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Curso de Direito Direito do Trabalho II Professor: César Claudino Pereira. E-mail: cesarclaudinoadvogado@gmail.com 1 Salário e Remuneração 2 Ao celebrar o contrato de trabalho, o empregado assume a obrigação de fazer, consubstanciada na prestação de serviços. Por outro lado, o empregador assume a obrigação de dar, ou seja, pagar o salário do trabalhador. 3 A CLT diferencia os termos salário e remuneração. Salário é a contraprestação paga diretamente pelo empregador. Remuneração é a contraprestação paga diretamente pelo empregador e, ainda, por terceiros, por meio de gorjetas. 4 As gorjetas são pagas de forma espontânea ou obrigatória, não integrando o salário, mas a remuneração do empregado. Nesse sentido, prevê caput do art. 457 e § 3º deste artigo da CLT. 5 O recebimento das gorjetas deverá ser anotado na CTPS do empregado. Esse valor, calculado sobre a média, reflete nas demais verbas trabalhistas, calculadas com base na remuneração, como: férias + 1/3, décimo terceiro salário e FGTS. 6 Não integra, contudo, as seguintes verbas: aviso-prévio, adicional noturno, hora extra e descanso semanal remunerado. Essas verbas são calculadas com base no salário. Assim sendo, não há reflexo sobre elas do valor das gorjetas. 7 Salário-mínimo, salário profissional, piso salarial e salário normativo O salário-mínimo tem previsão constitucional, de acordo com art. 7º, IV, da CF/88. Cabe frisar que o salário-mínimo deverá ser previsto em lei e será nacionalmente unificado. 8 Nada impede que seja fixado em valor superior ao mínimo fixado em lei, como ocorre em alguns estados da Federação onde existe o piso estadual. 9 Parâmetros para o aumento do salário-mínimo Lei nº12.382/11 Ademais, é vedada a utilização do salário- mínimo como indexador, ou seja, é “vedada a vinculação para qualquer fim”. 10 Exemplo Contrato de aluguel ou mensalidade escolar prevê, como pagamento, o valor de dois salários-mínimos mensais. Nesse caso, ao elevar o valor do salário-mínimo, gera-se o aumento de vários itens ligados ao valor do mínimo, como efeito cascata, alimentando o processo inflacionário. 11 Salário mínimo é patamar mais baixo que um empregado pode ganhar. Lembre-se de que esse patamar mínimo é estendido também ao menor de 18 anos, inclusive aprendizes. E ainda, de acordo com o art.39, §3º, da CF, os servidores públicos terão direito ao salário- mínimo. 12 Salário mínimo Salário mínimo Necessidades básicas: Previsto em lei 1- Moradia; Nacionalmente unificado 2- Alimentação; Reajustes periódicos 3- Educação; Vedada sua vinculação para qualquer fim 4- Saúde; 5- Lazer; 6- Vestuário; 7- Higiene; 8- Transporte; 9- Previdência Social. 13 Algumas profissões organizadas possuem patamar mínimo fixado em lei, são os chamados salários profissionais. Exemplo: os médicos possuem salário profissional previsto na Lei nº 3.999/61 14 Art 5º Fica fixado o salário-mínimo dos médicos em quantia igual a três vezes e o dos auxiliares a duas vezes mais o salário-mínimo comum das regiões ou sub-regiões em que exercerem a profissão. Piso salarial consiste no patamar mínimo para determinada categoria previsto em norma coletiva (acordo ou convenção). O parâmetro para a fixação do piso salarial é a categoria a que pertence o trabalhador (metalúrgicos, por exemplo) e não a sua profissão. 15 O salário normativo é aquele fixado em sentença normativa proferida em dissídio coletivo pelos Tribunais de Justiça do Trabalho. Essa Justiça especializada possui o poder de criar normas jurídicas em determinadas situações, chamado de poder normativo. 16 Observação Se o trabalhador for contratado para trabalhar em jornada inferior à duração normal de 8 horas diárias e 44 horas semanais, ele receberá o salário-mínimo profissional ou o piso salarial proporcional às horas trabalhadas. 17 Verificar OJ nº 358 e 393 da SDI-I do TST. Salário Complessivo O pagamento do salário deve ser realizado de forma clara e transparente. Desse modo, o empregado saberá, exatamente, o que está recebendo. 18 Salário Complessivo É vedado o salário complessivo, ou seja, o pagamento sem que haja discriminação, detalhamento de cada uma das verbas recebidas. 19 Verificar súmula nº 91 do TST. Parcelas salariais Para o estudo da remuneração torna- se imprescindível a diferenciação das parcelas salariais e as verbas recebidas sem natureza salarial (parcelas indenizatórias). Essa diferença é importante porque as primeiras refletem nas demais verbas trabalhistas. 