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1. Crimes Praticados por Funcionários Públicos

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Direito Penal IV
Crimes Praticados por Funcionários Públicos contra a Administração em Geral
5º Período “A”
Velocidades do Direito Penal:
1º Velocidade: O Direito penal nasceu com a o objetivo de obter a pacificação social, que só ocorre através do regramento. Na antiguidade o regramento era obtido através da “Lei do mais forte”. No período humanizado surgiu a legislação.
A primeira velocidade é a LEGALISTA, a lei, o código penal (o direito penal não anda sem o direito processual), surge o chamado “Juiz Mouth of Law – Juiz boca da Lei”. Isso significa que o juiz não criava, não interpretava a lei, apenas reproduzia o que a lei mandava. No entanto, descobriu-se que apenas o regramento não era suficiente para aplicar o direito penal, porque estudiosos descobriram que nem tudo que é legal é justo, e essa descoberta veio com o maior desastre conhecido como “lesa humanidade” o “Holocausto”, a lei era injusta, porque autorizava Hitler a matar, havia um regime legal que permitia que executasse as pessoas... Pensamento NUREMBERG – exterminavam pessoas... Mas então a segunda velocidade do direito penal.
Obs.: A pena de prisão era a regra, considerado um castigo.
2º Velocidade: Nasce o “Constitucionalismo” e ganha força com a teoria de Hans Kelsen, criando uma sistemática, onde há uma pirâmide e no seu ápice há uma norma suprema e abaixo dela todas as outras normas, que devem guardar respeito e seguir os seus comandos, sob pena de serem consideradas nulas, inconstitucionais. Há também um controle dessa constitucionalidade difuso e concentrado, o juiz ao verificar uma lei infraconstitucional lesando um direito previsto constitucionalmente, pode declarar a inconstitucionalidade da norma e impedir que a mesma seja aplicada.
É a fase que cria os direitos e as garantias constitucionais, chamada pelos ingleses de “freios e contrapesos” ao arbítrio estatal.
Obs.: Nessa fase a pena passa a ser a exceção e não a regra.
3º Velocidade: Surge do ponto de vista que o constitucionalismo é primoroso, extremamente avançado, favorável ao cidadão, no entanto, essa quantidade de direitos favorece para impunidade, para que o infrator usufrua de uma aplicabilidade da lei inoperante. Essa quantidade de direitos deve ser revista, porque acarreta no aumento da impunidade e da criminalidade.
PAN Penalista – vem de panaceia, expansão, o direito penal tem que expandir para atuar nos mínimos atos ilícitos. Foram criadas teorias como “Direito penal do inimigo”, pelo alemão G. Jackoes, que defendia que ao criminoso confesso, reiterado, não há direitos e garantias ilimitadas, não deve ter todos os direitos porque tem uma vida de crime, destaca que os direitos e garantias são entraves para a celeridade da aplicabilidade do direito penal, essa corrente não foi recepcionada. A teoria da “tolerância zero” de New Work, não tolera o furto de um alfinete, a pessoa vai ser presa, para que todos saibam e sirva de lição para quem pensa em praticar algum ilícito, também para que quem cometeu o furto não pratique mais. A “Teoria Janelas quebradas” tem o mesmo seguimento, se um indivíduo jogar uma pedra na janela e o estado não oprimir, ele retornara e arromba a casa, depois volta e mata as pessoas, ou seja, a repressão tem que acontecer no inicio, para que não haja uma continuação dos delitos. Deve ter um mecanismo educativo, para não permitir que o delito passe do primeiro.
4º Velocidade: É um misto da segunda e da terceira velocidade, conhecida como Velocidade Internacionalista, porque o Art. V, § 3º da CF, por meio de emenda constitucional determina que as normas, tratados, pactos e convenções de direito internacional entrará no sistema brasileiro se houver aprovação de determinado quórum e terão foça de lei constitucional. A base constitucional brasileira é a “dignidade da pessoa humana”, desta forma, o direito penal passa a ser conhecido e compreendido pelas leis do seu país, tratados/pactos/convenções internacionais que o Brasil for signatário. Esses tratados/pactos/convenções internacionais se encontram hierarquicamente abaixo da constituição, mas acima das normas infraconstitucionais. O direito penal não poder ser aplicado sem observar a Constituição.
