvulsivantes Prof. Me. André Vinycius Cunha Pereira Manaus - 2018 Epilepsia • A epilepsia é uma doença neurológica crônica, podendo ser progressiva em relação aos distúrbios cognitivos, frequência, e, gravidade dos eventos críticos, caracterizada por crises epilépticas recorrentes. A palavra epilepsia deriva do verbo grego epilamvanein (ataque, convulsão) 28/03/2018 2 Epilepsia • A incidência dessa patologia varia de acordo com idade, sexo, raça, tipo de síndrome epiléptica, e, as condições socioeconômicas. • Nos países em desenvolvimento: 1,5 a 2% • Nos países desenvolvidos: 0,5%. Epilepsia • Aproximadamente 50% dos casos são idiopáticos, i.e. muitas vezes não é possível conhecer as causas que deram origem à epilepsia. • Ainda são desconhecidos todos os aspectos das convulsões. • Sabe-se apenas que elas são ocasionadas por comportamento anormal de grupos de neurônios cerebral. 28/03/2018 3 Epilepsia A doença é caracterizada por um estado de hiperatividade dos neurônios, e, circuitos cerebrais, capazes de gerar descargas elétricas. Em casos mais graves, assume a forma de estado de mal epiléptico, condição caracterizada por crises epilépticas isoladas prolongadas ou por crises repetidas em intervalos curtos. A lesão celular, e, as consequências deletérias das crises generalizadas decorrem do influxo de íons cálcio durante a fase de despolarização, e, ativação dos receptores de aminoácidos excitatórios, promovendo necrose celular aguda, inclusive a morte celular apoptótica no longo prazo. 28/03/2018 4 Epilepsia • O mecanismo patogênico das crises epilépticas está associado ao descontrole nos canais iônicos na excitação, e, bloqueio das sinapses, o que faz com que os fármacos antiepilépticos tenham como alvo os mesmos sítios de ação. Tratamento • O primeiro passo para o tratamento é classificar a epilepsia. • A distinção deve ser realizada pelo menos entre epilepsias parciais e generalizadas. – Esta divisão é de grande importância: epilepsias parciais: carbamazepina (Tegretol), e a fenitoína (Hidantal) – podem exacerbar crises em pacientes com epilepsias generalizadas. 28/03/2018 5 Crises focais ou generalizadas Nas crises generalizadas, as manifestações clínicas indicam envolvimento de ambos os hemisférios cerebrais desde o início, e as descargas eletroencefalográficas são bilaterais. As crises focais (parciais) são aquelas cujas manifestações clínicas indicam o envolvimento de uma região do hemisfério cerebral x Crises parciais e generalizadas 28/03/2018 6 Crises parciais e generalizadas Crises parciais As epilepsias parciais são caracterizadas por crises parciais simples, e, complexas. Não perde a consciência, e, na maioria das vezes é capaz de descrever os sintomas. Nas crises parciais complexas o paciente perde a consciência ficando impossibilitado de descrever a manifestação clínica. 28/03/2018 7 Crises generalizadas Nas crises generalizadas, as manifestações clínicas indicam envolvimento de ambos os hemisférios cerebrais desde o início, e, as descargas eletroencefalográficas são bilaterais. Nessas crises, o sistema reticular ascendente é precocemente acometido pelas descargas, assim, a consciência é sempre comprometida. 28/03/2018 8 Crises parciais simples 28/03/2018 9 Fases da crise tônico-clônica Crises tônico-clônicas 28/03/2018 10 Estado epilético • Corresponde a uma emergência médica porque pode levar a morte neuronal e/ou ao óbito devido às descarga elétricas repetidas com sucessão de crises convulsivas sem que o paciente recupere a consciência nos intervalos, podendo ser provocada pela suspensão súbita do uso de fármacos antiepilépticos. • O estado epiléptico constitui uma emergência devendo ser administrado o fenobarbital ou o diazepam (injetável). Durante a crise… • Manter a calma; • Colocar algo macio embaixo da cabeça do paciente; • Colocar a cabeça do lado direito para que a saliva flua, evitando prejuízos à respiração; • Não colocar nada em sua boca; • Não tentar conter o paciente, e, nem interferir em seus movimentos; • A área ao redor deve ficar livre para evitar que se machuque. • Não atirar água ou forçar que a pessoa beba algo durante a crise; • Aguardar ao lado do paciente até que a respiração se normalize e ele queira levantar-se. • É normal ocorrer sonolência após a crise. 