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Livro Texto Unidade I

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Autores: Prof. Dr. João Eduardo Coin de Carvalho
 Profa. Ma. Hely Aparecida Zavattaro
Processos Grupais
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
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INTRODUÇÃO
Nesta disciplina, você terá oportunidade de estudar os conceitos teóricos e fundamentos do processo 
grupal para compreensão reflexiva e crítica da realidade social e os contextos envolvidos. Apresentamos 
as contribuições para o curso de Psicologia, identificando a gênese de grupos, ressaltando as áreas de 
atuação e o papel profissional nos diversos contextos, junto à equipe multi ou interdisciplinar.
Assim sendo, a presente disciplina tem como objetivos específicos:
— Reconhecer processos psicológicos e comportamentais no contexto grupal.
— Compreender a natureza dos grupos pelos processos psicológicos inerentes a cada contexto.
— Compreender os pressupostos filosóficos, históricos e sociais que subsidiam as práticas com 
grupos em sua atuação profissional.
Percebemos a relevância da disciplina Processos Grupais para as diversas áreas profissionais que 
lidam com pessoas, mas, neste momento, você pode estar se perguntando: qual a relação dessa disciplina 
com o meu curso? O que posso aplicar do conhecimento sobre grupos estando no papel de psicólogo?
Sem dúvida, a disciplina colabora substancialmente para os objetivos do curso, com a finalidade de 
formar profissionais que atuem no escopo social, que sejam competentes e compromissados eticamente 
com o planejamento, a implementação, a coordenação e a avaliação de políticas e projetos junto a 
grupos, comunidades e instituições. Como profissional indispensável ao atendimento dos grandes 
desafios da atualidade brasileira, a formação de um psicólogo implica essencialmente na compreensão 
crítica dos problemas sociais e no domínio de um conjunto de teorias, métodos e procedimentos para 
ação transformadora nos processos sociais.
O material poderá ser utilizado como orientação para seu estudo e como complemento das atividades 
realizadas nas aulas presenciais.
Sugerimos que você siga a ordem abaixo apresentada, ao planejar seu estudo, uma vez que os temas 
mantêm entre si uma relação lógica.
Módulo 1: O PROCESSO GRUPAL
O conceito de grupo e o processo grupal
A instituição do grupo
Módulo 2: A DINÂMICA GRUPAL E SEUS FUNDAMENTOS
A dinâmica grupal
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Fundamentos teóricos em dinâmica de grupo: Kurt Lewin
Módulo 3: ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE GRUPOS-1
Contribuições teóricas: Moreno, Piaget e Pichón-Revière
Módulo 4: ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE GRUPOS-2
Contribuições teóricas: Schutz
Avaliação dos fenômenos da interação humana em grupos: Bales
Módulo 5: CONTRIBUIÇÕES CONTEMPORÂNEAS NO CONTEXTO GRUPAL
Correntes contemporâneas em dinâmica de grupos e os diversos contextos de ação do psicólogo 
junto às relações grupais.
O ciclo de aprendizagem vivencial
Módulo 6: A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO EM CONTEXTOS GRUPAIS
Os grupos operativos
Módulo 7: A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO EM CONTEXTOS GRUPAIS
Oficina de dinâmica de grupo
Módulo 8: A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO EM CONTEXTOS GRUPAIS
Intervenção e acompanhamento psicossocial
Em cada um dos módulos, haverá uma breve apresentação do assunto, indicação de material para 
leitura, atividades de estudo e exercícios de verificação da aprendizagem. Lembre-se de que a mera 
realização dos exercícios não permitirá a aprendizagem dos temas. É imprescindível que você realize 
todas as atividades descritas em cada módulo.
O presente conteúdo, por se tratar da apresentação do curso, não inclui exercícios.
Bibliografia:
A bibliografia apresentada a seguir relaciona as obras consideradas importantes para o estudo dos 
temas. Em cada módulo, serão indicados os trechos específicos que devem ser lidos.
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Bibliografia básica:
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. São Paulo: Duas Cidades, 1991.
MINICUCCI, A. Técnicas do trabalho de grupo. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
Bibliografia complementar:
AFONSO, M. L. M. Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial. São 
Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.
BOOG, G. Manual de treinamento e desenvolvimento. São Paulo: Pearson Prentice Hall, Vol. 2, 2007.
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo, teorias e sistemas. São Paulo: Atlas, 2007.
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
SOLER, R. 202 Jogos cooperativos para desenvolver a confiança. São Paulo: Sprint, 2009.
Além dessas referências, é desejável que você recorra a outras fontes, caso queira se aprofundar 
em algum tópico específico do programa. É importante que, em sua pesquisa, você recorra a fontes 
confiáveis. Indicamos a seguir alguns endereços eletrônicos cuja consulta é recomendada:
Linha do tempo da Psicologia no Brasil: http://www.crpsp.org.br/linha/linha_do_tempo/memoria/
home.htm
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (USP)
— http://www.teses.usp.br/
PEPSIC – Periódicos Eletrônicos em Psicologia
— http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) – www.bvs-psi.org.br
Periódicos CAPES – www.periodicos.capes.gov.br
Se você necessitar de informações adicionais para ampliar seus conhecimentos, solicite-as do 
professor nas aulas presenciais.
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PROCESSOS GRUPAIS
Unidade I
MÓDULO 1: O PROCESSO GRUPAL
Leitura obrigatória:
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
Leituras para aprofundamento:
BOCK, A. M. B. (Org.). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13. ed. São Paulo: 
Saraiva, 1999.
LANE, S.M. O processo grupal. In: LANE, S.M.; CODO, W. (Orgs.) Psicologia Social: o homem em 
movimento. São Paulo: Brasiliense, 1986.
LE BON, G. Psicologia das multidões. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2008.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. Petrópolis: Vozes, 2013.
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo, teorias e sistemas. São Paulo: Atlas, 2007.
O conceito de grupo e o processo grupal
Todos nós pertencemos a grupos. Determinadas concepções da Psicologia Social chegam a afirmar 
que só “somos”, efetivamente, em grupo. E você? Consegue se ver “sendo” a partir dos grupos, ou 
seria suficiente dizer que “somos”singulares, únicos, autônomos e, então, podemos pertencer a grupos 
humanos, especialmente aqueles dos quais escolhemos participar?
Sabemos que ninguém vive isolado e, ainda, que não se pode compreender o comportamento do 
indivíduo sem considerar a influência de outras pessoas. Estabelecemos relações onde há, naturalmente, 
uma intenção particular de cada uma das pessoas envolvidas. A nossa formação individual depende 
então, necessariamente, desse relacionamento, seja ele em qualquer tipo de grupo ao qual pertencemos, 
família, trabalho, clube, futebol, entre outros. A identidade historicamente construída tem como um de 
seus elementos mais importantes a ligação a grupos sociais.
Se pensarmos sobre a origem da palavra grupo, observamos que ela remonta a um termo técnico 
italiano das Artes Plásticas (groppo, gruppo), que designa vários indivíduos, pintados ou esculpidos, 
compondo um tema (ANZIEU; MARTIN, 1975). Somente no século XVIII, a palavra grupo vai designar 
um ajuntamento de pessoas. Além da “novidade” do conceito, Anzieu e Martin (1975), ao apresentarem 
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Unidade I
diferentes concepções sobre grupos, indicam também que, até há pouco tempo, nas Ciências Sociais, 
havia um preconceito bem-estabelecido contra a ideia do grupo, do pequeno grupo. Esse mal-estar 
em relação ao conceito estaria presente porque seria entendido como categoria para o entendimento 
do social, e essa supostamente comportaria a negação do indivíduo. Para outros, esse incômodo se 
estenderia ao próprio fenômeno grupo, como perturbador da personalidade – os grupos de jovens e os 
grupos partidários, por exemplo.
Contemporaneamente, podemos reconhecer grupos definidos a partir de uma metáfora biológica (o 
grupo-organismo) ou mecânica (o grupo-máquina), ou simplesmente pelo ajuntamento de pessoas, nas 
multidões, nos bandos, nas aglomerações. A ideia de grupo também está presente em grupos nos quais 
os indivíduos se encontram face a face, os pequenos grupos sociais, ou nas organizações das quais todos 
participamos e por meio das quais temos um papel no jogo social.
Para discutir qual ou quais os sentidos de um grupo social e tentar traçar uma dinâmica dos grupos, 
isto é, o movimento de uns em relação a outros, é necessário descrever algo da história dos estudos 
sobre grupos a partir das maneiras como eles têm sido definidos. Algumas das referências para essas 
definições têm sido a quantidade de membros (se são pequenos grupos, categorias sociais, a “massa”), 
a medida da sua organização (aglomerados, categorias sociais, grupos estruturados, organizações, 
instituições) ou a medida do relacionamento entre seus membros (face a face ou não).