Art. 5º, § 3º CF - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo)
1. PECULATO
Artigo 312 CP – Peculato
	Crimes praticado por funcionários públicos, contra a administração pública em geral. 
Art. 312 CP - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
1. Pena: De 02 a 12 anos e Multa
Obs.: A administração pública é distinguida em duas espécies:
Administração Objetiva: diz respeito a administração como órgão estatal.
Administração Subjetiva: diz respeito as funções, as tarefas desenvolvidas por pessoas, que desenvolverá a administração.
2. Conceito de Funcionário Público:
	Para o direito penal, o Art. 327 CP, apresenta um conceito amplo de funcionário público. Considera-se funcionário público para efeitos penais, quem embora transitoriamente ou sem remuneração exerce cargo, emprego ou função pública. E equipara-se a funcionário público quem exerce entidade para estatal e quem trabalha para empresas prestadora de serviços público (para a coletividade) Art. 327 CP - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
3. Verbos Nucleares: - Apropriar
		 - Desviar
3.1 – Apropriar / Peculato apropriação: Se apodera como se dono fosse (saber o conceito de “posse”, tratado non direito civil). Ex.: O funcionário público levar uma caneta da Secretaria de Educação.
3.2 – Desviar: Tem a posse da coisa, deveria de determinada forma licita/idônea, mas devia o objeto. Ex.: É funcionário público da Secretaria de Infraestrutura, então resolve pegar caminhão e o trator da secretaria para fazer um serviço em sua fazenda. 
Observação: A teoria “Conglobante” de Eugenio Raúl Zaffaroni, criou a teses que constata que a tipicidade penal (adequar o fato a norma) se divide em: tipicidade formal e tipicidade material. Há situações que quando vai verificar a tipicidade, há o encaixe perfeito do ato com o tipo penal previsto, porém, em alguns casos, não é materialmente perfeito por levar em consideração o Princípio da Necessidade (não há necessidade de aplicar a norma) e pelo Princípio da Ofensividade (a conduta não é ofensiva). Ou seja, o crime é formalmente perfeito, mas materialmente não é.
Obs².: Cada país irá elencar os bens mais importante para eles e tomaremos conhecimento disso, estudando a os códigos de cada Estrado. Ex.: Na china o mais importante é a Soberania, para o Brasil, o mais importante é a Vida.
3. Sujeito Ativo: É quem pratica o crime, o “funcionário público” e quem “concorre” (tem pena idêntica), conforme Art. 327 CP. Se quem concorrer para o crime de peculato sabe que está praticando ilícito com funcionário público, comete o mesmo crime que ele. Ou seja, para que haja coautoria, participe, concurso de pessoas no crime de peculato, aquele que não é funcionário público, tem que saber que está praticando crime com um agente público.
Obs.: para verificação da pena do participe, tem que considera o
seu grau de culpabilidade, quanto maior for sua participação, maior será sua pena. 
4. Sujeito Passivo: É a administração pública, o Estado, o órgão executivo. 
Artigo 312 CP – § 1º CP
Art. 312 CP - § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
*Ainda que não tenha a posse da coisa – Ausência da posse.Próprio
Autoria
A concorrência ocorreEm proveito
Coautoria
 de três formas:
Alheio
Participação
Nessa hipótese trabalha-se com a posse/domínio, o bem pode ser público ou particular, no entanto, tem que estar sob o domínio da administração pública. Se houver qualquer prejuízo a esses bens, tem que ser reparado, apurado e responsabilizado.
Obs.: Peculato é diferente de “furto”, porque o sujeito do peculato é específico, o crime tem que ser praticado por funcionário público, e também há tipo específico para regular o ilícito.
