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UN IVERS IDADE D E SAO PAULO FACULDADE D E FII^)S( ) I - IA, L E T RA S E C I ^NC IAS HLIMAN,\ UNIVKRS IDAD D E B U ENOS A IK FACULTAD D E FiLosoFiA V L in H Diretora Sandra Margarida Nitrini Vice-Diretor Modesto Florenzano Deun Hectnr Hugo Trinchiri Vicetieait!., Ana Maria Zubifi.i Dcpartamenio de (ieografia Instituto de Geografia Romualdo Ardiss< Chefe: Andre Roberto Martin Dmclor: Jorge Blaiio, Vict-cbefe: Antonio Colängelo Departamento de (leografui Director: Luis Domingikv Programa de Pos-Ciradua^äo em Cleografia [ iumana Coordenadora: Mönica Arroyo Vice-coordetiadora: Rita de Cässia Ariza da Cruz Maestria en Pob'ticas Ambientales y Territoriak-v Director: Pablo Ciccolella HUMANITAS Presidente Francis Henrik Aubert Vice-Presidetile Mario Miguel Gonzalez S/ihsecrefario de PublicacioiK. Rüben Mario Calnul- Prosecretario de Publicacioih Matl'as Cord' i Proibida a reprodu^äo parcial ou integral dcsta obra por qualquer meio elcirönictj, mccänic», inclusivc por proccsso xerogrä- fico, scm permissäo expressa do cditor {Ld n". 9.610, de 19/02/1998). Hl 'MAMl \ Rua do I.ago, 717 - Od. Univer<ii!in.i 055O8-0S() - Säo Paulo - SP - \SrA~-\\ Telefax: 309l-: 'i :i ' e-mail: editorahuinaiiitas@us]^ l>r http://vi-ww.editorahumaniias.coni.l>t R)i feito o depösito legal na Biblioteca Nacional (l-ei n" 1.825. de 20/12/1907) Impresso no Brasil / Printed in Bra^iJ Maio 2011 Orgam^adoras Mönica Arroyo Perla Zusman ARGENTINA E BRASIL: possibilidades e obstäculos no processo de integrogöo territorial S ä o P a u l o , 2 0 1 0 MERCOSUL: REDEFINigÄO DO PACTO TERRITORIAL V INTE ANOS DEPOIS Mönica Arroyo* Introdugäo Al em de uma tendencia ä_ formac^äo do mein tecnico-cienti'fico i n - formacional, o cspago geogräflco do f im do scculo X X caractcriza-sc pcla l ^ f o rm a ^ ä o dos territörios nacionais emespaqos nacionais da economia internaci()naITSänros: 1994), ja c]uc sc criam condi^öes para que fluxos de ji ^ in£orniat,:ät) e fmancciros perpassem as fronteiras nacionais scm mu i t o s f (^staculos; o mcsmo acontccc com o comercio e os investimentos dirc- (i^' tos, mediante estabelecimento de acordos gerais ou bilaterais de liberäli- \ za^äo econömicn. Tsso se traduz em um aumento da tluidez e porosidadc dos territörios: tanto mediante o melhoramcnto dos sisrcmas de enge- \ nharia existentes em cada pais - principalmen't'e"aqueles \s aos ; Transportes e äs telecomunica^öes - , quanto p o r me i od e unia regula^äo , V politica e economica que est imulaa abertura comercial e financeira. "~ J Nesse contexto, aparecei^f^progosta^de criac^äo de zonas de livre '^^omercio uniöes aduaneiras e nyrcados comuns a oartir do agrupamen- tic paises, pr incipalmente vizinhos. Trata-se de arranjos poli'ticos ba-" I^rofessora Doutora do Departamento de Geografia, Faculdade de Filo- ^ofia, Letras e Ciencias Humanas, Universidade de Säo Paulo (Brasil). 60 *igeados na cria^äo de uma norma c omum, mediante a assinatura de u i j , tratado. Estas tentativas de constru^äo de novas entidades regionais tun d o n am sobre uma soiidariedade inst imcional e organizacional, alem tlas fronteiras nacionais, obt ida mediante a circula^äo, o intercämbio e a sua ^regula9äo, e sustentada por uma contiguidade terr i torial . Esses vinculos reciprocos entre os paises foram denominados nos anos 1990 como "regionalismo aberto", isto e, um processo de crescentc interdependencia economica a nivel regional, impulsionado tanto por acor- dos prctercnciais de intcgrac^äo como por outras politicas, em um contcxrc i de abermra e desregulamenta^äo. Desse modo , c om o "regionalismo aber- 1 t o " pretende-se conciliar uma melhor inser^äo internacional c om um apro- fundamento dos nexos de interdependencia entre os paises da regiäo, HH diante politicas que sejam compatfveis com aquelas tendentes a elevar u competit ividade internacional , complementando-as (Rosenthal: 1994). O Interesse associativo destas iniciativas näo e contraditörio ou exciudente em rela^äo ä tendencia ä globalizacpäo. A o contrario, ambo^ decorrem da necessidade cada vez mais presente da cria^äo de mercados ampliados. Os espa^os nacionais deixam de ser o /ofÄ/privilegiado para o processo de acumula^äo e, por tanto , os governos nacionais facilitam a amplia^äo do espa^o de realiza^äo das mercadorias c om maior abertura da economia. Novos processos de regionaliza9äOj superpostos a outros ja exis- tentes no inter ior de cada pais, come^am a se delinear no mapa do mun- do. Geralmente, quando se pensava na regiäo em termos de gestäo ou planejamento, partia-se de uma base escalar bem delimitada^j^cii^unscriia aos limites do Estado-na^äo. As regiöes subnacionais assim definidas, portanto , eram produ to de uma regionaliza^äo dent ro de um Estado tLi- r i torial . Atualmente, ao estar o territörio atravessado e condicionado cada vez mais por uma mult ipl ic idade de f luxos estendidos alem de suas fron- teiras, näo somente torna-se necessärio esclarecer o alcance do tcrmo " reg ional " , mas tambem considerar que as potencialidades e limitac,^"-'^ daquelas antigas regiöes se redimensionam. Isso significa que a rcgi : ' " ' c omo recorte espacial determinado a part ir de uma escala intranacional^ inc lui novos elementos na arücula9äo dos processos sociais nela descn- volvidos. Elementos que, longe de serem externos ä regiäo, passam a ser parte dela, sobretudo para sua gestäo. Os agentes envolvidos precisam ponderar, mais do que em periodos anteriores, a dimensäo internacioi^-^' como parte de suas estrategias. 