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ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA 3 (1)

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OS TIPOS DE ARGUMENTO JURÍDICO 
 
 REFERÊNCIA 
 
RODRIGUEZ, Victor 
Gabriel. Manual de 
Redação Forense. 
Campinas: LZN Editora, 
2004, p. 215-285. 
ARGUMENTO DE PROVA 
 
Argumentos que convencem quanto aos fatos 
narrados “os elementos probatórios” 
 
 As provas podem ser: “depoimentos das partes e 
das testemunhas, os laudos, as fotografias, as 
gravações, os documentos”. São capazes de 
influenciar na decisão final do juiz, cabendo ao 
advogado, ainda, reforçar este contexto através de 
uma argumentação lógica (idem). 
 
 
A PROVA TESTEMUNHAL 
 
“As testemunhas arroladas pelas partes 
vêm à audiência prestar declarações a 
respeito dos pontos pertinentes à demanda” 
Apesar de constar nos autos, devemos 
copiar o depoimento das testemunhas nas 
alegações para reforçar “sua pertinência ao 
caso” (RODRIGUEZ, 2004, p. 233) 
 
 
O ARGUMENTO DE PROVA TÉCNICA 
 
É o que utiliza provas concretas produzidas 
por especialistas da área. “São exemplos os 
laudos técnicos”, que por não ser de domínio 
do julgador são inquestionáveis. O que não 
impede a fiscalização pela outra parte ao 
contratar um perito e, se o “laudo pericial é 
contestado, ele passa-se a constituir 
uma argumentação técnica.” Se, por outro lado, 
não for questionado é um “argumento de prova 
concreta”. 
O ARGUMENTO DE PROVA DOCUMENTAL 
 
É o que utiliza toda documentação, pública ou 
particular, relacionada ao fato concreto para ajudar 
na persuasão, documentos como: “Atas, cheques, 
recibos, declarações públicas, carteiras profissionais, 
cartas, sentenças, acórdãos, todos trazem a prova de 
uma realidade”. E, quando não questionadas se 
transformam também em prova concreta. Há um 
critério a ser seguido: primeiramente, “não deve o 
argumentante referir-se a documentos que não estão 
nos autos, ainda que em cópia” (RODRIGUEZ, 
2004, p. 237). 
 ARGUMENTAÇÃO LÓGICA 
O ARGUMENTO AB AUTORITATEM 
 
O argumento de autoridade aparece para 
reforçar a tese jurídica do advogado, 
utilizando-se da doutrina de renomado 
professor, ou seja, “usa da lição de 
pessoa conhecida e reconhecida em 
determinada área do saber para corroborar 
a afirmação do autor sobre certa matéria.” 
O ARGUMENTO CONTRARIO SENSU 
 
 
Trata-se de um argumento relacionado com o princípio da 
legalidade, mencionado no art.5º da CF/88, inciso II, “dispõe 
que: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, se não 
em virtude de lei.” Esta lei explica que se o sujeito que não 
comete crime previsto na lei, não está sujeito à sanção da 
mesma lei. Contrario sensu, como explica Rodriguez, é um 
argumento de “interpretação inversa”, o advogado ao utilizá-
lo interpreta “os dispositivos legais, dentro do princípio de 
legalidade” e, “de maneira lógica”, mas, “por via inversa” 
transforma a doutrina, assim como a jurisprudência a seu 
favor (RODRIGUEZ, 2004, p.245). 
 
O julgamento foi retomado nesta quinta-feira depois 
de ser suspenso na quarta, após o voto do relator das 
duas ações, ministro Ayres Britto. O ministro votou no 
sentido de dar interpretação conforme a Constituição 
para o artigo 1.723 do Código Civil. A norma define a 
união estável como aquela "entre o homem e a mulher, 
configurada na convivência pública, contínua e 
duradoura e estabelecida com o objetivo de 
constituição de família". 
Pelo voto do ministro, que foi acompanhado 
integralmente por seis de seus colegas, deve ser 
excluída da interpretação da regra qualquer 
significado que impeça o reconhecimento de pessoas 
do mesmo sexo como entidade familiar. 
 EXEMPLO 
Em voto de cerca de duas horas, o ministro 
frisou que a união homoafetiva não pode ser 
classificada como mera sociedade de fato, como 
se fosse um negócio mercantil. 
 
Além de uma longa análise biológica sobre o 
sexo, Britto registrou que o silêncio da 
Constituição sobre o tema é intencional. "Tudo 
que não está juridicamente proibido, está 
juridicamente permitido. A ausência de lei 
não é ausência de direito, até porque o direito 
é maior do que a lei", afirmou. 
O ARGUMENTO A SIMILI OU POR ANALOGIA 
 
É aquele em que o advogado defende sua tese, 
usando o mesmo resultado, no caso semelhante, ao 
utilizada pela Jurisprudência. “A justiça deve tratar 
de maneira idêntica casos semelhantes”, ainda que o 
ordenamento jurídico forneça várias “teses e 
entendimentos” e, valorize diferentemente as 
provas. Busca-se uma similitude nas decisões dos 
tribunais, ainda que haja autonomia por parte do 
julgador ele não decidirá contrario aos “seus iguais, 
(...) principalmente para manter a equidade no 
judiciário como um todo” (RODRIGUEZ, 2004, p. 
248). 
O ARGUMENTO A FORTIORI 
 
