Buscar

Apostila+TAT+-+Resumida

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

�PAGE �
�PAGE �2�
Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos
Curso de Psicologia
 
TAT
Teste de Apercepção Temática
Apostila para fins didáticos
Disciplina: Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico IV
Docente Responsável: Érika Leonardo de Souza
					
Guarulhos / 2006
I - INTRODUÇÃO 
Henry A. Murray e colaboradores elaboraram o TAT na Clínica Psicológica da Universidade de Harvard, nos EUA. Foi apresentada em 1935 a primeira série de pranchas e em 1945, foi publicada a terceira revisão, a que foi considerada a definitiva e por nós hoje conhecida. 
Quando o TAT foi elaborado, os autores aplicavam-no em sujeitos a partir de 4 anos de idade, no entanto isso não é realizado atualmente, sobretudo pelo surgimento de teste aperceptivo temático infantil que é o CAT (Teste de Apercepção para Crianças) nas formas Animal (CAT -A), Humano (CAT -H) e animal escala especial (CAT-S), bem como o teste Symonds apropriado para adolescentes.
Em geral, TAT atualmente é amplamente aplicado em adultos e, às vezes em pré-adolescentes ou adolescentes.
II - Fundamentos teóricos
Para criar o TAT, Murray partiu do princípio de que diferentes indivíduos, frente a uma mesma situação vital, a experimentam cada um a seu modo, de acordo com sua perspectiva pessoal. Essa forma pessoal de elaborar uma experiência revela a atitude e a estrutura do indivíduo frente à realidade experimentada. Assim, expondo-se o sujeito a uma série de situações sociais típicas e possibilitando-lhe a expressão de sentimentos, imagens, idéias e lembranças vividas em cada uma destas confrontações, é possível ter acesso à personalidade subjacente. Esse procedimento, nas situações apresentadas, favorece a projeção do mundo interno do sujeito.
Partindo desse princípio, Murray, com sua assistente Christiana Morgan, procedeu à escolha do material que viria a constituir o TAT: fotografias de pinturas em museus, anúncios em revistas, fotos de filmes de cinema e de outras fontes, que posteriormente foram redesenhados para apresentar um estilo uniforme. O produto final são reproduções de situações dramáticas, de contornos imprecisos, impressão difusa e tema inexplícito. Exposto a esse material, o indivíduo, sem perceber, identifica-se com uma personagem por ele escolhida e, com total liberdade, comunica, por meio de uma história completa, sua experiência perceptiva, mnêmica, imaginativa e emocional. Dessa forma, podem-se conhecer quais situações e relações sugerem ao indivíduo temor, desejos, dificuldades, assim como as necessidades e pressões fundamentais na dinâmica subjacente de sua personalidade.
Em relação ao conceito de projeção, Murray comenta que o sujeito percebe o ambiente e responde ao mesmo em função de seus próprios interesses, atitudes, hábitos, estados afetivos, desejos etc. – em outras palavras, o indivíduo estrutura a realidade de acordo com suas próprias características. No caso do TAT, em vez de projeção, falamos em apercepção, ou seja, não uma mera percepção de um objeto, mas toda uma interpretação de uma cena.
A percepção depende do campo de estímulos (fator externo) e das necessidades do indivíduo (fator interno). Quando o campo de estímulos é mais estruturado, predomina o fator externo na percepção; quando o campo de estímulos é menos estruturado, predominam os fatores internos na percepção. Nos métodos projetivos, os estímulos são pouco estruturados e as instruções permitem grande liberdade de resposta.
Para a mente aberta e humanista de Murray, a teoria de Freud sobre as pulsões inconscientes, sexuais e agressivas pecava por ser uma simplificação excessiva da complexidade multifacetada da motivação humana. Murray admirava Freud e sua obra, mas acreditava que sua primeira teoria libidinal era excessivamente restrita e limitada. Desenvolveu então sua personologia, uma teoria basicamente motivacional em que são centrais os conceitos de necessidade e pulsão.
Necessidade é um construto que representa uma força, na região cerebral, que organiza a percepção, a apercepção, a intelectualização, a conação e a ação, de modo a transformá-la em certa direção, ou seja, em uma situação satisfatória existente. Em outras palavras, a necessidade gera um estado de tensão que conduzirá a ação no sentido de chegar à satisfação, que por sua vez reduzirá a tensão inicial, ou seja, restabelecerá o equilíbrio. A necessidade pode ser produzida por forças internas ou externas e é sempre acompanhada por um sentimento ou emoção.
A presença de uma necessidade pode ser identificada:
1. efeito ou resultado final do comportamento.
2. padrão ou modo do comportamento envolvido.
3. atenção seletiva e resposta a uma determinada classe de objetos-estímulo.
4. expressão de uma determinada emoção ou afeto.
5. expressão de satisfação quando se obtém determinado efeito, ou de desapontamento quando o resultado é negativo.
 O autor elaborou uma lista das principais necessidades.
	Necessidade
	Definição
	Afiliação
	Tornar-se íntimo a outrem, associar-se a outrem em assuntos comuns (afiliação associativa).
Fazer amizades e mantê-las. Ligar-se afetivamente e permanecer leal a um amigo (afiliação emocional).
	Agressão
	Vencer a oposição pela força. Lutar, revidar à injúria. Atacar, injuriar, matar. Opor-se pela força ou punir a outrem.
	Altruísmo
	Promover as necessidades de pessoas desamparadas, como crianças ou pessoas fracas, incapazes, fatigadas, inexperientes, enfermas, arruinadas, humilhadas, abandonadas, aflitas e mentalmente perturbadas. Ajudar alguém que está em perigo. Alimentar, ajudar, consolar, proteger, curar, confortar, cuidar
	Apoio
	Ter suas necessidades satisfeitas pela ajuda simpática de pessoa amiga; ser protegido (n.proteção), sustentado, cercado, amado, aconselhado, guiado, perdoado, consolado. Permanecer ao lado de um devotado protetor. Ter um defensor permanente