61 Essa novä regionaliza^äo, processo de natureza po l i t i ca -normat i - contem uma intencionalidade mcrcant i l e, ao mesmo tempo, uma ^'t'encionalidade simbölica. O discurso dos governos nacionais impl ica- Tos pror"^*^*^ ^ amplia^äo do espa^o de realiza^ao das mercadorias, e apre- enta essa proposta como possibilidade de superar os problemas econömi- internos e como a forma mais eficiente de integrar o pais ao mundo. Säo simbolos que muitas vezes nao j l e i xam ver a decisäo polit ica que os j^otiva e cujo contcudo deveria ser objeto de preocupa^äo e debate. Näo e a mes^^ coisa um projeto que implique uma abermra irrestrita, orientada ^^^ic^inente pelos mecanismos do mercado, e no qual so se beneficiam os ggentes e regiöes mais concentrados, aqueles que ja detem um importantc controle da economia; o u ^ m projeto preocupado com o desenho de po l i - (j^55*puElIcas que procurem pensar e amar em fun^äo do coletivo, inc lu in- articulando, unindo, combatendo as desigualdades söcio-espaciais. Por ou t ro lado, um processo de integra^äo terr i tor ia l nao se reduz a um acordo de livre comercio ou a uma uniäo alfandegäria, nem se l imi ta a estreitar la^os econömicos e poli'ticos entre paises vizinhos. Pode alcan- ^ar, embora parcialmente, esses objetivos, mas tambem pode i r alem, contribuindo para aproximar popula^öes, aprofundar o conhecimento mütuo, eliminar preconceitos, adensar a teia de rela^öes horizontais pre- existentes. Talvez seja este o melhor r umo que atualmente possamos atr ibuir ao Mercosul, depois de quase vinte anos de existencia. Neste artigo, p r o - pomos primeiramente delinear um esbo^o de periodiza^äo c om o p ro - pösito de apresentar a trajetöria do Mercosul , fundamentalmente a part i r da dinämica introduzida pelos governos nacionais. Analisamos, em se- gundo l u g a i ^ ^ cs t ra tems das grandes empresa^e seu papcl na interna- ' cionaiiza^ät) dos territörios, para tlnali/ar c om uma retlexäo sobre os possiveis conteüdos que um processo de integra^äo pode ganhar. A ititegragäo regional em dois tempos O processo de integra^äo do Mercosul pode ser d iv id ido em dois^<irnentos': um pr imei ro que compreende o peri'odo entre 1991 e 2002, 1 Existem vänos trabalhos com propostas de periodiza^äo da trajetöria • do Mercosul (Hoffmann et aL: 2008; Bernal Meza: 2008; Gomes Saraiva: 2008). 62 ()s: durante o qual a enfase e dada fundamentalmente ao aspecto comercial e um segundo que se delineia a part i r de 2003, em um contexto de critiea^ ao neoliberalismo e de redefini^ao dos pactos territoriais. Iniciativas contrapostas retratam o ambiente predominante , na escala continental , em cada um desses momentos . E m 1994, na I Cüpula das Americas, os Estados Unidos propuseram a negocia^äo de uma Arca de Livre Comerc io das Americas ( ALCA ) que incluir ia a l ivre circula9af) de bens; a liberaliza9äo dos servi90s; a l ivre circula9äo de capitais finan- ceiros e de invesdmentos diretos; a ado9äo de regras cotnuns sobre pro. priedäde intelectual, mas que näo previa o livre comercio para produtos agricolas nem a livre circula9äo de pessoas. Dez anos mais tarde, cm 2004, a Venezuela lan90u a Alian9a Bolivariana (ALBA ) para a America, em contraposi9äo ä A L CA , e que propöe a celebra9äo de acordos de: comercio e de coopera9äo economica entre os paises que a constituem: Venezuela, Cuba, Equador , Bol iv ia , Domin i c a , Ant igua e Barbuda, Nica- ragua, Säo Vicente e Granadinos. E m 2008, cria-se a U N A S U L (l 'niao das Na9oes Sul-Americanas) formada por doze paises sul-american Argent ina , Brasil, Uruguai , Paraguai, Bol ivia , Co lombia , Equador, l Chile, Guiana, Suriname e Venezuela. Estas duas ültimas iniciativas prn i - legiam os processos de integra9äo regional ao inves dos tratados de li\- comercio (tanto na escala cont inental quanto de caräter bilateral), pro- postos pelos Esta^os Unidos . O primeiro momento N o inic io dos anos noventa, a proposta de associa9äo enrrc paises do Cone Sul acontece em um contexto histörico particular para o continente latino-americano. O modelo de substitui9äo de importaco^S im_plejnentado em grande parte dos paises da Amer ica Latina no pcru HIO pös:guerra, havia acelerado um processo de industrializa9äo que csia\'i destinado a satisfazer quase exclusivamente as necessidades do merc;ulo interno. "Crescimento endögeno" e "desenvolvimento para dentro ' cian' ' os pilares centrais desse modelo , que se justificava basicamcntc a p^^'" ^ eme rg en c i a das classes medias, voltadas a um consumo cada vc/ ' diversificado. O papel ativo do Estado teve uma importäncia "^ '^^ '^ '^ ^^ nesse processo, j r ives t indo em obras de infraestrumra, expandind" servi9os püblicos, p roduz indo bens. - . 63 JVlas no fim do seculo, f o i se i m p o n d o um discurso neoliberal c om ' j-as criticas ao "Estado desenvolvimentista" e c om uma propaganda "^^oz gabando as bondades do mercado. O modelo de substitui9äo de t)rta9Öes e trocado por um modelo de abertura economica unilateral, combate todo tipo de prote9ao c p romove o livre mov imen to de ^ £ capitais, Buscando uma adequa9äo dos aparatos rcgulatörios a essa ,'3 realidade. Essa abertura economica näo se rcsrringc exclusivamente ämbito comercial ; ela tambem busca eliminar as rcsiri9Öes ao mov i - j^ento de capitais, cr iando as condi9Öes economicas e politicas para au- tnentar o f luxo de investimentos estrangeiros diretos. Dessa f o rma , o rocesso de clabora9äo de normas e de sua aplica9äo transforma-se em utn elemento central para criar uma atmosfera atraente aos investidores mais dinämicos. U m exemplo , nesse sentido, säo os programas de privatiza9Öes das empresas püblicas que, c om diferentes r i tmos, se i m - pöem em todos os paises