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RESUMO 1.1 (ESTUDOS DIRIGIDOS/ INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA EDUCAÇÃO/LÍNGUA PORTUGUESA). Estudos Dirigidos: Unidade 1: Num sentido amplo, ler significa também interpretar e decifrar e não somente a memorização de determinados sinais gráficos (letras). A partir da interpretação de textos e até mesmo de imagens, desenvolvemos nossa capacidade crítica, adquirimos conhecimentos, expandimos nosso vocabulário e fundamentamos nossos argumentos. Saber ler num sentido amplo da palavra é se socializar. Textos Literários: 1.1 Diferenças entre textos literários e textos não literários. Textos literários: poesias, romances e contos: trazem sempre o sentido conotativo ou metafórico das palavras. São textos que pretendem despertar uma emoção no receptor, e a realidade é quase sempre relatada de uma maneira lúdica, imaginativa ou até mesmo utópica. Textos não literários: aqueles que têm a função de informar, de retratar a realidade tal como elas são. A linguagem é sempre objetiva e formal. Como exemplos de textos não literários, têm-se as notícias de jornal, os textos científicos em geral, os textos de livros didáticos. 1.2 Gêneros Literários: 1.2.1 Poesia e Prosa Literária: A poesia se diferencia da prosa literária pela presença em grau maior dos elementos fônicos, lexicais, sintáticos e semânticos construtivos da linguagem poética. Da mesma forma, os elementos estruturais constitutivos da narrativa literária (narrador, ação, personagem, espaço e tempo) se encontram, embora de modo reduzido, também no poema. A poesia não se distingue da prosa literária pela presença da rima, (há poemas sem rima) nem do metro (há poemas de metro irregular ou sem metro) nem do ritmo (a prosa literária também pode ter um ritmo poético) nem da estrofe (como há romances sem divisão em capítulo, assim há poemas sem divisão estrófica). A diferença reside na presença ou não do verso. Teoricamente, se o espaço gráfico o permitisse, um conto ou um romance poderiam ser escritos numa única linha. Um poema, diferentemente, é constituído pela segmentação de sua escrita: cada verso é um recorte no continuun do discurso, estabelecendo pausas fônicas independentemente das pausas sintáticas. Por isso, a prosa se caracteriza pelo ritmo da continuidade e a poesia pelo ritmo da repetição. Poesia na música: Se a poesia é constituída de rimas, métrica e verso, além de um forte apelo emocional, é possível encontrar este estilo em certas letras de música. 1.2.2 A Narrativa: Diferentemente da poesia, que não tem compromisso com o tempo e o espaço, a narrativa tem como característica principal ser estruturada em começo, meio e fim. D’Onofrio (2006) define como narrativa, todo discurso que nos apresenta uma história imaginária como se fosse real, constituída por uma pluralidade de personagens, cujos episódios de vida se entrelaçam num tempo e num espaço determinados. Para saber: Para que você identifique mais facilmente um texto narrativo e seus elementos, siga as perguntas abaixo: • O que está acontecendo? = Acontecimento, fato, situação • Com quem? = Personagem • Onde? = Espaço – Quando? = Tempo – Como? = Modo – Quem está contando? = Narrador. A narrativa não se restringe apenas ao romance, ao conto e à novela, mas abrange o poema épico, o alegórico e outras formas menores de literatura. Os narradores: É importante ressaltar que na narrativa o narrador nunca é o autor, mas um papel por este inventado: é um personagem de ficção em que o autor se metamorfoseia. As ideias e os sentimentos do narrador de um texto literário não coincidem necessariamente com o ponto de vista do autor. Mito: Eliade (1978) representa uma história verdadeira e possui um caráter sagrado, exemplar e significativo. É narrativa de uma criação: o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do princípio. Lenda: São histórias que foram passadas de geração para geração por meio da oralidade e mais tarde foram relatadas em livros e até mesmo em dicionários. Exemplos: Folclore brasileiro ( A lenda do saci Pererê, entre outras). Mito e lenda são dois conceitos que podem ser confundidos/ Diferença: Diferença entre o mito e a lenda é: a história mítica, ligada profundamente a entes sobrenaturais, tem como atitude mental a crença. Também consiste no fato de que a lenda se origina a partir de um fato histórico, embora sua veracidade, com o passar do tempo, seja transfigurada pela imaginação popular. Conto popular ou maravilhoso: mundo do imaginário, do faz de conta. D’Onofrio (2006) define o conto popular como a expressão da psicologia coletiva e que tem como disposição mental a moral natural: as coisas se passam como nós gostaríamos que se passassem, sempre com o triunfo do bem sobre o mal. O julgamento moral da massa popular é absoluto porque é sentimental, em contraste com o mundo da realidade, que é trágico porque o que deveria ser geralmente não é. O conto popular desafia a própria morte. Os contos de fadas e contos da carochinha também são conhecidos como contos maravilhosos. Contos de encantamento – histórias de fadas, da carochinha e de magia, em que predomina o elemento sobrenatural; Contos de exemplo, com intenção moralística; Casos edificantes; Contos de animais – as fábulas; Contos: religiosos, com intervenção divina; Contos etiológicos – sobre a origem de objetos ou de costumes; Contos de adivinhações; Anedotas; Natureza denunciante – um ato criminoso é revelado por um elemento natural; Ciclo da morte. Epopeia: As narrações míticas e lendárias, que a imaginação popular foi criando a partir de um acontecimento histórico, após a fase da transmissão oral, quando um povo chega a dominar o alfabeto e a ter uma língua ou dialetos escritos, são elaboradas por um poeta que lhes dá uma veste literária e as consagra para sempre. O fato histórico, ao longo do tempo, foi deturpado pela fantasia do povo, que, misturando as ações humanas com as intervenções das divindades, transmitiu oralmente cantos que exaltavam o valor guerreiro. Quanto à sua estrutura, o poema épico é composto de uma parte introdutória, que compreende a proposição (antecipação do assunto que será tratado), a invocação (pedido de ajuda à divindade) e, às vezes, a dedicatória (a um homem ilustre), e da parte maior chamada de narração. O estilo é solene; a linguagem, rebuscada. Outra característica relevante é o recurso ao maravilhoso pagão ou Cristão. Quanto ao sentido, a epopeia é o canto da totalidade da vida de um povo em determinado estágio de sua civilização. A narração épica, além de verter sobre um fato bélico grandioso, historicamente acontecido, mas idealizado pela imaginação coletiva criadora de mitos e de lendas, está diretamente relacionada com o surgimento ou o progresso de uma nacionalidade. Romance: A palavra romance passou a indicar uma longa narrativa sentimental, forma cultural que viveu à margem da literatura oficial durante a época do Classicismo. Forma literária que melhor exprimia os anseios da nascente burguesia, produto das Revoluções Comercial e Industrial, que derrubaram o absolutismo político e cultural. Literatura não mais destinada a um pequeno círculo de gente culta, mas à classe média. O protagonista do romance, diferentemente da epopeia com seus heróis e deuses, é um médico, uma prostituta, um operário, uma jovem apaixonada. A temática é variada como multiforme, é a vida. Novela: A novela passou a indicar um fato ou um incidente chocante que dá a impressão de um evento realmente acontecido. D’ Onofrio (2006), novela da televisão: a novela escrita não está centrada em uma única história ficcional. Seu enredo é composto por uma pluralidadede histórias encaixadas numa macro fábula. Trata-se de uma narrativa de estrutura aberta, na qual é sempre possível acrescentar mais um episódio, fazer intervir mais uma personagem, deslocar a ação num outro espaço e num outro tempo. Conto erudito ou literário: Ao contrário do conto popular ou maravilhoso, o objetivo do conto erudito ou literário, segundo D’Onofrio (2006), não é idealizar, mas contestar os valores sociais. A narrativa é curta (short story). O foco narrativo geralmente é único: centrado ou no narrador onisciente ou numa personagem. A fábula é reduzida apenas a um episódio de vida. As personagens são pouquíssimas, três na maioria dos casos, constituindo o famoso triângulo amoroso. A categoria do espaço está reduzida a um ou dois ambientes. O tempo da fábula também é muito limitado. As descrições e reflexões, quando existem, são muito rápidas. De acordo com D’ Onofrio (2006), na modernidade, o conto é a forma de narrativa mais cultivada, porque melhor responde à exigência da rapidez: poucos leitores, hoje em dia, solicitados pelos atuais meios de comunicação cultural, têm a paciência de ler um longo romance. Crônica: a crônica é o registro de acontecimentos num tempo e num espaço determinados. Existem dois tipos de crônica: a científica e a literária. Crônica científica: escrita por profissionais que possuem um saber específico e usam metodologia científica em seu trabalho cotidiano. Exemplos: crônica policial, que registra a ocorrência de atos criminosos. Crônica literária: produzida por poetas e ficcionistas que, embora possam apoiar-se em fatos acontecidos, transformam a realidade do dia a dia pela força criadora da fantasia. Unidade 2 Textos Científicos: Os textos científicos são baseados em linguagem formal e objetiva; o sentido denotativo é predominante. Enquanto a literatura, na maioria das vezes, usa de imaginação e suposições fantasiosas para tratar da realidade, a ciência busca provar as deduções ou hipóteses através de pesquisas e experimentos, excluindo, assim, suposições infundadas. 