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MODALIDADES TÍPICAS E ATÍPICAS DA EXTINÇÃO DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO Fichamento Fonte: DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16. ed. São Paulo: LTr, 2017. FORMAS TÍPICAS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO: 1) Dispensa do empregado sem justa causa; 2) Pedido de demissão; 3) Distrato; 4) Dispensa do empregado por justa causa; 5) Despedida indireta; 6) Culpa recíproca; 7) Extinção por Decurso de Prazo Determinado no Contrato; FORMAS ATÍPICAS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 8) Morte do empregado; 9) Morte do empregador pessoa física; 10) Força maior; 11) Falência da empresa; 12) Aposentadoria espontânea. 1) DISPENSA DO EMPREGADO SEM JUSTA CAUSA: O empregado é demitido sem nenhum motivo que a lei trabalhista considere justo. Quando não se encontra motivos na legislação, a rescisão do contrato de trabalho pelo empregador é considerada sem justa causa, fazendo com que decorram certos direitos ao empregado que foi injustamente demitido. O inciso I do artigo 7º da Constituição Federal do Brasil de 1988, não aceita a dispensa imotivada de empregados, bem como a Consolidação das Leis do Trabalho nos artigos 477, 479 e 480, sem que seja dado ao empregado todos os direitos previstos em lei. O objetivo da relação empregado e empregador é a sua continuidade, principalmente quando se parte do caráter emancipador do trabalho humano. Portanto, é um princípio do Direito do Trabalho a continuidade da relação de emprego. Discorre Maurício Godinho Delgado sobre este princípio: Informa tal princípio que é de interesse do Direito do Trabalho a permanência do vínculo empregatício, com a integração do trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais. Apenas mediante tal permanência e integração é que a ordem justrabalhista poderia cumprir satisfatoriamente o objetivo teleológico do Direito do Trabalho de assegurar melhores condições, sob a ótica obreira, de pactuação e gerenciamento da força de trabalho de determinada sociedade. (DELGADO, 2008, pág. 209). Decisão do TRT da 3ª Região: 154.1731.0001.9500 - TRT 3 Região. Dano moral. Dispensa sem justa causa. Dano moral. Dispensa retaliatória. “Não obstante predomine na doutrina e na jurisprudência o entendimento da dispensa sem justa causa como direito potestativo do empregador, tal direito não é ilimitado, devendo ser reprimido o seu exercício abusivo. Não se pode olvidar que o poder diretivo do empregador encontra limites na dignidade da pessoa humana e no valor social do trabalho, dispostos no art. 1º, incisos III e IV, da Constituição da Republica Federativa do Brasil(...)” São os direitos do empregado: • 1/3 constitucional de férias; • 13º proporcional; • seguro-desemprego; • aviso-prévio trabalhado ou indenizado; • saldo da conta do FGTS; • férias proporcionais; • o salário proporcional; • 40% do FGTS depositados pelo empregador; • Em caso de data-base, indenização no valor de um salário mensal, se dispensado nos 30 dias anteriores à data-base (Lei 7.238/84) • férias integrais não gozadas seja simples ou em dobro. 2) PEDIDO DE DEMISSÃO: É quando o empregado não tem mais interesse de continuar trabalhando com o empregador e, portanto, rescindi seu contrato de trabalho. Nesse caso, o aviso prévio deve ser concedido pelo empregado ao empregador; se assim não for realizado, serão feitos os respectivos descontos relativos a esse período de aviso. O ato só terá validade se chancelado pelo sindicato da categoria profissional – vide art. 500 da CLT. O Ministério do Trabalho só atuará no caso de ausência, na localidade, do sindicato. AVISO-PRÉVIO É devido ao empregador pelo empregado, seja ele trabalhado ou indenizado. O aviso- prévio existe para dar tempo às partes da relação de emprego para providenciarem substituto ou um novo emprego. Nenhuma parte pode ser surpreendida, por isso existe esse amparo legal. Caso o empregado que pediu a demissão não cumpra o aviso trabalhando, poderá o empregador descontar do salário o período do aviso-prévio. Diz o art. 7º da CF/88: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei. Assim reza a CLT no seu art. 487: Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de: II – 30 (trinta) dias. RESCISÃO CONTRATUAL. PEDIDO DE DEMISSÃO FORMULADO PELO EMPREGADO. AUSÊNCIA DE PROVA ROBUSTA QUANTO À ALEGADA DISPENSA ARBITRÁRIA. INDENIZAÇÃO PELO RESTANTE DO PERÍODO ESTABILITÁRIO. NÃO-CABIMENTO. O pedido de demissão é ato jurídico em que o empregado revela a intenção de pôr fim à relação contratual mantida com o empregador, afigurando-se como simples ato potestativo, sem direito de recusa. Logo, se o empregado, em manifestação unilateral de vontade, rompe o vínculo de emprego com o empregador, sem apresentar prova robusta quanto ao suposto vício de consentimento (dolo, erro, coação, lesão, etc.), praticado no ato da demissão, tem-se totalmente por descabida falar-se em dispensa arbitrária. (TRT23. RO - 01995.2010.036.23.00- 0. 