Obs².: Usar da facilidade do cargo público para ter acesso a outros setores, também responderá o sujeito pelo crime de peculato. Ex.: É funcionário da Secretaria da Saúde e usa o crachá para ter acesso a Secretaria de educação e lá comete crime (furta notebook).
Obs³.: O particular pode cometer peculato, de forma excepcional se ele souber que está praticando crime contra um órgão público com um funcionário público, responderá o particular pelo mesmo crime. Só haverá condenação se houver provas, que deverão ser apresentadas pelo Ministério Público. Se quem concorre para o crime de peculato, não souber que está na companhia de um funcionário público, responderá por outro tipo penal. Ex.: Furto simples, Art.155 CF.
Art.312 CP, § 2º - Peculato Culposo
Art. 312 CP - § 1º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena: Detenção de 03 meses a 01 ano
* Culpa – Sentido Stricto Sensu: Negligência
Não Observância do dever de ofício
Imperícia
 Imprudência
É quando o funcionário público não observa suas obrigações e acaba deixando que lesassem o patrimônio público. Ex.: Guarda de uma escola pública sai do posto e deixa a porta aberta, entra um ladrão e furta dez computadores. Nessa situação o superior/chefe abre um procedimento administrativo, chamado “sindicância” para apurar a responsabilidade do agente, regista o BO – Boletim de ocorrência e inicia a investigação para verificar a culpa do funcionário. Testemunhas e o agente serão ouvidos para o colhimento das provas e depois ser verificado todos os detalhes, o agente poderá ser responsabilizado penal e civilmente, podendo até ser demitido do seu cargo. Será analisada a intenção do agente, visto que ele não será responsabilizado na mesma proporção de quem queria cometer o delito, levando em consideração o Princípio da Proporcionalidade.
Há uma série de benefícios criados pela Lei 9.099/95 que criou os juizados especiais, onde as penas não superiores há 02 anos beneficiam o funcionário público a não está sujeito à prisão, somente a partir de 02 anos que ele poderá ser preso em flagrante, o que ocorre é uma condução a delegacia para fazer o TCO – Termo Circunstancial de Ocorrência (procedimento meramente informal), é uma prisão em flagrante de menor ofensividade, onde será ouvido as testemunhas e o acusado, que poderá silenciar, pois não é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Após esse momento a acusação é encaminhada para o juizado e pode ocorrer a “Transação Penal” ou a “Suspensão Condicional do Processo”. Ocorre a transação em penas maior que 01 ano, e o processo já está iniciado. A Suspenção Condicional do processo é quando o processo ainda não foi iniciado, haverá uma pena sem processo, o Juiz determinara que o acusado cumpra algumas restrições de direito e realize trabalhos comunitários, que depois de cumprido ele fica em dia com a justiça, sem nenhuma marca passada.
Art.312 CP, § 3º - Extinção da Punibilidade
Art. 312 CP - § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
A extinção da punibilidade é um benefício para o acusado que pode “reparar o dano”, demonstrando sua boa-fé. Esse benefício só ocorre no peculato culposo, antes da sentença irrecorrível, nessa situação haverá a extinção da punibilidade. 
Obs.: O advogado particular tem 15 dias, já o defensor público tem prazo em dobro, porque entende-se que ele tem mais demanda para dar atenção. Caso não recorra, ocorrerá a imutabilidade da decisão, a sentença não poderá mais ser discutida.
	Se o dano for reparado após a sentença transitada e julgada, não livrará mais o acusado da culpabilidade, apenas sua pena será reduzida pela metade, no entanto uma parte da pena deverá ser cumprida. Ex.: Foi condenado a 04 anos de trabalho comunitário, vai pagar apenas 02 anos.
Obs.: A multa não pode ser convertida em pena de prisão, caso não seja paga, vai para a Fazenda Pública para execução. O STF verificou que só vale a pena encaminhar para a execução, multas a partir de R$ 20.000,00.
Art. 313 CP – Peculato Mediante Erro de Outrem
Art. 313 CP - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena: Reclusão de 01 a 04 anos e Multa.