2.1 Leitura analítica de textos científicos: De acordo com Severino (2002), a leitura analítica é um método de estudo que tem como objetivos: 1.Ffavorecer a compreensão global do significado do texto; 2. Treinar para a compreensão e interpretação crítica dos textos; 3. Auxiliar no desenvolvimento do raciocínio lógico; 4. Fornecer instrumentos para o trabalho intelectual desenvolvido nos seminários, no estudo dirigido, no estudo pessoal e em grupos, na confecção de resumos, em resenhas, em relatórios etc. Seus processos básicos são os seguintes: a)Análise textual: preparação do texto. Trabalhar sobre unidades delimitadas (um capítulo, uma seção etc.). b)Análise temática: compreensão do texto. Determinar o tema problema, a ideia central e as ideias secundárias. c)Análise interpretativa: interpretação do texto. Explicitar os pressupostos filosóficos do autor que justifiquem suas posturas teóricas. d)Problematização: discussão do texto. Levantar e debater questões explícitas ou implícitas no texto. e) Síntese pessoal: reelaboração pessoal da mensagem. Desenvolver a mensagem mediante retomada pessoal do texto e raciocínio personalizado; elaborar um novo texto, com redação própria, com discussão e reflexão pessoais. A leitura de um texto científico também deve ser feita mediante o exercício de uma atitude crítica diante das posições do autor em termos de: 1. Coerência da argumentação; 2. Validade dos argumentos empregados; 3. Originalidade do tratamento dado ao problema; 4. Profundidade de análise ao tema; 5. Alcance de suas conclusões e consequências; 6. Apreciação e juízo pessoal das ideias defendidas. Importância e complexidade: a análise temática e a análise interpretativa. A análise temática: De que fala o texto? A resposta a esta questão revela o tema ou assunto do trabalho. Severino (2002) relata que o tema tem determinada estrutura: o autor está falando não de um objeto, de um fato determinado, mas de relações variadas dentre vários elementos. Além dessa possível estruturação, é preciso captar a perspectiva de abordagem do autor; tal perspectiva define o âmbito dentro do qual o tema é tratado, restringindo-o a limites determinados. Análise interpretativa: Nesta análise, de acordo com Severino (2002), estabelece-se uma aproximação e uma associação das ideias expostas no texto com outras ideias semelhantes que eventualmente tenham recebido outra abordagem, independentemente de qualquer tipo de influência. Faz-se uma comparação com ideias temáticas afins, sugeridas pelos vários enfoques e colocações do autor. Uma leitura é tanto mais fecunda quanto mais sugere temas para a reflexão do leitor. É importante que fique clara a diferença entre os dois tipos de análises. Enquanto na análise temática realiza-se a compreensão e apreensão do texto, na análise interpretativa acontece a discussão das ideias do autor. 2.2 Linguagem e estrutura de textos científicos: O TCC, a dissertação e a tese são exemplos de monografia científica. Severino (2002) define o termo monografia como um tipo especial de trabalho científico. Considera-se monografia aquele trabalho que reduz sua abordagem a um único assunto, a um único problema, com tratamento especificado. Essas monografias podem ser chamadas de trabalhos de grau, uma vez que resultam em trabalhos que visam, também, à aquisição de um grau acadêmico, de um título universitário, como a dissertação de mestrado, a tese de doutoramento e a tese de livre-docência. Estrutura: A estrutura formal das monografias é constituída por três partes fundamentais: • Introdução: o autor deve descrever o cenário no qual o tema escolhido está inserido. Também na introdução o autor demonstra a importância do tema trabalhado, evidenciando, assim, a razão da escolha de um determinado tema. • Desenvolvimento: corresponde ao corpo do trabalho e será estruturado conforme as necessidades do plano definitivo da obra. • Conclusão: além de ser a síntese de um determinado trabalho, também é o item que responderá à questão da pesquisa desenvolvida no começo do trabalho. **Através desta estrutura se desenvolverá o raciocínio e a argumentação do autor em relação ao tema escolhido. Linguagem: A linguagem dos trabalhos científicos é sempre sóbria e precisa. É imprescindível que o trabalho seja escrito com clareza, sem se utilizar de abstrações ou conotações que possam atrapalhar o entendimento do leitor. **O trabalho científico: todo trabalho desta natureza tem por objetivo intrínseco a demonstração, o desenvolvimento de um raciocínio lógico. Ele assume sempre uma forma dissertativa, ou seja, busca demonstrar, mediante argumentos, uma tese, que é uma solução proposta para um problema. Unidade 3 Textos jornalísticos e publicitários: Notícia – a matéria-prima do jornal: De acordo com Serva (2001), o procedimento jornalístico justificado e resumido nesse ditado é o de destacar e noticiar o raro, o paradoxo, o imprevisto – o caos, aparente ou verdadeiro. É isso o que caracteriza a notícia, sua matéria-prima. A notícia e a formação da opinião pública: Ao lermos ou escutarmos uma notícia em um telejornal ou emissora de rádio, quase sempre desenvolvemos certo julgamento. A notícia se apresenta sob a forma de pequenas comunicações independentes, que podem ser compreendidas de modo fácil e rápido. Na verdade, a notícia funciona para o público de certa forma como a percepção para o indivíduo, quer dizer, orienta mais do que informa. A primeira reação típica de um indivíduo perante as notícias é o desejo de contá-las a alguém. Surge a conversa, segue-se o comentário e talvez comece mesmo uma discussão. Mas oque há de especial nisso é que, uma vez começada a discussão, o evento que se discute depressa deixa de ser a notícia, ou seja, como a interpretação de um evento difere entre os indivíduos, as discussões passam das notícias para as problemáticas em que se baseiam. O confronto de opiniões e de sentimentos que a discussão inevitavelmente provoca termina numa espécie de consenso ou opinião coletiva – o que chamamos de opinião pública. A função do jornalismo na sociedade: Lage (2005) O jornalismo incumbe-se de atualizar o nível de informação da população com velocidade impossível de se alcançar por outro meio. Sua necessidade social ampliou-se na medida em que as transformações políticas, sociais, científicas e tecnológicas se aceleram, tornando inviável a atualização por outros processos, como contatos pessoais, demonstrações a auditórios, sermões etc. Da perspectiva profissional, os critérios são outros: uma boa notícia não é a mais bem escrita, mas, principalmente, a verdadeira. Mead (1927): o jornal tem outras funções, a mais importante é procurar notícias. A teoria de uma sociedade aquisitiva é a de que a notícia tem valor. As pessoas estão dispostas a pagar para isso. O valor varia com a verdade. Jornalismo sensacionalista = desinformação: Ora, se considerarmos a informação como um bem valioso para nossa vida cotidiana e para o bom desempenho de nosso senso crítico, não podemos nos deixar estarrecer ou nos influenciar por notícias sensacionalistas. Jornais sensacionalistas são aqueles que trazem, em suas primeiras capas, cenas de violência, notícias de massacres e mortes ou, também, fofocas e fotos de pessoas famosas em sua intimidade. Ainda de acordo com Unglaub, (s.d.), quando se fala em sensacionalismo, falamos em manipular a informação de modo incompleto ou parcial e apresentar essa informação num formato exagerado ou enganador. A exploração de notícias sensacionalistas em geral resulta em audiência, mas também pode gerar mais sensacionalismo. Este pode vir expresso na apresentação visual (diagramação), no tema (conteúdo) e na forma de apresentar o discurso. Gripsrud (2000) defende ainda que os meios de comunicação noticiosos deveriam, por princípio, contribuir para o envolvimento político e social de todos os cidadãos. Linguagem e estilo do texto jornalístico: Lage (2005): O que caracteriza o texto jornalístico é o volume de informação factual. Resultado da apuração e do tratamento dos dados, ele pretende informar, e não convencer. Isso significa que o relato, por definição, está conforme o acontecimento – este sim passível de crítica e capaz de despertar reações distintas nos formadores de opinião e entre os receptores da mensagem em geral. O texto básico do jornalismo é a notícia, que expõe um fato novo ou desconhecido ou uma série de fatos novos ou desconhecidos do mesmo evento, com suas circunstâncias. 