1ª Turma. Relator DESEMBARGADOR EDSON BUENO. Publicado em 20/07/11) São os direitos garantidos ao empregado dispensado nessa modalidade: • décimo terceiro proporcional; • férias proporcionais (a contar das últimas gozadas ou indenizadas); • indenização das férias integrais não gozadas; • 1/3 constitucional de férias; • salário proporcional aos dias trabalhados após o último pagamento. 3) DISTRATO: É um acordo entre as partes: o empregador e o empregado acordam em rescindir o contrato de trabalho de forma amigável. Há a possibilidade de negociação de algumas verbas rescisórias, salvo as verbas salariais e as férias vencidas. Não se permite a movimentação no FGTS. Os Planos de demissão voluntária é um exemplo desse tipo de modalidade de extinção de contrato de trabalho, nesses casos os empregados são estimulados a pedir demissão mediante pagamentos de todos direitos e vantagens financeiras. Para Orlando Gomes, “o distrato constitui uma espécie de resilição do negócio jurídico: de um lado, encerra o contrato para o futuro, ostentando natureza bilateral, vez que assenta em dupla declaração de vontade.” São os direitos garantidos ao empregado dispensado nessa modalidade: • 1/3 constitucional de férias; • 13º proporcional; • seguro-desemprego; • aviso-prévio trabalhado ou indenizado; • saldo da conta do FGTS; • férias proporcionais; • o salário proporcional; • 40% do FGTS depositados pelo empregador; • Em caso de data-base, indenização no valor de um salário mensal, se dispensado nos 30 dias anteriores à data-base (Lei 7.238/84) • férias integrais não gozadas seja simples ou em dobro. 4) DISPENSA DO EMPREGADO POR JUSTA CAUSA: Os motivos para demissão por justa causa estão determinados pela lei trabalhista. Para que a demissão do empregado ocorra a falta cometida deve ser grave. Ensejará advertência, verbal ou escrita, ou suspensão disciplinar, quando a falta não for de menor gravidade. As demissões por justa causa ocorrem de acordo com o Art. 482 da CLT. O empregado demitido por justa causa perde os seguintes direitos: • depósito do FGTS; • aviso-prévio; • às guias do seguro-desemprego; • férias proporcionais; • décimo terceiro salário; • aos 40% do FGTS de indenização compensatória. Direitos dos empregados:• saldo de salário, quando houver; • indenização de férias não gozadas, acrescidas do terço constitucional. 5) RESCISÃO INDIRETA: Na despedida indireta a falta grave é cometida pelo empregador e não pelo empregado. Da mesma forma que ocorre na rescisão por justa causa, na indireta, também não cabe ao empregado decidir o que seja injusto ou justo, mas é a lei quem faz esse juízo no artigo 483 da CLT. O trabalhador deverá ajuizar uma ação trabalhista para que em juízo seja provada a justa causa provocada pelo patrão e pleiteie suas verbas rescisórias. São os direitos garantidos ao empregado: • 1/3 constitucional de férias; • 13º proporcional; • seguro-desemprego; • aviso-prévio trabalhado ou indenizado; • saldo da conta do FGTS; • férias proporcionais; • o salário proporcional; • 40% do FGTS depositados pelo empregador; • Em caso de data-base, indenização no valor de um salário mensal, se dispensado nos 30 dias anteriores à data-base (Lei 7.238/84) • férias integrais não gozadas seja simples ou em dobro. Também será levado em consideração irregularidades no contrato de trabalho como: • adicionais; • horas extras pagas incorretamente; • devem ser calculadas, atentando para a existência de irregularidades e direitos devidos ao trabalhador. 6) CULPA RECÍPROCA: Quando ambos, empregado e empregador estão errados perante a lei trabalhista, incorrendo ambos em uma das causas dos artigos 482 e 483 CLT. Neste caso, a indenização a que teria direito o empregado em caso de rescisão sem justa causa, será tida pela metade. O empregado terá direito: • FGTS; • 20% do FGTS; • saldo de férias e férias vencidas; • 50% do valor do aviso prévio, das férias proporcionais e do 13º salário, Súmula 14, TST. 7) EXTINÇÃO NORMAL DO CONTRATO DE TRABALHO: A extinção normal do contrato de trabalho é aquela que decorre do cumprimento do pacto por Prazo Determinado, ou Contrato a Termo, onde o empregado e o empregador já sabem o momento do término de contrato. O empregado fara jus: • 1/3 salário proporcional; • saldo de salário, quando houver; • indenização das férias integrais, acrescidas de 1/3 constitucional; • férias proporcionais, também acrescidas de 1/3 constitucional. Obs: não há de se falar em pagamento da multa de 40% do FGTS. Não ocorre o aviso-prévio, pois o empregado e o empregador quando assinaram o contrato já sabiam o momento do seu término. Entretanto, se no contrato havia a Cláusula Assecuratória do direito recíproco, aí sim cabe o aviso-prévio. Quando a rescisão do contrato ocorre antes do término estabelecido, o obreiro terá direito à metade da remuneração a que teria direito até o final do contrato, a título de indenização. Porém, como foi dito anteriormente, se houver a Cláusula Assecuratória do direito recíproco, terá que haver o cumprimento do aviso-prévio. FORMAS ATÍPICAS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 8) MORTE DO EMPREGADO: Falecendo o empregado, desaparece um dos sujeitos da relação empregatícia. Ocasionando a extinção do contrato de trabalho desse contratado. Os herdeiros, representado pelo inventariante, têm direito: • 13º salário, férias mais um terço, e saldo de salário. Não tem direito: • multa de 40% do FGTS e aviso prévio, salvo quando tratar-se de acidente de trabalho, com dolo ou culpa do empregador; • os dependentes habilitados perante a Previdência Social farão o saque do FGTS depositado na conta vinculada do empregado falecido. 