Barreiras comerciais

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BARREIRAS COMERCIAIS
Qualquer lei, regulamento, política, medida ou prática adotada por um governo que cause restrições ou distorções ao comércio internacional. 
As barreiras comerciais podem ser:
Tarifárias
Não-tarifárias
Ambas podem violar ou não as regras internacionais de comércio acordadas no âmbito da OMC. Tarifas, por exemplo, só não são aceitas pela OMC quando acima das consolidadas junto àquela Organização.
Barreiras Tarifárias
Também conhecida como barreira legal, pois conta com amparo legal dos acordos comerciais entre os países e na OMC. É o instrumento de política comercial mais frequentemente utilizado pelos governos, que influencia os preços de mercado sem impor, diretamente, a quantidade a ser comprada ou vendida. Seu emprego, na maioria das vezes, é justificado pela necessidade de proteger o produto da concorrência predatória.
São tipos de tarifas:
Específicas: expressa como quantia fixa, determinada por características físicas do produto, como quantidade ou peso. Ex.: produto “X” pagará US$20,00 por quilo, não importando variações de valor da mercadoria;
Ad-Valorem: determinada pelo valor da mercadoria, sob forma de percentual desse valor. Ex.: produto “X” pagará alíquota de 4%. Sendo o valor do produto US$100.000,00, o valor a ser pago será US$4.000,00. Esse tipo de tarifa mantém um grau constante de proteção para os produtores locais, mesmo em períodos de alteração de preços, uma vez que acompanha qualquer acréscimo ou decréscimo no preço do produto.
Mista: é uma combinação das anteriores. É aplicada, muitas vezes, a produtos manufaturados que contém matérias-primas sujeitas a tarifas. Nesses casos, a tarifa específica protege os fornecedores locais de matéria-prima (neutralizando custos internos mais elevados) e a ad-valorem protege o setor de bens acabados.
Barreiras não-tarifárias
Também é chamada de barreira subjetiva, não incide diretamente sobre os bens ou serviços, mas impede ou dificulta sua comercialização. Podem ser conceituadas como práticas que restringem o comércio que não se referem ao pagamento de tributos.
Em relação às barreiras não-tarifárias, foram assinados diversos acordos multilaterais com o objetivo de impedir que normas, procedimentos, medidas ou regulamentos nacionais se transformem em obstáculos ao comércio.
São alguns exemplos de barreiras não-tarifárias:
Licenciamento de importações: pode ser entendido como um conjunto de procedimentos administrativos necessários à importação que requeiram como condição prévia, a solicitação de autorização ao órgão pertinente.
Cotas: são limites estabelecidos para as importações, expressos em quantidade, volume ou valor monetário.
Restrições Voluntárias às Exportações: ocorre quanto um país importador, considerando suas indústrias ameaçadas, induz outra nação a reduzir suas exportações, sob a ameaça de restrições comerciais mais elevadas. Implicam criação de uma cota imposta pelo próprio país exportador (ao contrário das demais, que são impostas pelo importador) e que por ele serão administradas.
Medidas Sanitárias ou Fitossanitárias: são ações expressas em qualquer lei, decreto, regulamento ou procedimento, desde que aplicadas à:
Proteção da vida e saúde de animais e plantas contra pragas, doenças e organismos patogênicos;
Proteção da vida e saúde de pessoas e animais contra riscos resultantes da presença de aditivos, contaminantes, toxinas ou organismos patogênicos nos produtos alimentícios;
Proteção da vida e saúde das pessoas contra riscos resultantes de doenças propagadas por plantas ou animais;
Prevenção ou controle de outros prejuízos causados a um país como resultado da entrada, radiação ou propagação de pragas.
Medidas Antidumping, Compensatórias e de Salvaguardas: são medidas de defesa comerciais adotadas pelo país importador perante práticas desleais de comércio (dumping e subsídio) por parte de países exportadores, que causem ou possam vir a causar dano à indústria doméstica frente a surtos de importações em seu mercado local (salvaguardas).
Regras de Origem: são critérios que determinam a origem de um determinado produto:
Preferenciais: determinam o país de origem dos bens para verificar se os mesmos estão qualificados a receber o tratamento preferencial consensuado entre países signatários de um acordo;
Não-preferenciais: determinam o país de origem dos bens de forma a facilitar o fluxo do comércio internacional, mas não estão relacionadas à concessão de tratamentos preferenciais. As regras de origem não-preferenciais são utilizadas em diversos instrumentos de comércio, tais como cotas tarifárias, direitos antidumping, direitos compensatórios, salvaguarda e elaboração de estatísticas de comércio exterior.
Regras Técnicas: são barreiras comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos técnicos não transparentes ou que não se baseiem em normas internacionalmente aceitas ou, ainda, decorrentes da adoção de procedimentos de avaliação da conformidade não transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas.
Os regulamentos técnicos são regras, de cumprimento obrigatório, estabelecidas pelo governo para assegurar segurança e saúde dos consumidores, proteção contra práticas comerciais enganosas e compra de produtos inadequados ao uso e proteção ao meio ambiente. Os produtos que não estejam de acordo com tais regulamentos não podem ser comercializados. No Brasil, o órgão responsável é o Instituto Nacional de Normalização, Metrologia e Qualidade Industrial (INMETRO), do MDIC. As normas técnicas são aprovadas por organismo reconhecido, que estabelece, para uso comum, linhas de ação ou características que produtos, processos a ele relacionados e métodos de produção. Seu cumprimento é voluntário. No Brasil, temos a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entidade privada, criada com o objetivo de coordenar, orientar e supervisionar o processo de elaboração das normas nacionais.
Barreiras Verdes: aplicação de normas ambientais internacionais a regulamentos nacionais protecionistas e discriminatórios.
Barreiras Logísticas: são medidas que restringem o livre fluxo comercial, cuja origem encontra-se relacionada a questões de segurança, em que os países passam a fazer exigências maiores nos trâmites aduaneiros de entrada e saída de cargas, visando reduzir a possibilidade de atos terroristas. Podem ser citadas as medidas restritivas ao livre fluxo de cargas adotadas pelos EUA após os atentados terroristas, dentre as quais o Container Security Iniciative (CSI), que representa um incentivo à inspeção prévia de contêineres destinados ao EUA, com a aduana norte-americana atuando nos portos de embarque como fruto de acordo bilateral, com previsão de reciprocidade.
Dumping Social: países desenvolvidos acusam países em desenvolvimento de vender produtos mais baratos devido ao trabalho infantil, escravo ou semi-escravo (baixos salários). Brasil, China e Paquistão encontram-se dentre os países acusados de dumping social. Na verdade, a associação entre direitos trabalhistas e comércio (cláusula social) envolve diferentes razões: preocupação com as práticas desleais de comércio; necessidade de redução dos níveis de desemprego na economia globalizada; desconforto moral e ético com a violação dos direitos humanos; temor do protecionismo que afeta as exportações dos países menos desenvolvidos.