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Lipovetsky resumo

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Universidade Estácio de Sá
Cultura das Mídias
Profa. Isabel Spagnolo
A ERA DO VAZIO - Gilles Lipovetsky
Lipovetsky desenvolveu uma extensa reflexão acerca da sociedade contemporânea a qual classifica de sociedade hipermoderna baseada no excesso. A sociedade hipermoderna foi antecedida pela sociedade pós-moderna, conceituada por ele no livro Era do Vazio. Lipovetsky entende o conceito de sociedade pós-moderna como sendo um conceito válido, mas insuficiente para explicar as práticas culturais da atualidade. 
O conceito de pós-modernidade é fundamentado na mudança das relações do indivíduo com ele mesmo e com os outros. As novas práticas e o novo olhar para si são fundados numa percepção excessivamente individualizada de si mesmo, uma personalização extrema. 
Em oposição à ideia de influência há o conceito de sedução.Nesse caso, a sedução está relacionada ao consumo. O mundo do consumo é ampliado pela diversidade de opções de produtos em todos os campos. A sedução sobre o indivíduo não é exercida pelos produtos, mas pela repetição contínua das suas escolhas. Escolher mercadorias é a prática que liberta. É exatamente a repetição da escolha que confere ao indivíduo a sensação de liberdade. O ato do consumo, seja lá do que for, reconstrói simbolicamente o valor existencial da liberdade. Essa dinâmica funciona num processo associativo entre escolha eliberdade na qual o valor da liberdade está no ato da escolha dos objetos, que é uma escolha individualizada. Funciona como uma espécie de distorção do pensamento. O resultado ou consequência é a formação de um padrão e, por consequência sua frequente repetição. Toda vez que o indivíduo escolhe um objeto, ele se sente livre não por adquirir o objeto, mas por ter exercido sua escolha, que está associada à liberdade. 
Se o valor existencial da liberdade está fundado na escolha que faz parte doconsumo, é porque a liberdade é adquirida individualmente.Apersonalização é o objetivo da sedução. Sendo assim, na pós-modernidade é construída uma nova ordem, uma nova forma de organização social na qual os indivíduos não se guiam mais pelas instituições, costumes, regulamentos e regras, maspelos seus próprios desejos. Há um estímulo desenfreado “ao direito de ser ele mesmo” em detrimento das relações com o outro e com a sociedade.
Portanto, a interpretação da liberdade como escolha individualizada de consumo (essa é a sedução) tem por objetivo criar a personalização que dá origem a uma nova forma social na qual os indivíduos se guiam apenas pelos seus desejos. Essa nova forma social recebeu o nome de Pós-Modernidade. 
Nesse contexto, cada indivíduo é estimulado a se voltar para suas próprias emoções o tempo inteiro, a se voltar integralmente para si mesmo, num processo de interiorização constante que se torna uma prática e, por consequência, o faz perdero interesse por aquilo que está ao seu redor. Na verdade, não é uma interiorização genuína, mas um processo de isolamento contínuo que promove uma desintegração do interesse pelo espaço público.
O indivíduo se observa e se avalia e, com isso, volta-se ainda mais para si mesmo na busca de seu bem estar e para melhor administrar seu capital estético, afetivo, psíquico e erótico.
Lipovetsky chama de self-service libidinal, banalização da pornografia, culto à experimentação do corpo, exibição do corpo. O corpo é dissociado da máquina, pois é o corpo que precisa ser cuidado, amado e exibido. Na verdade, o corpo permanece isolado das interações sociais. Ninguém tira mais ninguém pra dançar, não há mais o jogo da conquista, todos dançam sozinhos. 
O clima da pós-modernidade é o clima da indiferença. Uma vez isolado e voltado apenas para suas próprias emoções e seu bem estar, o indivíduo seduzido e personalizado se torna indiferente, se torna descrente: não acredita mais na Igreja, nos Governos, porque, na verdade, acreditam apenas no valor pessoal. Há um esvaziamento da consciência crítica e das estruturas sociais, como a família, o exército, o trabalho. Tudo se torna instável, incerto, flexível. 
Lipovetsky chama essa indiferença de uma desafeição que avança por todos os lados despindo as instituições de seu poder de mobilização social e emocional. Não existe nenhum tipo de consciência dessa desafeição e de que ela faz parte de uma nova lógica social que está sendo absorvida sem nenhum tipo de revolta. É um vazio de sentimentos e um desmoronamento de grandes ideais que, curiosamente, não traz mais angústia e pessimismo. Isso reflete a apatia das massas. A apatia é uma nova socialização suave e econômica, uma descontração necessária ao funcionamento do capitalismo moderno. É uma anemia emocional. O homem indiferente adapta-se a tudo, suas opiniões são suscetíveis de modificações rápidas para atingir esse grau de socialização. 
Narciso como estratégia do vazio. 
O homem político dá lugar ao homem psicológico
Viver o presente, nada mais que o presente, não mais em função do passado e do futuro.
O homem político dá lugar ao homem psicológico. 
A indiferença em relação ao mundo explica parcialmente o fato de que somos tomados por uma grande quantidade de informações, junto a rapidez com que os acontecimentos veiculados pela mídia de massa se substituem. Como já existe a indiferença, não temos uma emoção duradoura. 
O narcisismo é uma nova tecnologia de controle suave que coloca os indivíduos num modelo social que glorifica o reino da expansão do ego puro. É uma busca interminável de si mesmo. Como o espaço público se esvazia emocionalmente por excesso de informações, o Eu perde suas referências e sua unidade por excesso de atenção: o Eu se tornou um conjunto impreciso. 
O corpo reciclado
O medo atual de morrer e de envelhecer faz parte do neonarcisismo. Nos sistemas personalizados, então resta apenas durar o máximo possível e divertir-se, aumentar a confiabilidade do corpo, ganhar tempo e ganhar a corrida contra o tempo. Permanecer jovem, não envelhecer: é o mesmo imperativo de funcionalidade pura, da reciclagem. 
O corpo psicológico substitui o corpo objetivo e a tomada de consciência do corpo a respeito de si mesmo tornou-se a própria finalidade do narcisismo. O culto ao corpo leva a uma cultura da personalidade. 
O interesse febril que temos pelo corpo não é, de modo algum, espontâneo e livre, pois obedece a imperativos sociais, tais como linha, forma, orgasmo. 
Um teatro discreto
O narcisismo enfraquece a capacidade de lidar com a vida social, torna impossível toda distância entre o que se sente e se exprime. É aí que se encontra a armadilha, pois quanto mais os indivíduos se libertam das regras e dos costumes em busca de uma verdade pessoal, mais seus relacionamentos se tornam associais. Sempre exigindo mais imediatismo e mais proximidade, esmagando o outro sob o peso das confissões pessoais, deixamos de respeitar a distância necessária para manter o respeito pela vida particular dos demais: o intimismo é tirânico e incivilizado. A civilidade é a atividade que protege o eu dos outros e nos permite o prazer da companhia das demais pessoas. 
O sucesso adquire um significado psicológico: a busca da riqueza significa provocar a admiração e ou inveja. O que importa no momento é ser absolutamente si mesmo, desenvolver-se independente dos critérios do outro. Resta apenas a vontade de se realizar. Predomina o desejo de ser ouvido, aceito, amado.

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