Dinheiro
Apropriar
Verbo Nuclear Recebido por erro de terceiro
No exercício do cargo
Qualquer utilidade
	Obrigatoriamente tem que está no exercício do cargo ou em função dele, recebendo dinheiro ou utilidades e omitir que recebeu a coisa errada. 	
Ex.: Uma pessoa vai pagar uma multa de trânsito na secretaria de Viação e Obra, chegando lá um funcionário público da secretaria recebe o dinheiro sem informar que aquele não é o local de pagamento, nem ele é competente para receber tão cobrança, mas ele recebe e usa de má-fé e fica com o dinheiro para ele, cometeu o crime do art. 313 CP, vai responder e devolver da coisa que se apossou, também poderá responder por improbidade administrativa. Caso o funcionário público receba sua conduta deveria registar em ata, justificar o recebimento e procurar superior para sanar seu erro. 
Observação: O peculato de uso é quando pego uma coisa, uso e depois devolvo a coisa intacta para o seu lugar. O Supremo não admite esse tipo de conduta, porque o fato de ter violado o bem público já se configura uma infração grave. 
Art. 313 A CP – Inserção de dados falsos em sistema de informações Art. 313 A CP - Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000).
Pena: Reclusão de 02 a 12 anos e Multa.
Crime Próprio: Trata-se de crime próprio, pois só pode ser realizado por pessoa específica “funcionário autorizado”, não é qualquer funcionário público que pode cometer esse crime. Tem que ser verificado em diligência, instituto, portaria, quem foi designado pata tal função.
Ex.: O funcionário público autorizado, tira multa do sistema do Detran. 
Art. 313 B CP – Modificação ou alteração não autorizada do sistema de Informação Art. 313 B CP - Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena: Detenção de 03 meses a 02 anos Multa
Observação: Não é necessário que o funcionário público tenha autorização para instalar dados incorretos/falsos.
Obs².: O dano é bem maior no art. 313 A, porque pode alterar o sistema totalmente e tem uma pena menor é desproporcional. Contrário ao Princípio da Proporcionalidade (Critica pessoal do professor).
Art. 313 CP – Parágrafo Único
Art. 313 CP – Parágrafo Único - As penas são aumentadas
de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
2. CONCUSSÂO
Artigo 316 CP
Art. 316 CP - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena: Reclusão de 02 a 08 anos e MultaFora da função
Exigir
Direta
Em razão da função
Verbo Nuclear Indireta
Antes de assumir
Obs¹.: Concussão é diferente de Extorsão, no entanto, não deixa de ser um delito semelhante. O que distingue é que a extorsão é um crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa; já a concussão é crime próprio, tem que ser praticado por pessoa específica – funcionário público. A doutrina fala da concessão como “extorsão qualificada”, porque tem sujeito próprio. 
Obs².: Concussão é diferente de “Corrupção Passiva”, praticado por agente público e “Corrupção Ativa”, praticado por particular. O que distingue são os verbos, as ações, na concussão o verbo é “EXIGIR”, já na Corrupção os verbos são “ Solicitar, receber, aceitar”. 
Na concussão haverá a exigência/coerção direta ou indireta, fora da função (Ex.: de férias), ou antes de assumi-la (Ex.: passou no concurso, mais ainda não houve a posse de fato), em razão da função, vantagem indevida.
Ex.: Um fiscal de renda, vai fiscalizar um local e exige R$ 5.000,00 para não multar o local por suas irregularidades. Nessa situação há uma exigência indevida, ilícita. A lei não fala qual o tipo de vantagem que o agente vai obter, então entende-se vantagem de forma geral, abrangente, pode ser uma vantagem econômica, um favor, entre outras. 
Artigo 316 CP - § 1º
Art. 316 CP - § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena: Reclusão de 03 a 08 anos e Multa. 	
	É um excesso de exigência que extrapola os limites da lei, o funcionário público cria tributo ou contribuição social. OU Faz uma cobrança vexatória, expondo em público uma cobrança, a lei não permite essa conduta, visto que há um meio judicial adequado para cobrar dívidas públicas. 