9) MORTE DO EMPREGADOR: Havendo a sucessão trabalhista, quer dizer, a troca de titularidade da empresa, outra pessoa passará a assumi-la, porém, a rescisão do contrato de trabalho dos seus empregados não será de imediato (arts. 10 e 448, CLT). O empregado poderá rescindir o contrato. Também será extinto a relação se ocorrer a cessação da atividade empresarial em razão da morte do empregador (art. 485, CLT). O empregado terá direito a: • saque total do fundo de garantia (art.20, II, da Lei 8.036/90); • resilir o contrato (art.483, §2º, CLT); • férias com 1/3 e 13º. Não tem direito a: • seguro desemprego; • aviso prévio; • multa de 40% do FGTS. 10) FORÇA MAIOR: Nesse caso, a extinção do contrato individual de trabalho não ocorre pela vontade do empregador, porém de um fato que é maior que a sua vontade e do qual não deu causa. Ocorre, sobretudo, por situações ligadas a fenômenos naturais, como tempestades, enchentes, calamidades públicas, etc. Art. 501 da CLT , “Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente” § 1º - A imprevidência do empregador exclui a razão de força maior. § 2º - À ocorrência do motivo de força maior que não afetar substancialmente, nem for suscetível de afetar, em tais condições, a situação econômica e financeira da empresa não se aplicam as restrições desta Lei referentes ao disposto neste Capítulo. • De acordo com o art. 497 da CLT, não receberá de forma dobrada quando o empregado for estável, mas de forma simples, conforme os artigos 477 e 478 da CLT; • a indenização devida ao empregado será de 20% dos depósitos do FGTS, nos contratos por prazo indeterminado; • No caso de contratos a termo, a indenização conforme o artigo 479 da CLT, será pago pela metade. 11) FALÊNCIA DA EMPRESA: Será rompida a relação contratual do empregado com o empregador quando houver a decretação da falência ou da concordata da empresa. Os obreiros terão direito a créditos privilegiados, enfim terão a preferência sobre qualquer outro credor da empresa ou da massa falida. o empregado terá direito a todas as verbas cujo direito ele tenha obtido. (VENEZIANO, 2010). • Conforme a Lei nº. 11.101/2005, poderá o obreiro continuar trabalhando para a massa falida, e seus créditos serão extraconcursais, com preferência a qualquer outro (art.84, I); • Os créditos salariais são privilegiados até 150 salários mínimos. Além disso, considera-se créditos quirografários; • Súmula 388, TST: a massa falida não se sujeita ao pagamento das multas do art. 467 e 477, §8º, da CLT. 12) APOSENTADORIA ESPONTÂNEA: Escolhendo o obreiro pela aposentadoria, ocorre o término do contrato. Rege a Lei nº. 8.213/91 que o empregado não necessita quebrar o seu vínculo empregatício em virtude de sua aposentadoria. STF: ADIN 1.770-4 e 1.721-3; TST: Enunciado n. 295; OJ SDI-I n. 177. Há uma divergência entre o STF e o TST no que diz respeito à extinção contratual decorrente da aposentadoria do empregado. Assim fala o art. 453 da CLT: ocorre a extinção do contrato de trabalho. Porém o STF entendeu que esse artigo é inconstitucional, pois dessa forma cria-se um tipo de dispensa arbitrária, pois não leva em consideração a vontade das partes, bem como também o pagamento da aposentadoria se dá pelo INSS e não pelo empregador. Nas situações em que o empregador depois de um tempo dispensar o obreiro aposentado sem justa causa, pagará a multa do FGTS considerando todos os recolhimentos efetuados na conta vinculada, incluindo aqueles que foram depositados antes da aposentadoria do empregado. Quando a aposentadoria se dá por invalidez ocorre a suspensão do contrato por cinco anos (art. 47, Lei nº. 8.213/91). O art. 51, Lei 8.213/91, discorre que se o empregador requerer a aposentadoria compulsória do empregado será devida a multa de 40% do FGTS. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL, Decreto 5452 de 01 de Maio de 1943 - Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 27 Out. 2017. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Editora LTr, 7ª edição, 2008. VENEZIANO, André Horta. Direito e Processo do Trabalho, 6 – Coleção OAB Nacional – Primeira Fase. Coordenação geral: Fábio Vieira Figueiredo, Fernando Ferreira Castellani, Marcelo Tadeu Cometti. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010. GOMES, Orlando. Contratos. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1975. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
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