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Domizetti Agravo de Instrumento e Agravo interno

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2. AGRAVO DE INSTRUMENTO (ARTS. 1.015 A 1.020)
1652 
2.1 Noções gerais
Na  sistemática  do  CPC/1973,  o  agravo  era  o  recurso  cabível  contra  qualquer
decisão interlocutória (art. 522 do CPC/1973).
O que caracterizava a decisão  interlocutória  é haver ela  resolvido, no curso do
processo,  uma  questão  incidente.  Exemplos:  ato  que  indeferisse  requerimento  de
prova;  que  excluísse  um  litisconsorte  do  processo  por  ilegitimidade  ativa;  que
indeferisse pedido de  assistência  judiciária  formulado no bojo dos  autos  e que não
recebesse apelação.
Antes  da  reformulação  do  sistema  recursal  pelo  legislador  do  novo  CPC,
cogitava­se no anteprojeto a aprovação de  texto que  impedisse a recorribilidade das
decisões  interlocutórias,  tal  como  se  passa  nos  procedimentos  na  Justiça  do
Trabalho.  Verificou­se,  contudo,  que,  em  face  da  diversidade  e  complexidade  das
questões  submetidas  ao  juízo  cível,  não  era  possível  simplesmente  escorraçar  a
recorribilidade  de  tais  decisões.  Em  certos  casos,  como  na  liquidação,  no
cumprimento  de  sentença  e  na  execução,  as  questões  ditas  incidentais  é  que
ordinariamente  impelem a fase procedimental. É o caso, por exemplo, das decisões
sobre a penhora.
Por  tal  razão,  na  aprovação  da  redação  final,  o  legislador  optou  por  reunir  as
principais situações nas quais a decisão interlocutória é capaz de gerar prejuízo para
uma das partes. Nesses casos e em outros expressamente previstos em lei,17 pode a
parte  interpor  agravo  de  instrumento.  Tratando­se  de  liquidação  e  cumprimento  de
sentença,  de  processo  de  execução  e  procedimento  de  inventário,  todas  as
interlocutórias podem ser impugnadas por essa espécie recursal.
No regime do CPC/1973, com relação ao agravo de instrumento, a taxatividade
estava prevista  apenas para os  casos de  inadmissão da  apelação e para os  relativos
aos  efeitos  em  que  a  apelação  era  recebida.  Fora  disso,  para  cabimento  da  forma
instrumental do agravo, era preciso demonstrar que a decisão recorrida era suscetível
de  causar  à  parte  lesão  grave  e  de  difícil  reparação.  Não  admitida  a  forma
instrumental para impugnar a decisão, dever­se­ia manejar o agravo retido.
No novo CPC essa diferenciação não mais existe. A modalidade retida, que era
a principal forma de interposição desse recurso no sistema do sistema do CPC/1973,
simplesmente  desapareceu.  Agora,  de  duas  uma:  ou  a  decisão  interlocutória  é
recorrível  ou  não  é.  Somente  será  recorrível  se  a  hipótese  estiver  expressamente
prevista no rol do art. 1.015 ou em outros casos expressamente previstos no Código
ou  em  legislação  especial  (princípio  da  taxatividade).  Se  recorrível,  o  recurso
1653 
2.2
adequado  é  o  agravo  de  instrumento,  salvo  a  hipótese  de  agravo  interno  contra
decisão de relator.
A decisão interlocutória que não comporta agravo de instrumento – porque não
consta da relação do art. 1.015 – não fica coberta pela preclusão e pode ser suscitada
em  preliminar  de  apelação,  ou  nas  contrarrazões  (art.  1.009,  §  1º),  conforme  já
ressaltado no item neste Capítulo. Sendo a decisão suscetível de causar à parte lesão
grave  antes  do  julgamento  da  apelação,  pode­se  manejar  mandado  de  segurança,
consoante  interpretação, a  contrario  sensu,  da  Súmula  nº  267  do  STF:  “Não  cabe
mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição”.
Hipóteses de cabimento
O  art.  1.015  lista  onze  espécies  de  decisões  interlocutórias  que  podem  ser
impugnadas por agravo de instrumento, além de, no inciso XIII, prever uma abertura
para “outros casos expressamente referidos em lei”. O inciso XII foi vetado.
Quando  a  matéria  objeto  da  decisão  interlocutória  não  estiver  descrita  nesses
tipos  ou  hipóteses  agraváveis  e  não  houver  qualquer  outro  recurso  ou  meio  de
impugnação apropriado, para evitar lesão ou ameaça de lesão ao seu direito, poderá a
parte prejudicada impetrar mandado de segurança. Afinal, trata­se (a decisão) de ato
de autoridade, suscetível de causar gravame à parte. Por exemplo, para a decisão que
indefere prova pericial não há previsão de agravo de instrumento. Assim, se não for
o  caso  de  produção  antecipada  de  prova  –  pleito  cautelar,  inserido  no  âmbito  da
tutela provisória, para a qual há previsão de agravo de  instrumento –, pode a parte
prejudicada,  em  tese,  impetrar  mandado  de  segurança.  Caso  não  o  faça,  somente
como  preliminar,  nas  razões  ou  nas  contrarrazões  de  apelação,  poderá  a  parte
impugnar a questão.
Vejamos,  então,  o  rol  taxativo  das  decisões  que  admitem  a  interposição  de
agravo de instrumento:
Art. 1.015. Cabe agravo de  instrumento contra as decisões  interlocutórias que versarem
sobre:
I – tutelas provisórias;
II – mérito do processo;
III – rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV – incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V  –  rejeição  do  pedido  de  gratuidade  da  justiça  ou  acolhimento  do  pedido  de  sua
revogação;
1654 
VI – exibição ou posse de documento ou coisa;
VII – exclusão de litisconsorte;
VIII – rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX – admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X – concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI – redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º;
XII – (VETADO);
XIII – outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo  único. Também caberá  agravo  de  instrumento  contra  decisões  interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo
de execução e no processo de inventário.
O agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias relacionadas à tutela
provisória  (inciso  I)  justifica­se  em  razão  da  possibilidade  de  dano  que  a  decisão
pode acarretar a uma das partes. O autor de uma ação de cobrança percebe que o réu
está  dilapidando  seu  patrimônio,  razão  pela  qual  pleiteia  a  concessão  de  tutela  de
urgência  (cautelar,  nesse  caso)  para  garantir  o  recebimento  de  seu  suposto  crédito.
Se o juiz indefere o pedido e não há possibilidade de recurso para o autor, poderá o
réu  dispor  de  todos  os  seus  bens,  deixando  o  autor  “a  ver  navios”.  A  hipótese
inversa também se sujeita ao agravo. Se o réu, nesse exemplo, dispõe de patrimônio
suficiente  para  pagar  o  autor,  pode  recorrer  de  eventual  decisão  que  defira  a  tutela
cautelar, sob o argumento de inexistir qualquer perigo de dano ou risco ao resultado
útil do processo.
No  âmbito  da  tutela  de  evidência,  a  necessidade  de  previsão  do  agravo  de
instrumento  também se mostra necessária. É que, por mais que a  legislação a  trate
como tutela provisória, nas hipóteses do art. 311 há uma verdadeira antecipação do
julgamento  em  prol  da  satisfação  de  determinados  interesses  que  normalmente  só
são reconhecidos em cognição exauriente.
Quanto  ao  inciso  II,  abre­se  a  possibilidade  de  interposição  de  agravo  de
instrumento contra as decisões interlocutórias de mérito. Nos termos do art. 356, em
caso  de  cumulação  de  pedidos,  o  juiz  poderá  conhecer  e  julgar  um  ou mais  deles
antecipadamente,  via  decisão  interlocutória,  se  existir  pedido  incontroverso  ou  a
causa estiver madura para julgamento (art. 356, I e II), ainda que os demais pedidos
cumulados  no  mesmo  processo  não  estejam  preparados  para  julgamento.  Dessa
decisão o recurso cabível será o agravo de instrumento (art. 1.015, II; art. 356, § 5º),
eis  que,  apesar  de  decidir  o  mérito  de  parte  do  processo,  não  põe  fim  à  fase
cognitiva,  pelo  que  não  pode  ser  equiparada  a  sentença  e,  por  conseguinte,
1655 
impugnadavia apelação.
O novo CPC permite  expressamente  a  fungibilidade  recursal  em determinados
casos  (exemplo:  o  relator  pode  “transformar”  embargos  de  declaração  em  agravo
interno, desde que o recorrente seja intimado previamente para regularizar sua peça).
Creio que,  em  tese,  no  caso do  inciso  II  do  art.  1.015, dependendo da natureza da
dúvida suscitada, pode­se reconhecer a fungibilidade, ou seja, admitir que a apelação
seja recebida como agravo de instrumento ou vice­versa.
A  decisão  que  julga  procedente  o  pedido  de  prestação  de  contas  tem  natureza
interlocutória  e,  por  ser  de mérito,  também é  recorrível  por  agravo de  instrumento
(art. 550, § 5º).
Lembre­se  que  a  ação  de  exigir  contas  pode  ser  subdivida  em  duas  fases. Na
primeira fase  julga­se o dever de prestar ou não contas e, na segunda, são  julgadas
as contas em si. Pode ser que a fase cognitiva se encerra com a primeira decisão –
quando o  juiz  julga  que  o  réu  não  tem o  dever  de  prestar  contas  –  e  então  cabível
será  a  apelação.  Contudo,  se,  na  decisão,  o  juiz  condena  o  réu  a  prestar  contas,  a
fase cognitiva não é encerrada, e então cabível é o agravo de instrumento.
Contra  a  decisão  que  rejeita  a  alegação  de  convenção  de  arbitragem  também
cabe agravo de instrumento (inciso III). Nos termos do art. 337, X, incumbe ao réu
alegar,  em  preliminar  da  contestação,  a  existência  de  convenção  de  arbitragem
(compromisso  arbitral  ou  cláusula  compromissória).  Caso  o  juiz  rejeite  essa
alegação, o processo continuará tramitando na jurisdição estatal. Desse modo, torna­
se imprescindível viabilizar o manejo do agravo de instrumento para que a eventual
remessa  das  partes  ao  juízo  de  arbitragem  só  venha  a  ocorrer  no  julgamento  da
apelação.  Ressalte­se  que,  no  caso  de  acolhimento  da  alegação  de  convenção  de
arbitragem,  não  há  falar  em  agravo.  Nesse  caso,  o  juiz  proferirá  sentença,
extinguindo o processo sem resolução do mérito (art. 485, VII). Contra essa decisão
somente será cabível recurso de apelação (art. 203, § 1º, c/c o art. 1.009).
Conforme já visto na Parte I desta obra, o procedimento para a desconsideração
da  personalidade  jurídica  está  expressamente  positivado no  novo CPC  (arts.  133  a
137)  como mais  uma modalidade  de  intervenção  de  terceiros.  Nos  termos  do  art.
136, estando preenchidos os requisitos legais (art. 50 do CC; art. 28, § 5º, do CDC;
art. 4º da Lei nº 9.605/1998) e considerando o juiz suficientes as provas trazidas aos
autos,  julgará  o  pedido  de  desconsideração  por  decisão  interlocutória.  Contra  a
decisão  que  acolher  (ou  não)  o  pedido  de  desconsideração,  caberá  agravo  de
instrumento  (art.  136,  parte  final;  art.  1.015,  IV).  Se  a  decisão  for  proferida  pelo
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relator,  o  recurso  cabível  será  o  agravo  interno  (art.  136,  parágrafo  único;  art.