3.2 Textos Publicitários: A publicidade se manifesta em nossas vidas através de: Anúncios de revista ou jornal; comerciais de TV; jingles (anúncio cantado ou musicado) ou spots (anúncio falado) veiculados em rádio; outdoors (placas externas, no formato de 9 m x 4 m, colocadas em lugares de grande fluxo de trânsito); folhetos e folders distribuídos em pontos estratégicos; malas diretas que chegam às nossas casas; cartazes; faixas; busdoor (grandes adesivos afixados no vidro traseiro dos ônibus que circulam pela cidade) e outras inusitadas e criativas peças criadas pelos publicitários. Todos esses elementos da publicidade, chamados de peças publicitárias, têm um objetivo em comum: VENDER! Vender um produto, um serviço, uma marca, uma ideia ou um conceito. A publicidade, juntamente com a pressão do meio social no qual um indivíduo está inserido, contribui significativamente para a propagação do consumismo e, desse modo, as pessoas passam a dar mais valor ao que elas TÊM e ao o que elas querem ter do que ao que elas SÃO. Se resumíssemos nosso consumo somente entre os itens necessários para nossa sobrevivência – comida, bebida e roupas –, provavelmente a publicidade se ocuparia apenas de divulgar o preço e a disponibilidade de um produto ou serviço. Mas, as indústrias tecnologicamente avançadas criam, a cada ano, novos produtos e serviços que, com a ajuda de estratégias de marketing e comunicação, transformam-se em verdadeiros objetos de desejo. Persuasão, a alma da publicidade. Quem persuade leva o outro à aceitação de uma dada ideia. Adler e Firestone (2002): É importante salientar que o tom persuasivo dos textos publicitários está muito ligado à criatividade, o público-alvo de um anúncio tem pouco interesse preestabelecido pelo conteúdo da mensagem. Seus criadores têm de ser extremamente inovadores para que seus anúncios sejam notados. Na verdade, o primeiro desafio de todo anunciante é chamar e manter a atenção do público-alvo. Em um mundo onde a atenção é um bem escasso, isso não é tão simples de se obter. Se prestarmos atenção aos textos dos anúncios publicitários, veremos que a maioria dos verbos está no imperativo (“compre”, “veja”, “venha” etc.) e o sentido do texto sempre tenta nos convencer de que aquele produto ou serviço anunciado é essencial para nossas vidas. Esta é a técnica da publicidade: persuasão, ou seja, convencimento. É importante ressaltar que a linguagem deve ser persuasiva e criativa para que o produto seja vendido; mas uma peça publicitária não deve jamais incomodar o consumidor. O publicitário tem de ter o cuidado de não impor nada ao seu público, pois, se o leitor sentir que o anúncio está muito forçado, talvez reaja negativamente à mensagem ou simplesmente a ignore. Ao publicitário, apresenta-se, assim, um desafio: as suas peças devem induzir o público a comprar o produto, mas não deve dizer isso em muitas palavras, para não molestá-lo. Os textos publicitários se utilizam de figuras de linguagem, de técnicas argumentativas e de raciocínios. Exemplo: “Nove entre dez estrelas do cinema usam Lux”. Raciocínio: é o mais formal possível. Trata-se de um silogismo (forma de raciocínio que passa por três fases: premissa maior, premissa menor e conclusão): **Premissa maior – As mais belas mulheres (do cinema) usam Lux. **Premissa menor – Você é (ou quer ser) uma bela mulher. **Conclusão – Você deve usar Lux (assim será tão bela como as formosas atrizes). Há o uso de figuras de linguagem. Existem duas figuras prioritárias: a comparação e a hipérbole. Por meio da primeira, há uma relação entre a inatingível estrela e a mulher comum; por meio da segunda, comete-se um exagero respeitável (nove entre dez usam Lux!). Este slogan se abre para duas realidades de forte pressão psicossocial: exclusão. Ninguém deseja ser socialmente excluído. Estar em companhia de única pessoa feia (a que não usa Lux) é uma situação um tanto desagradável. Unidade 4 Leitura e imagem: 4.1 A leitura das imagens: Leite (2003): A interpretação crítica das imagens se faz imprescindível para todos nós, as gerações, de cinquenta anos para cá, têm se baseado cada vez mais em experiências visuais através da fotografia, do cinema, da TV, das revistas, entre outros. Os avanços da tecnologia proporcionaram novos canais de difusão na transmissão de imagens e informações. Desenvolvendo a percepção: Ao “ler”, ou melhor, interpretar as imagens, desenvolvemos nossa percepção; e, por outro lado, ao exercitarmos nossa percepção, evitamos, na medida do possível, ficar alheios ao que acontece ao nosso redor. Não existe uma receita ou um roteiro-padrão para interpretarmos uma imagem; porém, é importante lembrar que, entre os textos verbais e as imagens, há uma diferença importante, já que o texto verbal e sua unidade menor, a oração, têm começo e fim.Essa dimensão temporal falta às imagens: é possível explorar de imediato uma imagem inteira. Há nelas a descobrir, no entanto, algo correspondente a um começo e a um fim, provavelmente porque as examinamos influenciados pelo hábito de ler uma página. Quando lemos, o olhar se move do canto superior esquerdo para o canto inferior direito da página – e essa diagonal constitui, na verdade, uma dimensão extremamente importante de muitas pinturas e até anúncios publicitários. Alguns tipos de imagens: Barthes (1968 apud Vestergaard & Schroder,1994): Imagens acompanhadas de textos, sejam eles legendas ou sejam balões com diálogos, são denominados: de ancoragem e relé. Quando texto e imagem coincidem nos veículos impressos, a relação entre um e outra se chama ancoragem. Exemplo: uma legenda proporciona o elo entre a imagem e a situação espacial e temporal que os meios puramente visuais de expressão não permitem estabelecer. Relé: Um exemplo típico de relé são os balões das histórias em quadrinhos. Ao contrário da ancoragem, o relé denota uma relação recíproca entre texto e imagem, na qual cada um contribui com sua parte para o conjunto da mensagem. Muitas das imagens a que temos acesso são chamadas de ícones e símbolos. Peirce (1960 apud Vestergaard & Schroder,1994): num ícone, a relação entre signo e objeto ou é natural ou é motivada. Quer dizer, em certo aspecto culturalmente relevante, o signo nos impressiona pela semelhança com seu objeto (como no caso de uma espingarda de brinquedo que representa uma espingarda de verdade). **É importante saber que o ícone é um signo cuja conexão com o objeto repousa num certo tipo de similaridade, e o símbolo é um signo cuja conexão com seu objeto baseia-se (mais ou menos) numa convenção. Os casos mais claros de símbolos visuais ocorrem quando uma metáfora verbal se interpõe entre a imagem e seu objeto: um coração simboliza “amor” porque, na tradição literária, acredita-se que tal sentimento reside no coração. Quando a imagem se transforma em texto: Quando temos que relatar por escrito algo que vemos, seja um objeto, seja uma cena, uma imagem, transformamos tudo o que nossos sentidos captam em linguagem descritiva. Infante (1998): elaborar um texto descritivo é apresentar um ser, um objeto, um recorte da realidade a partir de um determinado ponto de vista, ou seja, o objeto da descrição deve ser observado a partir de uma determinada posição física. O ponto de vista é fundamental para a organização do texto descritivo, já que as diversas partes do objeto devem ser expostas e relacionadas a fim de formar um conjunto que o leitor seja capaz de entender. Descrever é, portanto, um processo no qual se empregam os sentidos para captar uma realidade e reprocessá-la num texto. Introdução aos Estudos da Educação Unidade 1. Ser Professor 1.2 A especificidade da educação escolar: Saviani (2003): A especificidade escolar é a transmissão-assimilação do saber sistematizado, que é “a atividade nuclear da escola”. Isto significa que: ao se falar em educação, a preocupação com o ensinar e o aprender sobre o saber sistematizado deve se fazer presente e se constituir no cerne de uma prática pedagógica compromissada, politicamente com a socialização ampla do conhecimento escolar. Enquanto professores comprometidos com o conhecimento, travamos uma luta incessante, sobretudo para realizarmos um trabalho pedagógico que propicie uma educação de qualidade. Mas, infelizmente, poucos educadores centram-se em realizar uma análise crítica da realidade educacional em que se encontram as escolas públicas do nosso país, assim como não conseguem definir claramente, ou melhor, conceitualmente, qual é a finalidade docente. A busca de respostas para essas questões nos levará às especificidades da educação escolar, ou seja, ao entendimento sobre a finalidade dela ao longo da história. Um primeiro passo à descoberta da especificidade da educação escolar exige o conhecimento sobre a finalidade da instituição escolar, ou seja, da escola. Inserida no sistema capitalista, a escola não se manteve à margem dele, sendo esse um dos principais motivos de convivermos historicamente com o dualismo escolar, ou seja, uma educação diferenciada para cada classe social, o que contribui para a perpetuação das desigualdades sociais. O papel social da escola, assim, vincula-se, historicamente, ao treinamento para o trabalho produtivo em detrimento da socialização de conhecimento para o processo de humanização do indivíduo. É importante analisar a questão do papel social da escola e seu caráter dualista porque a percepção e consciência disso podem determinar a maneira como o professor interage com o conhecimento, ou seja, determinar o seu papel docente. O rompimento da lógica reprodutivista, ou seja, a afirmação da educação enquanto internalização da cultura, enquanto processo de humanização do sujeito, vincula-se à clareza do professor sobre a finalidade da ação docente. Saviani (2003), apenas criar um mundo da cultura não basta para que se garanta o progresso do desenvolvimento humano. É necessário, também, apropriarmo-nos desta cultura produzida histórica e coletivamente pelos homens. Papel social do professor: propiciar aos alunos o contato com as produções culturais, ou