É aquele que apresenta “maior razão”, ou seja, o 
ordenamento jurídico condiciona as pessoas a 
determinadas condutas, e, se a norma jurídica tiver 
motivo, ou razão, imporá a mesma conduta “com 
mais intensidade”. O argumento a fortiori pode ter 
prescrição negativa – a minori ad maius – se, “a lei 
proíbe o menor, evidentemente deve proibir o 
maior.” Observamos a utilização desse argumento 
com os textos de doutrina e jurisprudência, o 
advogado recorta um “posicionamento ainda mais 
incisivo que aquele que se pretende demonstrar”. O 
argumento a minori ad minus se baseia em normas 
proibitivas. (RODRIGUEZ, 2004, p. 253) 
O ARGUMENTO A COMPLETUDINE 
 
Diz respeito ao próprio ordenamento jurídico, 
defendendo que nele não há lacunas, porque é completo, 
“não deixa de prescrever normas proibitivas às condutas 
que violam algum direito ou normas permissivas para 
assegurar direitos que normas maiores garantem.” O 
argumento a completudine ainda garante que se a lei for 
omissa o julgador não deixará “de apreciar e dar solução 
a qualquer demanda que diga respeito a lesão ou ameaça 
a direito.” Esse raciocínio jurídico é assegurado no art. 5º 
da CF/88, no inciso XXXV, portanto, o “Juiz que se 
recusar a decidir uma lide comete denegação da justiça” 
(p.256). 
O ARGUMENTO A COHERENTIA 
 
Visa, ao se deparar com duas leis que regulam o mesmo fato, 
optar, pela coerência, sobre a mais adequada a incidir sobre o 
caso concreto. Perelman define o argumento a coherentia: 
Que, partindo da idéia de um legislador sensato – e que se 
supõe também perfeitamente previdente – não pode 
regulamentar uma mesma situação de duas maneiras 
incompatíveis, supõe a existência de uma regra que permite 
descartar uma das duas disposições que provocam a 
antinomia (RODRIGUEZ, 2004, p. 258). 
O ARGUMENTO PSICOLÓGICO 
 
Trata de preservar a vontade do legislador ao criar a lei, 
funcionando com mais eficácia para as leis que 
recentemente entraram em vigor, pois para leis mais 
antigas vale a interpretação jurisprudencial. Assim, 
conceitua Rodriguez: 
O argumento psicológico é aquele que procura investigar 
a vontade do legislador, no momento da elaboração da lei. 
(...) com o passar dos anos, a interpretação jurisprudencial 
concedida à lei assume prevalência face à vontade do 
legislador, a qual se perde com o passar dos anos, ainda 
que permaneçam escritos os fundamentos que levaram à 
elaboração da lei, como ocorre na exposição de motivos 
dos códigos (p. 260). 
O ARGUMENTO AO ABSURDO 
 
É um argumento que procura combater teses 
absurdas, através das vias do Direito, levando o 
leitor a perceber “a falsidade de uma preposição” 
que extrapola o que é razoável e justo, “também 
chamado de argumento apagógico, (...) estende-se o 
sentido dessa proposição, pela aplicação das regras 
lógicas do Direito, (...) até se chegar a uma conclusão 
inaceitável ao raciocínio comum.” (RODRIGUEZ, 
2004, p. 261) 
 
Crf
Nota
https://goias24horas.com.br/71301-juiz-de-goiania-nega-medida-protetiva-a-2-mulheres-e-1-travesti-vitimas-da-agressao/
O ARGUMENTO DE SENSO COMUM 
 
É o argumento que traz declaraçõesaceitas pela 
maioria, sendo difícil combatê-las. “No Direito, 
poucas teses específicas são de senso comum, 
porque a concordância quanto à interpretação da 
lei é rara.” Ainda podemos dizer, segundo 
Rodriguez, que estas declarações trazidas pelo 
argumento de senso comum não podem ser 
negadas pela parte contrária, pois são óbvias. 
Apesar, de parecer convincente, até porque não 
aceita réplica, esse argumento tem força de 
persuasão fraca, “pois seu alcance é por demais 
vago, obtuso” além do que, as duas partes do 
litígio podem utilizá-la (RODRIGUEZ, 2004, p.263). 
O ARGUMENTO DE COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA 
 
Exige um mínimo de boa linguagem e organização, pois, é 
válido que a norma culta impressiona mais. A utilização de 
outros argumentos exige um trabalho de coesão, expressa 
de forma clara, permitindo o entendimento do leitor. O 
argumento que faz este papel de unir “conteúdo e forma”, 
de estruturar no texto uma “linguagem cuidadosa, correta, 
as palavras bem colocadas, a pontuação bem feita” é o de 
competência lingüística. Contudo, evitemos um texto 
repleto de ornamentos e sigamos as dicas de Rodriguez 
quanto à “construção de frases eficiente”, ritmo contínuo 
ao logo do texto, “vocabulário técnico” bem empregado 
(RODRIGUEZ, 2004, p. 265). 
O ARGUMENTO DE FUGA 
 
É comum aos profissionais, por distração ou com real pré-
determinação, fugirem no processo “ao cerne da questão 
discutida, desviando-se para outros assuntos.” Quando 
essa atitude é prevista trata-se de um argumento de fuga, 
que pode apelar á subjetividade, afastando-se do fato 
concreto “para dar margem a uma discussão meramente 
subjetiva.” O profissional não pretende persuadir o leitor a 
inocentar seu cliente com esta fuga, mas “o leitor pode 
ficar predisposto (grifo original) a aceitar uma tese mais 
objetiva”, ter mais simpatia com “as teses do peticionário.” 
(RODRIGUEZ, 2004, p. 267)

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