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fl. 1/20 DIREITO DO TRABALHO I Aula 11 1. REMUNERAÇÃO Remuneração é o conjunto de retribuições recebidas habitualmente pelo empregado pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, mas decorrentes do contrato de trabalho, de modo a satisfazer suas necessidades básicas e de sua família (Sérgio Pinto Martins). Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1o Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. § 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. (...) § 4o Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades. Remuneração = salário + gorjeta fl. 2/20 2. GORJETAS Art. 457 CLT § 3º. Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título e destinada à distribuição aos empregados. Súmula Nº 354 TST - GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA. REPERCUSSÕES - As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. Contudo as gorjetas compõem o salário-de-contribuição do empregado para efeitos previdenciários (art. 29, §1º, da CLT), FGTS (art. 15 da Lei 8.036/90) e 13º salário. 3. SALÁRIO Salário é a contraprestação paga diretamente pelo empregador, seja em dinheiro, seja em utilidades (habitação, etc.) (Renato Saraiva) 3.1 Princípios de Proteção ao Salário a) Irredutibilidade salarial ou inalterabilidade: prevista no art. 7º, VI, da CF e no art. 468 da CLT. A redução somente pode ser feita mediante acordo ou convenção coletiva. E a Lei 13.189/2015 criou Programa Seguro-Emprego (PSE) autorizando empresas em dificuldades financeiras temporárias reduzam jornada de trabalho dos empregados em até 30% das horas de trabalho, com redução proporcional do salário pago pelo fl. 3/20 empregador. Deve ser precedida de acordo coletivo e pelo prazo máximo de 12 meses. b) Intangibilidade salarial: consagrada no art. 462 da CLT. As ressalvas dizem respeito a adiantamentos salariais, descontos resultantes de dispositivos de lei (contribuição previdenciária oficial, imposto de renda, contribuição sindical obrigatória, prestações alimentícias, vale-transporte, etc.), descontos autorizados em contrato coletivo (leia-se negociação coletiva), dano causado pelo empregado, ocorrendo culpa deste e desde que esta possibilidade tenha sido pactuada ou ainda havendo dolo do trabalhador. Súmula 342 do TST. DESCONTOS SALARIAIS. ART. 462 DA CLT -Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico. 3.2 Normas de Proteção ao Salário a) A retenção dolosa é crime – art. 7º, X, CF b) Mora contumaz – art. 2º, p. 1º, Decreto-Lei 368/1968 * quando há distribuição de lucros, dividendos e pro labores , estão sujeitos a pena de detenção de 1 mês a 1 ano. c) Defesa do salário em face do empregador: � Tempo do pagamento: periodicidade máxima mensal (art. 459 da CLT), exceto quanto às comissões, cujo prazo de pagamento pode ser dilatado para três meses, mediante acordo das partes (Lei 3.207/57, art. 4º, parágrafo único), porcentagens e gratificações fl. 4/20 (CLT, art. 459). O pagamento deve ser feito até o quinto dia útil seguinte ao mês de referência do salário (CLT, art. 459, parágrafo único). Para este efeito o sábado é considerado dia útil, excluindo- se o domingo e o feriado, inclusive o municipal. Súmula 113 do TST. BANCÁRIO. SÁBADO. DIA ÚTIL - O sábado do bancário é dia útil não trabalhado, não dia de repouso remunerado. Não cabe a repercussão do pagamento de horas extras habituais em sua remuneração. � Segundo o art. 465 da CLT, o pagamento do salário deverá ser feito dentro do horário de serviço, ou imediatamente após o seu encerramento. � Local do pagamento: no local de trabalho, sendo possível crédito em conta bancária (com o consentimento do empregado) ou pagamento em cheque. A agência bancária deve estar situada nas proximidades do local de trabalho, com liberação do trabalhador para sacar seu crédito, em horário compatível. � Meios de pagamento: deve ser feito em moeda nacional (CLT, art. 463), sendo proibido o truck system (vinculação do salário a armazéns ou sistemas de fornecimento de mercadorias – art. 462, §§ 2, 3º e 4º da CLT). Pelo menos 30% do salário deve ser pago em dinheiro. Há necessidade de recibo (art. 464 da CLT), não se admitindo prova do pagamento de salário por meio de testemunhas. A falta de recibo somente pode ser suprida pela confissão do empregado. � O menor de 18 poderá firmar recibo de pagamento de salários, porém na rescisão do contrato de trabalho deverá estar assistido pelos responsáveis (art. 439). d) Defesa do salário em face dos credores do empregado: � Impenhorabilidade do salário: prevista no art. 649, IV, do CPC. A exceção diz respeito a pensão