seja, colocarmos os nossos alunos em contato com as produções históricas, científicas e culturais da sociedade. A apropriação das produções culturais pelas gerações futuras não acontece de maneira natural, não é inata ao ser humano. A apropriação do conhecimento, por não ocorrer naturalmente e nem de forma espontânea, é uma das principais responsabilidades do professor, ou seja, ao cumprirmos a tarefa de ensinar, de colocar os nossos alunos em contato com o que foi produzido histórica e coletivamente, contribuiremos para o processo formativo dos sujeitos, proporcionando um processo formativo de qualidade socialmente referenciada, no qual todos os sujeitos terão acesso ao conjunto do acervo cultural. Unidade 2/ Ser Professor: 2.1 Professor e ensino: Parini (2007): Interesse intelectual e habilidade de prender a atenção das pessoas são, portanto, fundamentais para o sucesso do aprendizado. O processo educativo preparar os sujeitos para a sociedade atual fornecer-lhes instrumentos para que sejam incorporados ao mercado de trabalho e, ainda, ressaltamos a importância de o professor ter afeto e, acima de tudo, respeito por seus alunos. Mas nenhum desses atributos elencados pode ser substituído ou subordinado à finalidade da ação docente, que é ensinar; colocar os alunos em contato com o acervo cultural que foi produzido histórica e coletivamente. Pois é dando às crianças pobres o conhecimento que lhes é negado que agiremos com amor, realizando ações necessárias à construção de uma nova qualidade da escola e da educação. Unidade 3/ O professor hoje: Perrenoud. Professor: As sociedades se transformam, fazem-se e se desfazem. As tecnologias mudam o trabalho, a comunicação, a vida cotidiana e mesmo o pensamento. Com isso, as desigualdades se deslocam, agravam-se e se recriam em novos territórios. Ser professor hoje é diferente de ser professor em outras décadas e séculos, ou seja, a concepção de professor é decorrente de períodos históricos determinados. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei no 9.394/96): concepção: a escola deve exercer um papel humanizador e socializador, além de desenvolver habilidades que possibilitem a construção do conhecimento e dos valores necessários à conquista da cidadania plena. Maria Luiza Krammer: para exercermos a tarefa de docente, é preciso levar em conta a vida cotidiana daquele que “aprende” e a daquele que “ensina”, umavez que cada um traz consigo elementos extrínsecos à realidade escolar, os quais devem ser relevantes dentro do espaço de criação e recriação das relações que se estabelecem no ambiente escolar. Eles devem ser referência permanente na ação educativa. Para isso, exige-se uma prática participativa, dialógica e democrática. A aprendizagem deve sempre desenvolver competências e habilidades a fim de que o educador e o educando entendam a sociedade em que estão inseridos. Cabe ao professor exercer sua função docente, que é transmitir o conhecimento produzido histórica e coletivamente, articulando as experiências de modo que o aluno reflita sobre suas relações com o mundo e o conhecimento, assumindo o papel ativo no processo de ensino-aprendizagem, o qual, por sua vez, deverá abordar o indivíduo como um todo, e não apenas como um talento a ser desenvolvido. Imbernón (2000) diz que ser professor hoje não é nem mais difícil nem mais fácil do que era há algumas décadas. É diferente. Diante da velocidade com que a informação se desloca, envelhece e morre, diante de um mundo em constante mudança, seu papel vem mudando, se não na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação, que se tornou permanentemente necessária. O professor é imprescindível a uma sociedade, cabendo a ele articular o conteúdo a ser transmitido com os conhecimentos prévios dos alunos, articulando-os às suas experiências, de modo que possa levá-los a refletir sobre a relação entre mundo e conhecimento, ou seja, entre conhecimentos e contexto histórico-político- econômico e cultural, ao qual ele foi e está sendo construído. Moacir Gadotti (2002): o professor é aquele que faz fluir o saber – não o dado, a informação, o puro conhecimento – eles constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e devem buscar juntos, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. Em sintonia com a demanda social, a escola necessita centrar-se em teorias da aprendizagem, no ato de aprender, de conhecer, de estar aberta às modificações e se posicionar com flexibilidade diante delas. Dermeval Saviani (2003): a concepção de professor vinculado à transmissão do conhecimento, à apropriação da cultura produzida histórica e coletivamente. O papel do professor é buscar, no exercício de sua profissão, a transformação dos indivíduos em cidadãos reflexivos, críticos e questionadores, a partir do fornecimento do amplo conhecimento propiciado no âmbito escolar. A postura do professor diante do conhecimento e da aprendizagem do aluno perpassa duas características essenciais que foram abandonas pelos modismos educacionais atuais: em primeiro lugar, escola é lugar de aprender e, em segundo lugar, o professor tem como tarefa principal ensinar. A escola enquanto lócus da apropriação do conhecimento, uma educação que contribui para o processo de humanização do indivíduo independente da classe social a que ele pertence, uma educação que reage contra a diferença cultural entre dominados e dominantes. O ensino é essencial ao processo de humanização e de desenvolvimento do indivíduo. O desenvolvimento psíquico estimulado proporcionará ao indivíduo o desenvolvimento de habilidades e de competências, assim como será um fator positivo nesta sociedade da informação, da tecnologia e do conhecimento. Unidade 4/ O professor e sua formação: Formação docente: Acredita-se que a educação exerça papel fundamental no desenvolvimento das pessoas e da sociedade, concorrendo positivamente para a efetivação das transformações sociais de que o país necessita, assim como à minimização da pobreza e da exclusão social. A escola, reconhecida pela sociedade como instituição da aprendizagem, deve comprometer-se com uma educação de qualidade, promovendo o acesso de todos ao conhecimento. Nesse sentido, mudanças na formação de professores são necessárias, particularmente no que se refere ao domínio dos conteúdos específicos que ele deve socializar. Necessário: haver coerência entre a metodologia utilizada no curso de formação e a prática pedagógica que o futuro professor deverá desenvolver, ou seja, uma coerência entre o que se faz na formação e o que se espera do professor como profissional. Simetria invertida: a formação de professores é o único curso no qual o que se estuda para o exercício da profissão é o que se vivencia no papel de aluno. Essa simetria invertida, um aspecto presente em sua profissão e em sua prática, revela que o professor incorpora vivências ao longo de sua trajetória escolar. Também é essencial que o futuro professor tenha uma visão integrada do conteúdo das disciplinas do curso e do seu significado. A forma como se trabalha um conteúdo é que o torna significativo, possibilitando ao aluno interpretar a lógica da realidade e alcançar sucesso na aprendizagem. A formação oportuniza ao professor não só o saber em sala de aula. Ele precisa conhecer as questões da educação, as diversas práticas analisadas na perspectiva histórica e sociocultural, e, ainda, precisa conhecer o desenvolvimento do seu aluno nos seus múltiplos aspectos: afetivo, cognitivo e social, bem como refletir criticamente sobre seu papel diante de seus alunos e da sociedade. As novas tarefas atribuídas à escola e a dinâmica por elas gerada impõem a revisão da formação docente em vigor na perspectiva de fortalecer ou instaurar processos de mudança no interior das instituições formadoras, respondendo às novas tarefas e aos desafios apontados, que incluem o desenvolvimento de disposição para atualização constante de modo a inteirar-se dos avanços do conhecimento nas diversas áreas, incorporando- os, bem como aprofundar a compreensão da complexidade do ato educativo em sua relação com a sociedade. A formação de professores como preparação profissional passa a ter papel crucial no atual contexto. Formação continuada de professores, formação do profissional da educação estão relacionadas com o enfoque, a perspectiva, a concepção de suas funções atuais. A formação continuada do professor deve ser concebida como reflexão, pesquisa, ação, descoberta, organização, fundamentação, revisão e construção teórica, e não como mera aprendizagem de novas técnicas e métodos mirabolantes, atualização em novas receitas pedagógicas ou aprendizagem das últimas inovações tecnológicas. A formação permanente inicia-se pela reflexão crítica sobre a prática. A importância da troca de experiências entre pares, através de relatos de experiências, oficinas, grupos de trabalho: quando os professores aprendem juntos, um pode aprender e refletir com o outro. Isso os leva a compartilhar evidências, informação e buscar soluções. Unidade 5/ O curso de Pedagogia: História: A palavra pedagogia vem do grego e significa ciência da educação e do ensino. Sua origem está ligada à antiga Grécia, onde era chamado de pedagogo aquele que conduzia as crianças aos locais de estudos para terem aulas com os filósofos. “Aquele” que os gregos antigos chamavam de “pedagogo” era o escravo que levava a criança para o local