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1 OS DESAFIOS DA PEDAGOGIA HOSPITALAR: o projeto hoje em foco. Fernanda Paula do Nascimento de Sousa1 Resumo: Este artigo discorre sobre a pedagogia hospitalar especificamente em Goiás, onde se mostra ser de fundamental relevância a aprendizagem de crianças e adolescentes em contextos hospitalares, focando na questão de que aprendizagem também pode acontecer em classe hospitalar, porquanto é voltada essa atenção ao pedagogo que desenvolve atividades pedagógicas dentro dos hospitais a fim de contribuir na aprendizagem e desenvolvimento dos discentes que precisam se ausentar da escola por um período maior devido a condição de internamento. Enfim, o presente artigo mostra que é possível trabalhar os conteúdos escolares dentro dos centros hospitalares, através de atividades pedagógicas, respeitando assim o estado de saúde dos discentes e contribuindo, inclusive, para sua rápida recuperação. Palavras-chave: Educação, classe hospitalar, aprendizagem, desempenho acadêmico. Introdução No cenário atual a pedagogia vem mostrando diversas ramificações que como conseqüência trazem a necessidade de estudos específicos. A pedagogia hospitalar se revela como um ramo da pedagogia que desperta esclarecimentos sobre essa possibilidade de continuidade de estudos fora da escola. Tal possibilidade se assenta na necessidade de incluir os alunos que precisam ausentar-se da escola por um longo espaço de tempo, possibilitando-lhes acesso aos conteúdos e continuidade no processo de desenvolvimento da aprendizagem. Com base nos vários estudos sobre a pedagogia hospitalar, percebe-se que ela se apresenta como um novo campo de desenvolvimento educacional que ainda é visto como um tema novo e pouco conhecido sociedade. Esse trabalho discute como acontece aprendizagem de crianças e adolescentes no ambiente hospitalar, apontando a possibilidade de um trabalho que poderia ser feito pela equipe multiprofissional, destacando os desafios que a pedagogia hospitalar enfrenta. O artigo tem como principal objetivo analisar o processo de aprendizagem dos educando em contextos hospitalares, destacando os muitos desafios que o pedagogo enfrenta ao se deparar com um educando que é paciente ao mesmo tempo, o que requer uma nova práxis pedagógica. 1 Acadêmica do VIII período do Curso de Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser 2 Sendo esta uma pesquisa bibliográfica baseada em alguns autores especialistas na temática, como Matos, Mugiatti (2008), Vasconcelos(2001), Mantoan (2006) , entre outros, acabou proporcionando um maior esclarecimento de como acontece esse processo de continuação de desenvolvimento dos conteúdos, as maiores necessidades pedagógicas desses educandos, como também os principais desafios com que esse ramo da pedagogia se depara para a realização de um bom trabalho que garanta o sucesso do aluno em situação de convalescência. Novos Contextos Educacionais A educação, com o passar do tempo, vem cada vez mais ganhando importância na sociedade, revelando um papel fundamental e inovador para atribuir características ao desenvolvimento das pessoas. Segundo Toscano(1984) à educação que compete a tarefa superior de criar as condições capazes de destruir os velhos paradigmas de aprendizagem e de contextos escolares exclusivos na sociedade. As relações educacionais com suas manifestações estabelecem e até mesmo regulamentam elos entre cultura, hierarquias, formas de conhecimento abrangendo todo o universo de aprendizado que o homem possa ter domínio. A realidade educacional vem cada vez mais, em certos aspectos, oferecendo menos situações de improvisações. Com o passar dos anos as exigências estão sendo postas cada vez mais e com maior freqüência, sendo assim, o próprio mercado requer dos profissionais da educação uma competência pedagógica, como também, requer bons fundamentos educacionais para atribuir sentido a responsabilidade de seu próprio ato pedagógico. Libâneo (2004) acrescenta que a educação tem o papel de formar cidadãos que sejam participantes, como também desenvolver o pensamento crítico, autônomo e criativo. É de suma importância atribuir êxitos a questão de desenvolvimento, e até mesmo avaliar esse papel educacional capaz de inovar e restabelecer a estrutura desses contextos educacionais que cada vez mais vem ganhando espaço na sociedade. Sendo assim, quando esses contextos ganham espaços significativos, a exigência aumenta. O sistema educacional de