1.021).  Da  decisão  do  órgão  colegiado,  nos  Tribunais  de  Justiça  ou  nos  TRFs,
caberá recurso especial.
Para efeito de recurso, não importa em que peça a desconsideração foi pleiteada,
se na petição  inicial  ou  incidentalmente. O que  importa  é  onde  foi  decidida. Ainda
que a desconsideração tenha sido postulada na petição inicial – hipótese em que será
desnecessária  a  instauração  do  incidente  (art.  134,  §  2º)  –,  pode  o  juiz  decidir  a
questão  antes  da  sentença,  hipótese  que  ensejará  a  interposição  de  agravo  de
instrumento.  Ao  revés,  se  a  desconsideração  for  apreciada  na  sentença,  a
impugnação da questão deve ser feita na apelação.
Contra a decisão de  indeferimento  do  pedido  ou  de  revogação  do  benefício  da
gratuidade judiciária, o Código também prevê o cabimento de agravo de instrumento
(inciso V). Se a decisão  for de deferimento, a medida cabível é a  impugnação  (art.
100).  Contudo,  se  a  questão  for  resolvida  na  sentença,  cabível  será  o  recurso  de
apelação  (art.  1.009),  conforme  previsto  na  parte  final  do  art.  101.  Nas  duas
hipóteses  fica  o  recorrente  dispensado  do  recolhimento  de  custas  até  a  decisão  do
relator,  porquanto  é  inaplicável  a  pena  de  deserção  ao  recurso  interposto  contra
julgado que indeferiu o pedido de justiça gratuita.18
Contra  a  decisão  que  verse  sobre  a  exibição  ou  posse  de  documento  ou  coisa
(inciso VI), por se tratar de um incidente do processo, cabe a interposição de recurso
de agravo de instrumento. O fato de a exibição dever ser feita por terceiro não altera
o regime recursal, uma vez que a questão, também nesse caso, é suscitada e decidida
incidentalmente  no  processo.  O  fato  de  o  Código  determinar  a  citação  do  terceiro
não  retira  a  natureza  incidental  do  procedimento,  tampouco  conduz  à  conclusão  de
que deva ser decidido por sentença, como ocorria no regime do CPC/1973. Um dos
objetivos visados pelo novo CPC foi a redução de processos autônomos, daí por que
o  art.  402,  ao  contrário  do  art.  361  do CPC/1973,  utiliza  a  palavra  decisão,  e  não
sentença.  Bem,  da  decisão  que  determina  a  exibição  de  documento  ou  coisa,  pela
própria parte ou por terceiro, cabe agravo de instrumento.
A  exclusão  de  litisconsorte  do  processo  (inciso  VII)  e  a  limitação  do
litisconsórcio  (inciso  VIII)  também  são  matérias  impugnáveis  via  agravo  de
instrumento. A decisão que determina a exclusão de  litisconsorte não põe  termo ao
processo, mas somente à ação em relação a um dos litigantes, pelo que se encaixa no
conceito  do  art.  203,  §  2º.  Já  a  decisão  que  rejeita  o  pedido  de  limitação  de
litisconsórcio, apesar de não excluir nenhum dos  litigantes do processo, é capaz de
acarretar  atraso  da  marcha  processual  e,  consequentemente,  prejuízos  para  os
1657 
•
•
•
próprios  litigantes,  razão  pela  qual  o  legislador  permitiu  que  ela  fosse  impugnada
antes do término do processo.
De  acordo  com  o  inciso  IX,  a  medida  adequada  para  impugnar  decisão
interlocutória  que  verse  sobre  admissão  ou  inadmissão  de  intervenção  de  terceiros
também é o agravo de instrumento.
Nos  termos  do  art.  919,  §  2º,  o  juiz  poderá modificar  ou  revogar,  a  qualquer
tempo,  a  decisão  que  estabeleceu  o  efeito  suspensivo  aos  embargos  à  execução.
Trata­se,  na  hipótese,  de  decisão  interlocutória,  porquanto  proferida  no  curso  da
execução,  sem  acarretar  extinção  dos  atos  executórios.  Por  conseguinte,  o  recurso
cabível será o agravo de instrumento (inciso X).
Consoante  o  disposto  no  Capítulo  I,  Parte  II,  desta  obra,  a  decisão  sobre  a
inversão do ônus probatório deve ocorrer, preferencialmente, na fase de saneamento
do processo. Se posteriormente,  deve  ser  assegurado  à  parte  a  quem não  incumbia
inicialmente  o  encargo  a  reabertura  de  oportunidade  para  manifestar­se  nos  autos.
Em qualquer  caso,  a  decisão do  juiz  será uma decisão  interlocutória,  contra  a  qual
caberá agravo de instrumento (inciso XI).
O  inciso  XIII  do  art.  1.015  prevê  o  cabimento  do  agravo  em  “outros  casos
expressamente  referidos  em  lei”. Vejamos outros  casos previstos no próprio CPC,
mas fora do rol do art. 1.015:
Art. 354, parágrafo único. Se as decisões proferidas com base nos arts. 485 e
487,  II  e  III,  forem  apenas  parciais,  será  cabível  agravo  de  instrumento.
Exemplos:  (i)  o  juiz  verifica  a  decadência  do  direito  do  autor  em  relação  a
um  dos  pedidos;  (ii)  o  juiz  homologa  acordo  em  relação  à  indenização  por
dano material, mas o processo segue para fixação do dano moral, que não foi
objeto  de  transação;  (iii)  o  juiz  indefere  parcialmente  a  petição  inicial  ou  a
reconvenção  (a  parte  é manifestamente  ilegítima  para  um  dos  pedidos,  por
exemplo).Se  a  decisão  tiver  relação  com  o  mérito,  pode  perfeitamente  se
enquadrar na hipótese do art. 1.015, II;
Art.  356,  §  5º.  Se  o  juiz  decidir  parcialmente  o mérito  em  relação  um  dos
pedidos  formulados  ou  parcela  deles,  será  cabível  agravo  de  instrumento.