da relação ensino aprendizagem; ele era um condutor, alguém responsável pela melhoria da conduta geral do estudante, moral e intelectual. A história da Pedagogia no Brasil, é possível verificarmos que o primeiro marco legal do curso de Pedagogia foi o Decreto-Lei no 1.190, de 4 de abril de 1939. Esse decreto instituiu o curso no bojo da organização da Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil. A década de criação do curso – década de 1930 – é de extrema importância no contexto educacional do nosso país. Podemos acrescentar a esse contexto histórico algumas conquistas educacionais como: a implementaçãoda Reforma Francisco Campos e os debates em torno da criação das universidades brasileiras, influenciados em parte pelo ideário da Escola Nova. A história do curso de Pedagogia não apresenta linearidade. Ela encontra-se inserida em um contexto de inúmeras transformações, sendo até hoje considerada um assunto polêmico, principalmente quando a discussão gira em torno da função e atuação do pedagogo. O curso nasceu, no Brasil, em finais da década de 1930, quando a Universidade do Distrito Federal, criada por Anísio Teixeira, foi encerrada e transformada em Universidade do Brasil. Em 1938, o governo getulista empreendeu a extinção de duas importantes experiências de formação docente de inspiração liberal. De um lado, extingue a Universidade do Distrito Federal; de outro lado, extingue o Instituto de Educação da Universidade de São Paulo. Essas instituições foram responsáveis pela implementação dos dois projetos de preparo docente em nível universitário. O Estado autoritário encerrou essas experiências e criou, em seu lugar, outra modalidade de formação de professores, chamado “técnico em educação”. O técnico era formado em cursos de administradores escolares, cujo objetivo era o preparo de diretores escolares e técnicos para o sistema de ensino, entre eles o inspetor. Posteriormente, essas duas modalidades de formação do quadro do magistério – professores e técnicos – foram substituídas pela criação dos cursos de Pedagogia (para formação de técnicos) e de Didática (para formação de professores), sob influência direta de intelectuais da Igreja Católica. Atualmente, a pedagogia perpassa toda a sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo ambientes mais amplos da educação informal e não formal. A pedagogia está ligada ao ato de condução ao saber, preocupando-se com os meios, com as formas e maneiras de como levar o indivíduo ao conhecimento. A pedagogia tem lugar diferenciado entre as outras ciências da educação, pois consegue integrar-se parcialmente às diversas ciências em razão de uma aproximação global das questões educativas. Ela continua na conquista de desenvolvimento para o sujeito, possibilitando- lhe ser capaz de construir pensamentos autônomos e criativos na busca da razão crítico-social. Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia, no Parecer CNE/CP no 3/2006: define o pedagogo como um profissional habilitado a atuar no ensino, na organização e na gestão de sistemas, unidades e projetos educacionais e na produção e difusão do conhecimento, em diversas áreas da educação, tendo a docência como base obrigatória de sua formação e identidades profissionais. Diretrizes e Bases da Educação Nacional por meio da Lei 9.394: Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental. Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Saviani (2008): às Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Pedagogia foi a consideração de que o pedagogo é um docente formado no curso de licenciatura para atuar na educação infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais seja previsto o conhecimento pedagógico. A pedagogia, é uma reflexão teórica baseada nas práticas educativas e sobre elas. Investiga os objetivos sociopolíticos e os meios organizacionais e metodológicos para viabilizar os processos formativos em contextos socioculturais específicos. A pedagogia é mais ampla que a docência; a educação abrange outras instâncias, além da sala de aula, e o pedagogo é um profissional da educação, sendo sua atuação mais ampla do que a do profissional da docência, sem pretender com isso diminuir a importância da docência, mas apenas diferenciá-la da ação ampla do pedagogo. Unidade 6/ Educação e processos educativos: 6.1 Educação e seus processos educativos: Educação formal: entendem-se como tal as instituições de ensino clássicas, ou seja, escolas e universidades. A educação formal pode ser resumida como aquela que está presente no ensino escolar institucionalizado, cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado. Os agentes que transmitem a educação são os professores. Na educação formal, os espaços são os territórios das escolas. São instituições regulamentadas por lei, certificadoras, organizadas segundo leis de diretrizes nacionais. Ela pressupõe ambientes normatizados, com regras e padrões comportamentais definidos previamente. Destacam-se os relativos ao ensino e à aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados. Em formar indivíduo como um cidadão ativo, o de desenvolver habilidades e competências várias, o de desenvolver a criatividade, a percepção, a motricidade etc. Esta modalidade de educação requer tempo, local específico, pessoal especializado, organização de vários tipos (inclusive a curricular), sistematização sequencial das atividades, disciplinamento, regulamentos e leis, órgãos superiores etc. Ela tem caráter metódico e, usualmente, é dividida por idade/classe de conhecimento. Na educação formal espera-se, sobretudo, que haja uma aprendizagem efetiva (o que, infelizmente, nem sempre ocorre), além da certificação e titulação que capacitam os indivíduos a seguir para graus mais avançados. Educação informal: é aquela que a criança e o jovem adquirem no contato com a família, com os amigos e no trato com os grupos dos quais ela faz parte, aquela na qual qualquer pessoa adquire e acumula conhecimentos, através de experiência diária em casa, no trabalho e no lazer. São informações que qualquer pessoa recebe em sua vida cotidiana. Gohn (2006), na educação informal, os agentes educadores são os pais, a família em geral, os amigos, os vizinhos, colegas de escola, a igreja paroquial, os meios de comunicação de massa etc. A educação informal tem seus espaços educativos demarcados por referências de nacionalidade, localidade, idade, sexo, religião, etnia etc. a casa onde se mora a rua, o bairro, o condomínio, o clube que se frequenta, a igreja ou o local do culto a que se vincula sua crença religiosa, o local onde nasceu, etc. Opera em ambientes espontâneos, onde as relações sociais se desenvolvem segundo gostos, preferências ou pertencimentos herdados. Esta modalidade de educação socializa os indivíduos, que desenvolvem hábitos, atitudes, comportamentos, modos de pensar e de se expressar pelo uso da linguagem segundo valores e crenças dos grupos que frequentam ou a que pertencem por herança, desde o nascimento. Trata-se do processo de socialização dos indivíduos. Ela não é organizada, os conhecimentos não são sistematizados e são repassados a partir de práticas e experiências anteriores. É um processo permanente, e não organizado. Os resultados não são esperados, eles simplesmente acontecem a partir do desenvolvimento do senso comum nos indivíduos, senso este que orienta suas formas de pensar e agir espontaneamente. Educação não formal: nesta categoria, englobam-se grupos de jovens, movimentos juvenis, clubes, instituições esportivas e artísticas. Define- se como qualquer tentativa educacional organizada e sistemática que, normalmente, realiza-se fora dosquadros do sistema formal de ensino. É constituída por todos os processos educativos não curriculares, mas estruturados, e que podem ser de várias formas, por exemplo: a educação científica realizada nos museus e centros de ciências, os cursos avulsos, as palestras e as conferências. Na educação não formal, o grande educador é o “outro”, aquele com quem interagimos ou nos integramos. Os espaços educativos da educação não formal localizam-se em territórios que acompanham as trajetórias de vida dos grupos e indivíduos fora das escolas, em locais informais, locais onde há processos interativos intencionais. Há nessa modalidade de educação uma intencionalidade na ação, no ato de participar, de aprender e de transmitir ou trocar saberes. Ela capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais. Os resultados possíveis de serem desenvolvidos pela educação não formal são: consciência e organização de como agir em grupos coletivos; construção e reconstrução de concepções de mundo; contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade; formação do indivíduo para a vida e para as adversidades; resgate do sentimento de valorização de si próprio. Unidade 7/ Conhecimento científico e Educação escolar: Ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método científico. O conhecimento científico depende muito da lógica. Duas grandes dimensões: pura (o desenvolvimento de teorias) versus aplicada (a aplicação de teorias às necessidades humanas); ou natural (o estudo do mundo natural) versus social (o estudo do comportamento humano e da sociedade). O homem faz questionamentos sobre sua existência, interpretando a si, atribuindo-lhe significados, cria-se representações significativas da realidade, as quais chamaram de Conhecimento. O