acordo com suas evoluções passa a 3 adquirir cobranças, daí que o autor menciona a necessidade de uma boa formação desses cidadãos. Deve-se formar cidadãos participantes em todas as instancias da vida social contemporânea, o que implica articular os objetivos da escola, transmissão e assimilação ativa dos conteúdos, desenvolvimento do pensamento autônomo, atitudes às exigências postas pela sociedade comunicacional globalizada, maior competência reflexiva e uma interação crítica. (Libâneo 2004 p.9). Ainda de acordo com Toscano (1984), nas sociedades modernas, a consciência cada vez mais clara que se tem da importância da educação como fator de desenvolvimento, acompanha, com uma certa intimidade, a complexidade de formas de relações sociais. No entanto, entende-se também a necessidade de se tornar mais urgente nos dias atuais, a integração entre recursos materiais e humanos como forma de ligação entre ambos para efetivar o processo educacional. A educação é um dos alicerces fundamentais que dá base ao corpo social, e oferece o suporte adequado e necessário que a sociedade contemporânea exige. Cabe a educação, enquanto instituição básica, criar condições, sejam elas mínimas que possam permitir o pleno desenvolvimento dos fatores sociais para implicar no desenvolvimento integral da realidade. Com a atual globalização surgem novos papeis educacionais onde o educador deve ser consciente de seu trabalho e mostrar com cautela os problemas relacionados a realidade de seus alunos, propondo amplos conhecimentos ligados e essas exigências. Toscano (1984), ressalta o dever máximo do educador que vem a ser o de levantar, com ajuda de instrumentos propícios, os problemas que encobrem a verdade dos fatos e a partir desses problemas trabalhar para o desenvolvimento. O aumento da procura por escolas e demais entidades em que também se aprendem diversos conteúdos, tem tido um grande crescimento e em um ritmo acelerado. As pessoas vêm compreendendo com mais freqüência e clareza que a educação ainda é o veículo mais eficiente de deparar com tamanho 4 desenvolvimento e pressões que por um motivo ou outro não deixam de inculcar no ser humano a necessidade de desenvolver-se. Há hoje um reconhecimento de que a educação acontece em muitos lugares, como bem assevera Libâneo (p.26, 2004) quando diz que atualmente, além de se desenvolver na família, a educação acontece em muitos lugares como: meios de comunicações, empresas, clubes, academias, sindicatos, na rua, hospitais, etc. O próprio meio se transforma em agência educativa através de iniciativas e participações daqueles que se julgam aprendizes. Cabe ressaltar é que independentes do local de aprender, as pessoas buscam usufruir de inúmeras práticas e oportunidades oferecidas, que são captadas e seguidas de resultados de desenvolvimento exigidos a cada dia. No entanto, a educação tem sido proclamada como uma das áreas chave para enfrentar os novos desafios gerados pela globalização e pelo avanço tecnológico na era da informação. Nesse sentido, a educação também se proclama em situação de superação, pois promoveo acesso dos excluídos a uma sociedade mais justa e igualitária. Gonh (p.32, 2008) atribui a esses fatores o nome de educação não- formal, onde aborda processos educativos que ocorrem fora das escolas, em processos organizativos da sociedade, que perpassam as ações coletivas, abrangendo movimentos sociais e processos educacionais. As transformações sociais tecnológicas, o uso de novas linguagens na presente sociedade vem mudando a cultura e os comportamentos e, conseqüentemente, coloca novos desafios e necessidades à área da educação. Ainda afirma que “A mídia se transformou num quadro de poder na sociedade: abriu novas frentes e expandiu-se, tornou-se mais complexa, alteraram os conceitos de tempo como também de espaço. (GOHN, 2008, p.9). A globalização é cada vez mais posta como novo sistema de poder, e está obvio com o passar dos anos que não se trata apenas como uma forma de divisão do trabalho ou ampliação do mundo produtivo. Os seus efeitos na Era da Informação vêm se expandindo rapidamente e conseqüentemente novos contextos educacionais são oferecidos como fator de desenvolvimento. No entanto, a educação ganha também importância na era da globalização, pois o alto índice de competitividade 5 ampliou a demanda por conhecimentos e informação. Cobra-se, portanto a qualidade e o tipo de educação a ser oferecida. Segundo Gonh (2008) a educação ganha também, além