	Aquisição
	Adquirir, comprar algum objeto. É aquisição social, quando o objeto adquirido é ajustado socialmente; enquanto que, é associal quando o objeto é para um objetivo desajustado socialmente, tal como para agredir
	Autodefesa (física)
	Evitar a dor, o dano físico, a doença, a morte. Escapar de uma situação perigosa. Tomar medida de autoprecaução.
	(Autodefesa Psíquica):
	Evitar a humilhação. Fugir de situações embaraçosas ou depreciativas: escárnio, ridículo, indiferença dos outros. 
Reprimir a ação pelo medo do fracasso.
	Autonomia
	Libertar-se, resolver a restrição, romper o confinamento. Resistir à coerção e à restrição ou mesmo domínio. Romper com as convenções. Não se sentir obrigado a cumprir ordens superiores. Ser independente e agir segundo o impulso. Não estar comprometido.
	Compreensão
	Perguntar e responder. Interessar-se por teorias. Especular, formular, analisar, generalizar.
	Conhecimento
	Saber os fatos aprofundar-se.
	Contra-reação
	Dominar ou vencer o fracasso pelo esforço. 
Desfazer a humilhação pela reação. Superar a fraqueza, reprimir o temor. Defender a honra através de uma ação. Procurar obstáculos e dificuldades a vencer. Manter a auto-estima e o orgulho em alto nível.
	Defesa
	Defender-se do ataque, da crítica, da censura. Ocultar ou justificar um mal feito, um fracasso, uma humilhação. Reinvidicar o ego.
	Deferência 
	Admirar e apoiar um superior. Louvar, honrar, elogiar. Imitar um modelo. Sujeitar-se, avidamente, à influência de pessoa aliada. Conformar-se com os costumes.
	Degradação
	Diminuir a auto-estima, desvalorizar-se.
	Domínio
	Controlar o ambiente. Influenciar ou dirigir o comportamento alheio, através de sugestão, sedução, persuasão ou ordem. Dissuadir, restringir ou proibir.
	Entretenimento
	Agir por brincadeira, sem segundas intenções. Rir, contar anedotas. Procurar relaxar a tensão. Participar de jogos, atividades desportivas, bailes, reuniões sociais.
	Exibição
	Deixar uma impressão.Ser visto e ouvido. Provocar, fascinar, causar admiração, divertir, impressionar, intrigar, seduzir
	Excitação e Dissipação
	O fato de se estimular e posteriormente eliminar ou anular a excitação através da redução da tensão, pode ser de ordem sexual.
	Humilhação
	Submeter-se passivamente à força externa. Aceitar injúria, censura crítica, punição. Render-se. Resignar-se ante a sorte. Admitir inferioridade, erro, fracasso, defeito. Confessar e reparar. Censurar-se, diminuir-se ou mutilar-se. Desejar sofrimento, punição, doença, infortúnio.
	Oposição
	Rebelar-se às normas, valores ou ainda ao domínio.
	Ordem
	Por as coisas em ordem. Promover a limpeza, o arranjo, a organização, o equilíbrio, a precisão.
	Passividade
	Sofrer ou receber uma ação ou impressão.
	Realização
	Aumentar a auto-estima pelo uso bem sucedido dos seus talentos. Realizar algo difícil. 
Dirigir, manipular ou organizar objetos físicos, seres humanos ou idéias. Fazer isso tão rápida e independentemente quanto possível. Vencer obstáculos e atingir um alto padrão. Superar a si mesmo. Rivalizar com os outros, superá-los.
	Reconhecimento
	Ato ou efeito de reconhecer-se; e ser reconhecido.
	Rejeição
	Separar-se de uma influência negativa. Excluir, abandonar um objeto inferior ou tornar-se indiferente a ele. Repelir ou desprezar um objeto.
	Retenção
	Conservar posse duma coisa alheia ou pessoa.
	Sensitividade ou sensualidade:
	Procurar impressões sensuais e sentir prazer nelas. Planejar e manter uma relação erótica. Intercurso sexual.
	Pressões são os determinantes do meio externo que podem facilitar ou impedir a satisfação das necessidades, representando a forma como o sujeito vê ou interpreta seu meio. A pressão está associada a pessoas ou objetos ou mesmo o ambiente que se acham envolvidos, diretamente, nos esforços que o indivíduo faz para satisfazer suas necessidades. "A pressão é um objeto é o que pode fazer ao sujeito ou para o sujeito, ou seja, o poder que tem para afetar o bem estar do sujeito". Conhecemos muito mais as possibilidades do indivíduo quando temos uma descrição não apenas de seus motivos ou tendências, mas também a maneira pela qual ele vê ou interpreta seu meio.
	Ambiente é favorável quando ele facilita a obtenção da necessidade. É desfavorável quando ele dificulta e neutro não está relacionado com a necessidade.
Murray organizou várias listas de pressões, para fins especiais. Exemplo disso é a classificação contida na tabela a seguir, destinada a representar eventos ou influências significativas da infância. 
Na prática, essas pressões não apenas são vistas operando em determinadas experiências do indivíduo, mas também, se lhes atribui uma função quantitativa para indicar sua força ou importância na vida do mesmo indivíduo.
	Pressão
	Tipo
	Falta de Apoio (família)
	a) discordância cultural
b) discordância familiar
c) disciplina instável
d) separação dos pais
e) ausência de um dos pais
f) enfermidade de um dos pais
g) morte de um dos pais
h) inferioridade de um dos pais
i) dissemelhança (() entre os pais
pobreza
l) lar desorientado
	Perigo Físico:
	a) Desproteção física
b) através da água
c) abandono e escuridão
d) intempéries, relâmpagos
e) através do fogo
f) através de acidente
g) animal
	Falta ou Perda:
	a) de alimentos
b) de recursos
c) de companhia
d) de mudança (monotonia)
	Afiliação:
	a) associativa (amizades)
b) emocional
	Agressão:
	a) emocional
b) verbal
c) física
d) social
e) associal
f) destruição de propriedade
g) mau trato de mais velhos (homem ou mulher)
h) mau trato de companheiros
i) desavença com companheiros
	Dominação:
	a) coerção
b) restrição
c) indução, sedução
d) proibição
e) disciplina
f) orientação religiosa
	Inferioridade:
	a) física
b) social
c) intelectual
	Sexo:
	a) exibicionismo
b) sedução (homo/heterossexual)
	Apoio, dar afeto
	