28/03/2018 11 Drogas anticonvulsivantes • As drogas antiepilépticas são completamente eficazes no controle das convulsões em 50-80% dos pacientes. O termo antiepiléptico é usado como sinônimo de anticonvulsivante, para descrever drogas utilizadas no tratamento da epilepsia que obrigatoriamente não causam convulsões, assim como distúrbio convulsivo não epiléptico. 28/03/2018 12 Fármacos para epilepsia • Pouca especificidade etiológica • Alguns tipos não respondem a fármacos específicos • Crise de ausência é melhor tratada com etossuximida e valproato de sódio • Fornecem controle adequado da convulsão em 66% dos pacientes tratados Fármacos para epilepsia • Mecanismos comuns aos ACV: – Aumento da transmissão GABAérgica (inibitória) – Diminuição da transmissão excitatória (glutamaérgica) –Modificação das condutâncias iônicas 28/03/2018 13 • Farmacocinética – Boa absorção por oral – 80 a 100% de biodisponibilidade – Não são altamente ligados à proteínas plasmáticas – Diminuição da concentração plasmática lenta – Meia vida longa –Muitos são fortes indutores enzimáticos Fármacos usados nas convulsões parciais e nas tônico-clônicas generalizadas • Principais – Fenitoína – Carbamazepina – Valproato de sódio – Barbitúricos • Alternativos – Lamotrigina, levetiracetam, gabapentina, pregabalina, topiramato, vigabatrina 28/03/2018 14 Fenitoína • Não sedativo • Altera a condutância de Sódio, potássio e cálcio • Altera as concentrações de neurotransmissores • Prolonga o estado inativado do canal de sódio • Diminui a liberação de glutamato e estimula a liberação do GABA 28/03/2018 15 Fenitoína • Boa biodisponibilidade oral • Não é indicada por via intramuscular – Ocorrência de precipitação no músculo • Alta ligação às proteínas plasmáticas (90%) • Saturação no metabolismo hepático, pode gerar toxicidade • Meia vida longa (12 a 36h) • Dosagem de 300mg/dia podendo aumentar para alcançar níveis terapêuticos mais altos • Aumentar de 25 a 30mg por vez (risco de toxicidade) Carbamazepina • Anéis semelhantes aos ADT • Mecanismo semelhante ao da fenitoína – Prolongamento do tempo de fechamento dos canais de sódio – Inibem a liberação de neurotransmissores pré-sinapticamente • Usos clínicos da Carbamazepina – Perdendo espaço para novos anticonvulsivantes – Neuralgia dos trigêmeos – Transtorno bipolar 28/03/2018 16 Carbamazepina • Boa absorção após administração por via oral (via exclusiva) • Alimentação retarda a absorção • Meia vida de 36h – Terapia contínua cai para 8 a 12h • Forma metabólitos ativos • Dosagem da carbamazepina – 1 a 2 gramas diários – Apresentação de liberação controlada permite 2 administrações diárias – Interações medicamentosas – Voltada a atividade indutora de enzimas hepáticas Oxcarbazepina • Pró-fármaco • Meia vida curta, porém seu metabólito ativo tem meia vida de 8 a 12h • Não causa indução enzimática • Doses 50% maiores que as da carbamazepina • As outras características se conservam semelhantes à carbamazepina • Menos efeitos colaterais 28/03/2018 17 Fenobarbital • É o maisantigo fármaco anticonvulsivante • Liga-se ao GABAA e aumenta o tempo de abertura do canal de cloreto • Redução da excitação mediada pelo glutamato • Usos: – Crises convulsivas de difíceis controle – Podem agravar crises de ausência, atônicas – Doses variadas acima de 100mg Benzodiazepínicos • Agem no sítio alostéricodo GABA • Aumentam a frequência de abertura do canal de cloreto • Diazepam usado no mal epiléptico tônico-clônico generalizado • Lorazepam tem meia vida mais longa • Clonazepam usado na crise de ausência 28/03/2018 18 Primidona • É convertida em fenobarbital • Seu mecanismo de ação é semelhante ao da fenitoína • Mais ativo que o fenobarbital • Menos ativos que a carbamazepina e fenitoína • Sua ação independe de sua conversão em fenobarbital • Meia vida de 6 a 8h • Doses usuais de 10 a 20mg/kg/dia Vigabatrina • Inibidor irreversível da GABA aminotransferase – Enzima responsável por degradar o GABA • Meia vida de 6 a 8h • Dose iniciais de 500mg 2 vezes ao dia, chegando até 2 a 3g diários • Causam sonolência e ganho de peso • Defeito no campo visual em 33% dos pacientes 28/03/2018 19 Lamotrigina • Ação semelhante à fenitoína • Altera a condutância de Sódio, potássio e cálcio • Altera as concentrações de neurotransmissores • Prolonga o estado inativado do canal de sódio • Diminui a liberação de glutamato e estimula a liberação do GABA Lamotrigina • Amplamente utilizada como monoterapia para convulsões parciais • Ativo contra crise de ausência • Podem causar: tontura, cefaléia, náuseas e sonolência • Cinética: – 55% de ligação às proteínas plasmáticas – Meia vida de 24h – Dosagens de 100 a 300mg por dia – Valproato aumenta em 2 vezes a meia vida do fármaco 28/03/2018 20 Gabapentina e pregabalina • Análogos do GABA • Possuem atividades analgésicas • Aumentam a concentração cerebral do GABA • Ligam-se aos canais de cálcio controlados por voltagem • Inibem a liberação de glutamato pré-sinapticamente Usos clínicos da Gabapentina e pregabalina • Coadjuvantes no tratamento de convulsões parciais com ou sem generalizações secundárias • Doses de 2.400mg diários de gabapentina • Doses de 150 a 600mg diários de pregabalina • Muito utilizados para dor neuropática 28/03/2018 21 Topiramato • Bloqueia o disparo repetitivo de neurônios da medula espinhal • Mecanismos de ação: – bloqueio do canal de sódio – Potencializa a ação do GABA em local diferente dos benzodiazepínicos e barbitúricos – Diminui a ação excitatória do glutamato Topiramato • Usos clínicos do Topiramato – Dores neuropáticas – Cefaléias – Crise de ausência • Doses de 200 a 600mg/dia • Alguns casos utiliza-se 50mg/dia e aumenta lentamente 28/03/2018 22 Ácido Valpróico e valproato de sódio • Atuam nos canais de sódio como também aumentam os níveis cerebrais de GABA • Muito eficaz na crise de ausência – Usado quando ela vem acompanhada de crise tônico-clônica generalizada • Usados na profilaxia da enxaqueca e no transtorno bipolar (Depakote) Ácido Valpróico e valproato de sódio • Biodisponibilidade maior que 80% • 90% de ligação às proteínas plasmáticas • Meia vida de 9 a 18h • Utilizados nas doses de 25 a 30mg/kg/dia • Desloca fenitoína das proteínas plasmáticas • Inibe o metabolismo do fenobarbital, fenitoína e carbamazepina 28/03/2018 23 Atividades • 1. Explique o que acontece com a célula (neurônio) durante a crise convulsiva. Exemplo: excitação excessiva, despolarização... • 2. Cite as características das crises parciais e generalizadas. • 3. Descreva as fases tônico e clônica da crise epilética. • 4. Quais fármacos devem ser utilizados em caso de crise convulsiva (emergência)? • 5. Quais são os mecanismos de ação (para controle da epilepsia) e as indicações de uso dos fármacos listados abaixo? (Seja direto. Responda de forma resumida) – a) fenitoína – b) carbamazepina – c) oxcarbazepina – d) fenobarbital – e) clonazepam – f) vigabatrin – g) lamotrigina – h) gabapentina/pregabalina – i) topiramato – j) ácido valproico
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