de importância, centralidade nos discursos e políticas sociais, como direito a ser preservado.Tais direitos são considerados temas de educação informal onde pode ser transmitida pela família, convívio com os amigos, nos clube, em teatros, etc. É de suma importância destacar, em meio a tanto crescimento e cobranças, uma releitura do papel da educação como promotora de desenvolvimento e de novos contextos educacionais. Portanto, a educação deve contribuir para a formação de capacidades para atuar e pensar de forma criativa. Deve-se levar em consideração também que o público alvo de tantas experiências e estudos compõe-se de forma heterogênea. De acordo com Libâneo (2007), educação e comunicação sempre andaram juntas, entretanto para enfrentarmos os desafios que os avanços tanto cobram é necessária uma ligação entre teoria e prática, onde o trabalho docente possa realizar discussões dos problemas existentes. Seria necessário também que as unidades de ensino e aprendizagem trabalhassem em parceria, formalizando uma equipe profissional centrada em organizar e participar desses novos contextos em que são postos a educação, para obtenção de resultados positivos, dando continuidade a esses novos papeis articulados. Como o mundo presente passa por grandes transformações, inovações, mudanças no perfil profissional e, conseqüentemente, com novas exigências, o autor ainda ressalta que, para realizar esse trabalho em parceria e dotado das discussões características, é necessário voltar-se as requeridas habilidades, atenção, comportamento profissional flexível reavaliando os processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Para tantas exigências, adaptações, competências voltadas ao processo de globalização, o pedagogo realiza vários processos de ensino. Não se cobra mais na atualidade ensino especificamente centrado em escolas; há vários outros setores que exigem o profissional da educação para desenvolver um bom trabalho. Como exemplo, será discorrido ao longo das próximas linhas a educação 6 no ambiente hospitalar, partindo do pressuposto que crianças e adolescentes hospitalizados têm a capacidade e o direito de aprender. A pedagogia hospitalar e o direito a educação Atualmente vem sendo discutido com ênfase a questão da educação e aprendizagem fora dos muros escolares. Há uma necessidade de formar o cidadão que necessita de conhecimento e que por várias situações não pode freqüentar a escola em momentos específicos. A pedagogia hospitalar vem com o intuito de oferecer uma continuação do conteúdo escolar no ambiente hospitalar, sendo assim, a referida pedagogia vem com a finalidade de oferecer suporte adequado de aprendizagem, mesmo ausente da escola. A pedagogia hospitalar é um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o contexto formal da escola, pois levanta parâmetros para o atendimento de necessidades especiais transitórias do educando, em ambiente hospitalar ou domiciliar (MATOS, MUGIATTI 2008 p.37). É importante ressaltar que a pedagogia hospitalar está situada em um processo de educação continuada, em que a mesma pode prosseguir fora da tradicional sala de aula, atendendo as necessidades especificas de cada situação dos alunos em seu processo de desenvolvimento. Há alguns procedimentos de escolaridade que se realizam no ambiente hospitalar, no entanto, conta com a hospitalização escolarizada que consiste no atendimento personalizado ao escolar doente, respeitando seu momento de doença e considerando a situação de escolaridade. Para Matos, Mugiatti (2008) pode ser desenvolvida uma proposta para cada aluno, de acordo com a doença e série que o mesmo se encontra para que o trabalho e aprendizado do aluno possam acontecer com eficácia. Para isso, é necessário que o pedagogo hospitalar seja criativo e que possa também ir além dos conteúdos propostos, pois a classe hospitalar é oferecida de 7 uma forma heterogênea e em tempo diferenciado, atendendo a necessidade do aluno em sua especificadade. De acordo com Matos, Mugiatti (2008 p.40) a criança/adolescente se “embrutece” com grande facilidade se não receber estímulo algum. Há um grande desafio da equipe profissional que conta com os atendentes clínicos como também a necessidade da presença de pedagogos em hospitais com a finalidade exclusiva e especifica de atender certos aspectos de natureza pedagógica do enfermo, como a de promover a continuidade da escolarização em ambiente hospitalar. Considera-se, portanto, que o envolvimento