	Criação, indulgência
	
	Decepção, ou traição
	
	Deferência, louvor, reconhecimento
	
	Nascimento de irmão
	
	Rejeição, desprezo
	
	Retenção de objetos
	
	Rival, competidor
	
III – material do teste
O conjunto completo é constituído por 31 pranchas que abrangem situações humanas clássicas. Segundo as instruções originais, a cada sujeito devem ser aplicados 20 estímulos, perfazendo o total de vinte histórias. O grau de realismo é variável, sendo as 10 primeiras mais estruturadas e as 10 últimas menos estruturadas. Cada prancha apresenta impressos no verso, apenas um número ou um número seguido de uma ou mais letras. O número indica a ordem em que o estímulo deve ser apresentado, na série, e as letras referem-se ao gênero e/ou idade aos qual o estímulo se destina.
	Tipo de Estímulo
	Convenção
	Universal
	Apenas o número
	Para mulheres
	Número seguido de F
	Para homens
	Número seguido de H
	Para crianças do sexo feminino (menina)
	Número seguido de M
	Para crianças do sexo masculino (rapaz)
	Número seguido de R
Os quadros, impressos em branco e preto, representam situações de trabalho, relações familiares, perigo e medo, atitudes sexuais, agressão e uma prancha em branco que permite associações mais livres. O uso de figuras nas pranchas tem por objetivo facilitar a produção do sujeito, que tem que encarar determinadas situações típicas que nos interessa que sejam exploradas e permite padronizar a interpretação.
�
Temas evocados pelos estímulos
1) Primeira série
PRANCHA 1
O MENINO E O VIOLINO
Um rapaz está contemplando um violino colocado sobre a mesa à sua frente.
Área que explora:
- Dever: submissão - rebeldia
- Aspirações, expectativas, ambições, frustrações, ideal do Ego, fantasias vocacionais.
- Atitude frente ao dever
- Imagem dos pais
B) Interpretação dos adultos:
Aparecem temas que expressam a opinião que o sujeito tem de suas atitudes e a imagem dos pais.
C) Clichês:
Temas que manifestam atitude do sujeito frente ao dever e com freqüência as suas aspirações:
1. Os pais, geralmente, impõem ao menino a praticar ou estudar o violino; referido comumente pelos sujeitos como sendo dominados pelos pais. Diante dessa exigência o menino reage com passividade, conformismo, oposição, rebeldia ou fuga à fantasia, reação que corresponde, em geral à do sujeito em condições semelhantes da realidade.
2. Outras histórias freqüentes se referem às aspirações, objetivos, dificuldades do herói: ordinariamente pertinentes em sujeitos ambiciosos.
D) Distorções: 
Interpreta o menino como sendo cego ou que está dormindo; em relação ao violino ou o percebe mal, ou uma das cordas está solta; confusão do objeto identificado como sendo um livro.
E) Omissões:
Não consegue ver o arco ou o violino, ou ambos.
F) Simbolizações:
1. O herói está preocupado porque uma corda está solta ou arrebentada, portanto intocável: freqüente em sujeitos que tem sentimento de culpa devido à masturbação ou que sofrem de ansiedade de castração.
2. O herói analisa ou pesquisa acerca do funcionamento e do mecanismo interno do violino: sujeitos preocupados (ansiedade de castração) ou de curiosidade das questões de ordem sexual.
PRANCHA 2
A ESTUDANTE NO CAMPO
Cena campestre: no primeiro plano está uma jovem com livros na mão; ao fundo, um homem está trabalhando no campo e uma mulher mais idosa assiste.
A) Área que explora:
- Conflitos de adaptação intrafamiliares
- Conflito com a feminilidade e com as formas de vida: campesina X urbana; instintivo X intelectual; virgindade X maternidade.
- Nível de aspiração
- Atitude frente aos pais
B) Interpretação dos adultos:
Aspirações pessoais do sujeito e de sua situação intrafamiliar.
C) Clichês:
Revelam as reações do herói (a jovem do primeiro plano ou o homem do fundo) frente ao ambiente pouco cordial ou que não a (o) estimula, ou diante dosproblemas enraizados pelas dificuldades de relacionamento familiar. Denuncia como o paciente vê seu ambiente, seu nível de aspiração e suas atitudes frente a seus pais.
PRANCHA 3 RH
RECLINADO (A) NO DIVÃ
No chão, encostado a um sofá, está agachado um rapaz com a cabeça reclinada sobre o seu braço direito. Ao seu lado, no chão, há um revolver.
A) Área que explora:
Frustração, depressão, suicídio.
B) Interpretação dos adultos:
Principais frustrações do sujeito, fatores aos quais são atribuídas reações frente aos mesmos.
C) Clichês:
Histórias que expressam depressão; rejeição e suicídio. O rapaz foi injustiçado e o mesmo acaba tendo mal procedimento. Mais especificamente denunciam as situações que o sujeito considera sendo frustradores de seus desejos, assim como suas reações e seu estilo na resolução dos problemas.
D) Distorções:
1. O jovem é visto como moça, pelos sujeitos com fortes tendências femininas;
2. O revolver é visto como um brinquedo ou outra coisa menos hostil, pelos sujeitos incapazes de expressar sua agressão de forma manifesta.
E) Omissão:
Do revolver
PRANCHA 3 MF
A JOVEM NA PORTA
Uma jovem está de pé e cabisbaixa cobrindo o rosto com a mão direita. Seu braço esquerdo está estendido para frente, apoiando-se numa porta de madeira.
A) Área que explora:
Desespero culpa abandono, fracasso, violentado e perdido.
B) Interpretação dos adultos:
Revelam os principais fatores causadores das frustrações e sua reação frente aos mesmos.
C) Clichês:
Dá lugar à expressão de sentimento de desespero e culpa
PRANCHA 4
UMA MULHER ENLAÇA O HOMEM, RETENDO-O.
Uma mulher enlaça um homem, cujo rosto e corpo estão desviados dela, como se ele tentasse afastá-la.
A) Área que explora:
- Abandono, ciúmes, infidelidade, competição.
- Conflitos matrimoniais
- Atitude frente ao próprio sexo e ao sexo oposto
B) Interpretação dos adultos:
- Conflitos vivenciados pelo sujeito na vida real e a forma como o encara e enfrenta.
C) Clichês:
Histórias de conflitos (discussão ou drama de um eterno triângulo amoroso) do casal que está no primeiro plano. A figura seminua no fundo é a amante ou noiva do homem. O homem deseja desvencilhar-se da mulher para realizar algum plano, mas ela quer retê-lo. Traduzem as dificuldades do sujeito em sua vida matrimonial ou suas atitudes frente às mulheres e o sexo.
D) Omissão: - 
Da mulher semidespida. 
PRANCHA 5
MULHER IDOSA À PORTA
Uma mulher de meia-idade está de pé no limiar de uma porta entreaberta, olhando para dentro de um quarto.
A) Área que explora:
- Imagem da mãe ou esposa (protetora, vigilante, castradora).
- Ansiedades paranóides
B) Interpretação dos adultos:
Inter-relações mãe-filho
C) Clichês:
A mulher de idade mediana descobriu um ou mais indivíduos em atitudes que prefere ignorar; ou inspeciona o quarto por uma ou mais razões. Revela as atitudes e expectativas do sujeito frente a sua mãe (visto como superprotetora, proibindo ou censurando), a sua esposa ou às situações frente às que sente curiosidade.
D) Distorções:
A mulher é vista como sendo homem; a mulher examinando a parte externa da casa; dois quartos ao invés de um; o abajur como sendo uma cortina.
PRANCHA 6RH
O FILHO QUE VAI PARTIR
Uma mulher madura e gorda está, de pé, de costas para um jovem de elevada estatura. Este olha para baixo, com uma expressão perplexa.
A) Área que explora:
- Atitude frente à figura materna
- Dependência X Independência
- Abandono, culpa
B) Interpretação dos adultos:
Comportamento frente à situação edipiana.
C) Clichês:
Filho solicita a sua mãe permissão para levar ao cabo um projeto largamente planejado, abandonar seu local para ir trabalhar numa outra cidade; casar-se ou alistar-se no exército. Seus desejos quase sempre estão em conflito com os da mãe. Revela a atitude do sujeito frente à figura materna (sentimentos de culpa, dependência x independência, superproteção) e os fatores que produzem e justificam seu afastamento.
PRANCHA 6 MF
MULHER SURPREENDIDA
Uma mulher jovem, sentada na borda de um sofá, olha para trás, por cima do ombro, para um homem mais velho, com um cachimbo na boca, que parece dirigir-lhe a palavra.
Área que explora:
Expectativas, temores, pressão, suspeita, extorsão.
B) Interpretação dos adultos:
Comportamento frente à figura paterna.
PRANCHA 7RH
PAI E FILHO
Um homem grisalho está olhando para um jovem que contempla o espaço com semblante carrancudo.
A) Área que explora:
- Atitude frente à figura paterna (adulto, autoridade).
- Submissão, rebeldia
- Necessidade de ser aconselhado, de ajuda, de apoio, orientação.
- Ameaça de homossexualidade
Interpretação dos adultos:
Comportamento intrafamiliar
Clichês:
O jovem recorre ao velho em busca de conselhos; ou ambos discutem um problema de mútuo interesse. Reflete a atitude do sujeito frente ao pai; aos adultos e à autoridade em geral (dependência, obediência, rejeição, desafio). Pode expressar as tendências anti-sociais e a atitude do sujeito frente à terapia.
PRANCHA 7MF
MOÇA E BONECA
Mulher idosa sentada num sofá, próxima de uma menina, falando-lhe ou lendo-lhe. A menina, que está com uma boneca no regaço olha para longe.
A) Área que explora:
- Imagem da mãe
- Atitude frente à maternidade.
B) Interpretação dos adultos:
Comportamento intrafamiliar
PRANCHA 8RH
A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA
Um adolescente olha diretamente para fora do quadro. O cano de um rifle é visível a um lado e, ao fundo, a cena nebulosa de uma operação cirúrgica, como a imagem de uma divagação.
A) Área que explora:
- Direção da agressividade
- Imagem do pai
- Medo da morte
Interpretação dos adultos:
Nada em especial
Clichês:
Em geral o adolescente é o herói.
O cenário ao fundo representa sua fantasia ou desejo de ser médico, em cujo caso se delata a ambição do sujeito.
Atirou contra a pessoa que está sobre a mesa e agora aguarda o resultado da operação: história que expressa as tendências agressivas do sujeito em dadas ocasiões dirigidas contra uma determinada pessoa.
D) Omissão:
Do rifle.
E) Simbolizações:
Se amputar a perna da pessoa que está à mesa, geralmente, reflete ansiedade de castração.
PRANCHA 8 MF
MULHER PENSATIVA
Uma jovem está sentada com o queixo apoiado sobre a mão, seus olhos estão distantes.
Área que explora: 
Problemas atuais e fantasia
Interpretação dos adultos:
Relações com o grupo do próprio sexo nas áreas: profissional, familiar e sexual. Conflitos atuais, tensões e esforço para solucioná-los.
PRANCHA 9RH
GRUPO DE VAGABUNDOS
Quatro homens de macacão estão deitados sobre o gramado, repousando.
A) Área que explora:
- Trabalho e ociosidade
- Relacionamento com o próprio grupo sexual
- Homossexualidade.
B) Interpretação dos adultos:
Relacionamento com o próprio grupo social nas esferas: familiar, profissional e sexual.
C) Clichês:
Os homens estão descansando ou dormindo após uma dura jornada de trabalho ou tomando um breve descanso antes de retornar ao trabalho.
As histórias de sujeitos mais esforçados concluem como retorno ao trabalho. 
PRANCHA 9MF
DUAS MULHERES NA PRAIA
Uma jovem com uma revista e uma bolsa na mão, espia detrás de uma árvore uma outra jovem trajada elegantemente, que corre ao longo de uma praia.
A) Área que explora:
- Competição feminina
- Rivalidade feminina
- Espionagem, culpa e perseguição.
B) Interpretação dos adultos:
Relações com o grupo do próprio sexo nas atividades profissionais, familiares e sexuais.
PRANCHA 10
O ABRAÇO
A cabeça de uma mulher encostada no ombro de um homem.
A) Área que explora:
- Atitude frente à separação
- Conflito do casal
B) Interpretação dos adultos:
Conflitos amorosos e sexuais
C)Clichês:
O homem e a mulher expressam seu mútuo afeto. Indica em geral, a atitude do sujeito frente à separação da pessoa amada, assim como seu grau de dependência à figura paterna. Normalmente denuncia como o sujeito considera sua mulher ou as relações entre seus pais.
D) Distorções:
A idade é confundida e sexo do homem e da mulher as sombras faciais são interpretadas de diferentes maneiras.
2) Segunda série
PRANCHA 11
PAISAGEM PRIMITIVA DE PEDRAS
Uma estrada à beira de um profundo desfiladeiro entre elevadas escarpas. Na estrada, aparecem figuras obscuras à distância. De um lado da vertente rochosa assoma a longa cabeça e o pescoço de um dragão.
A) Área que explora:
- Ansiedade frente ao perigo
- Angústia frente aos instintos
B) Interpretação dos adultos:
- Fantasias e tendências sexuais e agressivas.
- Dificuldade de controle e respostas a situações perigosas.
C) Clichês:
Em geral, reflete a atitude do sujeito frente ao perigo e sua maneira de experimentar a ansiedade. As figuras obscuras (homens ou animais) são vistas como se estivessem sendo atacadas pelo dragão e normalmente descrevem suas técnicas defensivas: indica o temor do sujeito à agressão e os meios desencadeados para vencê-lo.
O personagem masculino pode ser um cientista ou um explorador das regiões desconhecidas: revela sua curiosidade ou desejo de experimentar situações novas ou perigosas.
D) Distorções
Esta prancha oferece a maior quantidade de possibilidades aos erros perceptivos: o dragão é visto como um caminho; a cabeça do dragão como sua margem; o fundo como uma cascata; as paredes do abismo como sendo o castelo; as pedras como sendo cabeças humanas. A confusão do grupo de homens com o inseto é comum e não constitui um indicador especial. 