alimentícia. � Restrições à compensação: não podem ser compensados créditos do trabalhador com suas dívidas não trabalhistas, inclusive fl. 5/20 perante seu próprio empregador. Súmula 18 do TST. Todavia, pode ser feita compensação de créditos e débitos estritamente trabalhistas, entre empregado e empregador. Na rescisão, a compensação não pode ultrapassar o teto máximo de um mês da remuneração (CLT, art. 477, § 5º). Pode ser compensado o adiantamento do 13º salário compulsório na hipótese de despedida por justa causa (art. 3º, da Lei 4749/65). A compensação deve ser arguida em contestação (Súmula 48 do TST). � Critério de correção monetária: Alcança todos os créditos trabalhistas, ainda que não tenha havido requerimento ou menção expressa em sentença (Súmula 211 do TST). � d) Inviabilidade da cessão do crédito salarial - O empregado não pode autorizar seu credor a receber o crédito salarial. A proibição está implícita no art. 464 da CLT, que veda inclusive procuração. e) Defesa do salário em face dos credores do empregador: � Na falência do empregador: Art. 83 da Lei de Falência – Lei 11.101/2006 � Na liquidação extrajudicial do empregador - A liquidação das instituições financeiras, regulada pela Lei 6.024/74 não afeta os direitos materiais dos trabalhadores e tampouco afasta a competência da Justiça do Trabalho para apreciar as ações trabalhistas. 3.3 Características do Salário: a) Caráter alimentar - O salário é alimento para o empregado e causa de contratar. Desta característicadecorre sua impenhorabilidade. b) Comutatividade – Consiste numa equivalência simbólica entre o serviço prestado e o valor pago. c) Sinalagmático – As partes se obrigam a prestações recíprocas e antagônicas. fl. 6/20 d) Caráter forfetário – Uma vez executado o trabalho, o salário é sempre devido. e) Duração ou continuidade – O contrato de trabalho é de débito permanente ou de trato sucessivo, em que direitos e obrigações se renovam a cada período. f) Pós-retributividade ou pós numerário - O salário é contraprestacional, ou seja, só se torna exigível depois de ter sido entregue a prestação devida pelo trabalhador, ou seja, sua energia pessoal posta à disposição do empregador. g) Irredutibilidade - O salário, uma vez estipulado, não pode ser alterado para menos, pois que tanto violentaria sua função alimentar. Exceção: negociação coletiva (CF, art. 7º, VI). h) Possibilidade de natureza composta do salário – o salário pode ser quitado parte em pecúnia e parte em utilidades. i) Determinação heterônoma – O empregado e empregador são livres para estipular as cláusulas do contrato de trabalho, desde que respeitem as normas de proteção mínima ao trabalhador. 3.4 Modos de aferição do Salário a) Tempo trabalhado ou à disposição do empregador – art. 4º da CLT Art. 4º. Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. § 1o Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho. b) Resultado obtido em função da produção – terá direito aos RSR – art. 1º e 7º. Lei 605/1949. Ex: trabalhadores que recebem por fl. 7/20 peças produzidas ou trabalhos executados, obreiros que recebem por comissões ou porcentagens. c) Tarefa realizada em determinado tempo - art. 142, § 2º e 483, alínea “g”, CLT. Ex: aqueles trabalhadores que concluída a tarefa tem a faculdade de retirar-se da empresa, mesmo antes do término da jornada diária. OBS.: Aos que recebem remuneração variável o art. 7º, VII, garantiu ao menos a percepção de salário mínimo. 3.5 Tipos de Salário a) Salário mínimo legal: parâmetro salarial mais baixo que se pode pagar a um empregado no mercado de trabalho do país (CF, art 7º, IV). b) Salário profissional: parâmetro salarial mais baixo que se pode pagar a um empregado no contexto de determinadas profissões, disciplinadas por lei. c) Salário normativo: fixado, em sentença normativa, acordo ou convenção coletiva, para determinada categoria profissional. d) Salário básico: contraprestação salarial fixa principal paga pelo empregador ao empregado, sem os adicionais que a ela normalmente são somados. e) Salário complessivo: cumulação em um mesmo montante de distintas parcelas salariais. É rejeitado pela jurisprudência (Súmula 91 do TST) pois que não permite ao empregado verificar a exatidão das parcelas que estão sendo pagas. f) Sobressalários: Também denominado de remuneração ou complexo salarial – compreende todas as verbas de natureza salarial pagas pelo empregador + gorjetas. g) Salário in natura: Art. 458 da CLT Art. 458. Além do pagamento em dinheiro, compreendem-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a fl. 8/20 empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. § 1º. Os valores atribuídos às prestações in natura deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário mínimo. (...) § 3º. A habitação e a alimentação fornecidas como salário- utilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário-contratual. § 4º. Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário- utilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de co-ocupantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família. § 5o O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico- hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do previsto na alínea q do § 9o do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. Requisitos: � Habitualidade � Gratuidade Não é considerado salário in natura – art. 458, parágrafo segundo, CLT: fl. 9/20 § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: I - vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II - educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III - transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; IV - assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; V - seguros de vida e de acidentes pessoais; VI - previdência privada; VIII - o valor correspondente ao vale-cultura. Ainda: � Alimentação fornecida pelo Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT – Lei 6.321/1976) � Auxílio alimentação prevista em Acordo ou Convenção Coletiva – OJ 413 TST � Vale-transporte – Lei 7.418/1985, art. 2º. � Habitação, energia elétrica e o veículos quando fornecidos pelo empregador e indispensáveis para o trabalho – Súmula 367 TST. 3.6 Outras verbas decorrentes do contrato Adicionais: O adicional é um acréscimo salarial decorrente da prestação de serviços em condições mais gravosas. Tem caráter suplementar e é de natureza salarial. Pode ser suprimido se desaparecer a circunstância que ensejou seu pagamento. Recebido com habitualidade, integra, no período de sua percepção, o salário obreiro para todos os efeitos legais (Súmula 60 do TST). Os fl. 10/20 adicionais podem ser legais (insalubridade, periculosidade, penosidade, transferência, noturno e de horas extras) ou convencionais (criados por CCT ou ACT). Adicionais de Insalubridade e Periculosidade – arts. 189 a 197 da CLT: - Adicional de Insalubridade: São consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. O percentual é de 10%, 20% ou 40%, sobre o salário mínimo, respectivamente para graus mínimo, médio e máximo. - Adicional de Periculosidade: São consideradas atividades ou operações perigosas as que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial e os empregados em motocicleta. O percentual é de 30% sobre o saláriobase, sem acréscimos de gratificações, prêmios, etc. *A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade serão feitas por meio de perícia, a cargo do médico do trabalho ou engenheiro do trabalho, com finalidade de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas (art. 195, §§ 1º e 2º da CLT) 3.7 Quanto ao modo de aferição: a) Salário por unidade de tempo: tem como parâmetro a duração do serviço prestado (por hora, dia, semana, quinzena ou mês). fl. 11/20 b) Salário por unidade de obra: tem como parâmetro a produção alcançada pelo empregado. Usado principalmente no trabalho em domicílio e no externo. Deve ser garantido o salário mínimo mensal (CF, art. 7º, VII). Art. 483, "g" da CLT. c) Salário-tarefa: combina o critério da unidade de obra com o critério da unidade de tempo. Acopla-se a um certo parâmetro temporal (hora, dia, semana ou mês) um certo montante mínimo de produção a ser alcançada pelo trabalhador. Salário por produção é aquele calculado com base no número de unidades produzidas pelo Empregado. Cada unidade é retribuída com um valor fixado pelo Empregador antecipadamente. O princípio da igualdade de salário - Está consagrado no art. 7º, XXX, da CF/88 (princípio da igualdade ou isonomia salarial) e no art. 5º da CLT. Requisitos – art. 461 da CLT: Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. § 1o Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos. § 2o Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva, plano de cargos e salários, fl. 12/20 dispensada qualquer forma de homologação ou registro em órgão público. § 3o No caso do § 2o deste artigo, as promoções poderão ser feitas por merecimento e por antiguidade, ou por apenas um destes critérios, dentro de cada categoria profissional. § 4º. O trabalhador readaptado em nova função, por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social, não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial. § 5o A equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria. § 6o No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o juízo determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor do empregado discriminado, no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. 