Como  se  trata  se  hipótese  de  decisão  que  envolve  o  mérito,  também  é
possível enquadrá­la no art. 1.015, II;
Art.  1.037,  §  13,  I.  No  julgamento  de  recursos  especial  e  extraordinário
repetitivos,  demonstrada  a  distinção  entre  a  questão  a  ser  decidida  no
processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado,
1658 
2.3
2.3.1
a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo (art. 1.037, § 9º).
Da  decisão  que  resolver  esse  requerimento  caberá  agravo  de  instrumento
caso o processo ainda esteja em primeiro grau.
Apesar de claramente tratar­se de rol taxativo, é possível admitir a ampliação do
rol  do  art.  1.015  pela  via  interpretativa.  Exemplo:  se  eventual  decisão  postergar  a
análise  de  pedido  liminar  de  tutela  de  urgência  (art.  300,  §  2º),  é  possível  que  ela
seja equiparada à decisão que nega a  tutela provisória (art. 1.015,  I). Essa hipótese
ocorrerá nos casos em que o juiz, ao receber a petição inicial com o pedido de tutela
de  urgência  (antecipada  ou  cautelar)  em  caráter  liminar,  deixe  para  apreciá­lo
somente  após  a manifestação  do  réu. Há  um  dogma  segundo  o  qual  contra  a  “não
decisão” não cabe recurso. Não esqueçamos de que a omissão da autoridade pode ser
tão ou mais danosa do que o ato comissivo. Não é por outra razão que também o ato
omissivo  –  na  verdade,  o  “não  ato”  –  enseja  a  interposição  de  mandado  de
segurança. Ora,  se podemos definir a questão – por exemplo,  se posterga a análise
do  pedido  de  tutela  provisória  ou  não  –  em  mandado  de  segurança,  por  que  não
resolvê­la via recurso (de agravo de instrumento) na mesma relação processual?
Procedimento
Prazo e formação do instrumento
O agravo de  instrumento constitui exceção ao sistema recursal.  Isso porque os
demais recursos são  interpostos perante o  juízo que proferiu a decisão recorrida. O
agravo de instrumento, entretanto, é dirigido diretamente ao tribunal competente, no
prazo de quinze dias, por meio de petição com os  seguintes  requisitos (art. 1.016):
(i) o nome das partes  (não há necessidade de qualificação, exceto se  interposto por
terceiro);  (ii) a exposição do fato e do direito;  (iii) as  razões do pedido de  reforma
ou de invalidação da decisão e do próprio pedido; (iv) o nome e o endereço completo
dos advogados constantes do processo.
O instrumento, além da petição, deve ser formado pelas peças indicadas no art.
1.017. O novo CPC, em relação ao CPC/1973, ampliou o rol das peças consideradas
obrigatórias, mas,  por  outro  lado,  seguindo  a  evolução  jurisprudencial,  apresentou
alternativas  aos  documentos  necessários  para  conhecimento  de  agravo  de
instrumento. Vamos à comparação entre as duas legislações:
CPC/2015, art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:
1659 
I  –  obrigatoriamente,  com  cópias  da  petição  inicial,  da  contestação,  da  petição  que
ensejou  a  decisão  agravada,  da  própria  decisão  agravada,  da  certidão  da  respectiva
intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações
outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
II – com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita
pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;
III – facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.
CPC/1973, art. 525. A petição de agravo de instrumento será instruída:
I  –  obrigatoriamente,  com  cópias  da  decisão  agravada,  da  certidão  da  respectiva
intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
II – facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis.
Da comparação entre as redações do CPC/1973 e do CPC/2015, percebe­se que
este incluiu como peças obrigatórias as cópias da petição inicial, da contestação e da
petição  que  ensejou  a  decisão  agravada.  Também  a  cópia  da  decisão  agravada  é
indispensável  na  formação  do  instrumento,  porquanto  é  por  intermédio  dela  que  o
tribunal vai verificar o acerto ou desacerto do juiz prolator da decisão impugnada. A
certidão da  respectiva  intimação  também  é  indispensável,  visto  que,  permanecendo
os  autos  no  juízo  de  primeiro  grau  (a menos  que  se  trate  de  autos  virtuais),  é  por
meio  dela  que  se  verifica  a  tempestividade  do  recurso.  A  cópia  das  procurações
destina­se  a  comprovar  o  pressuposto  processual  relativo  à  representação  do
advogado, bem como permitir, quando for o caso, a intimação por carta, com aviso
de recebimento, dirigida ao patrono do recorrente ou do recorrido (art. 1.019, II).
Apesar  da  ampliação  do  rol,  o  novo Código  seguiu  a  evolução  jurisprudencial
ao  permitir  que  a  certidão  de  intimação  seja  substituída  por  outro  documento  que
comprove  o  ato  e  a  tempestividade  do  recurso.19  Além  disso,  caso  não  existam
quaisquer dos documentos previstos no  inciso  I do art. 1.017 –  rol de documentos
obrigatórios  –,  o  CPC/2015  dispõe  que  o  próprio  advogado  poderá  declarar  tal
circunstância  nos  autos,  sob  pena  de  responsabilidade.  Trata­se  de  inovação  que
prestigia  a  atuação  do  advogado  e  facilita  a  interposição  dessa  espécie  recursal.