Bock (1999) explica que a instituição consiste em um valor ou regra social que reproduzimos em 
nosso cotidiano, enquanto um guia básico de comportamento e de padrão ético. Ela atravessa de forma 
sutil as nossas relações sociais (organização social e grupo social). Organização consiste na base concreta 
da sociedade, um aparato que reproduz o quadro de instituições no cotidiano da sociedade. Podemos 
identificá-la em um complexo organizacional (Ministério da Saúde ou Igreja Católica, por exemplo), 
uma grande empresa (como a Volkswagen do Brasil) ou mesmo em uma pequena creche. Percebemos 
que as instituições sociais serão mantidas e reproduzidas nas organizações. Por fim:
O elemento que completa a dinâmica de construção da realidade é o grupo 
– o lugar onde a instituição se realiza. Se a instituição constitui o campo de 
valores e das regras (portanto, um campo abstrato) e se a organização é a 
forma de materialização destas regras (portanto, um campo abstrato), e se 
a organização é forma de materialização destas regras através da produção 
social, o grupo, por sua vez, realiza as regras e promove valores. O grupo é o 
sujeito que reproduz e que, em outras oportunidades, reformula tais regras. 
É também o sujeito responsável pela produção dentro das organizações e 
pela singularidade – ora controlado, submetido de forma crítica a essas 
regras e valores, ora sujeito da transformação, da rebeldia, da produção do 
novo. (BOCK, 1999, p. 217)
Geralmente, quando falamos em grupos, pensamos nos pequenos, aqueles dentro dos quais seus 
membros têm contato face a face, grupos que são estruturados, organizados por regras e com objetivos 
definidos, cuja ação está delimitada no espaço – por uma sala, um campo, uma instituição. Menos 
comum é chamarmos de grupos os agregados mais ou menos numerosos de indivíduos que não têm 
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PROCESSOS GRUPAIS
propriamente nenhum contato entre si, os amontoados percebidos por Sartre em uma fila à espera do 
ônibus (uma série) que não estão sujeitos a normas claras de comportamento comum, conjuntos que 
compreendem meros aglomerados ou categorias sociais que indicam um relacionamento de ordem 
simplesmente distributiva.
Esses últimos são aqueles das nacionalidades, da cor da pele, dos matizes ideológicos, do sexo ou 
da opção sexual. Contudo, mesmo nessa outra ordem de agrupamentos que se constitui a partir de 
sua simples nomeação, por um critério burocrático, filosófico, político e mesmo biológico ou étnico, 
tendemos a dizer dos indivíduos a eles pertencentes que se “comportam como um grupo”.
Ao nos referirmos a grupos, sabemos que a Psicologia Social tem ampla contribuição no tema, por 
iniciar os estudos nessa área. Os primeiros estudos sobre grupos foram iniciados no século XIX (“Psicologia 
de Massas”, por Gustav Le Bon, por exemplo), em que muitos pesquisadores foram influenciados pela 
Revolução Francesa. Nessa época se perguntava no campo da Psicologia: “o que levaria uma multidão a 
seguir a um líder mesmo com risco a sua própria vida?”.
No debate sobre a Psicologia dos Grupos, a literatura psicológica e sociológica trata dos grandes 
conjuntos humanos nas sociedades contemporâneas como “massa”, isto é, um agregado informe de 
indivíduos que não se conhecem pessoalmente, sem vínculos, sem objetivos comuns, entre os quais não 
se pode reconhecer autonomia, mas apenas a sujeição a ideias e opiniões produzidas em outros lugares 
e impostas a esses conjuntos, usualmente, pela mídia. De fato, quando falamos “massa”, normalmente 
tratamos dela com desdém – afinal, nesse caso, as pessoas não têm nomes nem ligações e, ainda mais, 
são necessariamente dominadas, controladas.
Seu comportamento, segundo cientistas sociais como Le Bon (2008), pode ser entendido como o 
de uma “manada”, sujeita a interferências sem a mediação da razão. A multidão reunida em grandes 
eventos ou em situações cotidianas nas ruas, nos terminais de transporte público ou nos estádios de 
futebol, por exemplo, teria comportamento imprevisível, que se caracterizaria pela possibilidade de os 
indivíduos realizarem atos de que, em outras situações, sem a presença da multidão, não seriam capazes. 
A violência de um quebra-quebra e de um linchamento seria a marca desse comportamento coletivo 
marcado pela diminuição do funcionamento intelectual, a razão, e pela ampliação da afetividade.
Freud, em “Psicologia das Massas e Análise do Ego” (2011), entra nesse debate a partir da discussão 
sobre a obra de Le Bon. Para ele, a psicologia individual não poderia ser separada da social, e toda 
psicologia é, em um certo sentido, social, na medida em que se verificam nos indivíduos os traços 
recolhidos das suas relações sociais. Freud também considera entre os seres humanos um instinto 
gregário, chave para algo como uma mente grupal, cujo estudo da razão que sustenta o funcionamento 
dos grupos e parte desse trabalho. Reconhece também comoas massas são influenciadas pela presença 
“fascinante”, hipnotizante, de um líder. As dimensões inconscientes envolvidas na constituição do grupo 
e sua incidência no indivíduo ajudam a compreender fenômenos já descritos por Le Bon, como a potência 
do indivíduo quando se vê pertencente ao grupo, ou mesmo a submissão, no grupo, a entendimentos 
até mesmo contrários às crenças individuais.
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A suposição fundamental de Freud formulada nesse texto é de que as relações amorosas (laços 
emocionais) constituem a essência da mente grupal e é nesse suporte que está, por exemplo, a 
importância do líder.
Você pode perceber a diversidade de conceitos e a complexidade que existe na literatura com relação 
a grupos.
Nesse sentido, parece haver concordância entre alguns dos diversos autores quanto a haver um 
objetivo comum para duas ou mais pessoas. As concepções tradicionais sobre grupos usualmente os 
caracterizam como um conjunto de pessoas que compartilham um objetivo comum. Entretanto, em 
uma perspectiva social crítica, a melhor definição do processo grupal corresponde à sua inevitável 
sujeição à passagem do tempo e a inserção social.
Vale aqui indicar o entendimento de Lane (1986) sobre os grupos, para os quais ela reivindica a 
mesma preocupação quanto à importância da história na sua instituição. Lane (1986) insiste em tratar 
o grupo como processo ao caracterizá-lo como uma unidade que não se faz como permanente, que se 
constitui fundamentalmente de pessoas e relações e que está inserida em um determinado contexto 
histórico e social. Ora, tudo isso que irá compor a concepção e a materialidade dos grupos é sujeito à 
passagem do tempo, isto é, muda, transforma-se, por conta dessa passagem. É por isso que se poderá, 
assim, falar em processo, porque o grupo só existe sendo; não é coisa que possa ser abstraída de sua 
condição histórica.
Assim, é importante considerar que a ideia de grupo dá conta de uma variedade importante de 
conjuntos de indivíduos. Se ela se presta à caracterização de uma categoria social que compreende 
determinada identidade profissional (o grupo de psicólogos, por exemplo), a ideia de grupo também 
estará presente quando falamos de pequenos grupos, quando os indivíduos estão face a face, envolvidos 
em uma prática social determinada, como em uma empresa (os funcionários da empresa X), na escola 
(os alunos ou os professores) ou em uma ação de assistência social (educadores, técnicos, gestores).
Dentre os diferentes entendimentos sobre os grupos e as tradições históricas e filosóficas as quais 
estão vinculados, uma chave para sua apresentação é percorrer a incidência do imaginário nesses 
universos. Destacamos, inicialmente, a Psicologia dos Grupos voltada para as questões individuais, 
marcadamente ideológicas, de ordem funcionalista, uma Psicologia Social dos pequenos grupos 
naturais. Esta se verifica mais intensamente no âmbito da Psicologia Social americana, com autores 
como Lewin, Newcomb, Asch, Stoessel e Maisonnave; e é voltada para os problemas de produção e de 
eficiência, seja em um grupo de soldados ou de operários, seja em um grupo terapêutico, estudando os 
relacionamentos intragrupo, a liderança e a motivação.
Na outra ponta, na Psicologia Social das categorias sociais, estão os estudos sobre grupos que 
colocam em jogo os elementos da história e da cultura nas quais os grupos estão inseridos. Alinhados 
à Psicologia Social “sociológica”, que veio se desenvolvendo principalmente na Europa do pós-guerra, 
esses estudos que privilegiam os fatores históricos, ideológicos e políticos identificam a Psicologia Social 
europeia e os trabalhos de autores como Tajfel, Doise e Moscovici.
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PROCESSOS GRUPAIS
Em uma posição intermediária em relação a essas duas vertentes, no que diz respeito aos estudos sobre 
grupos, estariam os trabalhos sobre Psicoterapia de Grupo, sejam ou não de inspiração freudiana, mais 
ou menos próximos da vertente americana, como Moreno, ou da vertente europeia, como Guattari, e os 
desenvolvidos por psicólogos sociais sul-americanos, como Baremblitt, Bauleo, Bleger e Pichon-Riviere.
Em qualquer das vertentes da Psicologia Social – a Psicologia Social dos pequenos grupos naturais, 
a Psicoterapia de Grupo ou a Psicologia Social das categorias sociais –, a presença do imaginário como 
elemento para identificação e mediação entre os grupos traz, de maneira indiscutível, a tensão entre a 
ordem e a desordem no âmbito dos grupos.