3.8 Empregado substituto – salário: Súmula 159 do TST e art. 450 da CLT Há dois tipos de substituição: a) eventual: de curta duração, que não ultrapassa um mês. Nestas o substituto não tem direito a diferenças salariais. b) provisória ou temporária: o empregado passa a substituir o colega afastado por lapso temporal maior e a situação determinante da substituição na maioria das vezes é previsível, embora não definitiva, havendo ainda certa habitualidade. Em tais hipóteses, o empregado substituto tem direito ao salário do substituído. fl. 13/20 Quando o empregado é chamado a ocupar o cargo por afastamento do colega decorrente de promoção, remoção, transferência ou despedida, não há substituição e sim preenchimento do cargo por vacância. Nestas hipóteses não está o empregador obrigado a garantir ao novo ocupante do cargo o salário do empregado anterior. A regra geral é a da imodificabilidade ou inalterabilidade do contrato de trabalho, tal como se encontra expresso no art. 468 da CLT. Reflete a acentuada interferência do Estado na relação capital- trabalho, para evitar prejuízos à parte hipossuficiente. Trata-se de norma de ordem pública. 4 – FÉRIAS: natureza jurídica, períodos aquisitivo e concessório, duração A primeira Constituição a tratar de férias foi a de 1934. Férias são o período do contrato de trabalho em que o empregado não presta serviços, mas aufere remuneração do empregador, após ter adquirido o direito no decurso de 12 meses. 4.1 Natureza jurídica: constituem direito irrenunciável e indisponível, em razão de seu objetivo (saúde e segurança, reinserção familiar, comunitária e política do trabalhador). Amauri Mascaro Nascimento cita cinco princípios próprios das férias: anualidade; remunerabilidade; continuidade; irrenunciabilidade; proporcionalidade. 4.2 Período aquisitivo: A aquisição do direito a férias depende da assiduidade do trabalhador. Assim, após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, cuja duração dependerá de sua frequência (art. 130 da CLT). No cômputo do período aquisitivo de férias, cada fração temporal do mês superior a 14 dias conta-se como um mês (art. 146, parágrafo fl. 14/20 único da CLT). O início de fluência do período aquisitivo é o termo inicial do contrato, contando-se desde o primeiro dia, inclusive. O aviso prévio, mesmo indenizado, integra o período aquisitivo (CLT, art. 487, § 1º). As férias usufruídas são consideradas como tempo de serviço (art. 130, § 2º). Todavia, o mesmo não ocorre com as férias indenizadas. O art. 131 trata das hipóteses que não são consideradas faltas para efeito de férias, destacando-se: a) casos previstos no art. 473 da CLT; b) licença-maternidade (120 dias) e decorrente de aborto (duas semanas – art. 395 da CLT); c) acidente de trabalho ou enfermidade atestada pelo INSS, com a exceção do inciso IV do art. 133 da CLT, isto é, se tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente do trabalho ou de auxílio-doença por mais de seis meses, embora descontínuos Quanto ao empregado afastado para prestação de serviço militar, seu tempo de trabalho anterior à apresentação ao serviço militar será computado para fins de cálculo do período aquisitivo de férias, caso retorno ao emprego em 90 dias da data da correspondente baixa (CLT, art. 132). 4.3 Perda do direito a férias: Nos termos do art. 133 da CLT: A) ausência injustificada por mais de 32 dias; B)quando o empregado deixar o emprego (pedido de demissão) e não for readmitido dentro dos 60 dias subseqüentes; C)permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 dias (mesmo dias descontínuos); D) deixar de trabalhar, com percepção de salário, por mais de 30 dias, em virtude de paralisação total ou parcial dos serviços da empresa; E) tiver percebido, por mais de 6 meses, embora descontínuos, prestações de acidente de trabalho ou auxílio-doença. fl. 15/20 Prejudicado o período aquisitivo pela ocorrência de qualquer dos fatores acima, inicia-se novo tão logo o empregado retorne ao serviço (art. 133, § 2º). 