Sobre  o  tema,  frise­se  que  a  jurisprudência  já  admitia  a  declaração  de  inexistência
dos documentos, mas desde que atestada pelo órgão competente.20
Sendo  eletrônicos  os  autos  do  processo,  dispensa­se  a  juntada  das  peças
obrigatórias  a  que  alude  o  inciso  I  do  art.  1.017,  bem  como  a  declaração  de
inexistência  de  qualquer  documento  obrigatório.  O  fato  de  se  tratar  de  autos
eletrônicos  não  retira  do  agravante  a  faculdade  de  anexar  outros  documentos  que
entender úteis para a compreensão da controvérsia (§ 5º do art. 1.017).
1660 
2.3.2
A petição, com todas as peças que compõem o instrumento, será protocolada no
tribunal, na própria comarca,  seção ou subseção  judiciárias, postada no correio sob
registro com aviso de  recebimento, ou, ainda,  interposta por meio de  fac­símile ou
por outra forma prevista na lei, como por meio de protocolo integrado (art. 1.017, §
2º).  Idêntico  procedimento  será  observado  pelo  agravado  por  ocasião  de  sua
resposta.
No  ato  da  interposição  do  agravo  (protocolo),  o  agravante  comprovará  o
pagamento das respectivas custas e do porte de retorno (art. 1.017, § 1º). De acordo
com os §§ 2º e 4º do art. 1.007, a insuficiência no valor do preparo, inclusive porte
de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, depois de intimado, não
vier  a  supri­lo  no  prazo  de  5  dias.  Se  o  recorrente  não  comprovar,  no  ato  de
interposição  do  recurso,  o  recolhimento  do  preparo,  ainda  que  incompleto,  será
intimado para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
Ausente algum requisito da petição, ou alguma das peças obrigatórias, incluindo
o  comprovante  de  pagamento  das  custas  e  porte  de  retorno,  ou  seja,  ausente  pelo
menos  um  dos  requisitos  de  admissibilidade,  o  relator  deverá  conceder  prazo  de
cinco  dias  ao  recorrente  para  que  este  sane  eventual  vício  ou  complemente  a
documentação exigida (art. 1.017, § 3º).21 Se o recurso for interposto por sistema de
transmissão  de  dados  tipo  fac­símile  ou  similar,  as  peças  devem  ser  juntadas  no
momento de protocolo da petição original.
Comunicação ao juízo de primeiro grau
O art. 1.018 estabelece que “o agravante poderá requerer a juntada,aos autos do
processo, de cópia da decisão da petição do agravo de instrumento, do comprovante
de  sua  interposição  e  da  relação  dos  documentos  que  instruíram  o  recurso”.  Não
obstante a utilização do verbete “poderá” (caput do art. 1.018), permanece o caráter
obrigatório22 da petição de juntada do agravo de instrumento interposto em segunda
instância aos autos originais do processo, para fins de retratação do juízo singular e
ciência  do  agravado  sobre  o  ajuizamento  do  recurso  e  de  seu  conteúdo.23  A  não
informação  ao  juízo  singular,  no  prazo  de  3  dias  a  contar  da  interposição,  implica
inadmissibilidade do recurso,  nos  termos dos  §§ 2º  e  3º  do  art.  1.018. No  caso de
autos  eletrônicos,  por  óbvio,  dispensa­se  a  comunicação.  Por  certo  nos  sistemas
informatizados haverá um aviso  alertando o  juiz  sobre  a  interposição do  agravo de
instrumento, a fim de oportunizar ao magistrado o juízo de retratação.
Nos  termos  do  §  1º  do  art.  1.018,  se  o  juiz  comunicar  que  reformou
1661 
2.3.3
•
•
•
inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento.
Registre­se  que  a  requisição  de  informações  pelo  relator  do  recurso  é
facultativa. Assim, nem sempre o juiz toma conhecimento da interposição do agravo
por essa via, uma razão a mais a justificar a providência prevista no art. 1.018.
Procedimento no tribunal
O  art.  1.019  estabelece  o  procedimento  do  agravo  de  instrumento  no  tribunal.
Vejamos a sua redação:
Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se
não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco)
dias:
I – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total
ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
II – ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento,
quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso
de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias,
facultando­lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso;
III  –  determinará  a  intimação  do  Ministério  Público,  preferencialmente  por  meio
eletrônico, quando  for o caso de  sua  intervenção, para que  se manifeste no prazo de 15
(quinze) dias.
Da  leitura  desse  dispositivo  exsurgem  os  poderes  do  relator  do  agravo  de
instrumento, que são, em síntese, os seguintes:
Julgamento monocrático.  O  permissivo  apresentado  no  inciso  I  garante  ao
relator  a  possibilidade  de  julgar monocraticamente  o  agravo de  instrumento
em prol da celeridade e em respeito aos precedentes judiciais. Sobre o tema,
conferir  o  item  2.2,  Capítulo  II,  desta  Parte.  Contra  a  decisão  do  relator
caberá agravo interno (art. 1.021);
Atribuição de efeito suspensivo ou antecipação da  tutela recursal. O agravo,
ao contrário da apelação, normalmente não tem efeito suspensivo. Entretanto,
poderá o  relator,  a  requerimento do agravante,  atribuir  efeito  suspensivo ao
recurso. Poderá  também conceder o denominado efeito  ativo ao  recurso, ou
seja,  conceder,  antes  do  julgamento  pelo  órgão  colegiado,  a  pretensão
recursal almejada pelo recorrente (tutela antecipatória recursal).
Requisição de informações. Apesar de o novo CPC não reproduzir a redação
1662 
•
•
2.3.4
do  inciso  IV do art. 527  (“Recebido o agravo de  instrumento no  tribunal, e
distribuído incontinenti, o relator: IV – poderá requisitar informações ao juiz
da  causa,  que  as  prestará  no  prazo  de  10  (dez)  dias”),  ainda  é  possível  a
prestação  de  informações  pelo  juízo  de  origem.  Tal  pedido  se  insere  de
maneira  geral  no  capítulo  referente  à  cooperação  jurisdicional  (art.  69,  III).