20 Exemplo Para o empregado que recebe horas extras, ocorrerá reflexo no valor das férias e nos depósitos do FGTS. 21 Parcelas de natureza salarial (art. 457, §1º, da CLT). “Integram o salário, não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador.” 22 Comissões e percentagens Cabe frisar que o empregado que recebe comissões ou percentagens possui remuneração variável. Diante disso, mesmo nos meses em que não houver venda, o salário-mínimo ou piso da categoria deverá ser pago. Nesse sentido estabelece o art.7º, VII, da CF/88. 23 As comissões são parcelas com valores fixos recebidos em razão da venda de determinado produto. Já percentagens constituem um determinado percentual que incide sobre o valor da venda do produto. Esses conceitos são, frequentemente, desvirtuados na prática. 24 É e chamado de comissionista puro o empregado que recebe, exclusivamente, por comissão. Já o comissionista misto recebe parte do salário em comissão e a outra, em salário fixo. Para esses trabalhadores que recebem por produção também é garantido o direito ao descanso semanal remunerado e feriados. 25 Se o comissionista puro é sujeito a controle de horários, o pagamento das suas horas extraordinárias é diferente do pagamento dos demais empregados. Como esse empregado continua recebendo as comissões durante as horas que ultrapassarem o horário normal, ele receberá apenas o adicional de, no mínimo, 50%, pois as horas trabalhadas já estão sendo pagas pelo valor da comissão. 26 Cortador de cana recebe HORA NORMAL + 50% ( OJ nº 235 SDI-I) Época do pagamento das comissões e percentagens Nas vendas a prazo, o empregado receberá suas comissões e percentagens de forma parcelada. Ademais, o término do contrato de trabalho não prejudica o recebimento dos valores já adquiridos. Nesse sentido estabelece o art.466 da CLT. 27 LEI Nº 3.207, DE 18 DE JULHO DE 1957. Regulamenta as atividades dos empregados vendedores, viajantes ou pracistas. Gratificações Trata-se de contraprestação paga pelo serviço prestado em certas condições, ou em ocasiões especiais diferenciadas, como a gratificação de função, a gratificação de tempo etc... 28 As gratificações integram o salário. Se pagas mensalmente, não refletem no desconto semanal remunerado, pois no pagamento dessas gratificações já está incluído o repouso semanal remunerado. 29 Súmula nº 225 do TST Essas gratificações poderão ocorrer de forma expressa ou tácita. De forma expressa, é o pagamento realizado em razão do ajuste entre empregado e empregador. Exemplo: a empresa paga a todos os empregados o 14º salário em dezembro.30 Poderá ocorrer, ainda, o pagamento habitual de certa quantia, em razão de metas conquistadas, sem que haja qualquer menção prévia do empregador a respeito. Essa habitualidade no pagamento caracteriza a forma tácita. 31 Importante frisar que, se não houver habitualidade no pagamento da gratificação, isto é, caso tenha sido paga apenas uma única vez, não terá caráter salarial. 32 Súmula nº 372 TST. Gratificação de função. Supressão ou redução. Observação Cabe frisar, ainda que a gratificação ou adicional por tempo de serviço não é prevista na CLT. Ela tem o objetivo de beneficiar o empregado que permanece, por anos, na empresa, retribuindo o tempo de serviço prestado ao empregador. 33 Súmula nº 202 do TST Décimo terceiro salário O décimo terceiro salário é uma gratificação salarial obrigatória prevista na CF/88 e na Lei nº 4.090/1962. São destinatários dessa gratificação empregados urbanos e rurais, os trabalhadores avulsos e os empregados domésticos. 34 Art.7º, VIII, da CF/88 “ São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria.” 35 O pagamento deverá ocorrer até o dia 20 de dezembro, e corresponderá a um doze avos da remuneração devida em dezembro, por mês de trabalhado ou fração igual ou superior a quinze dias. 36 Exemplo Empregado iniciou a prestação de serviços em agosto de 2016. Receberá, até o dia 20 de dezembro de 2016, cinco doze avos a título de décimo terceiro, referente a cinco meses trabalhados. 