4.4 Período concessivo: As férias deverão ser concedidas ao empregado nos doze meses subseqüentes à data em que haja adquirido o direito (período concessivo, de gozo ou fruição). É o empregador quem fixa a data das férias (CLT. art. 136). Em geral são concedidas em único período. No entanto a lei 13.467/2015, com vigência a partir de 11/11/2017, estabeleceu, desde que haja concordância do empregado, a possibilidade de fracionamento,em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a 14 dias e os demais não poderá ser inferior a cinco dias. Art. 134. As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. § 1º Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. § 3º É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. O art. 77, § 3º, da Lei 8.112/90, com a redação que lhe deu a Lei 9525/97 permite que as férias individuais do servidor público federal sejam “parceladas em até três etapas, desde que requeridas pelo servidor, e no interesse da administração pública. Art. 136, §§ 1º e 2º sobre membros da mesma família e empregado estudante menor de 18 anos. fl. 16/20 Se o empregado adoecer durante as férias, não há suspensão da fruição. Nascimento de filho da empregada suspende férias mas não para o pai (licença-paternidade). Sobre duração art. 130 da CLT. As férias devem ser comunicadas por escrito ao empregado, com antecedência de, no mínimo, 30 dias, mediante recibo, nos termos do art. 135 da CLT. O pagamento deve ser feito até dois dias antes do início da fruição (art. 145 da CLT). 4.5 Efeitos da concessão extemporânea das férias As férias concedidas após o período concessivo (tanto total, como parcialmente – Súmula 81 TST) devem ser pagas em dobro (CLT, art. 137), com acréscimo do terço constitucional. Este pagamento tem natureza indenizatória. Vencido o período concessivo sem que o empregador as conceda, o empregado pode ajuizar ação pedindo que o juiz fixe, em sentença, o período (CLT, art. 137, §§ 1º, 2º e 3º). 4.6 Férias coletivas: Disciplinadas pelos arts. 139/141 da CLT. Podem alcançar todos os empregados ou apenas alguns setores da empresa. Podem ser concedidas em dois períodos anuais mas nenhum deles poderá ser inferior a dez dias corridos. Não se exige excepcionalidade para o fracionamento. Deve haver comunicação ao Ministério do Trabalho e aos sindicatos representativos dos trabalhadores, com antecedência mínima de 15 dias, devendo também ser afixado aviso no local de trabalho no mesmo prazo. Os empregados com menos de 12 meses gozarão férias coletivas proporcionais. Podem ser convocados a trabalhar após seu término. Usufruindo a totalidade das férias coletivas, serão considerados em licença remunerada. – art. 141 CLT fl. 17/20 4.7 Remuneração das férias – art. 142 CLT - A remuneração das férias deve corresponder ao valor que seria pago caso o trabalhador estivesse prestando serviços, sendo ainda acrescido o terço previsto no art. 7º, XVII, da CF. Tratando-se de salário-hora, com jornadas variáveis, o cálculo obedecerá à média de horas do período aquisitivo de 12 meses, aplicando-se o nível salarial da data de fruição das férias. Tratando-se de salário tarefa ou por peça, deverá ser examinada a média da produção no período aquisitivo, aplicando-se o valor da remuneração da tarefa ou peça no momento de fruição das férias. Sendo o empregado comissionado, o salário padrão corresponderá à média alcançada nos 12 meses que precederam a concessão das férias. O § 4º do art. 142 da CLT somente é aplicável para utilidades que não são usufruídas durante as férias. Todavia, sobre o valor respectivo deve ser aplicado o terço constitucional. As gratificações anuais, semestrais ou trimestrais não compõem a remuneração das férias (S. 253/TST). 4.8 Terço constitucional de férias - Tem natureza acessória, pelo que será de natureza salarial em relação a férias gozadas ao longo do contrato e natureza indenizatória quanto a férias indenizadas. Súmula 328 do TST. 4.9 Abono pecuniário – Art. 143 CLT - Ao empregado é facultado converter 1/3 de suas férias em abono pecuniário, que deve ser calculado sobre a remuneração das férias já acrescida de 1/3. Trata-se de direito potestativo do empregado, desde que requerido no prazo fixado em lei. O empregado contratado a tempo parcial não pode converter parte de suas férias em abono pecuniário. Tem natureza indenizatória. 4.10 Efeitos da cessação do contrato As férias vencidas (cujo período de aquisição e fruição já se consumaram) deverão ser pagas em dobro. As férias cujo período de fl. 18/20 concessão ainda não se esgotou serão pagas de forma simples. Também deverão ser pagas as férias proporcionais, exceto se houve despedida por justa causa. As férias proporcionais são calculadas com base no percentual de 1/12 por mês componente do contrato, incluído o aviso prévio. A fração temporal acima de 14 dias é considerada como um mês. Tratando-se de empregado com menos de 12 meses de serviço que pedir demissão – Súmula 171 e 261 do TST. As férias proporcionais também são devidas no término do contrato por prazo determinado. 