conhecimento pode ser classificado em diversos tipos, por exemplo: conhecimentos populares, filosóficos, religiosos e científicos, e essas várias formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa, indistintamente. Conhecimento popular: também chamado de senso comum, são os conhecimentos vulgares, populares, etc. É o saber que preenche a nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método. O conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais no que se refere ao seu contexto metodológico do que propriamente ao seu conteúdo. Ele se refere a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária, sendo o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos. Não há uma sistematização das ideias, da organização, da experiência, da forma de adquiri-las nem da tentativa de validá- las. Verdades ou não, esses conhecimentos não se manifestam sempre de uma forma crítica. Conhecimento filosófico: seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação. As hipóteses filosóficas se baseiam na experiência, e não na experimentação. As hipóteses dessa modalidade de conhecimento e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. Suas hipóteses e postulados não são submetidos ao decisivo teste da observação, experimentação. Procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando até leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência. Conhecimento religioso (teológico): baseiam-se em doutrinas que contêm proposições sagradas, valorativas, por terem sido reveladas pelo sobrenatural e por inspiração e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis, indiscutíveis e exatas. É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador “divino”. Suas evidências não são verificadas. Está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Conhecimento científico: é o produzido pela investigação científica, através de seus métodos. Surge não apenas da necessidade de encontrarmos soluções para problemas de ordem prática da vida diária, mas do desejo de fornecermos explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas. Suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação, e não pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. Seu saber é ordenado logicamente, formando um sistema de ideias, de teorias, e não conhecimentos dispersos e desconexos. As hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. A investigação científica se inicia quando se descobre que o conhecimento existente, originário quer do senso comum, quer do corpo de conhecimentos existentes na ciência, é insuficiente para explicar os problemas surgidos. 7.2 Educação escolar versus conhecimento científico: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: estabelece: a educação básica deve assegurar ao educando “formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Também estabelece: nas finalidades do Ensino Médio, “a compreensão dos fundamentos científico- tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina”. Um cidadão que termina a Educação Básica deve ter capacidade não só de compreender os fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, mas também de aprimorar-se como pessoa humana, incluindo [...] o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, ou seja, ao terminar a Educação Básica, o educando deve ter autonomia para, compreendendo os fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos, posicionar-se criticamente com relação aos investimentos em ciência e tecnologia que o país faz. O ensino escolar refere-se ao processo de busca, de descoberta, na apreensão da realidade objetiva, quanto à assimilação dos resultados das investigações, que é o saber sistematizado. Sem o acesso a ele, é impossível a descoberta para que essa se traduza em produção de novos conhecimentos. A importância do ensino científico consiste, ao mesmo tempo, em elevar o nível de pensamento dos estudantes e permitir-lhes apropriarem-se da realidade, o que é indispensável para que os jovens não apenas conheçam e saibam interpretar o mundo em que vivem, mas também, acima de tudo, saibam nele atuar e transformá-lo. Unidade 8/ A Pedagogia e suas áreas de atuação: 8.1 Reflexões iniciais: A educação é uma prática social humana, cuja finalidade é possibilitar às pessoas realizarem-se como seres humanos, portanto como participantes do processo civilizatório, dos bens historicamente produzidos e dos problemas gerados por esse mesmo processo. Ela realiza essa finalidade pela mediação dos conhecimentos, da cultura, dos valores, dos modos de agir, implicando a apropriação e produção de saberes numa perspectiva crítica tendo por base o interesse de emancipação da sociedade. Enquanto ciência da educação auxiliada por diferentes campos do conhecimento, a pedagogia estuda criticamente a educação como práxis social, visando a analisá-la, compreendê-la, interpretá-la em sua complexidade, e propondo outros modos e processos para sua concretização, com vistas à construção de uma sociedade justa e igualitária. A pedagogia está diretamente ligada à prática educativa, que constitui seu campo de reflexão, pesquisa e análise, tendo como tarefa o estudo e a reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas educativas, para poder ser uma instância orientadorado trabalho pedagógico. Pedagogia é ciência da e para a educação, portanto, é a teoria e a prática da educação em todas as suas instâncias. Tem um caráter ao mesmo tempo explicativo, praxiológico e normativo da realidade educativa, pois investiga teoricamente o fenômeno da educação, formula orientações para a prática a partir da própria ação e propõe princípios e normas relacionados aos fins e meios da educação. O pedagogo, no exercício de sua profissão, estará habilitado a desempenhar atividades relativas à: Formulação e gestão de políticas educacionais; avaliação e formulação de currículos e de políticas curriculares; organização e gestão de sistemas e de unidades escolares; coordenação, planejamento, execução e avaliação de programas e projetos educacionais, para diferentes faixas etárias (crianças, jovens, adultos, terceira idade); formulação e gestão de experiências educacionais; coordenação pedagógica e assessoria didática a professores e alunos em situações de ensino e aprendizagem; coordenação de atividades de estágios profissionais em ambientes diversos; formulação de políticas de avaliação e desenvolvimento de práticas avaliativas no âmbito institucional e nos processos de ensino e aprendizagem em vários contextos de formação; produção e difusão de conhecimento científico e tecnológico do campo educacional; formulação e coordenação de programas e processos de formação contínua e desenvolvimento profissional de professores em ambientes escolares e não escolares; produção e otimização de projetos destinados à educação a distância, vídeos educativos; desenvolvimento cultural e artístico para várias faixas etárias. Unidade 9/As teorias da Educação: alguns posicionamentos teóricos: 9.1 Teorias da Educação: Saviani (2008) classifica as teorias educacionais em dois grupos distintos, sendo o primeiro grupo composto pelas teorias educacionais não críticas, fazendo parte desse grupo: a pedagogia tradicional, a pedagogia nova e a pedagogia tecnicista, as quais entendem a educação como instrumento de equalização social. Nessas concepções pedagógicas, a sociedade é entendida como “essencialmente harmoniosa”, buscando sempre a integração dos seus membros. A educação é concebida como instrumento de correção dos males sociais. Neste aspecto, o autor as considera como teorias pedagógicas não críticas, pois o fenômeno educativo se apresenta dotado de autonomia em relação à sociedade. No segundo grupo, encontram-se as teorias crítico-reprodutivistas, que concebem a sociedade como dividida em classes antagônicas ─dominante e dominados ─ representantes de condição de vida material distintas, pois apenas a classe dominante apropria-se dos resultados das produções sociais. Aqui a educação é entendida enquanto reprodutora dos interesses da classe dominante. Diferente do primeiro grupo, as teorias crítico-reprodutivistas consideram que não há autonomia entre escola e sociedade, por isso são consideradas críticas. Porém, como entendem que o papel da escola é reproduzir as relações de dominação presente na sociedade, são consideradas reprodutivistas. Saviani: após terem clara a finalidade do ensino, os professores devem lutar para o cumprimento da transmissão dos conhecimentos produzidos histórica e coletivamente, de modo que se eliminem a discriminação e o rebaixamento do ensino das camadas populares. O autor propõe uma teoria crítica da educação que tem como objetivo dar substância concreta à bandeira de luta contra o rebaixamento do ensino das camadas populares, impedindo que apenas a classe dominante aproprie-se do que foi produzido histórica e coletivamente. Saviani (2003)/ A Escola Tradicional: inspirou-se no princípio de que a educação é um direito e de que é dever do Estado garantir acesso ao ensino a todos os cidadãos. Garantindo esse direito, o Estado estaria atendendo aos interesses da burguesia. O desenvolvimento científico, tecnológico e cultural demanda mão de obra qualificada e inculca no proletariado valores de naturalização e predisposição a todas as mudanças ocorridas, ou seja, uma educação cujos valores inculcados no proletariado freiem qualquer contestação