37 Entre os meses de fevereiro e novembro, o empregador pagará, de uma só vez, em razão do adiantamento do décimo terceiro, metade do salário recebido pelo empregado no mês anterior. Esse adiantamento é obrigatório e não é necessário que seja pago a todos os empregados da empresa no mesmo mês. 38 É possível, ainda, que o adiantamento seja pago juntamente com as férias, desde que o empregado requeira esse direito no mês de janeiro do correspondente ano. 39 Se o empregador adiantar a primeira parcela do décimo terceiro salário e posteriormente ocorrer o término do contrato de trabalho, há possibilidade de compensação com o valor da segunda parcela do décimo terceiro ou, ainda, com outro crédito trabalhista que será pago na rescisão. 40 O décimo terceiro é calculado com base na remuneração. Logo, há reflexo das verbas trabalhistas sobre o seu valor. Exemplo: se o empregado prestar habitualmente horas extraordinárias, esse valor das horas extras irá influenciar no valor do 13º salário. 41 Parcelas que refletem no valor do décimo terceiro: 42 • Gorjetas. • Horas Extras (Súmula nº 45 do TST). • Adicional noturno (Súmula nº 60, item I, do TST). • Adicional de Insalubridade (Súmula nº 139 do TST). • Adicional de periculosidade. • Gratificação semestral (Súmula nº 253 do TST). Décimo terceiro salário proporcional Ocorrerá o pagamento proporcional, mesmo que ocorra a extinção do contrato antes do mês de dezembro. Lembre-se de que o empregado adquire o direito ao décimo terceiro a cada mês ou período igual ou superior a quinze dias trabalhados. 43 O pagamento do décimo terceiro proporcional aos meses trabalhados ocorrerá nas seguintes hipóteses: a) Empregado dispensado sem justa causa; b) Pedido de demissão; c) Culpa recíproca; d) Término dos contratos a prazo. Não terá direito ao décimo terceiro proporcional o empregado que foi dispensado por justa causa (hipóteses do art.482 da CLT, exemplo: violação de sigilo, desídia, agressão física etc...) 44 Outras parcelas salariais De acordo com o art.457, §1º, da CLT, os abonos pagos pelo empregador possuem natureza salarial. Exemplo clássico é o adiantamento ou antecipação salarial. 45 Deve-se destacar que esse abono (natureza salarial) não se confunde com o abono pecuniário de férias, previsto no art.144 da CLT, que tem natureza indenizatória. Ademais, há possibilidade das partes, via negociação coletiva, retirarem a natureza salarial do abono. 46 OJ nº 346 da SDI I do TST Outra parcela que possui natureza salarial é a chamada quebra de caixa, paga com habitualidade para compensar o risco exercido pelos trabalhadores que lidam com dinheiro. Essa parcela é paga, mensalmente, independentemente de ocorrer o desfalque no caixa. 47 Súmula nº 247 do TST. Os prêmios pagos com habitualidade possuem natureza salarial. Os prêmios decorrem da produtividade do trabalhador, dizendo respeito a fatores de ordem pessoal dele, como a produção, a assiduidade, a qualidade. 48 Não podem, porém, ser a única forma de pagamento do salário, por serem dependentes de uma condição, devendo o obreiro perceber pelo menos um salário fixo. Importante frisar que essa parcela denominada de “prêmios” não possui previsão na CLT, podendo ser adotadas outras terminologias pelo empregador. 49 Adicionais salariais Os adicionais descritos a seguir são pagos em razão de trabalho prestado em situações prejudiciais à saúde ou, ainda, que prejudiquem o convívio familiar e social. 50 Esses adicionais são chamados de salário-condição, isto é, paga-se o adicional enquanto o empregado estiver em condições prejudicial, por exemplo, prestando horas extras, ou trabalhando no período noturno. Cessada a condição gravosa, cessa o adicional sem que esse fato configure alteração prejudicial. 51 Serão pagos sobre o salário do empregado e, quando os serviços nessas situações são prestados de forma habitual, irão refletir nas demais verbas trabalhistas, como férias, décimo terceiro salário, depósito do FGTS etc... 52 Adicional de hora extraordinária A duração normal do tempo de trabalho do empregado é de oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais. Se ultrapassado esse período, terá incidência de adicional, chamado de hora extraordinária ou suplementar. 53 Art.7º, XVI, da CF/88 “ São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento á do normal.” 54 O pagamento da hora extraordinária será: normal acrescida de adicional de, no mínimo, 50%. Paga-se a hora normal, pois esta não foi combinada previamente com o empregado. 