da atuante equipe profissional é fator essencial para o sucesso desse trabalho. No entanto, essa integração deve, com certa prevalência, favorecer e conciliar as situações problematizadoras com ênfase também no processo de cura dos educandos. Daí as referidas autoras advertem que surge a necessidade de uma nova mentalidade na formação desses profissionais, em que possam assegurar um real e adequado desempenho do pedagogo com ênfase nesse sentido, podendo oferecer a qualidade dos serviços desse novo profissional na equipe de saúde. Portanto, é de suma importância reconhecer o importante significado da presença do pedagogo na equipe hospitalar. Nesse sentido, a pedagogia hospitalar, além de dar continuidade aos conteúdos escolares vem com o intuito de assumir uma posição de vanguarda na luta pela vida, pela sua qualidade, na busca de novos e específicos conhecimentos favoráveis a questão tratada juntamente com as equipes especializadas, onde os maiores beneficiados serão os enfermos/alunos. Segundo Biermann (1980 p.62), o homem não se adapta, mais faz com que o meio se adapte as suas necessidades, quebrando aquele velho paradigma de que ensino só em sala de aula e hospital apenas para tratamento medico. A pedagogia hospitalar mostra que é possível trabalhar a aprendizagem das crianças/adolescentes e até mesmo adultos nos centros hospitalares. Portanto, é necessário compreender os procedimentos necessários a educação de crianças e adolescentes hospitalizados, desenvolvendo uma atenção pedagógica para os alunos que se encontram em atendimento hospitalar. 8 O pedagogo hospitalar e seus desafios funcionais O educador, como participante dessa equipe no hospital tema responsabilidade de retomar ao educando o seu papel social, sobretudo como agente de mudança no controle de ações pedagógicas integradas. Para isso Matos, Mugiatti afirmam que: “É necessário que o educador possa ter visão de uma formação de consciência critica de todos os envolvidos, numa atuação incisiva, na reestruturação dos sistemas vigentes para uma nova ordem superior. Para tanto, é necessário adaptar, criativamente, essas práticas as novas realidades que se apresentam. (2008 p.102). A pedagogia hospitalar aponta recursos necessários para a aprendizagem e possível cura do educando. Sendo assim, ela favorece uma associação de resgate enfatizada de forma multi/interdisciplinar, ressignificando a humanização e a cidadania. Nesse setor de possibilidades educativas é que o hospital é situado como área de educação diferenciada, onde encontram-se as crianças e adolescentes que se encontram em escolarização afastada da sala de aula, algumas sendo por tempo prolongado. Daí muda-se, por haver a necessidade de transferência de local de aprendizagem, esse atendimento educacional deve ser fundamentado numa perspectiva de abordagem inovadora. Segundo Matos, Mugiatti (2008) é a pedagogia hospitalar que deve respeitar as singularidades de cada educando, como também no contexto em que está inserida, mesmo que seja provisório. No entanto, esse atendimento classificado como pedagogia hospitalar vem sendo adotado por diversas instituições que se preocupam em não excluir ninguém devido a sua enfermidade. Mantoan (2006) destaca que assim como deve considerar o que o aluno sabe nas escolas, com o aluno especial não é diferente. Na classe hospitalar é necessário partir-se do fato de que os educandos sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender no tempo e do jeito que lhe é próprio. Segundo a autora é fundamental que o professor adquira um índice elevado de expectativas relacionadas à capacidade de progredir dos alunos, ajudando também nos obstáculos de aprendizagem. 9 O sucesso de aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades, desenvolver predisposições naturais de cada aluno. As dificuldades e as limitações são reconhecidas, mas não conduzem nem restringem o processo de ensino, como comumente se deixa que aconteça. (MANTOAN, 2006 p.49). O educador deve atender as diferenças dos alunos sem diferenciar o ensino para cada um, fazendo apenas adaptações ao processo de ensino. É imprescindível adotar uma pedagogia que seja ativa, dialógica e interativa para sucesso de seu trabalho, como também do educando, especificamente na classe hospitalar de inclusão De acordo com a Política de Atenção a Diversidade do Ministério da Educação, crianças e adolescentes hospitalizados possuem necessidades especiais. Portanto a resolução