latino-americanos. A redefini9äo do aparelho normat ivo a part i r das exigencias do mercado e uma demonstra9äo da op9äo dos Estados por oferecer espa- ?os regulados economicamente, a fim de garantir a aloca9äo de recursos. Näo se trata de um Estado ausente, mas sim de um ou t ro Estado, subme- tido äs exigencias do mercado. Trata-se de um mercado aberto, sem f r on - teiras, que considera a inser9äo internacional como a pr incipal f o rma de atingir o desenvolvimento economico. E nesse contexto que aparecem (ou reaparecem), na Amer ica La- una, varias iniciativas de associa9äo entre paises vizinhos. Destaca-se, alem do Mercosul, o Pacto And ino , o Mercado C omum Centro Amer i cano e o Tratado de L ivre Comerc io do G r up o dos Tres (Colombia , Mex i co e Venezuela); todos esses acordos, embora visem preferencialmente a uma ^aior aproxima9äo comercial entre paises pröximos, säo precedidos pela ^do9äo de politicas unilaterais de liberali2a9äo, a part ir do modelo de abertura economica. Nesse momento , o Interesse dos governos pela i n - ^^ ^^ 930 de cada pais na economia mundia l t em mais importäncia do que a P^ocura por uma estrategia regional como meta final. ,^ ^ pon to de vista da constru9äo de uma engenharia inst i tucional , ,^ '^atado de Assun9äo de f in iu u m fo rma to baseado ^ m organismos ^j^^^^^^^tnamentais encarregados das negocia9Öes, das decisöes e da '^ On'^ -^ '^^ de medidas que c on f o rmam o processo de integra9äo. Näo se ^^nt'^'^^^ orgäos supranacionaiSj integrados por funcionarios indepen- ^ S^e, no exercicio de suas fun9Öes e alem de näo depender nem 64 receber instru^öes dos respectivos governos, pudessem adotar norm^ juridicas diretamente aplicäveis ao ordenamento jur idico interno de caj^ um dos söcios, como acontece na integra^äo europeia. As decisöes intergovernamentais säo encaminhadas por dois or gäos: o Conselho do Mercado C omum e o G r upo Mercado Comum. ( pr ime i ro estä f o rmado pelos ministros das Rela9Öes Exteriores e da I .c, notnia dos quatro paises membros , e atua como örgäo superior du con du^äo poli t ica, devendo reunir-se ao menos uma vez por ano com a prc sen^a dos respectivos presidentes; suas decisöes säo tomadas por consens e c om a presenga dos representantes de todos os Estados-partes, apU cando a regra de unanimidade^. O G r u p o estä f o rmado por representan tes dos ministerios de Rela^öes Exteriores, da Economia e dos Hanc Centrais e atua como örgäo executivo, que zela pelo cumprimento (]o Tratado e eleva propostas ao Conselho, entre outras fun^öes. O Protocolo de Ou r o Preto, em dezembro de 1994, contnnia a existencia desses dois örgaos, c om suas respectivas composi^äo c fuii- göes, e acrescenta os seguintes: Comissäo de Comerc io ; Comissäo Parla- mentär Conjunta ; Foro Consul t ivo Economico Social e Secretaria Adini- nistrativa. A Comissäo de Comerc io estä subordinada ao G rupo Mercado Comum , cumpr indo um papel central na implementa^äo da tarifa cxtcr- na c omum e na gestäo do sistema de solu^äo de controversias, alem de zelar pelos outros instrumentos de pol i t ica comercial c omum. A (Comis- säo Parlamentär deve estudar os projetos dos acordos especificos nego- ciados pelos Estados-partes, antes de seu envio a cada Poder Legislaiivo para seu tratamento, e transmit ir suas recomendagöes aos Poderes i->;e- cutivos. O Foro, composto por representantes da sociedade civil dos quatro paises, t em flin^öes consulüvas. O sistema de solu^äo de disputas estä submetido, tambem, a dina mica intergovernamental , sem um örgäo jurisdicional c omum, a ditcri-ij 9a da Uniäo Europeia que t em jurisdi^äo pröpria e a Corte. N o cas<' existir divergencias entre os Estados-partes, elas se d i r imem por \^ ^ plomätica atraves de negociagöes diretas, da interven^äo do Grup«' • cado ( x i m um e, por Ult imo, do procedimento arbitral . O modelo adotado pela Uniäo Europeia e misto, englobando decist"-^ por consenso (no caso de reformas constitucionais, entrada de '^ "^ ^^ ^^ membros), por maioria simples (decisöes administrativas) e pt"" ^ ponderado (decisöeseconomicas). 65 Apös a formula^äo do Tratado de Assun^äo, que aspirava, em for - jnibiciosa, ä consdtui^äo de um mercado c omum, fo i necessärio i n - l^u z i r certas altera^öes no esquema normat ivo inicial, atingindo, em um rmeiro momento , a forma^äo de uma ärea de livre comercio completada, ^^^alft iente, em dezembro de 1994; e, pos ter iormente , a cria^äo de ^ a uniäo alfandegäria que come^ou a funcionar , em f o rma imper fe i - etn Janeiro de 1995. A liberaliza^äo tarifäria in t razonal completou-se em 1^^^ ' ^ ^ ^^S*^ ""^ ^ ^ implanta^äo, embora incompleta , de uma tarifa externa comum. Este pr imei ro periodo, durante o qual e constituida a engenharia institucional fundadora do Mercosul , coincide c om uma expansäo dg comercio entre selis paises membros : o vo lume do comercio in trabloco paTs'ä de VS$ 10.201 milhöes, em 1991, para USS 41.074 milhöes, em ]997, um valor quatro vezes maior. Depois dessa expansäo conünua, o volume comercializado entre os paises do Mercosul sofre uma lenta re- dugäo ate 2002, quando cai para USS 20.462 milhöes, 5 0% menos que vcm 1997. Is to se explica fundamentalmente pela crise economica que atravessaram as economias nacionais. E m Janeiro de 1999, o Brasil des- valorizou sua moeda, c om uma repercussäo negativa, part icularmente na Argentina, nos setores produt ivos expostos ä concorrencia de produtos bräsileiros. Como explica Medeiros (2007), "mudangas sübitas nos f l u - xos externos, como a que levou ao colapso da moeda brasileira em 1999 (decorrente da expansäo dos passivos externos), resultou numa contra- 9äo substancial das exporta^öes argentinas para o Brasil , provocando uma amplia9äo da fragilidade do balan^o de pagamentos da Argen t ina " . E m 2001, por sua vez, a Argent ina anunciou medidas emergenciais que au- '^entaram algumas tarifas acima da tarifa externa c omum do Mercosul (eIeva9äo da tarifa sobre os bens de consumo e redu^äo substancial das '"^Porta^öes de bens de capital e produtos de tecnologia e informa^äo P^a os paises de fora do bloco) . E m todos esses anos, houve discrepan- entre os governos, que conduzi ram a uma tensäo diplomätica entre " " l o « paises. 