Em geral,  as  informações  são  requisitadas, mas não  se  trata de providência
obrigatória.  A  necessidade  das  informações  irá  depender  do  grau  de
convencimento  formado  pelo  relator  a  partir  das  peças  que  instruíram  o
agravo;
Intimação do agravado. A intimação para responder ao recurso pode ser feita
pessoalmente ao agravado, por carta com aviso de recebimento, quando este
não  tiver  procurador  constituído.  Se  já  existir  advogado  habilitado,  a
intimação  será  dirigida  ao  patrono  do  agravado,  por  carta  com  aviso  de
recebimento ou por meio do Diário da Justiça. O agravado  tem prazo de 15
(quinze)  dias  para  responder  ao  recurso,  podendo  trazer  aos  autos  a
documentação  que  entender  conveniente,  não  estando  limitado  às  peças
constantes  no  processo.  Se  forem  juntados  documentos  inéditos,  o  juiz
deverá oportunizar o contraditório (arts. 9º e 10). Ressalte­se que a intimação
da  parte  agravada  para  responder  ao  recurso  deve  ser  dispensada  quando  o
relator  julgar  monocraticamente  o  agravo,  na  forma  do  art.  932,  III  e  IV,
pois essa decisão beneficiará o agravado;
Intimação  do  Ministério  Público.  Ultimadas  as  providências  anteriores,  o
órgão do Ministério Público que oficia perante o tribunal será ouvido para se
manifestar sobre o recurso no prazo de quinze dias, desde que o caso enseje
a  atuação  ministerial  (art.  178).  A  intimação  do  membro  do  Ministério
Público será feita, preferencialmente, por meio eletrônico.
Julgamento do agravo de instrumento e possibilidade de
retratação
De acordo com o art. 1.020, em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação
do agravado, o relator pedirá dia para julgamento, o que significa que, transcorrido o
prazo, com ou sem a apresentação das contrarrazões, o agravo será incluído na pauta
de  julgamento.  Todavia,  trata­se  de  mais  um  prazo  impróprio,  de  norma
programática, desprovida de qualquer sanção processual para o julgador.
Finalmente, trata o art. 1.018, § 1º, do juízo de retratação no agravo. No agravo
1663 
de instrumento, não existe momento determinado para que o juiz se retrate, daí por
que  se  admite  a  reforma  da  decisão  durante  todo  o  curso  procedimental. Destarte,
tomando  conhecimento  da  interposição  do  agravo,  seja  pela  juntada  aos  autos  de
cópia da petição, seja pela requisição de informações, pode o juiz reformar a decisão
e,  assim  agindo  e  comunicando  ao  tribunal,  o  relator  considerará  prejudicado  o
recurso. Entretanto,  julgado o agravo, não mais pode o  juiz  retratar­se, visto que a
decisão do tribunal o vincula.
E se o tribunal não for informado em tempo hábil acerca do juízo de retratação
positivo praticado pelo juiz de primeiro grau? Segundo o STJ, nesse caso, a decisão
proferida  pelo  tribunal  ad  quem  substituirá  a  decisão  do  magistrado  de  primeiro
grau,  objeto  do  recurso.  Isso  porque  “a  reforma  da  decisão,  cuja  comunicação  ao
tribunal  é  obrigação  do  juiz,  torna  imediatamente  prejudicado  o  agravo  de
instrumento, não importando que já tenha esse sido julgado em sentido contrário. Se
não  fosse  assim,  inteiramente  ineficaz  seria  a  retratação.  O  objeto  do  agravo  de
instrumento é a decisão original, portanto, o seu julgamento só pode produzir efeitos
sobre  essa”  (REsp  160.997/MG,  Rel.  Min.  Eduardo  Ribeiro,  julgado  em
27.03.2000).
Reformada a decisão, só resta à parte prejudicada pela retratação interpor outro
recurso. A sistemática do agravo não mais admite o chamado recurso invertido, por
meio do qual o recorrente aproveitava o recurso que estava no tribunal para mudar a
nova decisão do juiz de primeiro grau:
“Se houver reforma, ainda que parcial, da decisão, o agravado poderá  interpor o recurso
que  couber  dessa  nova  situação.  Poderá  não  ser  o  de  agravo  (por  exemplo:  se  o  juiz,
apreciando o agravo, reformar decisão que rejeitara a alegação de prescrição,e a acolher,
cabível será a apelação)”.24
JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA
“Não cabe recurso especial contra acórdão que indefere a atribuição de efeito suspensivo
a agravo de  instrumento. A decisão colegiada que entende pela ausência dos  requisitos
necessários  à  atribuição  do  efeito  suspensivo  a  agravo  de  instrumento  não  resulta  em
decisão de única ou última instância, como previsto art. 105, III, da CF. Há necessidade de
que o Tribunal julgue, definitivamente, o agravo de instrumento em seu mérito para que a
parte vencida possa ter acesso à instância especial” (STJ, REsp 1.289.317/DF, 2ª Turma,
Rel. Min. Humberto Martins, j. 27.05.2014).
“Agravo  de  instrumento  – Reforma  da  decisão  pelo  exercício  do  juízo  de  retratação  –
Falta  de  comunicação  ao  Tribunal  –  Julgamento  do  recurso.  A  decisão  proferida  pelo
1664 
tribunal ad quem, em sede de agravo de instrumento, substitui a decisão do magistrado de
primeiro grau, objeto do recurso. Não, entretanto, a nova decisão, resultante do exercício
do juízo de retratação” (STJ, REsp 160.997/MG, 3ª Turma, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, j.