É importante ressaltar que a representação que se tem de um grupo social compreende aquilo que 
se “vê” e o que se espera dele em uma determinada circunstância. Assim, é preciso estar atento não 
apenas ao que está sendo representado e em qual contexto, mas também a quem representa, para se 
poder compreender, na história das ideias sobre grupo, as explicações que se oferecem a como e por 
que os indivíduos se associam, classificam e categorizam uns aos outros, assim como os efeitos dessas 
associações nos relacionamentos que ocorrem dentro dos grupos e entre eles.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, observando as abordagens e as etapas históricas 
definidas pelos autores e sua relação com os conceitos de grupo.
2) A partir da leitura, procure elaborar um quadro, estabelecendo as diferenças entre os diversos 
conceitos de grupo.
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
Na perspectiva da Psicologia Social sócio-histórica, o grupo é compreendido a partir de sua inserção 
no espaço e no tempo, o que o caracteriza como processo ao invés de “coisa”. Nessas condições, as 
relações entre os membros do grupo devem ser estudadas porque:
(a) definem lugares pré-estabelecidos e prontos;
(b) explicam o porquê do comportamento dos indivíduos;
(c) estão submetidas a mudanças com o passar do tempo;
(d) organizam as funções dentro do grupo;
(e) são perturbadoras do bom funcionamento do grupo.
Se você compreendeu adequadamente a proposta relativa ao conceito de grupo na perspectiva 
sócio-histórica, assinalou a alternativa c. As afirmações a-b-d-e não partem do princípio de que o 
grupo é visto como processo, mas como uma unidade estanque e sem considerar sua história. A visão 
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Unidade I
sócio-histórica caracteriza o grupo como uma unidade que não se faz como permanente, que se constitui 
fundamentalmente de pessoas e relações e que está inserida em um determinado contexto histórico e 
social. Ora, tudo isso que irá compor a concepção e a materialidade dos grupos é sujeito a passagem do 
tempo, isto é, muda, transforma-se, por conta dessa passagem. É por isso que se poderá, assim, falar em 
processo, porque o grupo só existe sendo; não é coisa que possa ser abstraída de sua condição histórica.
A instituição do grupo
Leitura obrigatória:
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
Leituras para aprofundamento:
ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Temas básicos da sociologia. São Paulo: Cultrix, 1973.
BOCK, A. M. B. (Org.). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13. ed. São Paulo: 
Saraiva, 1999.
LANE, S. M. O processo grupal. In: LANE, S.M.; CODO, W. (Orgs.) Psicologia social: o homem em 
movimento. São Paulo: Brasiliense, 1986.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. Petrópolis: Vozes, 2013.
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo, teorias e sistemas. São Paulo: Atlas, 2007.Você já percebeu que, muitas vezes, colocamo-nos diante de grupos com que não tínhamos nenhum 
contato? Por exemplo, quando você entrou para a faculdade e passou a fazer parte de uma turma de 
40 ou 50 pessoas desconhecidas e teve que realizar atividades em pequenos grupos. A esse tipo de 
convívio podemos chamar de solidariedade mecânica, quando a filiação a algum grupo independe de 
nossa vontade. No entanto, a solidariedade orgânica consiste no convívio com nossos pares, pessoas 
escolhidas por nós. É o caso das ditas “panelinhas” da sala de aula. Quando os fenômenos grupais passam 
a atuar sobre os indivíduos e sobre o grupo, chamamos isso de processo grupal. Nesse sentido, a coesão 
grupal é uma forma que os indivíduos têm para que seus membros sigam as regras estabelecidas e se 
obtenha a fidelidade deles. Os grupos podem apresentar maior ou menor coesão, de acordo com suas 
características, bem como a fidelidade ao grupo dependerá do tipo de pressão exercida (BOCK,1999).
Então, o que faz com que o indivíduo queira se agregar a um grupo?
Se considerarmos que as pessoas vão gradativamente descobrindo uma forma mais simples e 
econômica de desempenhar suas atividades cotidianas, começam por estabelecer regularidades 
comportamentais. Um hábito estabelecido por razões concretas, com o passar do tempo e gerações, 
transforma-se em tradição, em que as bases estabelecidas não são mais questionadas. Quando a 
regra social estabelecida após a passagem de gerações perde sua referência de origem, dizemos que 
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PROCESSOS GRUPAIS
ela foi institucionalizada. Na verdade, vivemos imbuídos de instituições. De acordo com Berger e 
Luckmann (apud BOCK, 1999), o processo de institucionalização se inicia com o estabelecimento de 
regularidades comportamentais.
No entanto, segundo Schutz (apud BERGAMINI, 2006), todo o indivíduo tem três necessidades 
interpessoais: inclusão, controle e afeição; e, ao associar-se a um grupo, cada pessoa passará por 
diferentes formas de atendimento de suas necessidades.
De acordo com Borges e Albuquerque (apud ZANELLI; BORGES-ANDRADE; BASTOS, 2004), o processo 
de socialização implica sempre em certo conformismo porque o indivíduo se insere em um contexto 
de normas e costumes previamente definidos por outros. Realmente, para melhor compreensão do 
funcionamento dos grupos, precisamos entender a natureza da influência social, pois:
As pressões para uniformidade se exercem mediante a interação social na 
qual os membros tentam modificar suas crenças, atitudes e ações de forma 
mútua [...]. Surgem processos similares sempre que um grupo tenta tomar 
uma decisão sobre metas a escolher ou sobre a maneira de alcançá-las. 
Coordenar as atividades de grupo exige que a conduta de cada membro se 
ajuste a dos outros, e se efetue a liderança mediante o processo de influência 
sobre os demais (ZANELLI; BORGES-ANDRADE; BASTOS, 2004, p. 53).
Na maioria das vezes, os grupos são formados de acordo com similaridades naquilo que as pessoas fazem 
ou produzem. Podem ser agrupadas de acordo com as tarefas que executam – agrupamento por função – ou 
de acordo com o fluxo de trabalho desde o início até a conclusão – agrupamento por fluxo de trabalho.
Nesse contexto, Bergamini (2006) distingue dois tipos de pequenos grupos: o sociogrupo – aquele 
que se organiza e se orienta em função da execução ou cumprimento de uma tarefa; e o psicogrupo – 
estruturado em função da polarização dos seus próprios membros.
Adorno e Horkheimer (1973) apresentam uma classificação de grupos, diferenciando microgrupos 
de macrogrupos. Os microgrupos, ou grupos primários, como a família, são importantes para a produção 
da subjetividade e para a manutenção de ideias e ideais sociais. Sua presença é praticamente universal, 
porque eles se encontram ao longo de toda a história civilizatória. Esses grupos estão vinculados a 
aprendizagem de uma “natureza humana”, mais propriamente – o que significa que os microgrupos 
estão associados à socialização dos indivíduos desde a infância. A ênfase nesses microgrupos justifica-se 
pela sua função psicossocial: o contato direto entre aqueles que pertencem a tais grupos permite a 
identificação entre seus membros e com o próprio grupo. Nos microgrupos, os indivíduos têm experiências 
de si simultaneamente vinculadas às presenças de outras pessoas.
Macrogrupos ou grupos secundários são grupos de outra ordem e não se diferenciam dos microgrupos 
necessariamente pelo tamanho. Neles, a privacidade dos membros é mais preservada.
Outra fórmula para tentar classificar os grupos é tomá-los a partir de alguns elementos básicos. 
Um grupo pode ser considerado de acordo com a maneira como está organizado, os seus objetivos 
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Unidade I
compartilhados, a quantidade de pessoas que o compõem e o contato e vínculo entre seus participantes, 
assim como quanto à sua duração.
Vejamos alguns exemplos de grupos conforme essa classificação. Em uma extremidade, encontramos 
nas sociedades contemporâneas grandes conjuntos humanos, formados por milhares ou mesmo milhões 
de pessoas, que podem ser caracterizados como grupos. Pouco organizados, neles, as pessoas não se 
conhecem pessoalmente e mal compartilham objetivos comuns; mas, ainda assim, são reconhecidas 
como possuidoras de uma mesma identidade. Não nos recusamos a prever seus comportamentos, as 
maneiras pelas quais podem e irão resolver as situações cotidianas. São as categorias sociais, como “as 
mulheres”, “os psicólogos”, “os playboys”, ou “os moradores da zona leste”.
No outro extremo, estão os pequenos grupos, os grupos de interação face a face, em que todos se 
conhecem e se relacionam a partir de alguma organização, pelo exercício de determinadas funções 
dentro do grupo. Uma variável importante no que diz respeito ao seu funcionamento é o vínculo, isto é, 
as relações simbólicas e afetivas que se constroem ao longo da existência do grupo. O vínculo também 
é dependente da história e do contexto, atualizado nas posições exercidas dentro do grupo. O psicólogo 
social Pichon-Riviere (2009) propõe que se deva entender a interação dos membros de um grupo como 
um vaivém de determinações que ele representa como uma espiral dialética, em que tanto sujeito 
quanto objeto realimentam-se mutuamente em um processo que pode ser compreendido, por exemplo, 
nas relações entre profissional e cliente.