Obs.: ITER CRIMINIS – Fases do crime:A pessoa não é punida por pensar, se não exterioriza o ato o crime não acontece. 
Há crimes que não necessita chegar ao exaurimento para que tenha consumado o delito.
Cognitiva
Preparativa
Executiva
Exaurimento – obtenção da vantagem
Artigo 316 CP - § 2º
Art. 316 CP - § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena: Reclusão de 02 a 12 anos e Multa
	É a forma qualificada – exige para ele ou para outrem contribuição, que desvia dos cofres públicos. Tem que haver o exaurimento da conduta, a obtenção da vantagem que deveria ir para os cofres públicos. 
3. CORRUPÇÃO PASSIVA
Artigo 317 CP
Art. 317 CP - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena: Reclusão de 02 a 12 anos e Multa
Solicitar
Verbo NuclearReceber
Aceitar promessa
	É uma vantagem econômica ou qualquer outra vantagem. Pode ser feita de forma direta, quando o próprio funcionário pratica a ação e de forma indireta quando ele manda alguém praticar a corrupção, a pessoa que recebeu e executou a ordem também responderá pela prática ilícita - porque não se deve cumprir ordens ilícitas. 
Artigo 317 CP - § 1º
Art. 317 CP - § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
RETARDAR: Exemplo – Quando é lavrado um auto de infração e a autoridade competente retarda/segura a execução, obtendo vantagem corrupta para beneficiar alguém. 
DEIXA DE PRATICAR ATO DE OFÍCIO: Exemplo – Guarda de trânsito verificou ato irregular, ele tem o dever de autuar, se não fizer, deixa de praticar um ato de ofício e comete crime.
Artigo 317 CP - § 2º
Art. 317 CP - § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena: Detenção de 03 meses a 01 ano OU Multa
	É uma forma privilegiada, para quem está sendo responsabilizado. 
CEDER A PEDIDO DE ALGUÉM: Exemplo – Quando guarda vai autuar, recebe ligação do Governador mandando liberar o infrator, o guarda segue o comando/pedido expresso, que interferiu na vontade do agente público. Houve a intervenção de alguém com de poder, coagindo para que o auto de infração não fosse concretizado.
 
INFLUÊNCIA DE OUTREM: Exemplo – O guarda está multando um cidadão e chega um terceiro dizendo para ele é filho do Governado. O terceiro influência/interfere na aplicação da infração, pois seu ato deixou o agente com receio e não praticou seu ato de ofício. O agente público poderá responder por corrupção passiva e o terceiro pode responder por corrupção ativa. 
4. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Artigo 318 CP
Art. 318 CP - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena: Reclusão de 03 a 08 anos e Multa 
Observação: O Art. 318 CP ≠ dos Arts. 334 e 334-A CP, que são tipos específicos de Contrabando e descaminho.
	Trata-se de dois tipos penais que ocorrem na área de fronteira (entrada e saída de mercadoria), transportando objetos ilícitos e sonegando imposto. Há produtos que são permitidos em outros países que não é permitido no Brasil (Ex.: drogas, armas), há um órgão público que faz esse controle na fronteira, proibindo a entrada. 
Sujeito Ativo: Só pode ser o funcionário público competente para impedir a entrada e saída de mercadorias e pessoas no país, ou seja, o funcionário competente para fiscalizar a fronteira. 
Obs.: Quem estabelece a dimensão da fronteira é a Constituição, que diz que se encontra no raio de 150 km. Portanto, para a prática desse crime são necessários dois requisitos: 1º que seja praticado por funcionário público competente e 2º que o crime seja praticado na fronteira, no raio de 150 km.Art. 20 § 2º CF -  A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Obs².: Se condenado a pena igual ou superiora 04 anos, o funcionário público pode ser desligado do cargo, no entanto, esse efeito não é automático, necessita de justificação do juiz. O órgão público pode abrir uma sindicância, paralelo ao processo judicial, que já pode acarretar seu desligamento, no entanto, se a sentença penal for absolutória, ele retorna as suas atividades de servidor público.