55 Exemplo No ato da contratação, salário combinado foi de R$ 1.000,00. Logo esse salário é referente à duração normal (oito horas diárias). Se houver trabalho além do horário normal, deve-se pagar a hora (não combinada) acrescida do adicional de, no mínimo, 50%. Ressalte-se que o valor da hora normal é o da época do pagamento. 56 Súmula nº 347 do TST No caso de jornada de 8 horas, o cálculo para se chegar à hora normal é feito dividindo o salário do empregado por 220. No caso de o empregado com jornada de 6 horas, o divisor é de 180. 57 O divisor 220 ocorre em razão de duração de 44 horas, multiplicadas por 5 semanas de trabalho. Alcançando o valor da hora suplementar, é só multiplicar pelo número de hora efetivamente prestadas além do horário normal. Ademais, o calculo desse adicional deve ser realizado sobre a globalidade salarial, ou seja, as horas extras são calculadas com base na hora normal, acrescidas de adicional noturno, de insalubridade, de periculosidade etc... 58 Nesse sentido, a Súmula 264 do TST afirma:“ A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa.” 59 Cálculo da Hora Extra 60 Valor da hora extra: RS 18,00 (globalidade salarial) Hora normal: RS 10,00 Adicional Noturno RS 12,00 (20%) Valor das horas extras (reflexos) • Descanso semanal remunerado (Súmula nº 172 do TST). • Décimo terceiro salário (Súmula nº 45 do TST). • Féria + 1/3 (Artigo 142, §5º, da CLT). • FGTS ( Súmula nº 63 do TST). • Aviso-prévio. 61 Adicional noturno O trabalho prestado no período noturno será remunerado em valor superior ao trabalho diurno. Esse adicional, se pago habitualmente, integra o salário do empregado. 62 Deve-se diferenciar, nesse caso, o trabalho rural e o trabalho urbano, em razão das peculiaridades daquele. Assim sendo, embora ambos tenham adicional noturno, o percentuais serão diferentes: 63 a) Empregado urbano: Jornada noturna inicia-se às 22h e termina às 5h. Adicional de, no mínimo, 20% sobre a hora diurna. Ademais, a hora noturna será reduzida, ou seja, terá 52 minutos e 30 segundos. 64 65 b) Empregado rural: Jornada noturna inicia-se às 20h e termina às 4h na pecuária. Na lavoura, será das 21h até as 5h. Adicional noturno é de, no mínimo, 25% superior à hora diurna. Por fim, a hora noturna não é reduzida, ou seja, possui 60 minutos. 66 O adicional noturno possui natureza salarial, refletindo nas demais verbas trabalhistas. Assim sendo, o valor recebido em razão desse adicional irá integrar as parcelas demonstradas a seguir. 67 Reflexos do adicional noturno • Décimo terceiro salário. • Féria + 1/3. • FGTS. • Descanso Semanal Remunerado. • Aviso-prévio. 68 Adicional de transferência Esse adicional é pago em razão da transferência provisória do empregado, inclusive é pago ao empregado que exerce cargo de confiança na empresa ou, ainda, se houver previsão de transferência no contrato de trabalho. 69 OJ nº 113 da SDI I do TST. Art.469, § 3º da CLT O valor é de, no mínimo, 25% da salário que o empregado recebia no local anterior. 70 O adicional de transferência possui natureza salarial, refletindo nas demais verbas trabalhistas. Assim sendo, o valor recebido em razão desse adicional irá integrar as verbas a seguir. 71 Reflexos do Adicional de transferência • Décimo terceiro salário. • Féria + 1/3. • FGTS. • Descanso Semanal Remunerado. • Aviso-prévio. 72 Adicional de periculosidade O pagamento dos adicionais de periculosidade e insalubridade tem previsão constitucional. De acordo com art.7º, XXIII, da CF/88. 73 Atividade perigosa é aquela em que há contato permanente com explosivos ou inflamáveis em condições de risco acentuado. A atividade perigosa é comprovada mediante perícia (art. 195 da CLT). 74 OJ nº 385 da SDI I do TST. Exemplos Empregados em contato com energia elétrica, o operadores de bomba de gasolina, instaladores de linhas e aparelhos de telefonia e exposição à substância radioativa e armazenamento de líquido inflamável no prédio. O adicional de periculosidade é de 30% sobre o salário base, ou seja, o cálculo não leva em conta outros acréscimos. Verificar art. 193, §1º, da CLT. 75 OJs nº 345; 347 da SDI I e súmula nº 39 do TST. Esse adicional integra as demais verbas trabalhistas. Assim sendo, o valor recebido em razão desse adicional irá integrar as parcelas demonstradas a seguir. • Décimo terceiro salário. • Féria + 1/3. • FGTS. • Aviso-prévio. 