Buscar

MATERIAL DE APOIO - INTERAÇÃO GÊNICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INTERAÇÃO GÊNICA 
Até o presente momento, temos nos referido apenas a interações que ocorrem entre os 
alelos de um mesmo gene. No entanto, existem também interações que ocorrem entre alelos 
pertencentes a genes diferentes. Diferentes tipos destas interações podem ocorrer. Genes 
distintos podem agir de modo que a expressão de um deles complemente a expressão de 
outro, ou, em certos casos, o efeito de um gene acaba por inibir o efeito de outro gene. Em 
casos mais drásticos, um gene pode interferir de modo negativo no funcionamento de um ou 
vários sistemas orgânicos, resultando na morte do indivíduo. Veremos, a seguir, algumas 
destas interações. 
Um gene, mais de uma característica 
A caracterização cada vez mais detalhada do funcionamento do DNA tem revelado que a 
amplitude de ação de um gene não se restringe a apenas uma proteína e nem tampouco a 
uma única característica. Talvez um dos casos mais clássicos deste tipo de situação seja 
representado pelos alelos letais. O alelo AY de camundongos ilustra bem um caso de 
letalidade. Os camundongos selvagens normais têm uma pelagem de pigmentação escura. 
Uma mutação dominante para a cor de pêlo chamada yellow determina uma pelagem mais 
clara. Se um camundongo yellow é cruzado com um selvagem homozigoto, sempre é 
observada uma proporção de 1:1 de yellow para selvagem na prole, indicando que os 
camundongos yellow sempre são heterozigotos. Quando dois camundongos yellow são 
cruzados entre si, o resultado é sempre 2/3 de yellow para 1/3 de selvagem, e não ¾ 
de yellow para ¼ de selvagem, como era de se esperar. Isso decorre do fato de que os 
camundongos yellow homozigotos (AYAY) morrem antes de nascer. Essa hipótese é apoiada 
pela remoção dos úteros das fêmeas grávidas do cruzamento yellow x yellow, onde se 
observa que um quarto dos embriões estão mortos. Podemos, pois, deduzir que estão em 
jogo duas características determinadas pelo alelo AY: a cor da pelagem e a viabilidade dos 
camundongos. Dizemos, neste caso, que o alelo AY é pleiotrópico, uma vez que influi na 
manifestação de duas características diferentes. Quando em dose única, permite a 
sobrevivência dos indivíduos e determina pelagem clara; porém, quando em dose dupla, 
interfere no funcionamento do organismo a ponto de determinar a morte. 
Dois ou mais genes, um único fenótipo 
A segunda lei de Mendel baseia suas conclusões a partir das possíveis combinações de dois 
ou mais genes diferentes na determinação de dois ou mais fenótipos diferentes. Em um 
cruzamento clássico mendeliano em que se considera a herança simultânea de dois genes, a 
proporção esperada em F2 é de 9:3:3:1. No entanto, quando se considera que dois ou mais 
genes atuam em conjunto de modo a definir uma única característica, nem sempre esta 
proporção prevista pela segunda lei é mantida. Neste caso, dizemos que dois genes que 
interagem produzem proporções diíbridas modificadas. De qualquer modo, as interações 
entre genes diferentes são marcadas pelo envolvimento de seus produtos em vias biológicas 
que definem a propriedade biológica final. Os casos que se tem melhor conhecimento são 
aqueles que envolvem a produção de pigmentos. 
 
Quando a interação biológica ocorre em uma mesma via metabólica ou de desenvolvimento, 
ela é denominada epistasia. Costuma-se dizer que um gene é epistático quando, de algum 
modo, ele inibe a manifestação de outro gene que depende do primeiro para se expressar. 
Mais precisamente, a epistasia é deduzida quando um alelo de um gene mascara a 
expressão de alelos de outro gene e expressa seu próprio fenótipo. 
Epistasia recessiva 
Na planta Collinsia parviflora, existem flores cujas cores podem ser azul, magenta ou branca. 
A via bioquímica de produção de pigmentos já foi identificada. Um precursor incolor é 
transformado em um pigmento de cor magenta por ação do alelo w+, enquanto o pigmento 
de cor magenta é convertido em pigmento azul por ação do alelo b+. Como se pode 
observar, há dois genes envolvidos na formação dos pigmentos que serão depositados nas 
flores destas plantas: o gene w (cujos alelos são o selvagem dominante w+ e o mutante 
recessivo w) e o gene m (cujos alelos são o selvagem dominante m+ e o mutante 
recessivo m). Os genes w e m localizam-se em cromossomos diferentes. 
Como se pode observar, há dois genes envolvidos na formação dos pigmentos que serão 
depositados nas flores destas plantas: o gene w (cujos alelos são o selvagem 
dominante w+ e o mutante recessivo w) e o gene m (cujos alelos são o selvagem 
dominantem+ e o mutante recessivo m). Os genes w e m localizam-se em cromossomos 
diferentes. 
A conversão de substâncias esquematizada acima depende da ação dos produtos enzimáticos 
dos genes w e m. Por exemplo, a enzima produzida pelo alelo dominante m+ converte o 
pigmento magenta em azul. Por outro lado, o alelo mutante recessivo m não produz esta 
enzima, de modo que o genótipo recessivo mm não promove nenhuma alteração da cor 
magenta. O pigmento magenta, por sua vez, apenas será formado se houver ação de uma 
enzima produzida pelo alelo w+ sobre uma substância precursora incolor. O alelo 
recessivo w não produz esta enzima e, portanto, o genótipo recessivo ww não altera o 
precursor incolor. Neste caso, podemos dizer que o alelo recessivo mutante w, quando se 
manifesta, impede a formação de qualquer uma das cores, seja magenta ou azul. Em outras 
palavras, o alelo w é epistático sobre os alelos m e m+, pois impede que os fenótipos 
associados a estes alelos sejam manifestados. Como o alelo w é recessivo em relação 
ao w+, dizemos que este é um caso de epistasia recessiva. 
O cruzamento realizado entre dois parentais puros quanto às cores branco e magenta origina 
uma prole totalmente azul (F1). A autofecundação destes indivíduos F1 resultaria em uma 
F2 composta por 4 fenótipos diferentes na proporção diíbrida 9:3:3:1, que seria a proporção 
se não existisse a epistasia entre os genes em questão. Neste caso, a proporção 9:3:3:1 é 
modificada para 9:3:4 (9 azuis: 3 magenta: 4 brancos), havendo, pois, a redução de uma 
classe fenotípica.

Continue navegando