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Direito civil familia aula 1 (INTRODUÇÃO)

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DIREITO CIVIL- FAMÍLIA 
Professor: Cristiano Monteiro 
Anotações de aula 
Aula 1- 13/02/17
INTRODUÇÃO GERAL. EVOLUÇÃO DO DIREITO CIVIL
CORPUS IURIS CIVILIS. CÓDIGO CIVIL DE NAPOLEÃO. 
	Um grande marco histórico para o direito civil foi o Período Romano de Justiniano, o qual foi responsável pela preservação física do direito romano em sua integridade. Isso é devido à compilação determinada por esse grande imperador do império romano do oriente, que resultou no CopusIurisCivilis. Com o trabalho dos glosadores, intérpretes do Corpus Iuriscivilis e os pós-glosadores que os sucederam, o estudo das fontes romanas tornou-se a base dos estudos nas universidades, até o surgimento das codificações.
	A codificação teve seu início na França, com o código civil francês(Código civil Napoleônico). Napoleão tinha um grande poder político centrado em suas mãos e, na condução do processo histórico, buscou garantir direitos à burguesia (detentores do poder econômico), a qual pleiteava autonomia contratual, autonomia privada; isso ocorreu, pois garantindo essa autonomia, teria o apoio da burguesia para dar continuidade ao seu poder político. Ele dividiu o direito em privado e público, sendo que é o poder público o que prevaleceria em um conflito entre os dois. 
Dois pontos do código francês são importantes (dois caracteres): 
Individualismo
Patrimonialismo 
	Passado um tempo, fez-se uma crítica à ideia de codificação, pois com a crescente velocidade da evolução da sociedade e dos avanços tecnológicos que exigiam do direito uma capacidade de adequação à nova realidade contrastava a rigidez sistêmica dos códigos e a dificuldade de seu ajustamento a uma realidade social bastante dinâmica. Os críticos acreditavam então que os grandes sistemas dariam lugar a microssistemas que alcançariam segmentos específicos e teriam leis próprias. 
Viu-se, entretanto, que a fragmentação do sistema retiraria a organicidade e os princípios condutores, o que faria com que fosse praticamente impossível ao aplicador a integração das normas e a interpretação do direito compatível com determinados valores e interesses. 
DIREITO CIVIL NO SÉCULO XXI 
	São incontáveis os novos produtos, bens, serviços, hábitos e costumes que se incorporaram em nosso dia a dia, decorrentes das tecnologias desenvolvidas. Tal fato resultou uma sociedade que passou a repudiar antigas práticas, bem como representar novos tipos de relações sociais e econômicas, o que leva a necessidade de transformações no ordenamento jurídico. 
	Até meados do século XX, encontrávamos o Direito Civil estratificado sobre valores que vinham consagrados pelas correntes do pensamento político e jurídico dominantes a partir das grandes codificações. O direito civil contemporâneo, no entanto, contempla um substancial ajuste em seus valores e fundamentos. 
O individualismo cede lugar a sociabilidade (enquanto integrante de uma coletividade, os interesses de uma pessoa passam a se integrar aos interesses comuns de forma a atingir o bem comum), o patrimonialismo sofre impacto dos novos tempos, a dignidade da pessoa humana passa a ser o principal foco, ..
	A visão de um código civil completo e auto-suficiente tendo como centro e foco o indivíduo, sua família e seu patrimônio, não encontra mais espaço na complexidade crescente da sociedade atual. Assim, surge o Direito Civil Constitucional, um novo caminho metodológico que procura analisar os institutos privados a partir da Constituição, e, eventualmente, os mecanismos constitucionais a partir do Código Civil e da legislação infraconstitucional, em uma análise de mão dupla.
O Direito Civil Constitucional brasileiro funda-se em três grandes princípios fundamentais: 
A dignidade da pessoa humana, que se sobrepõe ao patrimonialismo.
A solidariedade social, que supera o individualismo.
A igualdade substancial, em substituição à igualdade formal. 
	Destaca-se uma crítica queOrlando Gomesfez ao direito civil. Ele afirmava que o direito civil no Brasil sobreviveu durante anos sob a égide de diversas constituições sem interesse destas; o direito civil sempre sobreviveu ao lado delas. No entanto, com o processo de constitucionalização do direito civil aliado aos microsistemas jurídicos, começaram a surgir leis e estatutos especiais e isso foi alvo de discussões, o que fez Orlando Gomes dizer que o código perdeu sua generalidade e sua completude. Vê-se que as leis especiais surgiram como uma forma de contemplar a dinâmica social. 
	Portanto, com o passar do tempo ocorreu o chamado fenômeno da constitucionalização do direito civilque permitiu que o direito civil passasse a "pertencer à Constituição Federal". Assim, todas as normas do direito civil deveriam ser interpretadas e avaliadas sob a luzda Constituição Federal. Quais os valores da CF que estão como norte ao direito civil? 
