Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Me. Adem Nagibe dos Santos Geber Filho Introdução • O período embrionário ou de organogênese estende-se da terceira à oitava semana do desenvolvimento e é quando cada um dos três folhetos embrionários, o ectoderma, o mesoderma e o endoderma, dá origem a vários tecidos e órgãos específicos; • Ao fim do período embrionário, por volta do final do segundo mês, a maioria dos sistemas orgânicos se estabeleceu, tornando reconhecíveis as principais características externas do corpo. Fases do desenvolvimento embrionário • Crescimento – divisão celular e a elaboração dos produtos celulares; • Morfogênese – desenvolvimento da forma, do tamanho e de outras características de um órgão em particular ou de todo o corpo; • Controlado pela expressão de genes específicos em uma sequência ordenada. • Diferenciação – resulta na organização de células em um padrão preciso de tecidos e órgãos que são capazes de executar funções especializadas. Fases do desenvolvimento embrionário Uma vez que os tecidos e órgãos estão se diferenciando rapidamente, a exposição de embriões a teratógenos durante esse período pode causar grandes anomalias congênitas. Teratógenos – são agentes como substancias e vírus, que produzem ou aumentam a incidência de anomalias congênitas. Teratologia - o estudo das origens e causas embriológicas desses defeitos congênitos. Derivados do folheto embrionário ectodérmico • No início da terceira semana do desenvolvimento, o folheto embrionário ectodérmico assume a forma de disco, mais largo na região cefálica que na região caudal; • O aparecimento da notocorda e do mesoderma precordal induz o espessamento do ectoderma sobrejacente e a formação da placa neural; • As células da placa formam o neuroectoderma, e sua indução representa o evento inicial do processo de neurulação. Derivados do folheto embrionário ectodérmico • Neurulação - processo pelo qual a placa neural forma o tubo neural. • Um dos eventos principais desse processo é o alongamento da placa neural e do eixo do corpo pelo fenômeno da extensão convergente, por meio do qual há um movimento lateral a medial das células no plano do ectoderma e do mesoderma. • Conforme a placa neural é alongada, suas extremidades laterais elevam-se para formar as pregas neurais, enquanto a região média deprimida forma o sulco neural; • Gradualmente, as pregas neurais se aproximam uma da outra na linha média, onde se fundem. A fusão começa na região cervical (quinto somito) e continua cranial e caudalmente. Como resultado, forma-se o tubo neural. Derivados do folheto embrionário ectodérmico • Até que a fusão esteja completa, as extremidades cefálica e caudal do tubo neural se comunicam com a cavidade amniótica pelos neuróporos anterior (cranial) e posterior (caudal), respectivamente; • O fechamento do neuróporo cranial ocorre aproximadamente no vigésimo quinto dia (estágio de 18 a 20 somitos), enquanto o neuróporo posterior se fecha no vigésimo oitavo dia (estágio de 25 somitos); • A neurulação então, se completa, e o sistema nervoso central passa a ser representado por uma estrutura tubular fechada com uma porção caudal estreita, a medula espinal, e uma porção cefálica muito mais larga, caracterizada por várias dilatações, as vesículas cefálicas. Células da crista neural • Conforme as pregas neurais se elevam e se fundem, as células na borda lateral da crista do neuroectoderma começam a se dissociar de suas vizinhas; • As células da crista neural da região do tronco deixam o neurectoderma após o fechamento do tubo neural e migram ao longo de duas vias: • (1) uma via dorsal através da derme, de onde adentram o ectoderma para dar origem aos melanócitos da pele e dos folículos pilosos; • (2) uma via ventral através da metade anterior de cada somito para se tornarem gânglios sensoriais, neurônios simpáticos e entéricos, células de Schwann e células da medula suprarrenal. Na região cranial, as células da crista neural também se formam e migram das pregas da crista neural, deixando o tubo neural antes de seu fechamento. Essas células contribuem para a formação do esqueleto craniofacial, dos neurônios dos gânglios craniais, das células gliais, de melanócitos e de outros tipos celulares. Em termos gerais, o folheto embrionário ectodérmico dá origem a órgãos e estruturas que mantêm contato com o mundo externo: ■ Sistema nervoso central ■ Sistema nervoso periférico ■ Epitélio sensorial do ouvido, do nariz e do olho ■ Epiderme, incluindo o cabelo e as unhas. Além disso, ele dá origem: ■ Às glândulas subcutâneas ■ Às