Pensando no processo grupal na visão da Psicologia Social Crítica, apesar de haver uma consistente 
crítica aos modelos teóricos existentes, percebe-se um resguardo dos aspectos funcionais da dinâmica 
de grupos concordantes com Lewin e uma consideração positiva sobre o enquadramento psicanalítico 
por levar em conta a dinâmica interna dos grupos. A crítica prevalece sobre a visão a-histórica ou a 
maneira estática como alguns teóricos enquadram o grupo (BOCK, 1999).
Na perspectiva sócio-histórica da psicologia social, Silvia Lane chega a afirmar que só “somos”, 
efetivamente, em grupo. Mas esse entendimento não é “natural”. Ou ao menos é tão natural quanto 
dizer exatamente o contrário, isto é, que “somos” singulares, únicos, autônomos e, então, podemos 
pertencer a grupos humanos, especialmente àqueles dos quais escolhemos participar.
As concepções tradicionais sobre os grupos usualmente os caracterizam como um conjunto de pessoas 
que compartilham um objetivo comum. Silvia Lane (1984), ao falar sobre os grupos sociais, reivindica a 
importância da história e das relações na sua instituição. Assim, em uma perspectiva social crítica, define-se 
o processo grupal em função da sua inevitável sujeição à passagemdo tempo e à inserção social.
Nessa visão, considera-se fundamental que não existe grupo abstrato, mas sim um processo grupal 
que se reconfigura a cada momento. Assim, Silvia Lane (apud BOCK, 1999, p. 224) detecta três categorias 
de produção grupal:
Categoria de produção: a produção das satisfações de necessidades do 
grupo está diretamente relacionada com a produção das relações grupais. O 
processo grupal caracteriza-se como atividade produtiva de caráter histórico.
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Categoria de dominação: os grupos tendem a reproduzir as formas sociais 
de dominação. Mesmo um grupo de características democráticas tende a 
reproduzir certas hierarquias comuns ao modo de produção dominante (no 
nosso caso, o modo de produção capitalista).
Categoria grupo-sujeito (de acordo com Lourau): trata-se do nível 
de resistência à mudança apresentada pelo grupo. Grupos com menos 
resistência à autocrítica e, portanto, com capacidade de crescimento através 
da mudança, são considerados grupos-sujeitos. Os grupos que se submetem 
cegamente às normas institucionais e apresentam maior dificuldade para a 
mudança, são os grupos-sujeitados.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, observando as abordagens e as teorias definidas 
pelos autores quanto à instituição do grupo.
2) A partir da leitura, procure elaborar um quadro, estabelecendo as diferenças entre as diversas 
abordagens e configurações da instituição de um grupo.
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
O ser humano é um ser social que busca satisfazer sua necessidade de se relacionar, formando ou 
agregando-se a grupos. Com relação a instituição de um grupo, analise as afirmativas a seguir.
I – Há concordância entre vários autores quanto a um grupo ser formado pela união de pessoas que 
interagem umas com as outras visando a objetivos inter-relacionados.
II – A interação das pessoas no grupo permite que as pessoas que o compõe não influenciem 
uns aos outros.
III – Os grupos se constituem apenas pela necessidade de compartilhar conhecimentos.
Sobre grupos, podemos afirmar que:
A. I e III estão incorretos.
B. III está incorreto.
C. II e III estão incorretos.
D. I e II estão incorretos.
E. I, II e III estão incorretos.
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Unidade I
Se você compreendeu adequadamente a proposta relativa à instituição de um grupo, assinalou 
a alternativa c. A afirmação II está incorreta pois as relações sociais pressupõem a influência de uns 
sobre os outros, bem como a III está incorreta pois as necessidades de afiliação não residem apenas no 
objetivo de compartilhar conhecimentos, mas também de afeição, controle e inclusão, como afirma 
Schutz (1994), por exemplo.
MÓDULO 2: A DINÂMICA GRUPAL E SEUS FUNDAMENTOS
Leitura obrigatória:
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
Leituras para aprofundamento:
BOCK, A. M. B. (Org.). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13. ed. São Paulo: 
Saraiva, 1999.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. Petrópolis: Vozes, 2013.
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo, teorias e sistemas. São Paulo: Atlas, 2007.
ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. (Orgs.) Psicologia, Organizações e trabalho 
no Brasil. Porto Alegre, Artmed, 2004.
A dinâmica grupal
Neste momento, além de compreender as classificações possíveis de um grupo, você deve estar 
refletindo sobre como se apresentam os estudos sobre os estágios de um grupo e/ou como pode se 
apresentar o seu desenvolvimento. Diversos autores apontaram as fases de desenvolvimento de um 
grupo, tais como Buchanan e Huczynski, 1985; Greenberg e Baron, 1995; Ivancevich e Matteson, 1999; 
Tosi, Rizzo e Carroll, 1994 (apud ZANELLI, 2004) e Lacoursiere, 1980 (apud ROTHMANN e COOPER, 2009).
Segundo Scholtes (1992), uma equipe passa por estágios razoavelmente previsíveis:
Estágio 1 – Formação ou iniciação
Fase em que se inicia a formação da equipe, em que seus membros pesquisam as fronteiras do 
comportamento adequado ao grupo. Estágio da transição da condição de indivíduo para membro.
Estágio 2 – Turbulência ou diferenciação
Fase em que os membros da equipe começam a perceber a quantidade de trabalho que têm à frente 
e é comum entrarem em estado de pânico. É o estágio mais difícil para a equipe.
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Estágio 3 – Normas ou integração
Fase do restabelecimento do propósito central da equipe. À medida que os membros da equipe se 
acostumam a trabalhar em conjunto, sua resistência inicial vai desaparecendo.
Estágio 4 – Atuação ou maturidade
Nesse estágio, a equipe já definiu seu relacionamento e suas expectativas.
Entretanto, Albuquerque e Puente-Palacios (2004) se referem aos estágios de desenvolvimento do 
grupo como sendo: formação, conflito, normatização, desempenho e desintegração. Essa última 
fase de desenvolvimento dos grupos (desintegração) ocorre quando objetivos que levaram à criação da 
equipe são atingidos e não há mais motivo para ela continuar a existir. Também é possível que o grupo 
nunca atinja o estágio final ou faça o possível para não o atingir.
A seguir, observamos a figura 1 com a exemplificação dos diversos estágios de um grupo.
Figura 1 – as etapas de desenvolvimento dos grupos e equipes de trabalho
Fonte: ZANELLI; BORGES-ANDRADE; BASTOS, 2004, p. 374.
E neste momento você deve estar se perguntando: por que é importante identificar tais fases 
para a Psicologia? A importância em identificar tais estágios do desenvolvimento do grupo consiste 
em reconhecer que certos períodos de turbulência fazem parte do processo grupal, sendo necessário 
identificar em qual momento será interessante e prudente uma intervenção externa. Os autores 
ressaltam que a importância de reconhecer essas fases consiste justamente em saber quando intervir 
externamente com prudência, visto que certa turbulência também faz parte do grupo.
Além de analisarem os estágios de um grupo, alguns autores buscam entender em que sentido as 
formas de comunicação podem influenciar a relação grupal.
Wagner e Hollenbeck (1999) citam a estrutura de comunicação de um grupo como fator crucial 
para a eficácia de um grupo, pois se os membros não conseguem trocar informações entre si, o grupo 
não consegue funcionar eficazmente. Segundo eles, para uma boa gestão de um grupo é importante 
conhecer os diferentes tipos de estrutura de comunicação grupal e ser capaz de implementar aqueles 
que estimulem a maior produtividade do grupo.
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Em pesquisas realizadas sobre comunicação e produtividade do grupo, cinco estruturas têm recebido 
especial atenção: redes de comunicação radiais, em Y, encadeadas, circulares e de conexão total. As 
três primeiras são mais centralizadas (um membro pode controlar os fluxos de informação no grupo) 
e nas redes descentralizadas circulares e de conexão total, todos os membros são igualmente capazes 
de enviar e receber mensagens. A rede de conexão total, por exemplo, coloca cada pessoa do grupo em 
contato com todas as outras.
Podemos visualizar melhor as redes de comunicação a partir da figura 2 a seguir, a qual apresenta 
cada uma de acordo com os aspectos de velocidade, precisão, saturaçãoe satisfação dos membros.
Figura 2 – Redes de comunicação e trabalho em equipe
Fonte: WAGNER III; HOLLENBECK. Comportamento Organizacional. São Paulo: Ed. Saraiva, 1999, p. 225.
A composição do grupo também pode exercer a influência sobre ele, tanto como grupo homogêneo 
quanto heterogêneo. Um grupo homogêneo é considerado mais útil para tarefas simples e sequenciais, 
que exijam cooperação e requeiram rapidez. Um grupo heterogêneo é mais útil para tarefas complexas, 
coletivas, que exijam criatividade e que não dependam de rapidez (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006).
Além da influência da disposição e da comunicação do grupo, também existe a influência do tamanho 
do grupo sobre seu desempenho.