social que vise a construir uma sociedade “democrática”. Assim, consolida-se a democracia burguesa. Saviani (2003) afirma que a marginalidade é identificada como ignorância, e a escola, em algumas concepções, torna-se antídoto à ignorância. O papel da escola é “difundir a instrução, transmitir os conhecimentos acumulados, pela humanidade e sistematizados logicamente.” A escola atribui aos professores à incumbência da transmissão de conhecimentos, seguindo uma graduação lógica, de modo que o acervo cultural possa ser apropriado pelos alunos. Petitat (1994), Ponce (2003) e Manacorda (1989) dizem que a escola enquanto reprodutora dos interesses da classe dominante não permitirá que a apropriação do patrimônio cultural seja efetivada para ambas as classes da mesma forma. Na pedagogia tradicional, enquanto o professor fica responsável pela transmissão do conhecimento, o aluno fica responsável por assimilar os conhecimentos que lhe são transmitidos. A escola tradicional deixa claro o papel de transmissor do professor no processo educativo e o papel de receptor/assimilador do aluno neste processo. De acordo com tal proposta, a escola contava com professores razoavelmente preparados para lecionar. Saviani (2003): As escolas eram organizadas na forma de classes, cada uma contava com um professor que expunha as lições, que os alunos seguiam atentamente, e aplicava os exercícios, que os alunos deveriam realizar disciplinadamente. A escola não conseguiu realizar a proclamada universalização de conhecimento, já que muitos não ingressavam na escola e a parcela da classe dominada que ingressava nem sempre era bem- sucedida. Pedagogia Nova: a importância de um tratamento individualizado, considerando que cada indivíduo é único. Além de entender que cada indivíduo é único, inclusive tendo níveis de desenvolvimento e de aprendizagem diferentes, a educação assume a responsabilidade da equalização social, ou seja, atribuíram-se à educação as esperanças da correção das distorções expressas nos fenômenos da marginalidade. Bio-psicologização da sociedade e da escola: uma pedagogia que deve respeitar os níveis diferentes de aprendizagem e desenvolvimento psicológico de cada aluno, pois cada indivíduo é único e pode apresentar anormalidades biológicas (deficiências neurofisiológicas) e anormalidade psíquica. A anormalidade é concebida como um fenômeno normal e a educação, como fator de equalização social, têm de se dispor a trabalhar com a individualidade de cada aluno, respeitando e intervindo a partir do ritmo de desenvolvimento apresentado pelo estudante. Saviani: A educação será um instrumento de correção da marginalidade na medida em que contribuir para a constituição de uma sociedade cujos membros, não importam as diferenças de quaisquer tipos, aceitam-se mutuamente e respeitem-se na sua individualidade específica. Para a escola deslocar o seu eixo, ela deve passar por um processo de rompimento com o seu passado, com a escola tradicional, e se organizar de modo que, ao invés de colocar o professor no centro do processo de ensino-aprendizagem, coloque o aluno; as escolas devem agrupar-se de acordo com as áreas de interesses ao invés de apresentar um programa pronto e rígido para os alunos; o professor deve agir como um estimulador e orientador da aprendizagem, respeitando as iniciativas tomadas pelos alunos neste processo, e, por último, o professor deve transformar o ambiente de ensino em um lugar estimulador: “a escola mudaria o seu aspecto sombrio, disciplinado, silencioso e de paredes opacas, assumindo um ar alegre, barulhentoe multicolorido.” Pedagogia tecnicista: que objetiva levar a racionalidade do processo produtivo para dentro das escolas. Professores e alunos são colocados em papel secundário, primando-se pela organização dos meios como forma de se garantir a eficiência do processo educativo. Saviani (2003) enfatiza a problemática do ensino que se desenvolve no interior da escola de 1o grau (atual Ensino Fundamental) pensando nas funções políticas que esse ensino desempenha, as quais são apresentadas pelo autor através de três teses: Tese filosófico-histórica, que discute o caráter revolucionário da pedagogia da essência (teoria que dá suporte ao ensino tradicional) ao caráter reacionário da pedagogia da existência (teoria que dá suporte ao ensino escolanovista). Tese pedagógico-metodológica, que trata do caráter científico do método tradicional e do caráter pseudocientífico dos métodos novos. Terceira Tese/conclusão das duas teses: As duas primeiras funcionam como premissa para extrair uma terceira tese conclusiva especificamente política, de política educacional. Quando mais se falou em democracia no interior da escola, menos democrática ela foi; e de como, quanto menos se falou de democracia, mais a escola esteve articulada com a construção de uma ordem democrática. Pedagogia da essência: É sobre a base de igualdade que vai se estruturar a pedagogia da essência, e a burguesia, ao buscar tornar-se classe dominante, apresenta como um dos seus grandes discursos a escolarização para todos, condição esta essencial para converter servos em cidadãos, ou seja, para a superação do modo de produção feudal. Duarte (2004): A educação está sendo posta em sintonia com o esvaziamento completo, na medida em que seu grande objetivo é tornar os indivíduos dispostos a aprender qualquer coisa, não importando o que seja, desde que seja útil à sua adaptação incessante aos ventos do mercado. **Devemos defender o espaço escolar como tendo a finalidade de socialização do saber. Para superarmos a desigualdade do conhecimento, necessitamos de uma instituição escolar que eleve o padrão de conhecimento da população em geral. Sem a reprodução de tudo que foi produzido socialmente, ou seja, sem a apropriação coletiva das riquezas que já existem, continuaremos a mercê do capital, isto é, se não retrocedermos em relação ao que o capitalismo já alcançou. Língua Portuguesa: Unidade 1/ A linguagem nossa de cada dia: 1.3 Quatro razões para continuar aprendendo a língua portuguesa: Há várias razões e benefícios no estudo continuado da língua portuguesa em face das necessidades e dos desafios que enfrentamos nas diversas situações de comunicação. A complexidade das relações interpessoais, as exigências do competitivo mundo do trabalho e a natureza da atividade do educador demandam um uso adequado das habilidades comunicacionais. Não dá para ignorar a centralidade da comunicação num mundo em que a troca de informação é cada vez mais veloz e inovadora. Travaglia (2003): as quatros razões: **Ter competência comunicativa: Devemos estudar a língua portuguesa para aprendermos a usá-la adequadamente nas diversas situações de comunicação. Isso significa adquirir dois tipos de competência comunicativa: Competência gramatical ou linguística: ser capaz de usar sequências próprias e típicas da língua de acordo com a situação comunicacional; Competência textual: ser capaz de formar, elaborar, identificar, resumir, resenhar, avaliar e criticar diferentes tipos de textos. **Dominar a língua culta ou padrão e a variedade escrita da língua: A língua é aprendida para que possamos utilizá-la em determinados tipos de situação e interação comunicativa que exigem o uso padrão, culto ou formal da língua portuguesa. **Conhecer a instituição linguística como uma instituição social: Quando estudamos o nosso idioma, vamos percebendo como a língua está social e culturalmente constituída. Conhecemos os aspectos sociais e culturais do português e, ainda, contribuímos para o cultivo de valores e instituições nacionais intimamente relacionados com a língua. **Aprender a pensar e raciocinar adequadamente: O aprendizado da língua pode auxiliar no desenvolvimento do raciocínio e no modo de pensar científico. Ao compreendermos e aplicarmos as regras gramaticais, em vez de simplesmente decorá-las, temos, por exemplo, a oportunidade de adestrar nossas mentes, de exercitar o raciocínio ou nossas habilidades cognitivas. 1.4Língua e Linguagem: A linguagem pode ser entendida como a capacidade que todo ser humano tem de se comunicar. Constitui todo sistema de sinais ou signos convencionais que nos permite a comunicação. **O que são signos? São os sinais que os seres humanos produzem quando se comunicam. Ao falarmos ou escrevermos, estamos usando o signo linguístico. O signo representa algo que não está presente. Assim, os signos são usados para designar ou significar alguma coisa. A linguagem humana pode ser verbal e não verbal. A linguagem não verbal é aquela que utiliza um tipo de código diferente da palavra. É o caso das imagens, dos ícones, dos gestos, das cores, dos sons etc. A linguagem verbal se vale da palavra, seja escrita ou falada. A língua é uma linguagem humana específica, baseada na palavra. A língua é a linguagem verbal. A música, a pintura, a dança, o teatro, o cinema e outras expressões são um tipo de linguagem humana, linguagem da música, linguagem corporal, linguagem pictórica, etc. 1.5 Quando e onde surgiu a Linguagem? As primeiras tentativas de explicação da origem da linguagem são de natureza religiosa, incluindo o relato da Torre de Babel. Na verdade, quase todas as sociedades antigas se valem de uma narrativa mítica para explicar a origem da linguagem ou a diversidade das línguas. Explicações provenientes da Filosofia: Filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): a linguagem