nº41/95, do Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente, garantiu para esta parcela da população, o direito de desfrutar, de alguma forma, de recreação, programas de educação para a saúde e acompanhamento do currículo escolar, durante sua permanência hospitalar. Para o funcionamento adequado desta resolução seria benéfico seguir em uma das diretrizes que vem a ser o acompanhamento do currículo escolar. Ou seja, quando a criança ou adolescente hospitalizado já freqüentava uma escola antes de sua internação, a classe hospitalar deve procurar contato com a escola para que as atividades possam dar continuidade. É de suma importância relembrar, de acordo com Barros (1980), que mesmo que a criança ou adolescente não esteja freqüentando a escola regulamente, é promovida a aprendizagem de competências próprias para seus estágios de desenvolvimento intelectual. Na classe hospitalar, o que poderia ser chamado de turma trata-se de um grupo aberto e de estrutura dinâmica, onde se quebra aquele velho paradigma de tradicionalismo, e é necessário trabalhar com esses alunos de forma lúdica, desprendendo de rotinas realizando tarefas diferenciadas. A classe hospitalar se transforma em espaços de desenvolvimento de programas de educação em saúde, todavia, o atendimento prestado também é fator 10 que contribui para o enfrentamento do estresse da hospitalização como também mantém o equilíbrio de desenvolvimento psíquico das crianças e adolescentes. A educação hospitalar, entendida como também educação especial é mencionada na Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB), que ressalta o entendimento de que ela seja uma modalidade de educação que deve situar-se preferencialmente na rede regular de ensino, também determina sua existência e quando necessário, de serviços de apoio especializado. A LDB dispõe que o ensino deve assegurar uma adequada organização do trabalho pedagógico para atender as necessidades especificas; ressalta ainda a preparação de professores para o atendimento especializado, capacitados para integrar esses educandos que por um motivo ou outro necessitam de apoio a sua aprendizagem. O Estatuto da Criança e do Adolescente – o ECA, também dá suporte a essas crianças e adolescentes especiais onde os mesmos tem direito a proteção a vida e á saúde em condições dignas de existência, como também atendimento educacional especializado, não especificando que somente em escolas pode ser trabalhado os conteúdos curriculares beneficentes aos alunos. A LDB, o ECA, a Constituição atribuem significados pertinentes garantindo educação para todos independente de campo escolar ou não. Como diz Libâneo, a educação acontece em qualquer lugar, no entanto, essas crianças e adolescentes especiais são amparadas por lei e tem o direito de receber educação, desenvolver a aprendizagem mesmo em seu tempo de internação, pois para que se alcance o pleno desenvolvimento humano e preparo para a cidadania, entende-se que essa educação não pode se realizar somente em ambientes segregados. Desafios da Pedagogia Hospitalar e o Projeto Hoje A pedagogia hospitalar tem uma grande importância no ramo da pedagogia. Ela mesma vem com o intuito de proporcionar a continuidade do desenvolvimento de crianças e adolescentes que se encontram fora da escola por motivo de saúde. Com o passar do tempo esse ramo da pedagogia vem cada vez mais ganhando espaço, uma vez que se torna necessário e direito daqueles que necessitam. 11 Essa educação especial hospitalar tem o objetivo de assegurar a manutenção dos vínculos escolares e devolver a criança e adolescente para sua escola de origem com a certeza de que ela poderá reintregar-se ao currículo, aos colegas e a vida sem prejuízo devido ao afastamento temporário. E ainda mais, atender as necessidades provenientes da atenção integral ao seu crescimento de desenvolvimento, obedecendo aos fundamentos políticos da educação onde possa entender o principio democrático da igualdade, liberdade e da valorização humana.. A pedagogia hospitalar entendida como continuidade de desenvolvimento da aprendizagem em contexto hospitalar tem seus êxitos e vem com grandes avanços e desenvolvimento, mas deixa a desejar em alguns aspectos. Os educadores precisam entender e atender com qualidade, reconhecendo e atendendo as necessidades especiais educativas que fazem parte dos direitos sociais de cidadania, da meta de inclusão escolar e da formação psíquica, social e cognitiva dos educando. Para melhoria da pedagogia