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Sobre isso, Griffin e Moorhead (2006) apontam que uma equipe com muitos membros tem mais 
recursos disponíveis e completa um grande número de tarefas relativamente independentes, com 
interações e comunicações provavelmente mais formais e, consequentemente, uma grande parcela do 
tempo é utilizada para questões administrativas. Os autores sugerem que o tamanho mais adequado a 
um grupo é determinado pela capacidade de seus membros interagirem uns aos outros de modo eficaz.
Entretanto, Robbins (2004) sugere que as equipes mais eficazes são justamente nem muito pequenas 
e nem muito grandes, com cerca de 4 a 12 pessoas:
As muito pequenas costumam apresentar diversidade de pontos de vista. No 
entanto, quando possuem mais de 10 ou 12 membros, torna-se difícil realizar 
alguma coisa. Os membros sentem dificuldade de interagir construtivamente 
enquanto para chegar a um consenso, e muitas pessoas não conseguem 
desenvolver a coesão, o comprometimento e a responsabilidade mútua, 
necessários para um bom desempenho (ROBBINS, 2004, p. 112).
Considerando os aspectos que influenciam a estrutura de um grupo, também precisamos ressaltar a 
importância das normas, as quais consistem em padrões de comportamentos e desempenhos tolerados, 
aceitos e esperados, sustentados pelos membros do grupo. As normas regulamentam e estabelecem o 
que se pode e o que não se pode fazer, as quais são informalmente estabelecidas pelos membros do 
grupo. Elas se apresentam mais explícitas do que implícitas, pois é comum que os membros do grupo 
entendam o que se espera deles, como o tipo de vestimenta ou conduta social de cooperação. Cada 
grupo desenvolve as normas por meio da comunicação com os outros e podem evoluir por um processo 
interpessoal de negociação, construindo historicamente o que é um comportamento aceitável (ZANELLI, 
BORGES-ANDRADE E BASTOS, 2004; GRIFFIN; MOORHEAD, 2006; ROTHMANN e COOPER, 2009).
Diante da diversidade de aspectos pesquisados sobre o processo grupal, consideramos que apesar da 
Psicologia Social ter surgido com a pesquisa das massas, podemos observar como as pesquisas de grupos 
menores é que se constitui então seu objeto, particularmente por terem objetivos claramente definidos. 
Historicamente, foi com as pesquisas de Kurt Lewin (professor alemão refugiado do nazismo) em Massachusetts 
Institute of Technology – MIT, que se desenvolveu a primeira teoria consistente sobre grupos, principalmente 
contribuindo para aplicação e estudo das relações humanas no trabalho (BOCK, 1999).
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, observando os aspectos que influenciam o 
funcionamento de grupos.
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
Para Wagner III e Hollenbeck apud Fiorelli (2000, p. 41), “grupo é um conjunto de duas ou mais 
pessoas que interagem entre si de tal forma que cada uma influencia e é influenciada pela outra”. Nessa 
relação social, Zanelli, Borges-Andrade e Bastos (2004) apresentam a existência de fases no caminho de 
um grupo. Indique a alternativa incorreta quanto às etapas de desenvolvimento de grupos:
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a) Iniciação ou formação.
b) Diferenciação ou conflito.
c) Integração ou normatização.
d) Incorporação ou anexação.
e) Maturidade ou desempenho.
Se você compreendeu adequadamente a proposta relativa a etapas de desenvolvimento de um 
grupo, assinalou a alternativa d. As demais alternativas correspondem às etapas descritas por Zanelli et 
al. (2204): formação, conflito, normatização, desempenho e desintegração. A alternativa (d) não 
corresponde a uma das fases apontadas pelos autores, pois não se percebe uma fase específica em que 
exista a incorporação ou anexação do grupo a outro grupo ou de um indivíduo ao grupo.
Fundamentos teóricos em dinâmica de grupo: Kurt Lewin
Kurt Lewin tem como uma das principais contribuições de sua Psicologia Social as investigações 
sobre a solução de conflitos nos pequenos grupos, por elaborar conceitos e uma metodologia que 
pudesse ampliar o entendimento dos pequenos grupos para também intervir nos grupos sociais.
Os estudos sobre a dinâmica dos pequenos grupos realizados por Lewin buscariam responder a duas 
perguntas relativas ao funcionamento dos grupos sociais nesse contexto tão decisivo da nossa história: 
como se pode produzir o nazismo como fenômeno psicológico? Qual a prevenção psicológica contra 
ele? Temas de seu grande interesse – ele próprio judeu e egresso da Europa durante a guerra.
De acordo com Bock (1999), a teoria dos grupos desenvolvida por Lewin abordou temas como coesão 
do grupo (condições necessárias para a sua manutenção), pressões e padrão do grupo (argumentos reais 
ou imaginários, manifestos ou velados utilizados para garantia de fidelidade), motivos individuais e 
objetivos do grupo, liderança e realização do grupo e, por fim, as propriedades estruturais dos grupos 
(forma de comunicação, papéis, dentre outros).
Kurt Lewin (apud BERGAMINI, 2006) considera que a dinâmica do grupo é determinada pelo conjunto 
de interações existentes no interior de um espaço psicossocial. O comportamento dos indivíduos ocorre 
em função dessa dinâmica grupal, independente das vontades individuais. Portanto, foram por ele 
elaborados quatro pressupostos:
• A interação do indivíduo no grupo depende de uma clara definição de sua participação no seu 
espaço vital.
• O indivíduo utiliza-se do grupo para satisfazer as suas necessidades próprias.
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• Nenhum membro de um grupo deixa de sofrer o impacto do grupo e não escapa à sua totalidade.
• O grupo é considerado como um dos elementos do espaço vital do indivíduo.
O espaço vital psicológico ou espaço de vida corresponde a um conceito desenvolvido por Kurt 
Lewin que designa “a totalidade de fatos que determinam o comportamento de um indivíduo em um 
certo momento” (LEWIN, 1973, p. 28). O autor se refere à totalidade de fatos como situação e, portanto, 
o comportamento do indivíduo é determinado em função da situação.
Nas pesquisas com grupos de crianças em que se variava o clima das relações com um monitor 
(autoritário, democrático, laissez-faire), ele procurou identificar o efeito do ambiente político e de suas 
mudanças sobre a capacidade dos indivíduos de realizarem tarefas, assim como suas repercussões sobre 
a satisfação e a agressividade.
Com relação ao desempenho de um grupo, observa-se que apresenta características situacionais, 
dinâmicas e evolutivas; modificando suas estratégias e comportamentos para ajustá-los às circunstâncias. 
Por exemplo, uma orquestra sinfônica possui certas características no momento de desempenho 
perante a plateia e outras bem diferentesdurante os ensaios. Mais do que isso, a orquestra muda o 
comportamento dependendo da plateia.
A importância alcançada por Lewin na Psicologia Social americana pode também ser encontrada 
no seu linguajar físico, ao tratar do confronto de forças intragrupos e intergrupos, o que conferiria 
um maior reconhecimento científico às suas teorias. Com seu interesse aumentado pelo fascínio que o 
desenvolvimento de tecnologia, inclusive para a manipulação de seres humanos, produziu a partir das 
Grandes Guerras, como “arma” contra literalmente quaisquer problemas, inclusive os sociais, as teorias 
de Lewin viriam a reafirmar as concepções sobre pequenos grupos, que, desenvolvidos em ambiente 
de guerra, serviriam para a otimização de seus comportamentos. É importante reconhecer que Lewin 
foi inovador ao abordar aspectos da personalidade como referidos ao contexto cultural e, mais do 
que isso, político, ao tratar da presença da democracia, dando status científico a essas considerações. 
Também é importante considerar o contexto em que são feitas suas pesquisas: em meio as Grandes 
Guerras, em um ambiente em que parecia ser preciso marcar a diferença entre o “povo alemão” e o 
“povo americano” – de sua nova pátria. Ainda assim, mesmo reconhecendo os aspectos históricos dos 
fenômenos grupais, herança notável de sua formação científica europeia, Lewin elabora nessa mesma 
tradição um entendimento sobre grupos tratando daquilo que é “visível”, ainda que seja seu efeito, como 
as forças de atração e de repulsão interindividuais. Nas suas considerações, em que pese a importância 
da valoração dos grupos e de suas diferenças, elementos essencialmente simbólicos, o grupo continua 
mantendo uma existência natural. Portanto, não são consideradas as dimensões imaginárias (isto é, 
afetivas, sócio-históricas) nos fenômenos grupais, as quais poderiam auxiliar na explicação do que 
produz e sustenta essas valorações e diferenças.
