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10. Mecanismos Efetores da Imunidade

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Mecanismos Efetores da Imunidade 
IMUNIDADE MEDIADA POR CÉLULAS:
Como a imunidade combate efetivamente os antígenos que chegam no nosso organismo. Esse resumo eu vou usar para consolidar todos os conceitos que aprendi sobre imunidade.
O mecanismo efetor da imunidade possui dois “braços”, um deles é a imunidade mediada por células, ou seja, estou falando dos linfócitos T:
TCD4: Age essencialmente secretando citocinas. Lembrando que uma dessas citocinas é aquela na qual capacita os fagócitos a destruírem com mais eficiência o antígeno que esta dentro da vesícula, ou seja, antígenos intracelulares. 
TCD8: Caso eu tenha um antígeno que esta atacando uma célula, mas não esteja dentro de uma vesícula, ou seja, não foi fagocitado, esta solto no citoplasma da célula, uma vez que é um antígeno extracelular, não adianta o fagócito tentar destruí-lo, então, há atuação dos linfócitos TCD8, que induz a célula a sofrer apoptose.
A ativação de um linfócito T, quando nunca exposto ao antígeno no qual é especifico, ele é um linfócito T virgem ou naive. Então, esse linfócito fica o tempo todo circulando, via circulação linfática, entre os linfonodos existentes no nosso corpo. Esse linfócitos possuem receptores em suas membranas que vão atrair os linfócitos para o linfonodo. Vamos imaginar que em algum momento há a entrada de algum agente estranho no nosso corpo, o que vai fazer com que o antígeno seja captado por uma célula apresentadora de antígeno que estiver presente no tecido, como uma célula dendrídicas ou um macrófago. Essa APC, no momento que fagocitar o antígeno, vai expressar em sua membrana as moléculas do MHC com um fragmento do antígeno que acabou de fagocitar e processar. Essa célula vai cair no capilar linfático e vai circular chegando em um linfonodo. Em algum momento o linfócito T virgem vai chegar no linfonodo onde se encontra o antígeno e, no momento em que esse linfócito for apresentado ao antígeno, ele é ativado, deixando de expressar os receptores que o estavam atraído para o linfonodo. O linfócito passa a expressar em sua membrana receptores que vão atrai-lo novamente para o local da infecção. Ao voltar para o local da infecção vai existir vários outros antígenos, fazendo com que o linfócito trabalhe para combate-los. É importante saber que esse linfócito vai chegar ao local, justamente porque ali vai ter a secreção de citocinas e quimiocinas, atraindo os linfócitos que, ao chegarem no local, fixam-se por meio de moléculas de adesão e com isso podem realizar sua função de maneira especifica. 
Lembrando que os linfócitos T podem ser ativados de acordo com vários perfis, dependendo do tipo de antígeno que age ali no tecido, direcionando o tipo de resposta que vai ser montada contra aquele antígeno. Sabemos que as três principais formas de ativação do linfócito T é na forma Th1,Th2 e Th17.