66 O segundo momento . . . , c. U m segundo momen to da integra^äo no Cone Sul advem co mudan^as eleitorais nos governos nacionais^, que se opöein äs idei ' politicas neolibcrais prcdominantcs na dccada de 1 9 9 ^ F s s r n ovo d r o p o l i i i c o s i i l - a n i c r i c a n o t raz um a o u t r a I c i ru rn da in t cg ra^äo rcir j ,*^'^ procurando posi^öes mais autönomas c m r c l a cao Ü O intervencionis'^^^' norte-arngncaxuxx tambem em torui is i n i u r n a c i o u a i s , c omo no cas(' Organiza^äo Mundia l de Comercfö, e c m algumas ncgocia^öes com a^i^ ses emergentes, part icularmente nos casos de diälogo bloco a bloco p sua vez, o 3 ? n ? f " l ^ ^ " ^ ^ ""^^ centralidade na^ol i ' t i cas exteraas dos respectivos paises, c om o in tu i to de construir urnaalianc^a mais pj j - manente nos marcos da pol i t ica regional e internacional . Ha uma retomada He ^^m i^ persDectiva "nac Jona l - fWnvr . ] . - ;^ t i s t a ' l que busca o fortalecimento do mercado in te rno e propöe po l i t i ca . sociais para reduzir a pobreza e a exclusao social, c om um papel at ivo du Estado na procura de uma melhor distribui^äo da renda e no aumcntc > d() invest imento püblico. Os paises experimentam, c om ntmos difercnrcs, um crescimento economico, estimulado pelo ciclo de expansäo gencrali zada da economia mundia l , que se p ro longou ate 2008"*. E nesse contex to , quando surgem iniciat ivas CQinp ALBA c UNA SUL ^ c om o in tu i to de propic iar uma integra^äo terr i tonal C|LK' am Ao longo dos Ultimos dez anos foram eleitos os governos de l i u^o Chävez, na Venezuela; Luiz Inacio da Silva, no Brasil; Nestor e O iMina Kirchner, na Argentina; Tabare Vasquez, no Uruguai; Evo Morak>. n-i Bolivia; Michele Bachelet, no Chile; Rafael Correa, no Equa(.l(H; i- Fernando Lugo, no Paraguai. A crise internacional atingiu diferentemente os paises da America l - ^ i na. Paises de dimensöes medias e grandes, urbanizados e indusrriaii''' dos, como Mexico, Brasil, Argentina, Colombia, Peru, Venezuela c ' l'i ^Ic, foram alcan^ados pela crise, em diferentes graus, com fuga de divi-1^- queda das exporta^öes e do credito externo e contamina^äo pelo paiii^" dos bancos privados nacionais que cortaram o credito e aumentarain ' juros cobrados. Por outro lado, um elevado nümero de pequenos pai-^^ da regiäo foi atingido pela crise internacional de forma mais direra. p ' " ' que esses paises dependem muito mais de produtos importados, pi - " ' ' " pela receita de exporta^äo de um nümero limitado de produtos p rn i " rios, do turismo e da remessa por emigrantes de dinheiro a fami l i ' "^ que residem no pais (Singer: 20Ü9). '.•copo para as esferas economica, social e poli t ica, c om uma plie sfi" ^ ^-^j g coopera^äo maior em assunjQ&-.4e^£d^ica9äo, cultura, i n - ro^f^^'^'* pnerda, ciencias e financas. I^m 2007, cria-se o Banco do '^^ sete paises assinando sua ata de funda^ao: Argent ina, Brasil , Sul, Bob'via, Equador, Paraguai e Uruguai ; seu objet ivo pr incipal e ^TueZ '^^ J integra^äo e conceder credito sem as restri^öes tradicional- '^"^ ^^^ impostas por institui^öes c omo o Banco Mund i a l e o Banco ^^ '^ ^^ ^ -ricano de Desenvolvimento . Funda-se a Telesur, rede lat ino- ^"^^rici'na de comunicac^äo, organizada como um örgäo multiestatal c om ^^lot participa^äo de Venezuela, Argent ina, Cuba, Urugua i e Bol ivia , '^^'^'wm pf''' firialidade ser uma alternativa ao discurs(j ünico das grandes ''^ deias informativas, representando uma pluralidadc de vozes. ^ Podemos d i z ä ^ u e emergem nov( )s je^ional i smos jcom um out ro onteüdo, com uma intencionalidade simh()lica distinta, onde ganham centralidade conceitos cömolgualdade, soiidariedade e justi^a social, per- didos na luta pela competit ividade. Hä, de certo modo , u m avan^o na diregäo de uma ruptura c om o modelo neoliberal , e uma procura de pac- tos territoriais baseados «mj^m maior respeito pelas diversidades^. CN(» ämbito do MercosulJ^destaca-se um avango na engenharia ins- titucional n i ed i an r e a criac^äo, em 2003, da Comissäo de Representantes Permanentes do Mercosul , c om sede em_Montevideu, e cujo presidente rcpresenta o Mercosul frente a terceiros; e lnediar i teT 'const i tuigäo do Parlamento do Mercosul , inaugurado em 2006. Por enquanto, o Parla- mento estä fo rmado por representantes dos parlamentos dos Estados- partes e tem caräter apenas consult ivo, sem nenhuma competencia legis- •ativa^ . Ojncomitantemente criaram-se orgäos para a inclusäo mais efetiva temas como democracia, direitos humanos, emprego, questöes so- '^ais, com o objetivo de ampliar o escopo do projeto de integra^äo; entre '-••es cabe salientar a Reuniäo das Altas Autoridades nas Areas de Dire i tos •dunüanos (2004); o Centro Mercosul de Promo^äo do Estado de D i r e i t o ^ ^'nasul, em seu documento constitutivo, afirma: ^ bistöria com- P^i'tilhada e solidäria de nossas na^öes, multietnicas, plurilingües e mul- ^^'-'Iturais, que tem lutado pela emancipa9äo e pela unidade sulamericana, ^l'nrando o pensamcnto daqueles que forjaram nossa independencia