humana teria evoluído gradualmente, a partir da necessidade de exprimir os sentimentos, até formas mais complexas e abstratas. a primeira linguagem do homem foi o “grito da natureza”, que era usado pelos primeiros homens para implorar socorro no perigo ou como alívio de dores violentas, mas não era de uso comum. A linguagem propriamente dita só teria começado “quando as ideias dos homens começaram a estender-se e a multiplicar-se, e se estabeleceu entre eles uma comunicação mais íntima, procuraram sinais mais numerosos e uma língua mais extensa; multiplicaram as inflexões de voz e juntaram-lhes gestos que, por sua natureza, são mais expressivos e cujo sentido depende menos de uma determinação anterior”. Para outros pensadores, o gestual é anterior à linguagem falada. Com a necessidade de uma comunicação mais elaborada, a linguagem do gestual vai evoluindo para uma linguagem mais sofisticada. Nesse processo, a comunicação se torna possível pelo fato de os indivíduos adotarem o mesmo significado para um gesto evocando uma vivência anterior do próprio indivíduo. Segundo Mead, quando o gesto chega a essa situação, converte-se no que chamamos de “linguagem”, ou seja, um símbolo significante que representa certo significado. Alguns cientistas observam que o uso dos gestos está muito relacionado com as práticas de comunicação humana. Os gestos até mesmo nos ajudariam a desenvolver melhor o pensamento. É importante, de qualquer modo, enfatizar que a origem da linguagem está relacionada com a necessidade de comunicação entre os seres humanos. Centralidade da linguagem e da comunicação na caracterização do ser humano. 1.6 É possível alguém viver sem a Linguagem? As ciências humanas apontam para o fato de que sem a língua o homem não é humano. Encontramos na história, e até mesmo em algumas lendas, relatos de sereshumanos que ficaram desprovidos da linguagem humana. Podemos citar pelo menos dois casos reais, o das meninas Amala e Kamala, criadas por lobos, e a história de Kaspar Hauser. As meninas Amala e kamala, criadas por lobos, foram descobertas na Índia em 1920. Amala tinha um ano e meio e morreu um ano depois. Kamala, de oito anos, viveu até 1929. Elas caminhavam de quatro, eram incapazes de permanecer de pé, alimentavam-se e bebiam como os animais, não choravam e não riam. Kamala precisou de seis anos para aprender a andar e pouco antes de morrer possuía um vocabulário de apenas 50 palavras. Chorou pela primeira vez com a morte da irmã. Começou a comunicar-se com as pessoas por gestos e, depois, por meio de palavras, mas de modo muito rudimentar. Os primeiros anos de vida de Kaspar Hauser foram numa cela, sem contato verbal com qualquer outra pessoa. Isso o impediu de adquirir uma língua, quando era criança. Seu isolamento o privou não somente da fala. Ele não tinha conceitos, raciocínios, hábitos nem mesmo gestos característicos das pessoas que viviam em sociedade. Tanto a história das meninas criadas por lobos quanto a de Kaspar Hauser evidenciam que a experiência da linguagem humana está vinculada à vida social e cultural. Alguém que é privado do convívio social e da aquisição da linguagem humana pode desenvolver linguagens como o gestual e até emitir grunhidos ou sons mais parecidos com o de algum animal. Mas a linguagem verbal, a língua, estará ausente, pois a aquisição da linguagem humana se dá no contexto social, das relações humanas. 1.7 Quando e onde apareceu a escrita? É por volta de aproximadamente 4000 a.C. que teriam surgido as primeiras tentativas de se criarem sistemas de escrita. Eram escritas rudimentares que, mais tarde, cerca de dois mil anos, dariam origem aos primeiros alfabetos. Inicialmente, as inscrições que deram origem aos sistemas de escrita eram realizadas por meio de desenhos que procuravam reproduzir de forma simples os conceitos ou os objetos que deveriam ser representados. As simplificações e as mudanças que foram ocorrendo nos sistemas de escrita, em diversos lugares e entre povos diferentes, acabaram por resultar nos primeiros alfabetos, como o alfabeto semítico. Mas é o alfabeto grego aquele que decisivamente marca a história da escrita e a própria cultura ocidental. A necessidade de comunicação em sociedades e relações humanas que iam se tornando complexas e se sofisticando fez com que a linguagem passasse por transformações ao longo do tempo, chegando, hoje, à diversidade e à sofisticação que encontramos no hipertexto eletrônico e nas linguagens virtuais. 1.8 Concepções de Linguagem: Linguagem como expressão do pensamento: a linguagem corresponde a uma expressão que se constrói no interior da mente e tem na exteriorização apenas uma tradução. A linguagem é entendida como uma forma de expressar pensamentos, sentimentos, intenções, vontades, ordens, pedidos etc. As leis da linguística são essencialmente as leis da psicologia individual, e da capacidade de o homem organizar de maneira lógica seu pensamento dependerá a exteriorização desse pensamento por meio de uma linguagem articulada e organizada. Nessa concepção de linguagem, o uso da língua é visto como algo que se limita a quem fala ou escreve. Não há preocupação com o modo pelo qual o outro vai ler ou ouvir nossa mensagem. Para essa concepção, a correção linguística ou o falar e escrever bem depende das regras às quais o pensamento lógico deve estar sujeito. Linguagem como instrumento de comunicação: A língua é tomada predominantemente como um código, que deverá ser utilizado com eficiência. A otimização do uso do código deve atender às necessidades de tornar inteligível a mensagem que se quer comunicar, levando o receptor a responder adequadamente ao que se deseja. O código deve “ser dominado pelos falantes para que a comunicação possa ser efetivada”. O uso do código, no caso a própria língua, “é um ato social, envolvendo consequentemente pelo menos duas pessoas”, por isso “é necessário que o código seja utilizado de maneira semelhante, preestabelecida, convencionada para que a comunicação se efetive”. Para Travaglia (2003), a concepção da linguagem como instrumento de comunicação levou “ao estudo da língua enquanto código virtual, isolado de sua utilização – na fala”. Linguagem como lugar ou experiência de interação humana: Travaglia (2003): Nessa concepção, a língua é mais do que tradução e exteriorização do pensamento e, também, vai além da transmissão de informação ou da comunicação. Ao usar a língua, o indivíduo é um sujeito que realiza ações, age, atua sobre o interlocutor. A linguagem é um “lugar de interação humana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um contexto sócio-histórico e ideológico”. Quem utiliza a língua não expressa apenas o pensamento, não comunica somente alguma coisa, ao usarem a língua, o indivíduo ou os interlocutores “interagem enquanto sujeitos que ocupam lugares sociais e ‘falam’ e ‘ouvem’ desses lugares de acordo com as formações imaginárias (imagens) que a sociedade estabeleceu para tais lugares sociais”. As três concepções de linguagem: Resumo Linguagem: Expressão do pensamento Linguagem: Comunicação Linguagem: Interação humana Exteriorização do pensamento. Meio objetivo para a comunicação. Veículo de interação humana. A expressão se constrói no interior da mente. A expressão nasce da necessidade de se comunicar. A expressão é também ação. Ato monológico, individual. Diálogo superficial. Privilegia o diálogo e a interatividade. Regras para a organização lógica do pensamento: gramática normativa. Existência de códigos para a eficiência da comunicação. Valorização do contexto dos usuários da língua; adequação no uso da língua. Para quem se fala, em que situação e para que se fala não são preocupações no uso da língua. Preocupação com o meio, o destinatário, a mensagem e a utilização eficiente do código. Preocupação com as dimensões afetivas e sociais. Unidade 2/ Funções da Linguagem e tipos de mensagem: 2.1 Teoria da comunicação: Sabe-se que a comunicação não se dá apenas pelo uso da escrita ou da fala. Há maneiras de se comunicar que incluem as linguagens não verbais e há meios diversos para se realizar a comunicação. O que é comum a qualquer tipo de comunicação é o objetivo de se transmitir uma mensagem. Codificação e decodificação: movimentos usados no processo de comunicação, primeiro movimento (codificação) transformar a ideia (abstrata) em código, elemento concreto, o segundo movimento (decodificação) transformar o código em ideia. Na clássica teoria da comunicação, é proposto um esquema para dar conta dos elementos necessários à comunicação. O processo da comunicação, sustentado pelos seis elementos (emissor, receptor, canal, mensagem, código e referente), seria eficiente quando não houvesse falha em nenhum desses elementos. Emissor ou destinador: é o que emite a mensagem, elaborando sua ideia e transformando-a em código, a fim de ser enviada ao receptor. Receptor ou destinatário: é o que recebe a mensagem, realizando o processo de decodificação. Mensagem: é considerada objeto da comunicação, sendo o conteúdo das informações veiculadas. Canal: é o meio de circulação das mensagens, possibilitando algum tipo de contato entre o emissor e o receptor. Código: constitui-se num conjunto de signos, sendo a base na qual a mensagem foi elaborada. Referente: é o contexto, a situação, o ambiente, os fatos ou os objetos ao qual a mensagem remete. Caso haja
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