glândulas mamárias ■ À glândula hipófise ■ Ao esmalte dos dentes. Deivados do folheto embrionário mesodérmico • Inicialmente, as células do folheto mesodérmico formam uma lâmina fina de tecido ligado frouxamente de cada lado da linha média; • Entretanto, por volta do décimo sétimo dia, as células próximas da linha média formam uma placa espessa de tecido, conhecida como mesoderma paraxial; • Mais lateralmente, a camada mesodérmica permanece fina e é conhecida como placa lateral. Deivados do folheto embrionário mesodérmico • Com o aparecimento e a coalescência das cavidades intercelulares na placa lateral, esse tecido se divide em duas camadas: ■ Uma camada contínua com o mesoderma cobrindo o âmnio, conhecida como camada mesodérmica somática ou parietal ■ Uma camada contínua com o mesoderma cobrindo a vesícula vitelínica, conhecida como camada mesodérmica visceral ou esplâncnica; • Juntas, essas camadas revestem uma cavidade recentemente formada, a cavidade intraembrionária, que é contínua com a cavidade extraembrionária em cada lado do embrião. • O mesoderma intermediário conecta o mesoderma paraxial ao da placa lateral. Deivados do folheto embrionário mesodérmico • No início da terceira semana, o mesoderma paraxial começa a se organizar em segmentos conhecidos como somitômeros, que aparecem primeiramente na região cefálica do embrião; • Sua formação ocorre na direção cefalocaudal. Cada somitômero consiste em células mesodérmicas organizadas em espirais concêntricas ao redor do centro da unidade; • Na região da cabeça, os somitômeros se formam em associação à segmentação da placa neural em neurômeros e contribuem para a formação do mesênquima na cabeça; • A partir da região occipital, os somitômeros se organizam em somitos, caudalmente. Quando os somitos se formam primeiramente a partir do mesoderma pré-somítico, eles existem como uma esfera de células mesodérmicas (semelhantes a fibroblastos). Essas células sofrem um processo de epitelização e se dispõem em um formato de rosca ao redor de um pequeno lúmen. Por volta do início da quarta semana, as células nas paredes ventral e medial do somito perdem suas características epiteliais, tornam-se mesenquimais novamente (com formato de fibroblasto) e mudam de posição, cercando o tubo neural e a notocorda. Coletivamente, essas células formam o esclerótomo, que se diferenciará nas vértebras e nas costelas. Cada miótomo e cada dermátomo retém sua inervação a partir de seu segmento original, não importando para onde as células migrem. Assim, cada somito forma seu próprio esclerótomo (a cartilagem tendínea e o componente ósseo), seu próprio miótomo (fornecendo o componente segmentar muscular) e seu próprio dermátomo, que forma a derme das costas. Cada miótomo e cada dermátomo também tem seu próprio componente nervoso segmentar Deivados do folheto embrionário mesodérmico • Mesoderma intermediário - conecta temporariamente o mesoderma paraxial à placa lateral diferencia-se em estruturas urogenitais; • Nas regiões cervical e torácica superior, ele dá origem a grupos celulares segmentares (futuros nefrótomos), enquanto, mais caudalmente, forma massa tecidual não segmentada,o cordão nefrogênico; • As unidades excretórias do sistema urinário e as gônadas se desenvolvem a partir desse mesoderma intermediário parcialmente segmentado e parcialmente não segmentado. Deivados do folheto embrionário mesodérmico • Mesoderma lateral - divide-se nas camadas parietal (somática) e visceral (esplâncnica), que revestem a cavidade intraembrionária e recobrem os órgãos, respectivamente; • A camada parietal do mesoderma lateral dá origem, então, à derme da pele na parede corporal e nos membros, aos ossos e ao tecido conjuntivo dos membros e ao esterno; • A camada visceral do mesoderma lateral, junto com o endoderma embrionário, forma a parede do tubo intestinal. • As células sanguíneas e os vasos sanguíneos também surgem do mesoderma; • Os vasos sanguíneos se formam de duas maneiras: por vasculogênese, por meio da qual os vasos surgem de ilhotas sanguíneas e por angiogênese, que envolve a ramificação a partir de vasos já existentes; • As primeiras ilhotas sanguíneas aparecem no mesoderma que cerca a parede da vesícula vitelínica na terceira semana do desenvolvimento e, um pouco depois, no mesoderma lateral e em outras regiões; • Essas ilhotas surgem das células mesodérmicas que são induzidas a originar hemangioblastos, um precursor comum para a formação dos vasos e das células sanguíneas. Sangue e vasos sanguíneos • O sistema digestório é o principal sistema orgânico derivado