e t-Tdade a favor desta uniäo e da constru^äo de um futuro melhor". '^^ tä previsto que seus integrantes sejam eleitos por sufrägio direto, uni- ^'^^alesecreto. • 68 (2004); G r u p o de A l t o N iv e l para uma Estrategia Mercosul de Crescj mento do Emprego (2004); o Observatörio da Democracia no Me^C()s^j (2007); o Ins t i tu to Social do Mercosul (2007). Cabe registrar, outrossir^^ que o guarani se i n co rporou como um dos idiomas oficiais do Merc()s^l (2006). Mas talvez o avango maior deu-se,em 2004, c om a cria^äo . Fundo de Convergencia Es t rutura l do Mercosul ( FOCEM ) d e s t i n a d o a reduzir as assimetrias entre os paises-membros, c om especial aten^ao as econotnias menores e äs regiöes menos desenvolvidas, atraves de progrg, mas que d irec ionem recursos para melhorar infraestrutura fisica, estrutu- ra produdva e indices sociais". E para complementar o Focem, foram criados mais dois fundos; o Fundo Mercosul de Garantia para Micro, Pequenas e Medias E^mpresas, em 2008, e o Fundo da Agr icu l tura Fami- liär do Mercosul , em 2009. Nesse sentido, percebe-se um Interesse nc aprofundamento da integra^äo e um entendimento de que esse processc somente serä possivel quando estiver associado a um combate das desi gualdades söcio-territoriais. E importante mencionar tambem a assinatura, em 2008, de u acordo entre Brasil e Argendna para compensa^äo dos pagamentos comercio bilateral em suas respectivas moedas. Trata-se do Sistema Pagamentos em Moeda Local , que consiste n um sistema de pagament transfronteir i^o integrado aos sistemas de pagamentos locais e desdna a opera^öes comerciais, o qual busca reduzir os custos das operat^öes Do total de recursos a serem depositados no Focem anualmente, o Bra- sil deve aportar 70% dos recursos; a Argentina, 27%; o Uruguai, TVa; e o Paraguai, 1 % ; tambem e permitido ao fundo receber doa^öes de tercei- ros paises e organiza^öes internacionais. Entre 2007 e 2008, foram aprovados 25 projetos no ämbito do l'occin. Entre eles, cabe destacar: no Paraguai: Häbitat; Apöio integral a micro- empresas; Laboratörio de bioseguran^a, Corredores Viärios; Acesso via- rio Assun^äo; Pavimenta^äo e Recapeamento de Estradas; Sisteni.is 11- Ägua potävel e Saneamento; Desenvolvimento de produtos turisricc^ Igua^u; no Uruguai: Software e biotecnologia; Economia social de fr**'^ teira; Interven^öes Mültiplas em Assentamentos; Estradas; no H''^^'' Implementa^äo da biblioteca Universidade Federal da Integra(;;i<> '"^ ^^ ^ no-Americana (Unila) e do Imea- Hä, tambem, um projeto pluric^t^^^ para erradicar a febre aftosa no ämbito do bloco. (site oficial do ^ '^-"^ sul: www.mercosur.org.uy) 69 u o e incentivar o comercio entre os paises; os recursos debitados do tador säo creditados diretamente em conta do exportador, mas em '"^fs^'moedas nacionais''. ^ . • Neste segundo momen to do processo de integra^äo, ocorre um arnento do Mercosul c om a incorpora^äo de värios paises associa- BoHvia (1996) e ao Chile (1996) somam-se Peru (2003), Co lombia *S)4) e Equador (2004). (^.omo associados, estes paises gozam de direi^ g £ preferencias tarifärias para seus produtos , mas näo säo obrigados a jatdcar a Tarifa Externa C omum (TEC)", aplicada pelos membros aos ^fodutos oriundos de paises de fora do b loco ; t ambem part ic ipam das jjgcussöes sobre/)s rumos da integragäo. A l em disso, eles podem sub- meter ao parlamento dos paises membros o pedido de adesäo ao b loco erh caräter pleno. I s to fez Venezuela, que jä era associado e, em 2006, säci tou seu pedido de adesäo como estado membro . Os fluxos de mercadorias, entre os quatro paises, membros v o l - tam a se expandir ao passo que as economias nacionais se recuperam e experimentam um processo de crescimento. O vo lume total de comercio intrabloco comeca a aumentar novamente, sai de US$ 25.597 milhöes em 2003, para chegar a US$ 42.142 milhöes em 2005, e conünuar crescendo ate duplicar esse valor, em 2008, c om um total de US$ 82.810 milhöes comercializados, conseguindo um patamar que nao havia sido alcanc^ado antes. Jä em 2009, c om os efeitos da crise, o comercio in t ra -Mercosul diminui em rela^äo ao ano anterior para US$ 63.496 milhöes, re f le t indo certa desacelera^äo no r i tmo do crescimento economico. Deos e Wegner (2008, 21) avaliam que, embora o Mercosul näo esteja ^voluindo em dire^ao a uma integra9äo monetäria, houve um florescimento de iniciativas de coopera^äo financeira, bem ct)mo o re- •^^ r^ o de outras jä existentes. Nas palavras das autoras,'i"entendemos que ° f'>rtalecimento dessas iniciadvas, que se da em värios niveis, pode con- öibuir para minimizar a instabilidade macroeconömica, aumentar a con- y^tgencia entre os paises, facilitar a obten^äo de financiamento para pro- I^tos de investimento produtivo e fazer frente, por meio do manejo eficiente de reservas, aos momentos de crise externa, fortalecendo, as- ^^ '^ > OS pröprios acordos regionais e, impulsionando o desenvolvimento das economias do bloco." 