E) Omissão
Do dragão
F) Simbolizações:
O monstro geralmente constitui uma representação simbólica das exigências instintivas que ameaçam seu interior. As histórias que se referem às dificuldades para dominar o animal e aquelas em que o herói é perseguido pelos animais, podem refletir dificuldades de se controlar ou se adaptar aos impulsos e tensões sexuais.
PRANCHA 12H
O HIPNOTIZADOR
Um jovem está deitado num sofá com os olhos fechados. Debruçado sobre ele, a forma esguia de um homem idoso, a sua mão estendida para o rosto da figura recostada.
A) Área que explora:
- Relação transferencial à situação de prova
- Ameaça ao homossexualismo
B) Interpretação dos adultos:
- Atitude frente aos adultos
- O papel de passividade e a atitude frente ao terapeuta.
- Tendência homossexual latente e experiências homossexuais ocultas.
C) Clichês:
O herói (em geral o homem que está deitado) está dormindo e o ancião veio despertá-lo, ou é hipnotizado por este homem, ou está enfermo e o ancião veio perguntar-lhe pela sua saúde. Geralmente revelam a atitude do examinando frente aos homens adultos e seu ambiente, o papel da passividade em sua personalidade e, à vezes, sua atitude frente à terapia.
D) Distorções:
Com respeito aos dedos das mãos, e em casos raros ao sexo de um dos dois homens; o jovem pode ser visto como mulher pelos sujeitos com fortes componentes femininos.
E) Simbolizações:
As histórias em que o jovem que está deitado está se submetendo ou pode ter sido forçado a ser hipnotizado pelo homem maduro, geralmente denunciam tendências homossexuais latentes ou experiências homossexuais encobertas.
PRANCHA 12 F
A CELESTINA
Retrato de uma mulher jovem. Ao fundo uma velha misteriosa, com xale sobre a cabeça faz caretas.
A) Área que explora:
- Tentação instintiva e defensiva	
- Relação mãe-filha
B) Interpretação dos adultos:
- Atitude da filha frente ao controle materno.
- Tendências ao controle das irmãs
C) Clichês:
Proporciona oportunidade de expressar a atitude frente à figura da mãe ou da filha, e envelhecimento e o matrimônio.
D) Distorções:
Nos casos psicóticos raros, a jovem é vista como um homem.
PRANCHA 12RM
O BOTE ABANDONADO
Um barco a remo está parado à margem de um rio que corre entre o arvoredo de uma floresta. Não há figuras humanas no quadro.
A) Área que explora:
Fantasias desiderativas (desejos)
PRANCHA 13 HF
MULHER SOBRE A CAMA
Um jovem de pé e com a cabeça inclinada, coberta por seu braço. Atrás dele, a figura de uma mulher deitada numa cama.
A) Área que explora:
- Atitude frente ao relacionamento heterossexual (ansiedade).
- Sentimento de culpa
B) Interpretação dos adultos:
Tendências sexuais, relacionamento e conflitos no amor, e matrimônio e a vida erótica.
C) Clichês:
Quase sempre traduzem a atitude do sujeito frente às mulheres e ao sexo, às vezes frente aos sentimentos de culpa e a atitude frente ao alcoolismo. Histórias mais freqüentes: temas sexuais.
Homem contempla ou manteve relações sexuais com a mulher (esposa, noiva ou prostituta) na cama.
A mulher, esposa do herói, está morta ou enferma e se descrevem os sentimentos do jovem, comumente representam a hostilidade, contra a esposa ou às mulheres em geral.
D) Distorções:
Grande variedade, incluindo especulações acerca do fundo e dos objetos sobre a mesa.
E) Omissões:
Da mulher que está sobre a cama.
PRANCHA 13R
UM MENINO ESTÁ SENTADO NA SOLEIRA
Um menino sentado na soleira da porta de uma cabana de madeira.
Área que explora:
- Carências, solidão, saudade, abandono e expectativas.
PRANCHA 13M
RAPARIGA SUBINDO AS ESCADAS
Uma jovem está subindo um lance de escada em espiral.
A) Área que explora:
- Carência, solidão e expectativas.
PRANCHA 14
HOMEM À JANELA 
A silhueta de um homem (ou mulher) contra uma janela iluminada. O resto do quadro é totalmente negro.
A) Área que explora:
- Homem adentro: fantasias, expectativas, evocação
- Homem afora: evasão, aventura sexual, roubo
- Choque ao negro
B) Interpretação dos adultos:
Denunciam os determinantes das ambições, preocupações, expectativas e eventualmente, fantasias de suicídio.
C) Clichês:
Permite a expressão das frustrações, expectativas, ambições e preocupações, inclusive suicidas.
D) Distorções:
O homem é visto como uma mulher, ou que está subindo em algum lugar.
PRANCHA 15
NO CEMITÉRIO
Um homem negro, de mãos unidas, está em pé entre sepulturas.
A) Área que explora:
- Morte, culpa e castigo.
- Choque ao negro
B) Interpretação dos adultos:
- Atitude e sentimentos do sujeito frente à morte e à perda de membros da família.
C) Clichês:
A figura delgada reza ante a tumba de um morto. Descreve seus sentimentos e atitudes, passados e presentes frente à mesma. A pessoa morta geralmente representa a pessoa a quem dirige ou experimenta uma forte agressividade.
D) Distorções:
O Homem é visto como sendo uma mulher. Em suas mãos retém uma lâmpada ou um livro; os túmulos como sendo platéia de um teatro.
PRANCHA 16
PRANCHA EM BRANCO
A) Área que explora:
- Relação transferêncial à situação da prova.
- Ideal do EGO
B) Interpretação dos adultos:
Aspirações e possessões
C) Clichês:
Na maioria das vezes gira em torno dos problemas interiores de grande importância, ou deixa manifestar a atitude frente ao examinador.
PRANCHA 17RH
O ACROBATA
Um homem nu está suspenso em uma corda. Está para galgar ou descer pela corda.
A) Área que explora:
- Nível de aspiração
- Exibicionismo ou narcisismo
- Masturbação
B) Interpretação dos adultos:
- Vontade de triunfar, nível de aspiração e tendências exibicionistas.
- Problemas pessoais, relações interpessoais e atitudes frente às dificuldades do mundo exterior.
C) Clichês:
Em geral não provoca nenhum tema significativo. O homem da corda é visto como:
1. Está demonstrando sua habilidade atlética ou física ante um público numeroso, o qual revela o desejo de ser reconhecido, seu nível de aspiração ou as tendências exibicionistasdo sujeito.
2. Tema que pode expressar as situações ou problemas difíceis de resolver para o sujeito ou as reações ante as emergências. Se este tema é repetitivo, estereotipado, elaborado em excesso e seu teor afetivo e seu desenlace são intensos, representa as expectativas e esperanças do sujeito em escapar-se das suas dificuldades.
D) Distorções:
Quanto ao fundo, ao homem
E) Simbolizações:
O herói que sobe e desce pela corda: preocupação masturbatória.
 