hospitalar é necessária e urgente a expansão da educação em classes hospitalares no estado de Goiás, fundamentado no valor de cidadania, ética, direito a educação e saúde, esses direitos são entendidos como educação especial e do atendimento hospitalar que é definido por Semancas e Lorente (1990p. 126) da seguinte forma: Educação hospitalar que se faz ramo da pedagogia, cujo objeto de estudo, investigação e dedicação é a situação do estudante hospitalizado, a fim de que continue progredindo na aprendizagem cultural, formativa e, muito especialmente, quanto ao modo de enfrentar a sua enfermidade, com vistas ao autocuidado e a prevenção de outras possíveis alterações na sua saúde. Infelizmente, entre as modalidades de atendimento educacional especializado, as classe hospitalares são pouco conhecidas no meio acadêmico, escolar e pediátrico, porquanto as necessidades educativas especiais ainda não são as mais atendidas. A hospitalização em qualquer idade gera diversas necessidades especiais relacionadas a proteção emocional, como também ao tempo de brincar, trabalhar e ao atendimento pedagógico educacional. Portanto, essa educação especial ainda é vista de modo pejorativo por parte de pedagogos e a equipe de 12 saúde o que implica na perda ou ausência de determinadas capacidades dos alunos. É de suma importância destacar que o contato da criança com o professor no ambiente hospitalar assegura a reinserção escolar do educando após a alta, como também traz o sucesso da aprendizagem na escola regular. De acordo com Matos, Mugiatti (p.147 2008) as crianças e adolescentes hospitalizados têm seu desenvolvimento ameaçado, sofrendo riscos de reprovação, defasagem idade e serie e evasão escolar. Por isso é caracterizado como educando temporário da educação especial. Ao longo do período de internação hospitalar, as seqüelas das doenças tornam as crianças e adolescentes alunos permanentes da educação especial, no entanto, esses alunos precisam de orientação e apoio diferenciado para que a inclusão aconteça. Os profissionais precisam alertar-se de que é de fundamental importância atender as necessidades pedagógicas do desenvolvimento infantil e juvenil, prevenindo o fracasso escolar nos centros hospitalares. Apresenta-se, portanto uma falha nesse seguimento uma vez que esses profissionais envolvidos ainda não propõem modelos de parcerias entre ações pedagógicas e estado clinico do paciente. Muitas das vezes é transmitida uma pedagogia conteudista, onde não mostra diferença de educação intelectual com emocional. No estado de Goiás a Pedagogia Hospitalar é desenvolvida pelo Projeto Hoje – Atendimento Educacional Hospitalar, e visa oportunizar a criança, jovens e adultos em estado especial de saúde iniciar ou dar continuidade a sua escolaridade, estimulando o desejo de aprender, contribuindo também ao não fracasso escolar. O Projeto Hoje foi implantado em agosto de 1999. A primeira classe hospitalar teve origem no Hospital Araújo Jorge e no Albergue Filinha Nogueira. O projeto é uma ação de sucesso há dez anos. Foi coordenada Lucélia Alves Cunha e Soraya Carlos Dias. E a partir de 2001, a professora Zilma Rodrigues Neto assumiu a coordenação geral. O Conselho Estadual de Educação aprovou o projeto hoje como ação da Coordenação de Ensino Especial, Resolução nº. 161 de13 de novembro do mesmo ano. Em junho de 2002 foi realizado o primeiro encontro goiano sobre Atendimento Educacional Hospitalar. Neste período o projeto era composto por dez classes hospitalares, em 2003 houve um crescimento para dezessete e nos dias de hoje dezoito classes hospitalares. 13 Nos dez anos de Atendimento Educacional Hospitalizado foram atendidos na capital e interior aproximadamente 19.958 educando, 45 classes hospitalares e 358 educadoras. Ao longo da construção da pratica pedagógica hospitalar, o projeto se preocupa em refletir sobre esse novo contexto da pedagogia, preocupando com atitudes positivas ao trabalho pedagógico no hospital, especificamente nas dezoito instituições que conta o Projeto Hoje. No entanto o tal projeto, faz a interface de Educação/Saúde. No Projeto Hoje são atribuídos êxitos ao perfil do professor educador através do qual conta com o desenvolvimento de habilidades para exercer suas atividades integradas, sendo necessário buscar métodos que minimizem as dificuldades encontradas em inúmeras situações que perpassam desde experiências dolorosas do estado de saúde ao desequilíbrio psicológico. Nesse contexto que a