70 Internalizagäo do externo no ambiente dos negöcios O surgimento desse novo agrupamento de paises, no ( , par t i r do estabelecimento de uma no rma c omum - o Tratado (] ^ ^ ' ^ ^äo - , e refor^ado mais tarde po r protocolos e acordos, aceler i mento dos circuitos espaciais de produ^ao e os circulos de cod alem das fronteiras nacionais e, em consequencia, refor^a o p,-, „ internacionaliza^äo do territörio. Ä flexibiliza^äo normat iva p romov ida por parte dos govcrno cionais, sobrepöe-se uma outra , p romovida pelas numerosas cmpt que atuam nesse novo recorte terr i tor ia l , con fo rmado pelos paisev Mercosul . As normas dessas empresas p romoven i o estabelecimento ,| rela^öes contramais para lä das fronteiras, aproveitando as oportunuii des que estäo fora do ambito da pröpria f i rma , extrapolando o proccssc, direto da produ^ao e gerando um processo poh'tico da produc^ao. A' presas reorganizam o processo de produ^äo e circula^äo, ampliantli rela^öes, sejam de concorrencia ou de coopera^äo, c om outras emp aproveitando assim a existencia de um sistema mercantil aberto sobre bases territoriais cada vez mais fluidas. Desse modo , aprofunda-se a mternacionaliza^äo do externo no ambiente dos negöcios. O externo def in ido a part ir da escala nacinnal, a part ir do pais tomado como um todo, como um hor izonte cada ve/ mais pröximo ä projegäo das empresas. Dessa maneira ,o externo transf('ima- se em uma opor tunidade e, portanto , come9a a se internalizar. Amb ntc esse que, alem de ser resultado do cronograma de redu^öes tar: pactuado no Tratado de Assunc^äo, facil i tando o incremento do con. regional, e p rodu to do novo quadro de percep^öes, imagens, atitLi condutas relacionadas c om os demais membros do espa^o econonn- ^ amplia^äo desse espa^o comeca a gerar uma serie de respostas po' dos agentes privados na identifica^äo^de söcios e concorrentcs, de > 'i ' tunidades de negöcios. Hsse processo, que se manifesta como uma tendencia c r c s c c i i H decada dos anos noventa, moüvada e condicionada pela abertura da nomias nacionais, cria um ambiente favorävel que atinge apenas uma do universo das empresas de cada pais. N a realidade, e oportunidiul^ so para algumas; entretanto, " con t amina " o ambiente de negöcios, "^ ^ ^ tiva'uma mentalidade mais internacional . O externo comeca a se ap ' " 71 na esfera das decisöes microeconömicas e, assim, novos iar* l^ 'vocados para se inserir na dinämica dessas empresas. j^igäJ*^ s^ /^^ *^^ periodo da globaliza(^äo, cada vez mais o ambiente no ^ 'särios f o rmu l am suas decisöes e de f inem suas estrategias qUiJ ^'"^'^icrar o externo - neste caso, s inönimo de exterior - c omo exig^ *:^ *^ '^^ .^jo necessäria näo sö para crescer, mas muitas vezes, para ^rrö ^^^^ Was como nem todas as empresas säo iguais, nem o uso do ^obf*^ '^^ '' mesmo para todas elas, esse processo de internalizacäo do xe-rcitado de forma diferenciada con fo rme o poder econömi- Diaii'«-" do processo de abertura economica, torna-se decisiva a das firmas hegemönicas, sejam nacionais ou estrangeiras, que c r iam recriam suas normas em fun^äo do novo contexto. A importäncia que etotnam os fluxos de invest imento estrangeiro e um indicadorpara ana- lisar as mudan^as nas estrategias das empresas transnacionais, jä que es- tas operam como seu vei'culo pr inc ipal . (]abe observar a tendencia mun - dial de desconcentra^äo dos fluxos de investimentos diretos estrangeiros (IDE) por destino: em 1980, os paises desenvolvidos receberam 8 6 , 1% dos fluxos globais de I D l ^ , enquanto que no ano de 2008, este percentual foi diminuido para apenas 56,7%. Pelo contrario, as economias em de- senvolvimento acusaram, em 1980, somente 13,8% de recepcäo desses tluxos, subindo para 36 ,6% em 2008, c om destaque, sobretudo, para os paises asiäticos (tabela 1). 1 abela 1:1-luxos de Investimentos Diretos Estrangeiros Recebidos, por regiäo e tcononiia, 1970-2008 (%) i";8ü 1990 20(H) 2006 2007 2008 Mundo 1(H),(.) 100.0 100,0 100.0 100,0 100,0 Economtiis descnv(.l\ul;is 86,1 83,0 80,9 66,6 68,7 56.7 Europa 39,5 50,4 51,2 43.2 45.5 30,5 America do Norte 42,ü 27.0 27,6 20.3 19.2 21.3 .^^^1^ paises desenvolvidos 4,6 5,6 2,1 3,» 4,0 4,9 Jj^onomias em desenvolvimento 13,8 16,9 18,6 29,7 26,8 36,6 Äfrica 0,7 1.4 0,7 3,9 3,5 5.2 11,9 4,3 7.1 6.4 6.4 8.5 _ ^ ^O c f a n i a • 1.2 11,3 10.8 19.4 16,8 22.9 0,0 0,0 0.5 3,7 4.6 6.7 ^^nctad - Elaboracäo Sobeet - Boletim Sobeet, ano V I I , n° 65,24 de novxm- 'de 2009. 72 Na decada dos noventa, ocorreu uma chegada maciga de diver modalidades desses investimentos aos paises da America Ladna, eiii p,j'^ ticular, Argent ina , Brasi! e Mexico, ä diferen^a do que nnha acontee,(| na decada anterior. Vera-Vasallo (1996, 133) explica que essa reativa(^ .,|* dos fluxos internacionais na America Latina responde a fatores tanto in j nos quanto externos. "Alguns säo de namreza mais estrutural ou p c rm rierite, c omo a crescente globaliza^äo produdva e internacionaliza^ao t] nanceira e a consol ida^äo progress iva das r e fo rmas economicas (- insr i tuc ionais in t roduz idas na regiäo. Ou t r o s säo de natureza nr.i]^ con juntura l ou transitöria, como aqueles que tem rela^äo com a Fase depressiva do ciclo economico dos paises industrializados e aos progra - mas de conversäo da divida externa e de privaüza^äo". O aumento dos investimentos estrangeiros diretos sobressai nas atividades tcrciärias; os processos de re forma economica significarani a elimina^äo das restri^öes a esses investimentos em alguns serv^i^os, parn cularmente bens, raizes, financas e seguros, favorecendo o ingresso tlc capitais externos (bancos, atividades de kasing, corretores de valorcs c seguros, franquias, entre outras). Aumen t am tambem na eletricidadc c telecomunicacöes devido aos programas de privatiza^äo. No s circuitos produtores de bens, mais da metade dos investimentos estrangeiros d i r i tos localiza-se (no come^o dos noventa) nos ramos manufaturciros e, dentro deles, em produtos metälicos, maquinaria e equipamento, em p r o - dutos quimicos e em produtos alimenticios, bebidas e f i imo (D i Filippo: 1995). A consolida^äo do Mercosul ama como um dos fatores (dentro das reformas economicas e insritucionais introduzidas nesses paises) que incent ivam o aumento dos f luxos dos investimentos estrangeiros diretos, pois, alem de tacilitar - via liberalizacäo comercial - o uso de insumos impor tados a baixo custo, representa um inccnr ivo adicional para as em- presas transnacionais ao favorecer o comercio in t ra t i rma e a especializa- Cäo interfiliais. Esse processo e mi t i to claro no caso do c ircuito automotri^ que e, sem düvida, um dos que mais rapidamente aproveita as vantagens do mercado regional. U m ou t ro c ircui to p rodu t i vo que aproveita fl f***"' ma^äo desse mercado, c om participa^äo s ignif icat iva das empres:is transnacionais, e o de alimentos processados/**. 