PRANCHA 17MF
A PONTE
Uma ponte sobre a água. Uma figura feminina debruça-se do parapeito. Ao fundo estão altos edifícios e pequenas figuras de homem.
A) Área que explora:
- Frustração, depressão
- Autocastigo, suicídio
B) Interpretação dos adultos:
Frustrações e reações frente ao controle familiar. Sentimentos depressivos e tendências ao autocastigo.
C) Clichês:
Com freqüência provoca:
1. Fortes sentimentos de dúvida e a tendência do sujeito a manter a esperança ou a ceder (suicídio).
2. Atitudes frente à partida ou aparecimento de um objeto amado.
D) Distorções:
A ponte é vista como balcão da casa, a mulher como homem; perspectivas equivocadas.
E) Omissões:
Da mulher ou do grupo de trabalhadores.
PRANCHA 18 RH
ATACADO PELAS COSTAS
Um homem é agarrado por detrás por três mãos. As figuras dos seus antagonistas são invisíveis.
A) Área que explora:
- Ansiedade, culpa
- Idéias paranóides, ataque homossexual
B) Interpretação dos adultos:
Atitudes frente às condutas socialmente desaprovadas.
C) Clichês:
Histórias estereotipadas relacionadas a roubos, ou à bebida, que expressam atitudes frente aos vícios (alcoolismo ou ingestão de drogas). Podem, assim mesmo, expressar a ansiedade do paciente frente à agressão dirigida contra o terapeuta.
1. O herói tem bebido ou sofrido um acidente e as mãos pertencem às pessoas que o ajudam.
2. O herói está sendo atacado pelas costas, e as mãos pertencem aos seus agressores.
D) Distorções:
Os dedos das mãos como correntes; da expressão facial, posição e estado da pessoa do fundo.
E) Simbolizações:
Geralmente denunciam as tendências homossexuais latentes ou experiências homossexuais encobertas do sujeito.
PRANCHA 18MF
MULHER QUE ESTRANGULA
Uma mulher aperta o pescoço de uma outra mulher, a quem parece estar empurrando sobre o corrimão de uma escada.
A) Área que explora:
- Agressividade e apoio
B) Interpretação dos adultos:
Agressividade e relação com a figura materna e parentais do sexo feminino.
C) Clichês:
Estimula as atitudes agressivas. Expressam as relações com as figuras da filha, irmã, mãe e figuras femininas em geral; os ciúmes, sentimentos de inferioridade e reação frente a relações submissas.
D) Distorções:
Da conotação agressiva; da perspectiva, e raramente, do sexo dos personagens.
PRANCHA 19
CABANA COBERTA DE NEVE
Quadro fantasmagórico com formações de nuvens, pairando sobre uma cabana coberta de neve.
A) Área que explora:
- Carência e conforto; vazio e plenitude; frustração e segurança.
B) Interpretação dos adultos:
Explora os sentimentos e desejos de segurança; como responde o sujeito frente às barreiras que o interceptam.
C) Clichês:
Oferece dificuldade: os pacientes a consideram como fantasmagórica. A cabana está cercada pela neve, mas seus habitantes estão acomodados. Descreve-se o estado destes e como superam a situação, reflete o desejo de segurança do sujeito e o modo como enfrenta as circunstâncias frustradoras de seu próprio meio.
D) Simbolizações:
A preocupação pelos "olhos" (as aberturas da cabana) pode denunciar os sentimentos de culpa do paciente.
PRANCHA 20
SOZINHO DEBAIXO DA ILUMINAÇÃO
Figura de um homem ou mulher iluminada de modo tênue, apoiando-se num candeeiro de rua, numa noite escura.
A) Área que explora:
- Preocupações, abandono, culpa, castigo.
B) Interpretação dos adultos:
Problemas íntimos, preocupações, tendências sexuais ou agressivas.
C) Clichês:
A figura medita sobre diversos problemas interiores, de relativa importância: aguarda a noiva (ou o noivo), ou planeja o ataque a uma vítima. Revela os temas que preocupam seus problemas, atitudes heterossexuais e as tendências agressivas do sujeito.
IV – Administração (MURRAY, 2005, p. 21-23).
Preparação do Sujeito
	A maioria dos sujeitos não precisa de nenhum preparo, além de algum motivo razoável para se submeter ao teste. Mas, para os que forem muito limitados, pouco responsivos, resistentes ou desconfiados, bem como aqueles que nunca passaram por provas escolares ou testes psicológicos, é melhor que se comece com uma tarefa menos exigente antes de ser submetido ao TAT. As crianças, geralmente, produzem melhor depois de algumas sessões dedicadas à expressão de suas fantasias, verbalizadas por meios de brinquedos e brincadeiras.
Ambiente de teste
	O ambiente de cordialidade, o aspecto do consultório e de seu mobiliário, assim como o sexo, a idade, as atitudes e a personalidade do psicólogo, são capazes de afetar a liberdade, vivacidade e a direção da atividade imaginativa do sujeito. A meta do psicólogo é conseguir maior quantidade de material, com a melhor qualidade possível, conforme as condições circunstanciais. Dado que a execução depende totalmente da boa vontade e criatividade momentâneas do sujeito, e também que a criatividade é um processo delicado, fundamentalmente involuntário, que não pode ser forçado, nem irá desabrochar num clima áspero, frio, intelectualmente arrogante ou de algum modo não empático, é importante que o sujeito tenha bons motivos para sentir que o ambiente é acolhedor e que capte que estão presentes a receptividade, a boa vontade e o apreço por parte do psicólogo.
Instruções
I – Primeira sessão
	O sujeito deve sentar-se numa cadeira confortável ou, então, reclinar-se num divã. As instruções serão lidas para ele devagar, utilizando-se uma das seguintes formas:
	Forma A (aconselhável para adolescentes e adultos de grau médio de inteligência e cultura): “Este é um teste de imaginação que é uma das formas da inteligência. Vou mostrar-lhe algumas pranchas, uma de cada vez, e a sua tarefa será inventar, para cada uma delas, uma história com o máximo de ação possível. Conte-me o que levou ao fato mostrado na prancha, descreva o que está acontecendo no momento, o que as personagens estão sentindo e pensando. Conte depois como termina a história. Procure expressar seus pensamentos conforme eles forem ocorrendo em sua mente. Você compreendeu? Como você tem cinqüenta minutos para as 10 pranchas, você pode utilizar cerca de 5 minutos para cada história. Aqui está a primeira prancha”. 
	Forma B (aconselhável para crianças, adultos pouco inteligentes ou de pouca instrução): “Este é um teste para contar histórias. Eu tenho aqui algumas pranchas que vou lhe mostrar. Quero que você faça uma história para cada uma delas. Conte o que aconteceu antes e o que está acontecendo agora. Fale o que as pessoas estão sentindo e pensando e como termina a história. Você pode fazer o tipo de história que quiser. Compreendeu? Bem, então aqui está a primeira prancha. Você tem 5 minutos para fazer uma história. Faça o melhor que puder”.