Como você pode perceber, o ideário de Kurt Lewin torna-se referência indispensável nos estudos 
relacionados à dinâmica de grupo, pois suas pesquisas praticamente marcaram o aparecimento desse 
campo. Foi a partir dessa referência que vários pesquisadores puderam contribuir para a construção 
desse saber, tais como Moreno, Piaget, Bales, Mucchielli, entre outros. Moreno trouxe uma abordagem 
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baseada em uma conotação psicanalítica, criando os grupos de psicodrama, sociograma, role-playing e 
outras técnicas. Piaget criou a corrente da epistemologia genética, na psicologia do desenvolvimento, 
enfatizando o grupo como elemento fundamental na educação do pensamento lógico. Bales, na 
comunicação no grupo, desenvolveu um referencial acerca do chamado grupo de trabalho. Nesses 
referenciais, as definições de relações humanas estão ligadas à experiência vivencial dos indivíduos, que 
se desempenham dentro dos roles correspondentes a seus agrupamentos biológicos (sexo, idade), e a 
sua adaptação social, adquirida por meio de seu crescimento e capacitação (MINICUCCI, 2001).
Os acontecimentos mais significativos para a vida dos indivíduos e dos grupos 
estão vinculados ao esclarecimento dessas diferenças funcionais e biológicas, 
referentes a cada ser humano. As comparações, imitações, rivalidades, 
satisfações e desilusões de cada um constituem o drama dos seres humanos, 
que convivem e que se empenham em encontrar a maneira de manter sua 
posição individual num mundo que pertence aos demais. As inter-relações 
existentes dos grandes e dos pequenos, dos jovens e dos velhos, dos homens e 
das mulheres satisfazem a esta descrição universal das diferenças possíveis com 
uma significação dinâmica para cada ser humano. Fonte: https://psicologado.
com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/dinamica-de-grupo- 
e-sua-contribuicao-para-a-qualidade-de-vida-na-terceira-idade. 
Psicologado.com, acessado em 01/02/2016
É importante reconhecer que Lewin foi inovador ao abordar aspectos da personalidade como 
referidos ao contexto cultural e, mais do que isso, político, ao tratar da presença da democracia, dando 
status científico a essas considerações. Mesmo reconhecendo os aspectos históricos dos fenômenos 
grupais, herança de sua formação científica europeia, Lewin elabora dentro dessa mesma tradição um 
entendimento sobre grupos tratando daquilo que é “visível”, ainda que seja seu efeito, como as forças 
de atração e de repulsão interindividuais.
Assim, na perspectiva sócio-histórica, a teoria de Lewin não considera as dimensões afetivas e 
sócio-históricas nos fenômenos grupais, as quais poderiam auxiliar na explicação do que produz e 
sustenta essas valorações e diferenças.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, observando as origens históricas dos estudos 
sobre grupos e a relevância do escopo teórico desenvolvido por Kurt Lewin.
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
A proposta de trabalho com grupos de Kurt Lewin, a partir da compreensão e da intervenção sobre 
sua dinâmica, abre uma nova frente de atuação para a Psicologia. A novidade dessa proposta pode ser 
reconhecida:
(a) na compreensão do grupo como lugar de forças e interações;
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(b) na concepção de grupos em uma perspectiva positivista;
(c) na tentativa de construir uma teoria psicológica de forte concepção matemática e física;
(d) no desafio às concepções humanistas em Psicologia;
(e) na submissão de Lewin aos fundamentos da psicologia social americana.
Se você compreendeu adequadamente a proposta teórica apresentada por Kurt Lewin, assinalou 
a alternativa a. As demais alternativas não correspondem ao arcabouço teórico proposto por Lewin, 
pois o autor não corresponde a uma corrente positivista e, apesar de ter se utilizado de conceitos de 
matemática e física, não se constituiu o foco da construção de sua teoria. Apesar de Lewin dar um 
status científico a essas considerações, tão pouco elaborou uma teoria especificamente para contrapor 
as concepções humanistas ou foi submisso a psicologia social americana, visto seu caráter inovador ao 
abordar aspectos da personalidade como referidos ao contexto cultural e, mais do que isso, político, ao 
tratar da presença da democracia.
MÓDULO 3: ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE GRUPOS‑1
Leituras obrigatórias:
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo, teorias e sistemas. São Paulo: Atlas, 2007.
Leituras para aprofundamento:
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. Petrópolis: Vozes, 2013.
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1994 (Capítulo 13).
Neste momento, vamos identificar algumas das principais abordagens teóricas que estudaram e 
desenvolveram um compêndio teórico e prático sobre a dinâmica grupal.
Dentre eles, nos ateremos neste módulo a: Moreno, Piaget e Pichón-Revière.
Contribuições teóricas: Moreno
Jacob Levy Moreno, o criador do Psicodrama, nasceu em 6 de maio de 1889, na cidade de Bucareste, 
na Romênia, e morreu em Beacon, em 14 de maio de 1974, aos 85 anos de idade. Era de origem judaica 
(sefardim) e sua família veio da Península Ibérica e se radicou na Romênia na época da Inquisição. Aos 
cinco anos de idade mudou-se com a família para Viena e foi nesse local que vivenciou a brincadeira de 
ser deus, que ele, com humor, relaciona a sua ideia de espontaneidade como centelha divina que existe 
em cada um de nós.
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Até 1920, Moreno teve uma intensa vida religiosa, fazendo parte de um grupo que fundou a 
“Religião do Encontro”. Eles expressavam sua rebeldia diante dos costumes estabelecidos usando 
barbas, vivendo pelas ruas à maneira dos mais pobres e procurando novas formas de interação 
com o povo. Nesse período, ele ia aos jardins de Viena e criava jogos de improviso com as crianças, 
favorecendo-lhes a espontaneidade e participou, no ano de 1914, em Amspittelberg, juntamente 
com um médico venereologista e um jornalista, de um trabalho com prostitutas vienenses por meio 
do qual, utilizando técnicas grupais, conscientizou-as de sua condição, o que proporcionou que 
organizassem uma espécie de sindicato. Formou-se em medicina em 1917. Interessou-se pelo teatro, 
fundando, em 1921, o Teatro Vienense da Espontaneidade, experiência que constituiu a base de suas 
ideias da Psicoterapia de Grupo e do Psicodrama. A proposta do Teatro da Espontaneidade consistia 
na criação de uma representação espontânea, sem texto pronto e decorado, com os atores criando 
no momento e, assim, relacionando-se com a plateia. A partir daí, ele criou o “jornal vivo”, em que 
dramatizava as notícias do jornal diário junto com o grupo participante, lançando naquele momento 
as raízes do Sociodrama. Ao trabalhar com os pacientes do hospital psiquiátrico usando o “Teatro da 
Espontaneidade”, criou o Teatro Terapêutico, que depois foi chamado “Psicodrama Terapêutico”. Em 
1925, emigrou para os EUA, onde, dois anos depois, fez a primeira apresentação do Psicodrama fora 
da Europa. Em 1931, introduziu o termo Psicoterapia de Grupo e esse ficou sendo considerado o ano 
verdadeiro do início da Psicoterapia de Grupo científica, embora as fundamentações e asexperiências 
tenham iniciado em Viena (ALMEIDA, GONÇALVES e WOLFF, 1988).
A palavra “Drama” significa “ação” em grego e, nesse sentido, o Psicodrama pode ser definido como 
uma via de investigação da alma humana mediante a ação. O Psicodrama consiste em um método de 
pesquisa e intervenção nas relações interpessoais, nos grupos, entre grupos ou de uma pessoa consigo 
mesma. O objetivo se relaciona a mobilizar para vivenciar a realidade a partir do reconhecimento 
das diferenças e dos conflitos e facilita a busca de alternativas para a resolução do que é revelado, 
expandindo os recursos disponíveis. Tem sido amplamente utilizado na educação, nas empresas, nos 
hospitais, na clínica, nas comunidades.
O Psicodrama é uma parte de uma construção muito mais ampla, criada por Jacob Levy Moreno, a 
Socionomia. Na verdade, a denominação da parte foi estendida para o todo e, quando as pessoas usam o 
termo Psicodrama, estão, geralmente, se referindo à Socionomia – ciência das leis sociais e das relações, 
que se caracteriza fundamentalmente por seu foco na intersecção do mundo subjetivo, psicológico e do 
mundo objetivo, social, contextualizando o indivíduo em relação às suas circunstâncias. Divide-se em 
três ramos: a Sociometria, a Sociodinâmica e a Sociatria; que guardam em comum a ação dramática 
como recurso para facilitar a expressão da realidade implícita nas relações interpessoais ou para a 
investigação e a reflexão sobre determinado tema.
A Sociometria, por meio do teste sociométrico, mensura as escolhas dos indivíduos e 
expressa-as por meio de gráficos representativos das relações interpessoais, possibilitando a 
compreensão da estrutura grupal.
A Sociodinâmica investiga a dinâmica do grupo, as redes de vínculos entre os componentes 
dos grupos.
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PROCESSOS GRUPAIS
A Sociatria propõe-se à transformação social, à terapia da sociedade.
A Sociodinâmica e a Sociatria têm objetivos complementares e utilizam-se das mesmas técnicas: o 
Psicodrama, o Sociodrama, o Role Playing, o Teatro Espontâneo, a Psicoterapia de Grupo. Como técnicas, a 
diferença entre o Psicodrama e o Sociodrama consiste em que no primeiro o trabalho dramático focaliza o 
indivíduo – embora sempre visto como um ser em relação – e, no segundo, focaliza o próprio grupo.