76 O adicional de periculosidade não reflete no DSR. O empregado que presta serviços no período noturno e em atividades perigosas terá direito de acumular os dois adicionais, noturno e periculosidade. 77 Para tanto, calcula-se primeiro a hora normal acrescida do adicional de periculosidade. Após, soma-se o adicional noturno. O mesmo raciocínio é utilizado para o cálculo de horas extras: soma-se primeiro a hora normal ao adicional de periculosidade, somente depois o adicional de horas extras. 78 Súmula nº 132, item I, do TST Observação Na hipótese de o empregado laborar em atividade insalubre e perigosa, prevalece o entendimento de que não há possibilidade de cumulação desses dois adicionais. Dessa forma, cabe ao empregado optar por um desses adicionais. 79 Súmula nº 132, item II, do TST O adicional de periculosidade é devido quando a exposição ao risco é permanente ou intermitente. É indevido se o contato for meramente eventual ou se mesmo que habitual, ocorrer por tempo extremamente reduzido. 80 Súmula nº 364, do TST Adicional de insalubridade Atividades insalubres são aquelas que expõe o empregado a agentes nocivos à sua saúde e que ultrapassam o seu limite de tolerância. Exemplo: agentes químicos (chumbo), biológicos (bactérias) e físicos (ruídos). 81 Para a obtenção do adicional de insalubridade,há necessidade de preencher dois requisitos: a) Atividade nociva deverá ser constatada via perícia por profissional habilitado, médico ou engenheiro do trabalho. b) É necessário que o agente nocivo à saúde esteja incluído na relação oficial do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. 82 Observação Se a atividade não desenvolvida pelo empregado não estiver prevista nessa listagem do MTE há entendimento majoritário de que o empregado não terá direito ao adicional. 83 OJ nº 165, 173 e 278; da SDI I. O adicional de insalubridade era calculado com base no salário- mínimo, variando de acordo com a agressividade do agente nocivo. Está previsto no art. 192 da CLT (Não mais é utilizado). Ocorre que o STF proibiu que salário- mínimo sirva de base de cálculo (indexador do adicional de insalubridade). 84 Súmula Vinculante nº4 “Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário-mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.” 85 Esse adicional, pago com habitualidade, integra as demais verbas trabalhistas. Assim sendo, o valor recebido com habitualidade em razão desse adicional: a) Décimo terceiro salário; b) Férias + 1/3; c) FGTS; d) Aviso Prévio. 86 Vale ressaltar que o trabalho eventual em condições insalubres não dá direito ao adicional, entretanto, se executado em caráter intermitente (descontínuo, mas diário), terá direito à percepção do adicional de insalubridade, conforme previsto na Súmula nº 47 TST. 87 Para o cálculo de horas extras, soma-se primeiro a hora normal ao adicional de insalubridade, somente depois o adicional de horas extras. 88 Cabe ao empregador adotar todos os meios necessários para neutralizar ou eliminar os agentes nocivos à saúde do trabalhador, adotando medidas de caráter geral e medidas individuais, por meio do fornecimento de equipamentos de proteção e obrigatoriedade de uso deles. 89 Ressalte-se que o mero fornecimento de EPIs – equipamentos de proteção individual – não exime o empregador de continuar pagando o adicional. 90 Súmula nº 289 do TST. Lei 13.467/2017 “Art. 457. ........................................................... § 1º Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagaspelo empregador. § 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. ............................................................................................. § 4º Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades.” (NR) 91 Lei 13.467/2017 “Art. 458. § 5º O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do previsto na alínea q do § 9º do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.”(NR) 92 93 Referência Bibliográfica 1- Curso de Direito do Trabalho- Maurício Godinho Delgado – Editora LTr. 2- CLT-LTr – Armando Casimiro Costa; Melchíades Rodrigues Martins e Sonia Regina da S. Claro. 3- Direito do Trabalho – Para os concursos do TRT e do MPU – Henrique Correia – Editora JusPodivm. OBS.: Material Didático Pedagógico com o propósito de orientar o aluno no estudo do direito do trabalho, se faz necessário acompanhamento doutrinário, jurisprudencial e da legislação em vigor. 94
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