	As palavras exatas dessas instruções podem ser modificadas para se adaptarem à idade, inteligência, personalidade e condições peculiares de cada sujeito. Mas é melhor, de início, não dizer: “Está é uma oportunidade para você usar livremente sua imaginação”, pois essa forma de instrução suscita, algumas vezes, no sujeito, a suspeita de que o psicólogo pretende interpretar o conteúdo de suas associações livres, como ocorre na psicanálise. Tal suspeita pode causar grave dano à espontaneidade do pensamento do sujeito. Convém que ele acredite que o psicólogo está interessado tão somente em sua aptidão criativa ou literária.
	Terminada a primeira história (e desde que haja base para isso), o sujeito deve ser discretamente elogiado. E, a menosque as tenha seguido com precisão, é preciso relembrar-lhe as instruções. Assim, o examinador poderá dizer: “Certamente essa foi uma história interessante, mas você esqueceu de dizer como o menino reagiu quando sua mãe o repreendeu, deixando a narrativa no ar. Não houve de fato um verdadeiro desfecho para a sua história. Você gastou nela três minutos e meio. As outras podem ser um pouco mais compridas. Procure fazer o melhor que puder com esta segunda prancha”.
	De modo geral, é preferível que o psicólogo não diga mais nada no restante do tempo, exceto (1) para informá-lo se estiver muito atrasado ou muito adiantado em relação ao tempo previsto, por ser importante que o sujeito complete a série de dez histórias e dedique mais ou menos a mesma quantidade de tempo a cada uma delas; (2) para estimulá-la com um discreto elogio de vez em quando, pois essa pode ser a melhor maneira de incentivar a imaginação; e (3) se o sujeito omitir algum detalhe fundamental, as circunstâncias antecedentes ou o desfecho, lembrar-lhe com alguma breve observação tal como: “o que levou a essa situação?” De modo algum deve o psicólogo envolver-se em discussões com o sujeito.
	O psicólogo deve interromper uma história demasiado longa e inconsistente, perguntando: “E como ela termina”, podendo dizer ao sujeito que o que importa é o enredo e não uma grande quantidade de detalhes. Os sujeitos que ficam intensamente absorvidos na descrição literal das pranchas devem ser alertados com tato de que este constitui apenas um teste de imaginação. Se o sujeito fizer perguntas sobre detalhes pouco claros, o psicólogo deve responder: “Podem ser o que você quiser”. Não se deve permitir que o sujeito construa várias narrativas para uma mesma prancha. Se perceber que está orientando nessa direção, convém dizer-lhe que deve aplicar seus esforços numa única história mais longa.
	As histórias devem ser registradas com detalhes, usando abreviações comuns ou pessoais. 
	Ao marcarmos a segunda sessão, convém que o sujeito não saiba ou que não seja levado a pensar que lhe serão solicitadas novas histórias. Ter essa expectativa em mente pode levá-lo a se preparar mediante a busca de enredos lidos em livros ou em filmes vistos por ele que, nessas condições, voltaria equipado com um material mais impessoal do que o produzido quando obrigado a inventar as histórias no impulso do momento.
II – Segunda sessão
	É desejável que haja um intervalo de, pelo menos, um dia entre a primeira e a segunda sessão. Nessa segunda parte, o procedimento é semelhante ao utilizado na anterior, salvo num aspecto: a ênfase nas instruções sobre a completa liberdade da imaginação. 
	A prancha 16 é dada com uma instrução especial: “Veja o que você pode ver nesta prancha em branco. Imagine alguma cena aí e descreva-a em detalhe”. Se o sujeito não conseguir, o examinador deve dizer: “Feche os olhos e imagine alguma coisa”. Depois que o sujeito der uma descrição completa daquilo que imaginou, o psicólogo deve dizer: “Agora me conte uma história sobre isso”. 
	O exame completo com o TAT compreende o uso das duas séries de pranchas, em duas sessões, separadas por um intervalo de tempo mínimo de um dia e um máximo de uma semana. Se não essa possibilidade, recomenda-se o emprego das dez pranchas da segunda série, consideradas como estímulos mais eficazes. Em determinados casos, o examinador pode escolher as pranchas mais importantes para a abordagem dos problemas em foco. Sempre que possível, entretanto deve dar preferência ao exame completo. As pranchas são apresentadas na ordem estabelecida pela numeração 
Após a coleta das histórias procede-se ao inquérito, para a suplementação de dados imprecisos, assim como para pesquisar a fonte de idéias. 
V – Interpretação (MURRAY, 2005; SHENTOUB, 1951).
A – Herói principal (protagonista)
Murray centraliza a interpretação no herói principal como catalizador das projeções do sujeito. Outros autores, porém como Piotrowsky, reconhecem haver projeção em outros personagens, sobretudo projeções de impulsos não aceitos, quanto mais inconscientes seriam os impulsos neles projetados.
Os traços do herói corresponderiam à imagem, real ou ideal, que o sujeito tem de si. O herói seria o catalizador principal das projeções do sujeito, sobretudo segundo a linha interpretativa de Murray.
Idade: Informa-nos se o sujeito se percebe como jovem, criança, homem maduro ou velho.
Sexo: Informa-nos sobre a identificação do sujeito com o próprio sexo ou com o sexo oposto.
Personalidade: As atitudes, sentimentos, conduta, traços, etc, traduzem-nos as qualidades que o sujeito possui, crê ou deseja possuir.
Aparência física: Relaciona-se com os interesses do sujeito, sua imagem corporal, seu ideal físico, sobretudo se trata de figuras ambíguas.
Multiplicidade de heróis:
Tal multiplicidade pode "resultar do deslocamento da identificação e revelar importantes fases, ou aspectos contraditórios, ou uma dissociação mais ou menos forte da personalidade do sujeito".
Identificação: Em geral, o herói principal é: 
- O personagem em quem o narrador está mais interessado, cujo ponto de vista o narrador adota.
- Quem mais se assemelha ao sujeito em termos objetivos e reais (regra não rígida).
- Pessoa que figura no quadro.
- Pessoa que desempenha papel principal.
Entretanto, deve-se ter atenção aos seguintes pontos:
- Pode haver uma seqüência de protagonistas.
- Dois impulsos podem ser representados por dois protagonistas (o conflito seria então mais intenso do que se os dois impulsos estivessem representados num só protagonista).
- pode haver numerosos protagonistas parciais.
- o personagem principal pode ser simplesmente um elemento do meio ambiente do sujeito e não alguém com quem ele se identifica, o protagonista estaria num personagem secundário.
 