De acordo com a FEBRAP – Federação Brasileira de Psicodrama (http://www.febrap.org.b, 2016), a 
transformação social e o trabalho com a comunidade eram o grande sonho de Moreno. No começo 
do século XX, ele buscava relacionar-se com crianças e adultos nas praças e nas ruas de Viena, 
estimulando-os a descobrirem novas formas de estar no mundo. A filosofia do momento, que embasa 
a teoria e a prática psicodramática, foi sendo configurada por meio de sua observação do potencial 
criativo do ser humano. Desde então, o Psicodrama vem se transformando, desenvolvendo-se como 
teoria e como prática. Profissionais da área clínica adaptaram-no para o atendimento processual em 
consultório, muitas vezes em um enquadre de psicoterapia individual, trazendo novas contribuições 
para a teoria psicodramática do desenvolvimento emocional e para a compreensão da psicopatologia, 
assim como para a configuração de modelos referenciais na compreensão da experiência emocional 
humana e dos grupos. Nesse contexto, mais comumente, a expressão de impedimentos e conflitos 
envolve tensão, agressividade e, principalmente, o reconhecimento e o acolhimento da dor psíquica.
A prática psicodramática, em suas inúmeras modalidades, começa pelo envolvimento das pessoas 
com o tema ou com a experiência a ser vivenciada, por meio de lembranças ou histórias do cotidiano 
dos indivíduos e/ou das organizações. Cabe ao diretor manejar as técnicas psicodramáticas, como 
recursos de ação, para garantir o envolvimento do grupo e a escolha da cena protagônica, que refletirá 
a experiência dos presentes. Ele vai convidando todos para participarem na criação conjunta do enredo, 
favorecendo a emergência da realidade grupal.
Nesse sentido, o Psicodrama é facilitador da manifestação das ideias, dos conflitos sobre um tema, dos 
dilemas morais, impedimentos e possibilidades de expressão em determinada situação. Fundamentado na 
teoria do momento e no princípio da espontaneidade, promove a participação livre de todos e estimula 
a criatividade na produção dramática e na catarse ativa. Finaliza-se com os comentários, inicialmente 
dos participantes da cena e depois do grande grupo, com a identificação da realidade que acaba de ser 
vivenciada e com o levantamento de soluções possíveis para as questões abordadas.
Nas atividades desenvolvidas no âmbito social, buscam-se soluções práticas e reais para os 
problemas, contribuindo para a descoberta de alternativas que promovam o desenvolvimento 
sustentável nas comunidades.
O principal objetivo da ação dramática é favorecer aos membros do grupo a descoberta da riqueza 
inerente em vivenciar plenamente o status nascendi da experiência grupal, participando com a maior 
honestidade possível no momento. Dessa maneira, os participantes recriarão no grupo seus modelos 
de relacionamento, confrontando e sendo confrontados com as diferenças individuais, condição 
necessária para apreenderem a distinção entre sua experiência emocional e a dos outros, sendo cada 
um deles agente transformador dos demais. O Psicodrama vem expandindo suas fronteiras, ampliando 
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a diversidade de experiências de intervenção psicossocial. Acompanhando essa expansão, a produção 
científica tem procurado aprofundar as questões provocadas por essa prática renovada (http://www.
febrap.org.br/psicodrama/default.aspx?idm=20, acessado em 01/02/2016).
Contribuições teóricas: Piaget
Jean Piaget nasceu em 1896 e faleceu em 1980, renomado psicólogo e filósofo suíço, conhecidopor seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Piaget passou grande parte de sua carreira 
profissional interagindo com crianças e estudando seu processo de raciocínio, obtendo com isso um 
significativo impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia. Piaget, aos 11 anos de idade, publicou 
seu primeiro trabalho sobre sua observação de um pardal albino, estudo que é considerado o início de 
sua brilhante carreira científica. Ele frequentou a Universidade de Neuchâtel, onde estudou Biologia e 
Filosofia, recebendo seu doutorado em Biologia em 1918, aos 22 anos de idade.
Após se formar, Piaget foi para Zurich, onde trabalhou como psicólogo experimental. Lá, ele 
frequentou aulas lecionadas por Jung e trabalhou como psiquiatra em uma clínica, experiências que 
muito o influenciaram em seu trabalho. Ele passou a combinar a psicologia experimental, que é um 
estudo formal e sistemático, com métodos informais de Psicologia: entrevistas, conversas e análises 
de pacientes. Em 1919, Piaget mudou-se para a França, onde foi convidado a trabalhar no laboratório 
de Alfred Binet, um famoso psicólogo infantil que desenvolveu testes de inteligência, padronizados 
para crianças. Piaget notou que crianças francesas da mesma faixa etária cometiam erros semelhantes 
nesses testes e concluiu que o pensamento lógico se desenvolve gradualmente. Foi, então, em 1919, 
que Piaget iniciou seus estudos experimentais sobre a mente humana e começou a pesquisar também 
sobre o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Seu conhecimento de Biologia levou-o a enxergar 
o desenvolvimento cognitivo de uma criança como sendo uma evolução gradativa. Jean Piaget 
revolucionou as concepções de inteligência e de desenvolvimento cognitivo partindo de pesquisas 
baseadas na observação e em entrevistas que realizou com crianças. Buscando analisar as relações 
que se estabelecem entre o sujeito que conhece e o mundo que tenta conhecer, considerou-se um 
epistemólogo genético porque investigou a natureza e a gênese do conhecimento nos seus processos 
e estágios de desenvolvimento. Em 1921, Piaget voltou à Suíça e tornou-se diretor de estudos no 
Instituto J. J. Rousseau da Universidade de Genebra, buscando observar crianças brincando e registrando 
meticulosamente palavras, ações e processos de raciocínio delas. As teorias de Piaget foram, em grande 
parte, baseadas em estudos e observações de seus filhos que ele realizou ao lado de sua esposa. Piaget 
lecionou em diversas universidades europeias, dentre elas a Universidade de Sorbonne (Paris, França), 
onde permaneceu de 1952 a 1963. Até a data de seu falecimento, Piaget fundou e dirigiu o Centro 
Internacional para Epistemologia Genética. Ao longo de sua brilhante carreira, Piaget escreveu mais de 
75 livros e centenas de trabalhos científicos. Piaget desenvolveu diversos campos de estudos científicos: a 
psicologia do desenvolvimento, a teoria cognitiva e o que veio a ser chamado de epistemologia genética, 
as quais tinham o objetivo de entender como o conhecimento evolui. Piaget parte do pressuposto de 
que o conhecimento evolui progressivamente por meio de estruturas de raciocínio que substituem 
umas às outras por meio de estágios. Isso significa que a lógica e formas de pensar de uma criança são 
completamente diferentes da lógica dos adultos.
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PROCESSOS GRUPAIS
A essência do trabalho de Piaget ensina que ao observarmos cuidadosamente a maneira com que 
o conhecimento se desenvolve nas crianças, podemos entender melhor a natureza do conhecimento 
humano. Em sua teoria identifica os quatro estágios de evolução mental de uma criança, sendo que 
cada estágio é um período onde o pensamento e o comportamento infantil é caracterizado por uma 
forma específica de conhecimento e raciocínio: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e 
operatório formal.
A capacidade de adaptar-se para Piaget é o processo de funcionamento do organismo a uma nova 
situação e, como tal, implica a construção contínua do modo como as partes ou elementos se relacionam, 
e que determina as características ou o funcionamento do todo. Essa adaptação refere-se ao mundo 
exterior, como toda adaptação biológica. De tal forma, indivíduos progridem intelectualmente a partir do 
ato de exercitar e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam. Ramozzi-Chiarottino citado por Chiabal 
(1990) diz que o que vale igualmente dizer que a inteligência humana pode ser praticada, buscando um 
aperfeiçoamento de potencialidades, que passam gradativamente de um estado a outro desde o nível mais 
primitivo da existência, caracterizado por trocas bioquímicas até o nível das trocas simbólicas.
Para Piaget, o comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de condicionamentos. Para 
ele, o comportamento é construído em uma interação entre o meio e o indivíduo, sendo caracterizada 
como uma teoria interacionista. A inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, portanto, 
está relacionada com a complexidade dessa interação do indivíduo com o meio. Em outras palavras, 
quanto mais complexa for essa interação, mais “inteligente” será o indivíduo. As teorias piagetianas 
abrem campo de estudo não somente para a psicologia do desenvolvimento, mas também para a 
Sociologia e para a Antropologia, além de permitir que os pedagogos tracem uma metodologia baseada 
em suas descobertas. A adaptação intelectual se constitui, então, em um “equilíbrio progressivo entre 
um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar”. Piaget situa o problema epistemológico 
no âmbito de uma interação entre o sujeito e o objeto. De acordo com Piaget (1982), essa dialética 
resolve todos os conflitos nascidos das teorias, associacionistas, empiristas, genéticas sem estrutura, 
estruturalistas sem gênese e permite seguir fases sucessivas da construção progressiva do conhecimento.