Th1: Tem como principal mecanismo de ação a ativação e capacitação de macrófagos. Lembrando que o macrófago no tecido infectado o macrófago fagocitou uma bactéria ou outro antígeno e esta apresentando esse antígeno via MHC. Temos o processo de ativação tanto do macrófago quanto do linfócito TCD4 através de dois sinais: um sinal dado pela ligação do MHC com antígeno no receptor do linfócito e o sinal dado pelo CD-40 (presente na membrana do macrófago)com o CD-40 ligante (presente na membrana do linfócito TCD4). Na resposta do tipo Th1 esse linfócito secreta diversas citocinas, sendo que uma delas é o IFN-gama, que se liga a um receptor na membrana do macrófago, ativando-o e cumprindo suas funções com muito mais efetividade, por exemplo, ele vai secretar citocinas inflamatórias de forma a recrutar mais células e moléculas para o local onde esta acontecendo a invasão, ele vai aumentar a expressão de moléculas responsáveis pela apresentação de antígenos, ou seja, vai expressar mais moléculas de MHC, mais moléculas de có-estimulador de forma que ele fica mais capacitado a apresentar ainda mais o antígeno que ele fagocitou. Além disso, ele fica mais capacitado a matar as bactéria dentro das vesículas no seu citoplasma, produzindo mais oxido nítrico e espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. Então, a ativação do macrófago pela ação do linfócito TCD4 do tipo Th1, vai capacitar esse macrófago a cumprir melhor sua função. A célula TCD4 efetora ativada secreta também o TNF-alfa, que é uma citocinas que ativa leucócitos, principalmente, neutrófilos, por isso que é dito que o perfil Th1 é um perfil pró-inflamatório, porque ele ativa além dos macrófagos, que já tem um perfil inflamatório, ativa também neutrófilos (que é a primeira célula a chegar em um tecido no processo inflamatório). Lembrando que na inflamação aguda não tinha a participação de linfócitos, uma vez que não tinha especificidade. Essa inflamação que já há a participação de linfócitos, já é dita como mais tardia, uma vez que já deu tempo dos linfócitos terem sidos ativados, ter tido o reconhecimento e apresentação de antígenos. A resposta mais especifica que causa também um processo inflamatório é chamada de hipersensibilidade do tipo tardia. Uma aplicação dessa sensibilidade do tipo tardia que é para fazer um teste para ver se determinado individuo já foi sensibilizado contra um determinado antígeno, que é feito muito para ver se um individuo já foi sensibilizado contra a tuberculose. Um individuo que já teve tuberculose ou que já tomou a vacina. Caso você faça uma injeção intradérmica do antígeno microbiano nesse individuo e, no caso da tuberculose, terá o PPD (derivado proteico purificado), que é um macerado proteico da tuberculose. Se já tiver acontecido a sensibilização previa, irá ocorrer a reação de hipersensibilidade do tipo tardia que vai se manifestar cerca de 48h depois na forma de uma área de eritema, apresentando características de uma reação inflamatória local, mostrando então que houve sim a sensibilização previa.
Th2: Esse perfil já não tem tanta característica pro-inflamatórias, uma vez que as principais citocinas produzidas são IL-4 e IL-10, vão ter uma ação de suprimir a ação dos macrófagos e não de ativa-los como feito na Th1. A resposta do tipo Th2 esta muito ligada a resposta do tipo helmintos e vermes. Essa resposta esta muito baseada na liberação da citocinas IL-4, IL-5, IL-10 e IL-13. A IL-4 tem como uma de suas funções agir sobre o Linfócito B, provocando nesse linfócito a mudança de classe dos anticorpos que ele produz (nesse contexto, na presença do Th2 a mudança do anticorpo é para o tipo IgE, que esta relacionado com a resposta dos helmintos e respostas alérgicas, isso porque provoca a degranulação dos mastócitos). A célula Th2 também produz IL-5 que é importante na ativação de eosinófilos, que também liberam grânulos que contem enzimas, ajudando a combater os helmintos. Lembrando que a IL-4 e a IL-13 produzido pela Th2 o aumento da secreção de muco intestinal, além do aumento do peristaltismo. O muco é importante por conta de ajudar a combater o helminto justamente dificultando sua aderência na parede intestinal, junto com o peristaltismo, há o favorecimento da sua eliminação. Essas mesmas citocinas também provocam, além do aumento do muco, a ativação alternativa do macrófago, ou seja, não há mais o macrófago pro-inflamatório, com atividade de fagocitose e destruição de antígenos nas vesículas, e sim um macrófago dividindo-se em M1 e M2. O M1 continua sendo o macrófago clássico, estimulando a inflamação e a realizando a destruição de células. Já o macrófago M2 vai secretar algumas citocinas que tem um efeito anti-inflamatórios (IL-10 e TGF-ß) e de cicatrização (Poliaminas, prolinas e TGF-ß).
Th17:
Por outro lado há os linfócitos TCD8 que, quando são ativadas, transformam-se nos linfócitos T do tipo citotóxico ou citolíticos, que não tem mais como função principal produzir citocinas que capacitam outras células a combater aquele antígeno, mas ela vai diretamente induzir a célula que esta com o antígeno no seu interior a sofrer um processo de apoptose. 
Então, quando um linfócito T TCD8 reconhece a célula-alvo,ou seja, aquela célula que esta infectada, ele vai secretar algumas substancias que são as perforinas, granzimas e serglicinas, que formam um complexo que perfura a membrana da célula, entra e lá dentro tem a granzima que ativa proteínas intracelulares que são as caspases (que são proteínas que tem como função iniciar o processo apoptótico).