10 Na Argenuna, se realizaram värias opera^öes de aquisi^äo de empresas nacionais com marcas reconhecidas e sistemas de distribui^äo bem de- 73 ( om efeito, säo as grandes empresas de companhias transnacio- . contam c om as melhores condi^öes para abastecer o mercado ^^^Y^^o, u "^^ possuem füiais geralmente nos dois mercados ais (Brasil e Argent ina) e t omam medidas para racionalizar e c om- '^ '^ '"^ ^^ntaf s"^^ atividades em ambos os paises. Por sua vez, aquelas em- P filiais somente em um deles, tentam formal izar acordos de P*^ ^ lementa^äo em materia de produ^äo e comerc io c om outras em- ^ sas na mesma sima^äo. Mas t ambem vale destacar o papel dos grupos '^'^oflottiicos nacionais em relacäo ao Mercosul . Mu i t o s deles planejam e^us investlrrientos e racionalizam suas atividades procurando uma com- lerxienta^äo produt iva no mercado regional: em alguns casos, c om uma ^resen^a mui to antiga nos dois paises " ; e, em outros, c om uma expansäo niais contemporänea de suas atividades externas^^. Hä, de fato, um processo novo : a internacionalizacäo das empre- sas latino-americanas se -aprofunda de f o rma significativa nos Ultimos \inte anos, quando se constata uma trajetöria crescente dos invest imen- tos diretos estrangeiros de e entre economias emergentes'-^. Grupos eco- 13 senvolvidos. N o inicio dos noventa podem ser mencionadas: Cusenier (Franca) comprou Bodega Etchart; Nestle (Sui^a) comprou Quelac, Noel, Laponia e Adler, Parmalat (Itälia) comprou La Vascongada; Philip Morris (EUA) comprou Suchard, La Montevideana e Tang (Hirst: 1993). A Unilever (anglo-holandesa) adquiriu a Cica Brasil, em 1993, e o controle da companhia argendna Cica, em 1994. Bunge e Born e Alpargatas sao exemplos pioneiros de internacionaliza- 9äo de suas estrategias com instalacäo de plantas industriais no exterior. Bunge & Born, instalada no Brasil desde 1905, conta com investimentos em agroindüstria, textil, quimica e petroquimica; atualmente controla as empresas Ceval Alimentos, Guipeba, Santista, Gramoven, entre outras. Alpargatas Argendna presente no Brasil desde 1907, acaba sendo adqui- rida em 2008 pela Säo Paulo Alpargatas. Arcor, empresa argentina presente no Brasil desde 1980 com sua subsi- diäria Nechar em Piracicaba, e a maior exptjrtadora de guloseimas do Brasil (chicles infantis, balas, pirulitos), trabalhando em forma integrada desde as materias-primas ate as embalagens. Atualmente tem: cinco plan- es industriais em Bragan^a Paulista (SP), Campinas (SP), Rio das Pedras (SP), Contagem (MG) e Recife (PE); quatro centros de distribui^ao e ^cis escritörios regionais de vendas. ^os; Ultimos anos, o processo de internacionaliza^äo das empresas launo- ^ericanas aparece como tema de interesse na literatura academica cada 74 nomicos bräsileiros, argentinos, mexicanos, chilenos ampliam s logias estabelecendo escritörios comerciais e de assisteticia teci dades produtivas e ate centros de pesquisa, alem das fronteiras n- C>omo a internacionaliza^äo das empresas, tende a come^ar ci vizinhos c om padröes de consumo e especificidades do processo t ivo reladvamente comuns, o Mercosu l cria um ambiente favor'u esse processo (embora näo seja o ünico fator) . No s Ultimos anos 1 parcela crescente do invest imento direto brasileiro para os paises americanos, mas sem ainda ser os principais (tabela 2). Tabela 2: Principais paises de destino do Investimento Direto Brasil eiro^ 2004 Dinamatca I '.spanha Hstados Unidos Argentina 'ruguai 14,4 12,6 8,5 8,2 2005 Dinamarca Estados Unidos Espanha Holanda Argentina 32,7 11,5 10,1 7,1 2006 Canada Argentina Estados Unidos Holanda Espanha 79,7 7,2 5,5 1,7 1,3 Argendna Uruguai Holanda Portugal Reine) Unid« 5,4 4.7 Uruguai 6,0 Portugal Hu Tisria_ Uruguai Hungria \'cnezuela Itälia 0,5 Portugal Suica } [ ungria 2,0 Reino Unido 2,8 Sui^a 0,4 .•\S cria Austria 2,0 2,3 Pormgal0,2 Paises Baix()s 40,7 America Laiina** 21,2 16.6 9,0 Notas: • Exclusive Paraisos Fiscais; ** Considerada a totalidade do IDB ; Janeiro a Agosto Fönte: Banco Central do Brasil - EIabora9äo Sobeet - Boletim Sobeet, ano VI , n°5l), 21 de setembro de 2 007 . j C on f o rme Carlos Bianco, Pablo Mo l d o v a n e Fernando Porta (2008), o Brasil conseguiu manter e, inclusive, aprofundar o padräo Je internacionaliza^äo que tinha historicamente, enquanto a Argentina, alem de quase desaparecer como investidor externo, tambem* sofreu a dcsna- cionaliza^äo de grande parte de seu tecido produt ivo . Atualmente , as em- presas brasileiras säo uma das principais investidoras na e c onomia argen- tina, sobretudo com opera^öes de fusäo e aquisi^äo (55%) e, em mcn'>r vez com maior frequencia. E s se processo, apesar de ser identificado tl"-'^ de meados dos anos 70, manifesta-se com maior for^a na decada dt 1990 devido äs politicas de abertura economica (Garrido et aL: 199H: Chudnovsky f /ö/ . . -1999) . 75 l iacöes (25%) c es tabe lec imento de novas capac idades j.dida> ^jj^f Q s pr inc ipais des t inos do total de inves t imentos s äo as ''fodu^^^^ ^nculadas aos recursos namra i s ( p e t r ö l eo e gas) , as m a nu f am - ^jjvidad^s ^"^^^^ recursos naturais (a l imentos e bebidas ; materiais para a ras ^'^^^^^^^^derürgica; pe t roquimica ) , a lgumas manufa turas de c o n t e ü - t;onstrü^^^'.