 5. PREVARICAÇÃO
Artigo 319 CP
Art. 319 CP - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena: Detenção de 03 meses a 01 anos e Multa
Satisfazer interesse ou sentimento PESSOAL
Retardar
Verbo Nuclear
Deixar de praticar ato de ofício
Observação: Prevaricação ≠ Corrupção Privilegiada, na corrupção privilegiada há um pedido ou influência de terceiro, já na prevaricação o funcionário público deixa de praticar o ato de ofício por interesse ou sentimento pessoal. Ex.: Um traficando é preso em flagrante e apresentado ao delegado, e o delegado não faz a prisão, não há agente externo interferindo na vontade do agente, o delegado retardou ou não praticou o ato de ofício (prender o traficante) por espontânea vontade. 
6. CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA 
Artigo 320 CP
Art. 320 CP - Deixar o funcionário, por
indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena: Detenção de 15 dias a 01 mês ou Multa
	É uma punição ao funcionário público que tem conhecimento que seu subordinado cometeu infração. Ou quando o subordinado não informa ao superior que sabe de condutas ilícitas no órgão público. 
Há duas situações:
Superior Hierárquico: O superior deixa de responsabilizar o subordinado, tendo conhecimento que o mesmo cometeu ato ilícito. A conduta correta seria registar o BO – Boletim de ocorrência, e iniciar a aberturar de inquérito, para apurar o acontecido. No entanto, se por indulgência/perdão deixa de fazer o BO, ele responde no termo do Art. 320 CP.
Sem Hierarquia: Mesmo não sendo superior hierárquico, mas tomou conhecimento do ilícito, tem que informar para o superior competente, caso ele silencie, pode responder como sujeito ativo. 
Obs.: A lei não estipula prazo para julgar o servidor público, então aplica-se subsidiariamente, a lei do servidor público municipal/estadual/federal. 
7. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA 
Artigo 321 CP
Art. 321 CP - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena: Detenção de 03 meses a 01 anos OU Multa
Patrocinar
Verbo Nuclear
	O servidor público tem o dever de informar/ajudar a solucionar equívocos a pessoa que está solicitando, mas não pode assumir o interesse/defesa de um particular dentro de um órgão público. Ex.: Um funcionário do Detran cobra 30% da multa para fazer a defesa do infrator, sabendo que é vedado ao servidor público fazer a defesa de particular em detrimento/prejuízo de um órgão público.
Artigo 321 CP – Parágrafo Único
Art. 321 CP – Parágrafo Único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena: Detenção de 03 meses a 01 anos, além da Multa.
	É legítimo é quando a lei regula o direito, Ex.: recorrer a uma multa de trânsito (lembrando que o funcionário público não pode fazer a defesa). É ilegítimo quando não é regulado por lei, Ex.: O cidadão perdeu o prazo para fazer o recurso, e mesmo assim o funcionário ingressa com o recurso para fazer a defesa (fora do prezo), é um ato ilegítimo, tentar conseguir algo que não há mais prazo para ingressar. 
Obs.: Em casos que a pratica do ato é regulada por Lei Especial, a lei especial prevalecerá sobre a lei geral (código penal). Se a advocacia administrativa for praticada no âmbito das licitações, será regulado pela Lei 8.666/93, Art. 91 – Lei das Licitações. E a Lei 8137/90, Art. 3º, III – Lei de Sonegação Fiscal, cria outras formas de aplicação que não será regulada pelo código penal.
8. ABANDONO DE FUNÇÃO
Artigo 323 CP
Art. 323 CP - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena: Detenção de 15 dias a 01 mês, OU Multa
Cargo Público
Abandonar
Verbo Nuclear
	É uma conduta que prejudica toda administração pública e não poderia deixar de ser regulada. Abandonar “CARGO” público, no sentido mais restrito, porque o cargo irá decorrer de lei e ocupado através de concurso público, de caráter vitalício, e já ter assumido suas funções. 