27/03/2000).
Súmula nº 425 do STF: “O agravo despachado no prazo  legal não fica prejudicado pela
demora  da  juntada,  por  culpa  do  cartório;  nem o  agravo  entregue  em  cartório  no  prazo
legal, embora despachado tardiamente”.
Súmula nº 86 do STJ: “Cabe recurso especial contra acórdão proferido no julgamento de
agravo de instrumento”.
Súmula  nº  118  do  STJ:  “O  agravo  de  instrumento  é  o  recurso  cabível  da  decisão  que
homologa a atualização do cálculo da liquidação”.25
Súmula  nº  223  do  STJ:  “A  certidão  de  intimação  do  acórdão  recorrido  constitui  peça
obrigatória do instrumento de agravo”.26
Quadro esquemático 108
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1666 
3. AGRAVO INTERNO (ART. 1.021)
Dentro  do  sistema  recursal  apresentado  pelo  CPC/1973,  o  agravo  interno
possuía  tratamento  esparso,  vinculado  a  hipóteses  específicas  e  ligadas  à
possibilidade  do  julgamento  do  recurso  por  delegação  do  colegiado  ao  próprio
relator.
O  novo  CPC  mantém  a  competência  dos  órgãos  julgadores  no  que  tange  ao
processamento,  mas  unifica  as  hipóteses  de  cabimento  dessa  espécie  recursal,
esboçando seus contornos essenciais para uma adequação constitucional.
Pois  bem.  O  art.  1.021  prevê  o  cabimento  do  agravo  interno  contra  decisão
proferida  pelo  relator,  ao  passo  que  o  art.  1.030,  §  2º,  prevê  o  cabimento  desse
recurso  contra  decisão  do  presidente  ou  vice­presidente  do  tribunal.  Trata­se  de
previsão  que  tem  como  objetivo  permitir  à  parte  prejudicada  impugnar  decisão
interna  do  juízo  de  um  Tribunal.  No  caso  de  o  relator  pertencente  a  um  órgão
colegiado  proferir  uma  decisão  monocrática,  e  sendo  esta  impugnada  mediante
agravo interno, a sua decisão monocrática será revisada pelo próprio órgão colegiado
ao qual  pertence. Nos Tribunais Superiores  esse  recurso  é  conhecido  como  agravo
regimental (art. 39 da Lei nº 8.038/1990).
O  direito  de  recorrer  da  decisão  do  relator  deve  ser  exercido  no  prazo  de  15
dias. Na petição do agravo interno, cabe ao recorrente  impugnar especificamente os
fundamentos  da  decisão  agravada  (art.  1.021,  §  1º).  Ou  seja,  se  o  julgamento
monocrático foi de não provimento do recurso (art. 932, IV), com a fundamentação
de que a decisão recorrida está de acordo com súmula do STJ (art. 932, IV, “a”), o
agravante deve demonstrar que o entendimento do STJ não se aplica ao caso. Deve,
portanto, realizar o dinstinguishing.
Ao final do prazo para contrarrazões, abrem­se as seguintes possibilidades: a) o
relator poderá reconsiderar a sua decisão (art. 1.021, § 2º) ou b) levar o recurso para
julgamento pelo órgão colegiado, caso decida manter a decisão monocrática.
Ressalte­se que o § 3º do art. 1.021 impede o julgamento de improcedência do
agravo  interno,  pelo  relator,  com  base  na  reprodução  dos  fundamentos  da  decisão
agravada. Se o objetivo do recurso é garantir o acesso ao julgamento colegiado, sob
pena  de  violação  do  princípio  do  juízo  natural,  é  essencial  que  o  órgão  composto
possa  rediscutir  os  argumentos  apresentados pelas partes. A disposição  se  ajusta  a
outros dispositivos da nova  legislação que  tratam do contraditório na sua dimensão
material, tais como o art. 10 e o art. 489, § 1º, IV.
A decisão monocrática pode ser reformada na sessão de julgamento ou o órgão
1667 
colegiado  pode  declarar  o  recurso  manifestamente  inadmissível  (pressuposto  de
admissibilidade)  ou  improcedente  (caso  de  negativa  de  provimento).  Nesse  último
caso, se a votação for unânime, impõe­se ao recorrente o pagamento de multa fixada
entre  um  e  cinco  por  cento  do  valor  atualizado  da  causa  (art.  1.021,  §  4º).  Em
síntese,  para  aplicação  da  multa  exige­se:  (a)  manifesta  inadmissibilidade  ou
improcedência;  (b) votação unânime pela  inadmissibilidade ou  improcedência. É de
se  esclarecer  que  o  simples  fato  de  negar  provimento  não  significa  que  seja
manifestamente  inadmissível;  é  preciso  que  haja  manifestação  expressa  sobre  a
“manifesta inadmissibilidade”.
A  interposição  de  qualquer  outro  recurso  fica  condicionada  ao  pagamento  da
multa.27  A  execução  da  penalidade  fica  suspensa,  todavia,  caso  a  parte  seja
beneficiária da assistência judiciária ou se trate da Fazenda Pública (art. 1.021, § 5º).
Nessas  hipóteses  o  pagamento  somente  será  exigível  ao  final,  ou  seja,  após  o
trânsito em julgado da decisão recorrida.
No caso da Fazenda Pública, o disposto no § 5º do art. 1.021 do novo CPC vai
de  encontro  ao  entendimento  do  STJ  firmado  na  sistemática  do CPC/1973.  Para  a
Corte,  o  prévio  depósito  da  multa  referente  a  agravo  interno  manifestamente
inadmissível  ou  infundado,  aplicada  pelo  abuso  do  direito  de  recorrer,  também  é
devido  pela  Fazenda  Pública.28  O  novo  CPC  não  dispensa  a  Fazenda  Pública  do
pagamento da multa, mas não exige que ela seja paga previamente ao recurso que se
pretende interpor.