pedagogia hospitalar busca subsídios e mudanças, pois para a realização dessa tarefa é necessário um novo perfil de educador, pelo qual fique bem claro que nem a educação é elemento exclusivo da escola, nem a saúde é elemento exclusivo do hospital. O educador deve transformar essas realidades resgatando a escolaridade do aluno. É necessário que esse pedagogo hospitalar seja possuidor de habilidades e competências para mediar a construção do conhecimento, bem como seja rico em valores humanos, amorosos, tolerante, receptivo, atencioso, afetivo, comunicativo, consciente na sua função de docente no contexto hospitalar, sempre levando em consideração que voltar a estudar em momentos de doenças é muito complicado, uma vez que é uma barreira a mais daquelas que o professor encontra nas escola ao transmitir o conteúdo aos discentes, uma dor impede, impõe diversos elos de dificuldades ao se alcançar o conhecimento. Para isso está sendo trabalhada a aprendizagem no ambiente hospitalar onde se sabe que é possível alcançar o desenvolvimento dessas crianças e adolescentes no hospital. O paradigma de que estudar seria somente em escolas está sendo cada vez mais rompido e esclarecido que a pedagogia hospitalar mostra na prática que estado de saúde não priva o educando de continuar aprendendo, pode-se mencionar que é diferente o trabalho dessa equipe no hospital, porém obtém resultados positivos e o mais gratificante é saber que o pedagogo pode contribuir no desenvolvimento 14 intelectual e humano daquele aluno que se encontra fora da escola e em situação constrangedora de saúde. Considerações Finais. O presente artigo buscou apresentar estudos específicos de contextos educacionais diferenciados, ressaltando a importância da educação na vida das pessoas que compõem o novo cenário socioeconômico e cultural denominado de globalização . Com o desenvolvimento acelerado notado nas últimas décadas, a educação se depara com novas necessidades em que dela própria educação se exige um novo formato,mais adequado as demandas sociais. Cobram-se novos tipos de ensino que promovam novas aprendizagem, inclusive com o surgimento das classes hospitalares.. Esse ramo da pedagogia que ainda se faz novo na realidade educacional mostra o desenvolvimento da aprendizagem fora dos muros escolares. A pedagogia hospitalar aparece como um alicerce para a continuidade do processo intelectual daqueles educados que necessitam dar continuidade ao seu desenvolvimento educacional, mesmo em situação de internamento ou de convalescência. O trabalho de pesquisa demonstrou que é de suma importância o processo pedagógico nos centros hospitalares, contribuindo para se ter a visão do quanto a pedagogia atribui significados a vida escolar dos discentes como também proporciona ajuda pessoal no momento de dificuldade desses educandos. Ao final, são propostas formas de trabalhos pedagógicos dentro das classes hospitalares, para que aconteça a inclusão dessas crianças e adolescentes que tiveram que ausentar-se da sala de aula, mas, ainda ali pode-se proporcionar uma educação de qualidade pela mediação do professor, salientando e respeitando sempre o momento delicado de saúde especificadamente de cada aluno. É preciso explorar e expandir esse assunto tão importante para aqueles alunos que necessitam, o que por conseqüência pode mudar sua vida estudantil e pessoal. 15Abstract Abstract: This article discusses the importance of acquiring an education even absent from school. For such is the teaching hospital specifically discoursed in Goias, where it shows the fundamental relevance of learning for children and adolescents in hospital settings, focusing on the issue that learning can also happen in class hospital, but that attention is directed to the teacher who uses activities within the teaching hospitals for help in learning and development of learners who need to leave the school. This paper shows that it is possible to work within the educational content of the hospitals, through educational activities, thereby respecting the health status of students . Keywords: education, hospital class, learning / development. Referências BARROS, Alessandra Soares, Cadernos do Cedes/Centro de Estudo Educação e Sociedade - vol. 1, nº 1 (1980).São Paulo:Cortez: Campinas, CEDES, 1980. BIERMANN, G.A criança e a hospitalização. Documento destinado a classe médica em artigo. Roche, 1980. CECCIM, R. B. e CARVALHO, P. R. A. 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