Observação: Paralisação das atividades/suspensão - A greve é regulamentada por lei e quem está cumprindo com a lei não está abandonando sua função, está negociando determinada situação. No entanto, se a greve, a paralisação/suspensão for ilegal, pode o funcionário ser enquadrado no crime de abandono de função. A Lei do servidor público Municipal/Estadual/Federal irá regular as hipóteses de abandono de função, que se caracteriza por mais de 30 dias sem exercer o labor, de forma injustificada. Também pode ser instaurada administrativamente uma sindicância, para apurar as provas do abandono de função, para ser aplicada a sanção penal. 
Artigo 323 CP - § 1º - Qualificadora
Art. 323 CP - § 1º - Se do fato resulta prejuízo público.
Pena: detenção, de três meses a um ano, e multa.
	Há uma pena específica para uma situação específica, ou seja, se houver causado uma situação mais gravosa/danosa ao bem público, a pena será mais severa (qualificadora). Não basta apenas a denúncia do órgão público, é necessário a verificação (que é a regra procedimental do Direito Penal), caso haja provas concretas e demonstração que o agente causou o prejuízo (através de perícias), haverá o enquadramento da qualificadora do § 1º.
Artigo 323 CP - § 2º - Qualificadora
Art. 323 CP - § 1º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena: detenção, 01 a 03 ano, e multa.
	Se houver abandono de função na faixa de fronteira (de acordo com a Constituição 150 km de largura ao longo da fronteira terrestre), caso haja dúvida se está dentro ou não da fronteira, terá que ser periciado. O ônus da prova é de quem acusa, caso não seja apresentado provas, o juiz aplicará o crime menos gravoso, e a qualificadora será retirada. 
9. ABANDONO DE FUNÇÃO
Artigo 324 CP
Art. 324 CP - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena: Detenção de 15 dias a 01 mês, OU Multa
Antes
Entrar no exercício de função
Verbo Nuclear:
Depois
Exonerado,
Removido, Substituído, Suspenso.
Ilegalmente Antecipado:
	Vislumbra a possibilidade do indivíduo que passou no concurso público, mas que não foi convocado/diplomado/empossado, iniciar as atividades como se funcionário público fosse; entrando no exercício do cargo sem estar habilitado para exercer.
Ilegalmente Prolongado:
Exoneração - Um funcionário público foi designado para outro posto e tem a exoneração do cargo declarado por praticar ato ilícito, houve a publicação da exoneração, ele foi convocado (administrativamente ou judicialmente) para tomar ciência do ato, no entanto, após todo esse procedimento ele ainda continua a exercitar suas funções de funcionário público, se enquadrando no exercício funcional ilegalmente prolongado. O ato da exoneração tem que ser publicado no diário oficial e o funcionário tem que ser notificado pessoalmente, assim como o órgão público ou judicial tem que ter documentos provando que o funcionário exonerado tem ciência de tal medida.
Remoção - Pode acontecer também de um funcionário público ser removido para outro órgão público, e continuar no que estava. Ex.: Era fiscal de renda de Maceió e foi transferido para Arapiraca, no entanto, mesmo tomando conhecimento da sua transferência, ele continua exercendo suas atividades em Maceió, constituindo um exercício ilegal prolongado. O funcionário irá sofrer sansão administrativa e penal.
Substituição - Se o funcionário for substituído por outra pessoa, mas não deixa seu cargo. Ex.: Um coordenador da Secretaria de Educação foi substituído por outra pessoa, mas ele ainda continua exercendo a atividade de coordenador.
Suspensão - Se o funcionário público for suspenso porque praticou um ato ilícito e foi suspenso administrativamente, deveria ficar afastado das suas atividades temporariamente, no entanto, ele não respeita a suspensão e continua trabalhando.
Obs.: O Ministério Público tem a obrigação de oferecer a ação penal. O funcionário pode ter alguns benefícios com base na lei 9.099.

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