^^^^ medio (automotr iz e autope^as; f abr i ca^äo de p rodu tos j „ ^^ '^ (^^''^^.fvi^os d iversos ( comerc io ; c o n s t r u^ ä o ; b anco s e servigos |j -la 3- Principais invesdmentos bräsileiros na Argentina 1995-2006 — — • — — Setor Totais USS * % Eni0esa . Uröc Petröleo e gas 2.069,4 28,0 peuobras -:=C^ r^ rP() Correa Materiais para a constmt^äo 1.058.3 14,3 f I^Tldl^ '^ Alimentos e bebidas 55,2 7,6 "pptmhrüs Comercio 538,0 7,3 Banco ll^ü Bancos e servifos financeiros 276,5 3,7 prihoi Alimentos e bebidas 206,0 2,8 Beipo Mineira Indüstrias bäsicas de ferro e ago 190,5 2,6 Brahma Alimentos e bebidas 170,0 2,3 Ceval Alimentos e bebidas 145,5 2,0 Companhia Mega Petroquimica 132,0 1,8 Resto 2.048,2 27,7 Total 7.393,7 100 ' em bilhöes de dölares l'onte: C I . P - Cen t ro de l ' s tudios para ia P r odu c c i ön ( B I A N C O etal.: 2ÜÜ8, 35) . A Petrobräs realizou compras de ativos locais (Perez Companc ; Petioleira Santa Fe; EG 3 - como parte do controle acionärio de YPF) e 2^9as estrategicas (Joint venture c om Repsol e Chemical D ow para a cons- titui9äo da Companhia Mega, que opera no setor pet roquimico) ; Camar- 80 Correa adquiriu em 2005 Loma Negra, pr inc ipal empresa de c i m ^ t o ; ßfahma se instalou na Argent ina c om plantas produtivas pröprias.e pos- ampliac^äo da capacidade produt iva ; AmBev c omprou a cervejaria^ Q^mes , entre 2002 e 2005; F r ibo i adquir iu a fiüal local do f r igor i f i co ^ f t , em 2005, e poster iormente f r igor i f icos menores; a Belga Mineira ^S^i t iu o pacote acionärio de Acindar, uma parte em 200fVe outra em ^ 4 , com ampüa^äo da capacidade produt iva ; Ceval adquir iu em 1995 a ^Presa Guipeva, jndustriaUzadora de öleo de soja; o banco Itaü que apenas uma agencia, instalada em 1979, em 1997 possuia 12 agen- 76 das espalhadas pela capital e pela Regiäo Metropol i tana de BuerK e atualmente tem agencias em värias provincias argentinas. Ou t n t imentos de por te menor que merecem destaque: Coteminas com des que, alem de produzi r para o mercado argentino, exportam ^ Estados Unidos ; Randon, fabricante de implementos rodoviän* ünica unidade produt iva no exterior se encontra em Rosärio; A g r il^ uma central de distribui^äo para o mercado argentino de veiculos \x res, motores, pe^as e servi^os (Bianco efa/.: 2008). ' *' As grandes empresas, ao mesmo t empo em que usufrucrn l maior fluidez e porosidade terr i tor iais , as re for^am. Mediante a nnM,]; gäo de suas atividades alem das fronteiras, p rocurando parccii seus negöcios , reorganizando sua estrutura interna, elas aumentain SL-^I niveis diversos de coopera^äo, tratando de assegurar a reaIi/:a(;;io d-. capital . O nümero cada vez ma ior de empresas que se internacional] zam a par t i r de novas förmulas contratuais, cria uma rede de acordo baseados em novas formas de regula9äo e, po r t an to , de disputas no comando do territörio. Considera9Öes finais O processo de regionaliza(;äo que comporta a proposta do Mercosul pode ser preenchido c om diferentes conteüdos, con fo rme obser\:Kl() ao longo dos Ultimos vinte anos. O complexo de f luxos econömicos super- postos näo e impuls ionado e usuf ru ido po r todas as empresas, nem che- ga a todos os lugares. Se este mov imen to for um'voco e näo enconirar resistencias, se imporä uma consolida^äo de territörios e mercados cada vez mais diferenciados e segmentados, c om u m aprofundamento ' i i ^ desigualdades söcio-espaciais. Por isto, säo mui to välidas as tentatixas q^if procuram dar um outro sentido ä integra9äo. Iniciativas importantcs com«' o Banco do Sul, a Telesur, a UfiiTa, dentre outras, apontam nesse scnrni''' Ospactos territoriais se renovam em fun^äo do r umo e do sentnl*' que as sociedades (governos, empresas, associa^öes, cidadäos) Ihes i '^i-^ torguem. Precisa-se de vontade polit ica para construir um fu turo no M^" os lugares possam se un i r hor izonta lmente , reconstruindo aquela base I vida comuiTi susceptivel de criar normas pröprias em beneficio do mü'*' I nümero. ' A forma^äo de um espa^o para se (re)conhecer, se comprecnd*^' se integrar, pode fortalecer as a^öes horizontais que, segundo Miltoi"» ^ " 77 "se prestam ao estabelecimento de um intercämbio mais sa- toS (2^^^' j^unidades portadoras dos mesmos Interesses e preocupadas j i o ^^^^^ *'^,a9äO conjunta de um destino c omum, estabelecido pela his- cofli ^ "^^^'^^Itado do acordo soberano das partes envolvidas. Essa hoi*!- töria ''^^^^^j^j^titui uma armadura face äs investidas de verticalidade e ^ontal '^^ ^ ^ ^ . ^ j . j.,_.ieväncia ao fato de que const i tu i a melhor defesa d o ' deve sua ^^iorias, jä que reduz ou retarda a acelera^äo dos mecanis- '"^^"^^^^ampüa^äo das desigualdades setoriais e sociais". ^y i s s a perspectiva, a contiguidade terr i tor ia l pode ser uma aliada ^falecer o processo de aproxima^äo entre os paises lat ino-ameri - ^^ "^ os e^ suas popula^öes, que jä come^ou, mas que precisa ser aprofunda- do. B ibHogra f i a VRRO'i'O, Mönica. O Mercosur alem da integraßo comeräal. As estrategias mpresariats argentino-brasileiras. Disserta^äo de Mestrado, Universidade de Säo Paulo, 1997. ARROYO, Mönica. Fluidez e porosidade do territörio brasileiro no con - texto da integra^äo continental . I n : S I LVE I RA , Maria Laura (Org.) . Con- tinente m chamas. Globali^ßo e territörio na America Latina. Rio de Janeiro: Civiliza^äo Brasileira, 2005, p. 209-242. B ERNAL -MEZA , Raul. 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