Ressalte­se que, quanto à parte beneficiária da gratuidade de justiça, já entendeu
o  STJ  que  a  circunstância  não  impede  a  imposição  da  multa;  deve­se  apenas
suspender o seu pagamento.29
Por fim, vale ressalvar que o STJ tem entendimento no sentido de que o § 2º do
art.  557  do CPC/1973 –  correspondente  ao  §  4º  do  art.  1.021  –  não  tem  aplicação
quando  as  razões  do  recurso  a  ser  interposto  forem  distintas,  ou  seja,  quando  o
recorrente  pretender  impugnar  matéria  diferente  daquela  tratada  no  agravo  interno
que  deu  origem  à  multa.  Exemplo:  uma  das  partes  interpõe  apelação  e  essa  é
decidida  monocraticamente  com  base  no  art.  932,  III  (art.  1.011,  I).  Não  há,
portanto, análise quanto ao mérito do  recurso. O recorrente  interpõe agravo  interno
dessa  decisão  e  este  é  declarado  pelo  órgão  colegiado  como  manifestamente
inadmissível, com fundamento na inexistência de pressuposto recursal (art. 1.021, §
4º). Ou seja, o órgão colegiado confirma a decisão do relator. O agravante  interpõe
recurso  especial  por  acreditar  que  a  sentença  fere  norma  infraconstitucional. Nesse
exemplo, o recorrente já havia suscitado a questão em sede de apelação, mas, diante
1668 
da  inadmissibilidade  do  recurso,  a  tese  de  afronta  à  lei  infraconstitucional  não  foi
apreciada. Veja, nesse sentido, a decisão do STJ:
“Direito processual civil. Alcance da restrição contida no § 2º do art. 557 do CPC.
Ainda que o recorrente tenha sido condenado ao pagamento da multa a que se refere o § 2º
do art. 557 do CPC, não se pode condicionar ao seu recolhimento a interposição, em outra
fase processual, de recurso que objetivea impugnação de matéria diversa daquela tratada
no  recurso  que  deu  origem  à  referida  sanção.  Isso  porque,  sob  pena  de  obstaculizar
demasiadamente o exercício do direito de defesa,  apenas a  interposição do  recurso que
objetive impugnar a mesma matéria já decidida e em razão da qual tenha sido imposta a
referida  sanção  está  condicionada  ao  depósito  do  valor  da  multa”  (STJ,  REsp
1.354.977/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 02.05.2013).
JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA
Decisão monocrática sujeita a recurso não viola o princípio da colegialidade
“Poderes processuais do Ministro Relator e princípio da colegialidade.
Assiste,  ao Ministro­Relator,  competência  plena  para  exercer, monocraticamente,  com
fundamento  nos  poderes  processuais  de  que  dispõe,  o  controle  de  admissibilidade  das
ações, pedidos ou recursos dirigidos ao Supremo Tribunal Federal. Pode, em consequência,
negar trânsito, em decisão monocrática, a ações, pedidos ou recursos, quando incabíveis,
intempestivos,  sem objeto  ou,  ainda,  quando  veicularem pretensão  incompatível  com  a
jurisprudência predominante na Suprema Corte. Precedentes.
O  reconhecimento  dessa  competência  monocrática,  deferida  ao  Relator  da  causa,  não
transgride o postulado da colegialidade, pois sempre caberá, para os órgãos colegiados do
Supremo Tribunal Federal (Plenário e Turmas), recurso contra as decisões singulares que
venham  a  ser  proferidas  por  seus  Juízes”  (STF, MS  28.097  AgR/DF,  Pleno,  Rel. Min.
Celso de Mello, j. 11.05.2011).
Súmula nº  253 do STJ:  “O art.  557 do CPC, que  autoriza o  relator  a  decidir  o  recurso,
alcança o reexame necessário”.30
Quadro esquemático 109
1669 
4.
4.1
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (ARTS. 1.022 A 1.026)
Conceito e cabimento
Em  sede  doutrinária,  ainda  persiste  a  controvérsia  acerca  da  natureza  dos
embargos  de  declaração.  Para  alguns  doutrinadores,  tais  embargos  não  constituem
recurso, mas sim meio de correção e integração da sentença.
Tanto  para  o  CPC/1973  quanto  para  o  CPC/2015,  no  entanto,  não  há  dúvida
quanto  à  natureza  recursal  dos  embargos  de  declaração,  tanto  que  nas  duas
legislações eles  foram colocados nos  títulos  relativos aos  recursos  (arts. 535 a 538
do CPC/1973; arts. 1.022 a 1.026 do CPC/2015).
Os embargos de declaração podem ser conceituados como o recurso que visa ao
esclarecimento  ou  à  integração  de  uma  decisão  judicial.  No  CPC/1973  o  art.  535
dispunha  que  os  embargos  seriam  cabíveis  contra  sentença  ou  acórdão.  No  novo
CPC  a  redação  do  caput  do  art.  1.022  deixa  claro  que  os  embargos  podem  ser
opostos  contra  qualquer  decisão  judicial  e  não  apenas  contra  sentença  ou  acórdão.
Esse entendimento já possuía respaldo em nossos tribunais.31
Em  suma,  não  importa  a  natureza  da  decisão.  Seja  interlocutória,  sentença  ou
acórdão,  se  a  decisão  for  obscura,  omissa,  contraditória  ou  contiver  erro material,
pode vir a ser sanada por meio dos embargos de declaração.
Nada impede que os embargos também sejam opostos contra despachos. É que,
apesar  de  estes  pronunciamentos  serem  desprovidos  de  conteúdo  decisório,  é
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