O construtivismo piagetiano analisa os processos de desenvolvimento e aprendizagem como 
resultados da atividade do homem na interação com o ambiente. Para explicar tal interação, Piaget 
citado em Goulart (1983) propõe alguns conceitos centrais como: assimilação, acomodação e adaptação.
A assimilação é considerada como a incorporação dos dados da realidade nos esquemas disponíveis 
no sujeito, ou seja, o indivíduo assimila tudo o que ouve, transformando isso em conhecimento próprio. 
“No processo de acomodação, o sujeito modifica os esquemas para internalizar os elementos novos. 
Do equilíbrio desses dois processos ocorre uma adaptação ao mundo cada vez mais adequada e uma 
consequente organização mental” (GOULART, 1983).
Piaget (1982) apresenta o pressuposto de que a inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo 
em função de interações sociais que são, em geral, negligenciadas. Porém, apesar de tal afirmação, Piaget 
não se deteve sobre essa questão do papel dos fatores sociais no desenvolvimento humano, e sim das 
influências e das determinações dessa mesma interação sobre a inteligência do ser humano.
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As observações de Piaget põem em foco as condições intelectuais que tornam a pessoa capaz de 
cooperar e explicam o efeito da cooperação na formação de sua mente. A estruturação do pensamento 
em agrupamentos e em grupos móveis permite que cada indivíduo adote múltiplos pontos de vista. Outro 
tipo de comportamento que a atividade grupal desenvolve, segundo a linha de Piaget, é chamado de 
reciprocidade. No momento em ocorre contribuições de ajuda mútua, colaboração. O indivíduo raciocina 
com mais lógica quando discute com os outros, em reciprocidade (MINICUCCI, 1997). Para o autor,o 
indivíduo raciocina com mais lógica quando discute com outro, pois, frente ao companheiro, a primeira 
coisa que procura é evitar a contradição. Por outro lado, a objetividade, o desejo de comprovação, a 
necessidade de dar sentido às palavras e às ideias são não só obrigações sociais, como também condições 
de pensamento operatório (MINICUCCI, 1997).
Mediante experiências em grupo, o indivíduo aprende que, ante algo objetivo, pode-se adotar 
diferentes pontos de vista correlatos e que as diversas observações extraídas não são contraditórias, 
mas complementares. O indivíduo que intercambia em grupo suas ideias, com seus semelhantes, tende a 
organizar de maneira operatória seu próprio pensamento, portanto, o grupo favorece o desenvolvimento 
do chamado pensamento operatório (MINICUCCI, 1997).
Considerando esses conceitos centrais, o educador deve tornar a atividade grupal proporcional ao 
nível de desenvolvimento cognitivo dos alunos, não podendo ir além das suas capacidades, nem os 
deixar agindo sozinhos, uma vez que se busca que o sujeito seja capaz de formar esquemas conceituais 
de conteúdos com flexibilidade de pensamento, estimulando-se a reflexão e a construção de conceitos 
e princípios ao interagir com o outro.
Contribuições teóricas: Pichón-Revière
Enrique Pichon Rivière nasceu em Genebra (1907), tendo migrado para Buenos Aires em 1977, sendo 
um médico psiquiatra e psicanalista suíço, nacionalizado argentino. A técnica dos grupos operativos 
começou a ser sistematizada por Enrique Pichon-Rivière a partir de uma experiência no hospital de 
Las Mercedes, em Buenos Aires, por ocasião de uma greve de enfermeiras. Essa greve inviabilizaria 
o atendimento aos pacientes portadores de doenças mentais no que diz respeito à medicação e aos 
cuidados de uma maneira geral. Diante da falta do pessoal de enfermagem, Pichon-Rivière propõe, 
para os pacientes “menos comprometidos”, uma assistência para com os “mais comprometidos” e a 
experiência foi muito produtiva para ambos os pacientes, os cuidadores e os cuidados, por ter havido 
maior identificação entre eles e pôde-se estabelecer uma parceria de trabalho, uma troca de posições 
e lugares, trazendo melhor integração. Pichon-Rivière começou a trabalhar com grupos na medida 
em que observava a influência do grupo familiar em seus pacientes. Sua prática psiquiátrica esteve 
subsidiada principalmente pela Psicanálise e pela Psicologia Social, sendo ele o fundador tanto da Escola 
Psicanalítica Argentina (1940), como do Instituto Argentino de Estudos Sociais (1953). Para o autor, o 
objeto de formação do profissional deve instrumentar o sujeito para uma prática de transformação 
de si, dos outros e do contexto em que estão inseridos, defendendo a ideia de que aprendizagem é 
sinônimo de mudança, na medida em que deve haver uma relação dialética entre sujeito e objeto e não 
uma visão unilateral, estereotipada e cristalizada.
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A aprendizagem centrada nos processos grupais coloca em evidência a possibilidade de uma 
nova elaboração de conhecimento, de integração e de questionamentos acerca de si e dos outros. A 
aprendizagem é um processo contínuo em que comunicação e interação são indissociáveis, na medida 
em que aprendemos a partir da relação com os outros. A técnica de grupo operativo consiste em 
um trabalho com grupos, cujo objetivo é promover um processo de aprendizagem para os sujeitos 
envolvidos, por meio de uma leitura crítica da realidade, uma atitude investigadora, uma abertura para 
as dúvidas e para as novas inquietações. Nesse conceito, a constituição do sujeito é marcada por uma 
contradição interna: ele precisa, para satisfazer as suas necessidades, entrar em contato com o outro, 
vincular-se a ele e interagir com o mundo externo. Desse sistema de relações vinculares emerge o 
sujeito, sujeito predominantemente social, inserido em uma cultura, em uma trama complexa, por meio 
da qual internalizará vínculos e relações sociais que vão constituir seu psiquismo.
Para Pichon-Rivière (1988), a teoria do vínculo tem um caráter social na medida em que compreende 
que sempre há figuras internalizadas presentes na relação, quando duas pessoas se relacionam, ou seja, 
uma estrutura triangular. O vínculo é bicorporal e tripessoal, isto é, em todo vínculo há uma presença 
sensorial corpórea dos dois, mas há um personagem que está interferindo sempre em toda relação humana, 
que é o terceiro. Nesse sentido, vínculo é uma estrutura psíquica complexa. O circuito vincular tem direção 
e sentido, tendo um porquê e um para quê. Quando somos internalizados pelo outro e internalizamos o 
outro dentro de nós, podemos identificar o estabelecimento do vínculo de mútua representação interna. 
Considera-se que esse vínculo consiste em uma estrutura complexa de relação que vai sendo internalizada 
e que possibilita ao sujeito construir uma forma de interpretar a realidade própria. Na vivência com os 
outros, nós nos constituímos por meio de uma história vincular que vai se tecendo nessa relação. Assim, o 
grupo operativo é considerado como uma estrutura operativa que possibilita aos integrantes meios para 
que eles entendam como se relacionam com os outros (GAYOTTO, 1992).
Atividades recomendadas:
1. Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, observando as origens históricas dos estudos de 
Moreno, Piaget e Pichón-Revière sobre grupos e a relevância do escopo teórico desenvolvido por 
eles.
2. Procure identificar as nuances diferenciais entre os autores.
3. Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
“Todo conjunto de pessoas, ligadas entre si por constantes de tempo e de espaço e articuladas por 
sua mútua representação interna, coloca-se explícita ou implicitamente na tarefa que constitui sua 
finalidade.”
Essa síntese constitui um pensamento do autor:
a) Levy Moreno.
b) Félix Guattari.
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Unidade I
c) Pichon-Rivière.
d) Jean Piaget.
e) Gregorio Baremblit.
Se você compreendeu adequadamente a proposta teórica apresentada por Kurt Lewin, assinalou 
a alternativa c. As demais alternativas não correspondem à definição de grupo apresentada no 
enunciado. A definição faz menção à tarefa como finalidade do grupo, fator explicitamente ressaltado 
por Pichón-Revière e não pelos demais autores.
Módulo 4: ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE GRUPOS-2
Leituras obrigatórias:
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo, teorias e sistemas. São Paulo: Atlas, 2007.
Leitura para aprofundamento:
MINICUCCI, A. Técnicas do trabalho de grupo. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
Nesse momento vamos identificar algumas das principais abordagens teóricas que estudaram e 
desenvolveram um compêndio teórico e prático sobre a dinâmica grupal.
Dentre eles, ateremo-nos neste módulo às contribuições teóricas de Schutz e à avaliação dos 
fenômenos da interação humana em grupos de Bales.
Contribuições teóricas: Schutz
Will C. Schutz foi um estudioso das dinâmicas de grupos e desenvolveu ao longo de 30 anos suas 
pesquisas sistemáticas, realizando novas experiências sobre o fenômeno estudado por Kurt Lewin.
Schutz (1958) destacou as implicações de suas descobertas como a interdependência e a estreita 
correlação que existe em todo grupo de trabalho entre seu grau de integração e seu nível de criatividade. 
O autor também considera as dimensões de dependência e interdependência como fatores centrais de 
compatibilidade de grupo, indicando que o determinante estratégico de compatibilidade é a dosagem 
específica

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