Princípio da dignidade da pessoa humana 
Liberdade
Igualdade
Solidariedade 
EVOLUÇÃO DO DIREITO CIVIL BRASILEIRO 
	No Brasil, durante muito tempo, a primeira legislação a aplicar-se com efetividade e por longo tempo, deixando fortes marcas na nossa tradição jurídica, foram as chamadas Ordenações Filipinas que surgiram em 1603. Esta foi revogada apenas com o início da vigência do Código Civil de 1916 e antes desse código houve a tentativa de criação de outros códigos. 
	Em 1855, Augusto Teixeira de Freitas, um dos maiores juristas brasileiros faz uma obra de Consolidação das Leis Civis, a qual recebeu tanto mérito que, a seguir, o próprio jurista foi incumbido da elaboração de um Código civil. Ele então, em 1867, faz um esboço do código que, no entanto, não é bem recebido e sua obra fica esquecida por quase um século.
	Depois, em 1899, já na República, houve outra contratação deClovis Bevilacqua. Em 1899 apresenta seu projeto, o qual é encaminhado ao congresso em 1900 e promulgado pelo presidente em 1916. 
	Em sua estrutura, o código de Bevilacqua segue basicamente a linha adotada no BGB alemão, introduzindo em nosso direito a hoje tradicional divisão entre a Parte Geral, elemento unificador do código (Pessoas, bens e fatos jurídicos) e a Parte Especial, mostrando-se de grande apuro técnico. 
	Entretanto, a redação do código era do século XIX, o que fazia com que ele reproduzisse os costumes, a moral, a ética e os princípios norteadores daquela sociedade, que se preocupava mais com os direitos de natureza patrimonial do que com os de natureza pessoal.
Os três grandes pilares que sustentavam o direito de família no código de 16 eram: 
A absoluta predominância do marido sobre a mulher na vigência da sociedade conjugal que se refletia. Começa a mudar com a edição do chamado Estatuto da Mulher Casada, sendo tirada a condição de incapaz mas continuando predominante a vontade do cônjuge. A plena igualdade só é alcançada com a Constituição de 88 que mostra os cônjuges como detentores do poder família, afastando o conceito do pátrio poder. 
A indissolubilidade do casamento, onde o vínculo matrimonial somente se dissolvia após a morte de um dos cônjuges ou na hipótese de nulidade. Em caso de desavença e separação, havia o desquites, que liberava os cônjuges do dever de fidelidade e coabitação, mas como o vínculo conjugal mantinha-se íntegro, o desquitado não poder casar-se novamente. A situação muda com a Lei do Divórcio, a qual rompia o vínculo matrimonial. 
O casamento era a única fonte da família legítima. A consequência mais cruel vinha na filiação. Estabelecia-se várias categorias de filho: legítimo (no casamento), natural (fora do casamento, mas entre pessoas não impedidas de casar), ilegítimo (fora do casamento entre pessoas impedidas de casar), adulterino (de relação de adultério). A Lei do divórcio vem e proíbe o registro de qualidade de filho na certidão e no caso dos adulterinos, apenas com a Constituição de 88 é possível colocar o nome do pai na certidão.
Essas situações constantes no código de 16 seriam inaceitáveis nos dias de hoje em nossa sociedade, sendo necessárias inúmeras reformasnesse o em outros livros do código com o intuito de mantê-lo atualizado de acordo com os novos parâmetros morais e éticos da sociedade. 
	Em 2002, tivemos nosso novo código e ele estruturou-se com base em três grandes princípios, sempre destacados por Miguel Reale: 
Sociabilidade: prevalências do interesse coletivo sobre o individual. O estado é um ente criado pela sociedade para servi-la e a seus integrantes, suprindo-lhes as necessidade e assegurando seus direitos fundamentais. (Direitos de personalidade; equilíbrio entre os direitos individuais, a justiça social e o alcance do bem comum)
Eticidade: funda-se no respeito à pessoa humana e consagra a valorização da boa-fé. 
Operabilidade: traduz-se na simplificação de textos, na retirada de institutos caídos em desuso ou fórmulas jurídicas superadas, na redução de conteúdos meramente conceituais e privilegiando a adoção de soluções efetivamente passíveis de aplicação ao caso concreto. 
Esse código é marcado pela utilização frequente de cláusulas geraisou cláusulas abertas que dão ao texto expressiva flexibilidade, permitindo ao intérprete ajustar-lhes o conteúdo ao avanço das concepções da sociedade. 
	É fato que temos alguns paradigmas nesse processo. Um deles está no fato de a CF ser de 1988 e o código civil ser de 2002; no entanto, o projeto do código civil é de 1975, por isso, muitos dizem que ele já nasceu ultrapassado. Portanto, com o passar dos anos as leis devem ir se adequando à sociedade e as pessoas passam a reivindicar novas soluções para novas situações ou até mesmo para situações antigas que requerem um outro olhar. Ai temos as chamadas eclosões sociais.

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