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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE ENFERMAGEM NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS PROGRAMA DE ENSINO E PESQUISA EM EMERGÊNCIAS, AGRAVOS E VIOLÊNCIAS. MONITORAS RESPONSÁVEIS: JESSICA RAMALHO E JESSICA PINTO. Trauma Vertebromedular 1. Introdução 2. Anatomia e Fisiologia (coluna e medula) 3. Choque Neurogênico x Choque Medular 4. Classificação das Lesões Medulares 5. Avaliação Radiológica 6. Conduta Terapêutica 7. Referências 1. Introdução Entende-se por trauma vertebromedular, ou ainda, trauma raquimedular – TRM –, todo e qualquer trauma, seja ele contuso ou penetrante, que acometa partes duras ou moles da coluna vertebral e regiões adjacentes. Dentre as principais causas de TRM destacam-se: mergulho em águas rasas, acidentes automobilísticos e violência (projétil). De todas as lesões traumáticas na coluna, aproximadamente 55% ocorrem na região cervical, 15% na região torácica, 15% na transição tóraco-lombar e 15% na região lombo-sacra. A excessiva manipulação e a imobilização inadequada podem agravar lesões neurológicas e piorar o prognóstico dos doentes vítimas do trauma em questão. Por isso, a equipe deverá estar bem treinada e atenta a todos os riscos que a vítima está correndo. O exame e a exclusão de lesão na coluna podem ser adiados sem riscos desde que a região esteja devidamente protegida. Porém, embora o perigo de uma imobilização inadequada tenha sido bem documentado, a equipe deve estar atenta aos riscos da imobilização prolongada. O desconforto e a formação de graves úlceras de pressão estão associados ao uso prolongado da prancha longa rígida. Portanto, este equipamento deverá ser utilizado apenas para o transporte da vítima e todos os esforços devem ser empreendidos para que o mesmo seja avaliado e removido dali o mais rápido possível. 2. Anatomia e Fisiologia Coluna Vertebral A coluna vertebral é formada por 7 vértebras cervicais, 12 torácicas e 5 lombares, mais a região sacrococcígea. Os corpos vertebrais são separados pelos discos intervertebrais e são fixados, entre si, anteriormente e posteriormente, por ligamentos longitudinais, respectivamente, anteriores e posteriores. Devido a várias razões, a coluna cervical é particularmente vulnerável ao trauma. O canal medular é amplo na parte superior da cervical, portanto a maioria dos doentes portadores deste tipo de lesão permanece neurologicamente estável ao chegar no hospital. Abaixo do nível de C3, o diâmetro do canal medular tende a diminuir, gerando uma maior probabilidade de lesão da medula quando o trauma atinge esta região. A coluna torácica tem uma proteção a mais devido à presença da caixa torácica. Por conta disso, as lesões medulares são incomuns, porém quando as fraturas-luxações ocorrem, quase sempre resultam em déficit neurológico completo, pois o canal medular, neste nível, é relativamente estreito. Medula Espinhal A medula espinhal origina-se na extremidade caudal da medula oblonga (bulbo) ao nível do forame magno. No adulto, termina ao nível de L1, através do cone medular. Abaixo desta estrutura, tem-se a cauda eqüina, região mais resistente ao trauma. Quando não existe qualquer evidência de função motora ou sensitiva abaixo de um determinado nível, este estado é definido como lesão completa da medula. Caso um certo grau de função motora ou sensitiva permaneça, tem-se uma lesão incompleta de medula. 3. Choque Neurogênico x Choque Medular O Choque Neurogênico resulta da lesão das vias descendentes do sistema simpático da medula, ocasionando a perda do tônus vasomotor e da inervação simpática do coração. A perda do tônus vasomotor causa vasodilatação visceral e nas extremidades inferiores, represamento de sangue e hipotensão. A nível de coração, a perda do tônus simpático gera bradicardia ou deixa de apresentar taquicardia como resposta à hipovolemia. O Choque Medular refere-se à flacidez e à perda de reflexos vistas após lesão medular. O choque à medula lesada pode fazer com que ela pareça totalmente desprovida de função, ainda que não esteja destruída completamente. 4. Classificação das Lesões Medulares As lesões de medula podem ser classificadas de acordo com (4.1) o nível, (4.2) a gravidade do déficit neurológico, (4.3) o tipo de síndrome medular e (4.4) a morfologia. 4.1 Nível Nível sensorial: refere-se aos níveis mais caudais da medula que conservam suas funções sensoriais normais. Nível motor: definido através da função motora do grupo muscular mais baixo que matem um valor de, pelo menos, 3/5 na escala de graduação da força muscular. Nível ósseo: corresponde à vértebra cuja estrutura está danificada, resultando em lesão medular. Nível neurológico: determinado fundamentalmente pelo exame clínico. 4.2 Gravidade do déficit neurológico Paraplegia incompleta: torácica incompleta Paraplegia completa: torácica completa Quadriplegia incompleta: cervical incompleta Quadriplegia completa: cervical completa 4.3 Síndromes Medulares Síndrome central da medula: desproporção entre a perda de força nas extremidades superiores e inferiores. Síndrome anterior da medula: paraplegia e dissociação da perda sensorial, com preda de sensibilidade à dor e à temperatura. Síndrome de Brown-Séquard: hemisecção da medula, usualmente resultado de traumatismo penetrante. 4.4 Morfologia As lesões traumáticas da medula podem ser classificadas como fraturas, fraturas- luxações, lesões medulares sem anormalidades radiológicas ou lesões penetrantes. Cada um destes tipo pode ser classificado como estável ou instável. Porém, a determinação da estabilidade da lesão nem sempre é de fácil percepção, portanto todo doente que apresente evidências radiológicas de lesão na medulas ou déficits neurológicos devem ser considerados como portadores de uma lesão instável da coluna. 5. Avaliação Radiológica Radiografias da coluna cervical são indicadas para todos os doentes traumatizados, portadores de dor na linha média do pescoço, sensibilidade à palpação, déficits neurológicos que se referem à coluna cervical, doentes com alteração do nível de consciência ou doentes com suspeita de intoxicação. Antes que a série de radiografias seja considerada normal e que o colar seja removido, ela deve ser revisada por um médico experiente na interpretação adequada destes filmes. A tomografia computadorizada também pode ser realizada. 6. Conduta Terapêutica O tratamento básico de lesões de coluna e medula espinhal inclui imobilização, infusão endovenosa de fluidos, medicações e transferência, se isto for apropriado. Não é recomendada a realização de tentativas de alinhamento da coluna com o intuito de imobilizar o doente na prancha longa, se isso provocar dor. Nas lesões de coluna cervical é necessário manter a imobilização contínua do doente como um todo, usando um colar cervical, imobilizadores de cabeça, uma prancha, esparadrapo e ataduras, antes e durante o transporte para uma unidade que possua os recursos necessários para o atendimento definitivo. 7. Referências 1. SURGEONS, American College Of. Advanced Trauma Life Support. 8. ed. Chigaco: Saint Clair Street, 2008.
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