do folheto embrionário endodérmico, o qual recobre a superfície ventral do embrião e forma o teto da vesícula vitelínica; • O alongamento do tubo neural faz com que o embrião se curve na posição fetal à medida que as regiões apical e caudal (dobraduras) se movimentam ventralmente; • Ao mesmo tempo, formam-se duas dobraduras na parede corporal lateral, que também se movem ventralmente para fechar a parede corporal ventral; • Conforme a cabeça, a cauda e as duas dobraduras laterais se movem ventralmente, elas puxam o âmnio para baixo com elas, de modo que o embrião fique dentro da cavidade amniótica. Derivados do folheto embrionário endodérmico Parede corporal ventral se fecha completamente, exceto pela região umbilical, em que a conexão do bulbo com a vesícula vitelínica se mantém • Como resultado do crescimento cefalocaudal e do fechamento das dobraduras da parede corporal lateral, uma porção maior do folheto embrionário endodérmico é incorporada continuamente no corpo do embrião para formar o tubo intestinal. • O tubo é dividido em três regiões: intestino anterior, intestino médio e intestino posterior; • O intestino médio se comunica com a vesícula vitelínica por intermédio de um pedúnculo largo, o ducto vitelino (vesícula vitelínica). Esse ducto é largo inicialmente; porém, com o crescimento adicional do embrião, torna-se estreito e muito mais longo. Derivados do folheto embrionário endodérmico • Em sua porção cefálica, o intestino anterior é ligado temporariamente por uma membrana ectoendodérmica chamada de membrana orofaríngea, que separa o estomodeu; • Na quarta semana, a membrana orofaríngea se rompe, estabelecendo uma conexão aberta entre a cavidade oral e o intestino primitivo; • O intestino posterior também termina temporariamente em uma membrana ectoendodérmica, a membrana cloacal, que separa a porção superior do canal anal (derivada do endoderma) da porção inferior, chamada de proctodeu, formada por uma depressão invaginada alinhada com o ectoderma; • A membrana se rompe na sétima semana para criar uma abertura para o ânus. Derivados do folheto embrionário endodérmico O papel da vesícula vitelínica não está claro. Ela pode funcionar como um órgão nutritivo durante os estágios iniciais do desenvolvimento antes do estabelecimento dos vasos sanguíneos e contribui para algumas das primeiras células sanguíneas, embora esse papel seja muito transitório. Uma das suas principais funções é abrigar as células germinativas que residem em sua parede posterior e que mais tarde migram para as gônadas a fim de produzir os oócitos e os espermatozoides. • No final da quarta semana, quando o embrião tem aproximadamente 28 somitos, as principais características externas são os somitos e os arcos faríngeos; • A idade do embrião, portanto, em geral é expressa em somitos; • Como a contagem dos somitos fica difícil durante o segundo mês do desenvolvimento, a idade do embrião é indicada pelo comprimento craniocaudal (CCC), expresso em milímetros; • O CCC é medido do vértice do crânio até o ponto médio entre os ápices das nádegas. Aparência externa no segundo mês • Durante o segundo mês, a aparência externa do embrião se altera por aumento do tamanho da cabeça e pela formação dos membros, face, orelhas, nariz e olhos; • No início da quinta semana, os membros anteriores e posteriores aparecem como brotos em formato de remo; • Os primeiros estão localizados dorsalmente à tumefação pericárdica no nível do quarto somito cervical até o primeiro torácico, o que explica sua inervação pelo plexo braquial; • Pouco depois, os brotos dos membros inferiores aparecem caudalmente à ligação do pedúnculo umbilical no nível dos somitos lombar e sacral superior. Com a continuação do crescimento, as porções terminais dos botões se achatam, e uma constrição as separa do segmento proximal, mais cilíndrico. Logo aparecem quatro sulcos radiais que separam cinco áreas levemente mais espessas na porção distal dos brotos, prenunciando a formação dos dedos. Aparência externa no segundo mês Assim, o folheto embrionário endodérmico forma inicialmente o revestimento epitelial do intestino primitivo e as porções intraembrionárias do alantoide e do ducto vitelino. Com a continuação do desenvolvimento, o endoderma dá origem: ■ Ao revestimento epitelial do sistema respiratório; ■ Ao parênquima da tireoide, das paratireoides, do fígado e do pâncreas; ■ Ao estroma reticular das tonsilas e ao timo; ■ Ao revestimento epitelial da bexiga urinária e da uretra; ■ Ao revestimento epitelial da cavidade do tímpano e à tuba auditiva.
Compartilhar