A outra maneira do TCD8 induzir a apoptose é através do Fas (célula-alvo) com o FasL (Fas-Ligante). Quando os dois se ligam é ativado o processo apoptótico.
IMUNIDADE HUMORAL:
O outro “braço” dos mecanismos efetores da imunidade é a imunidade humoral, ou seja, os anticorpos. As células B ativadas agem produzindo anticorpos, alias, quando ativadas passam a receber o nome de plasmócitos. Os anticorpos possuem funções diretas na nossa imunidade através da neutralização de microrganismos e toxinas, através da opsonização e fagocitose, além da interação com células NK, uma vez que sua citotoxidade é dependente de anticorpo e funções indiretas como a ativação do sistema complemento. 
Neutralização de microrganismos e toxinas: O anticorpo tem como uma de suas funções um efeito mecânico de neutralização. 
Ao ocorrer a infecção de uma célula por microrganismo, ele vai infectar células do tecido, mas quando há a ação do anticorpo, o mesmo se liga ao microrganismo, promovendo uma barreira mecânica e inibindo a ligação do antígeno com as células. 
Pelo mesmo mecanismo, o anticorpo também pode impedir que uma infecção se dissemine, quando uma célula infectada morre, ela libera os microrganismos e esses microrganismos iriam para outras células, porém os anticorpos neutralizam esse microrganismo e ele não mais infectará outras.
O anticorpo pode neutralizar também toxinas, que provocam a morte da célula por necrose. Porem, se eu tenho um anticorpo que reconhece aquela toxina, ele vai se ligar a ela e vai impedir que ela haja sobre aquele receptor.
Opsonizão de microrganismos: Há um microrganismo e um anticorpo especifico para aquele microrganismo que vão então grudar no patógenos. Lembrando que o fagócito tem receptores do tipo Fc, então, como o microrganismo vai estar cheio de anticorpos ligados a ele, isso vai promover a ligação do fagócito aquela extremidade do anticorpo, facilitando a fagocitose e deixando o processo de morte do microrganismo ingerido mais eficiente. 
Citotoxidade mediada por células dependentes de anticorpo: Conhecida também pela sigla em inglês e ADCC (Citotoxidade celular dependente de anticorpos). Acontece que eu tenho uma célula infectada, estressada ou tumoral que vai alterar a expressão de moléculas de superfície que podem ser entendidas pelo sistema imune como estranhas e pode haver a produção de anticorpos contra essas moléculas, principalmente, o IgG. Esses anticorpos vão opsonizar essa célula, a célula opsonizada poderia ser, por exemplo, ser fagocitada ou ativar o complemento, mas pode também ativar uma célula NK, que também vai ter na sua membrana receptores para a extremidade Fc dos anticorpos. Então, essa célula NK reconhece o anticorpo e libera perforinas e granzimas que vão induzir a apoptose daquela célula. Esse é um mecanismo muito importante de morte de células tumorais. Como esse anticorpo estra marcando células que passam a ser condenas a morte, esse processo também é conhecido como “o beijo da morte”.
IMUNIDADE DAS MUCOSAS: 
É um mecanismo muito importante, uma vez que estão o tempo todo expostas a antígenos, por isso precisa ter mecanismos para se defender.
O principal desses mecanismos são anticorpos do tipo IgA, que são específicos de mucosas (e também passam da mãe para o filho na amamentação). Eles vão estar presente na luz do órgão, na superfície da mucosa e vão neutralizar antígenos ali presentes e poderiam de alguma forma invadir o organismo. A IgA é produzida nos órgãos linfoides e o plasmócito produtor de IgA é que, além da IgA, ele produz também uma pequena estrutura chamada de Cadeia J. Essa Cadeia J possibilita a formação da IgA na sua forma dimérica, já que habitualmente existe na forma de dímeros. Essa IgA junto com a Cadeia J e outras proteínas vão passar por dentro da célula epitelial e vão sair do outro lado na mucosa. Essa IgA fica perto do epitélio da mucosa realizando seu processo de proteção.
Maria Eduarda O. Martins – Primeiro Período – 2018/1 – Módulo I – Homeostasia

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