4.11 Prescrição – art. 149 CLT 5. GRATIFICAÇÃO NATALINA – 13º SALÁRIO Lei 4.090/1962 – Decreto 57.155/1965 Lei 4.090/1962 Art. 1º. No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que fizer jus. § 1º. A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente. § 2º. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral para os efeitos do parágrafo anterior. § 3º. A gratificação será proporcional: I - na extinção dos contratos a prazo, entre estes incluídos os de safra, ainda que a relação de emprego haja findado antes de dezembro; e II - na cessação da relação de emprego resultante da aposentadoria do trabalhador, ainda que verificada antes de dezembro Art. 2º. As faltas legais e justificadas ao serviço não serão deduzidas para os fins previstos no parágrafo 1º, do artigo 1º desta lei. Art. 3º. Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de trabalho, o empregado receberá a gratificação devida nos termos dos parágrafos 1º e 2º do artigo 1º desta lei, calculada sobre a remuneração do mês da rescisão. DECRETO Nº 57.155, DE 3 DE NOVEMBRO DE 1965 - (DOU 04.11.1965) fl. 19/20 Art. 1º. O pagamento da gratificação salarial, instituída pela Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as alterações constantes da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965, será efetuado pelo empregador até o dia 20 de dezembro de cada ano, tomando-se por base a remuneração devida nesse mês, de acordo com o tempo de serviço do empregado no ano em curso. Parágrafo único. A gratificação corresponderá a 1/12 (um doze avos) da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente, sendo que a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral. Art. 2º. Para os empregados que recebem salário variável, a qualquer título, a gratificação será calculada na base de 1/11 (um onze avos) da soma das importâncias variáveis devidas nos meses trabalhados até novembro de cada ano. A essa gratificação se somará a que corresponder à parte do salário contratual fixo. Parágrafo único. Até o dia 10 de janeiro de cada ano, computada a parcela do mês de dezembro, o cálculo da gratificação será revisto para 1/12 (um doze avos) do total devido no ano anterior, processando-se a correção do valor da respectiva gratificação com o pagamento ou compensação das possíveis diferenças. Art. 3º. Entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como adiantamento da gratificação, de uma só vez, metade do salário recebido pelo empregado no mêsanterior. § 1º. Tratando-se de empregados que recebem apenas salário variável, a qualquer título, o adiantamento será calculado na base da soma das importâncias variáveis devidas nos meses trabalhados até o anterior àquele em que se realizar o mesmo adiantamento. § 2º. O empregador não estará obrigado a pagar o adiantamento no mesmo mês a todos os seus empregados. § 3º. A importância que o empregado houver recebido a título de adiantamento será deduzida do valor da gratificação devida. § 4º. Nos casos em que o empregado for admitido no curso do ano, ou, durante este, não permanecer à disposição do empregador durante todos os meses, o adiantamento corresponderá à metade de 1/12 avos da remuneração, por mês de serviço ou fração superior a 15 (quinze) dias. Art. 4º. O adiantamento será pago ao ensejo das férias do empregado, sempre que este o requerer no mês de janeiro do correspondente ano. fl. 20/20 Art. 5º. Quando parte da remuneração for paga em utilidades, o valor da quantia efetivamente descontada e correspondente a essas será computado para fixação da respectiva gratificação. Art. 6º. As faltas legais e as justificadas ao serviço não serão deduzidas para os fins previstos no artigo 2º deste decreto. Art. 7º. Ocorrendo a extinção do contrato de trabalho, salvo na hipótese de rescisão com justa causa, o empregado receberá a gratificação devida, nos termos do artigo 1º, calculada sobre a remuneração do respectivo mês. Parágrafo único. Se a extinção do contrato de trabalho ocorrer antes do pagamento de que trata o artigo 1º, o empregador poderá compensar o adiantamento mencionado no artigo 3º, com o valor da gratificação devida na hipótese de rescisão. Art. 8º. As contribuições devidas aos Institutos de Aposentadoria e Pensões que incidem sobre a gratificação salarial serão descontadas levando-se em conta o seu valor total e sobre este aplicando-se o limite estabelecido na Previdência Social. Parágrafo único. O desconto, na forma deste artigo, incidirá sobre o pagamento da gratificação efetuado no mês de dezembro. Art. 9º. O presente decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
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