Caracterização: Identificando o herói principal, analisa-se nele:
- Dados pessoais, idade, sexo, profissão, etc.
- Características psíquicas, vocação, habilidades, interesses, adaptação.
- Tendências e traços caracterológicos: superioridade (capacidade, poder, fama), inferioridade, masculinidade-feminilidade, ascendência, submissão, etc.
- Atitude frente à sociedade, autoridade, colegas e parentes.
- Características físicas.
Suas Necessidades
Caracterizar as necessidades do herói (ver lista)
Seus estados interiores e emoções
- Decepção, desilusão, depressão, aflição, melancolia, mágoa, desespero (abatimento).
- Alegria, felicidade, excitação.
- Amor, desconfiança.
- Conflitos, passividade-atividade, dependência-independência, realidade- prazer, medo, ansiedade, angústia, sentimentos de culpa.
- Mudança emocional.
B. OUTROS PERSONAGENS
Faz-se igualmente sua caracterização. Comparam-se os homens e as mulheres. Investigam-se os traços das mulheres de idade, bem como dos homens de idade.
Seus atributos revelam como o sujeito visualiza as pessoas com as quais se encontram emocionalmente ligado (pai, irmão, etc.) Pode haver, entretanto um deslocamento, como por exemplo, no caso da polícia representar a figura paterna.
C. AMBIENTE/ PRESSÃO
	Caracterizar o ambiente e as pressões (ver lista)
D - OMISSÃO/ DISTORÇÃO
Omissão: Não percepção e não inclusão na história de elementos significativos manifestos na Prancha.
Distorção: Alteração perceptual dos elementos significativos manifestos na Prancha.
E - Elementos de comportamento
Os sinais aqui reunidos correspondem à expressão, pela conduta, de certa ansiedade e de mal estar provocadas pela prancha. Segundo o contexto clínico, elas permitem prejulgar a natureza patológica das respostas.
Exclamações - Comentários
Toda observação verbal com relação às pranchas e toda expressão de alegria, de desgosto, de admiração, de surpresa, etc. testemunham certa labilidade emocional e impulsividade. Traduz o desejo do sujeito de "neutralizar" o objeto, entrando imediatamente em sua intimidade, como tambéma necessidade de se identificar com o objeto, de se projetar. Esta atitude que reflete certa perda de distância é seguida freqüentemente pelas projeções diretas, referências pessoais, etc.
Digressão
Toda observação "à margem" do teste, formulada durante a exibição das pranchas. Ex.: "como faz calor aqui". Estas observações têm a mesma significação que as exclamações, mas confirmam melhor a necessidade que o sujeito experimenta de se subtrair à tarefa de fugir da ansiedade provocada pelo exame ou, por uma determinada prancha.
Necessidade de fazer perguntas
Toda intervenção do examinador para solicitar a continuação das histórias (mais), ou o final da mesma (F), ou então dos dois (mais, F). Podem-se encontrar duas categorias de sujeitos aos quais é necessário fazer perguntas.
	\SYMBOL SYMBOL \f "Wingdings"
\SYMBOL SYMBOL \f "Wingdings"
	Sujeitos ansiosos que se põem eles mesmos as perguntas e tem desejos de confirmação para continuar sua narração, e que se beneficiam com a intervenção do examinador.
Sujeitos que, malgrado às múltiplas perguntas, não chegam a sobrepujar sua incapacidade de construir uma história. Suas defesas, quer de ordem neurótica ou psicóticas, são muito mais estruturadas do que as do sujeito da primeira categoria.
Necessidade de aprovação 
Toda expressão que tenha por finalidade atrair a atenção do examinador. Ex.: "está bem feito? "A necessidade de aprovação se encontra nos sujeitos ansiosos e que, além do mais, têm tendência a uma emotividade lábil. Um de seus mecanismos de defesa consiste em procurar segurança por meio de uma série de reinvidicações afetivas.
Ansiedade manifesta
Toda manifestação exteriorizada de temor, de mal estar (expressões verbais, mímicas, posturais). A ansiedade manifesta pode se exprimir de várias maneiras e, tal como: a temperatura nos doentes, traduzir um simples "estado febril" ou se indício de doenças de toda sorte.
O comportamento ansioso pode se traduzir, dentre outras por atitudes posturais embaraçadas e gestos estereotipados como: mão na testa, dedos nos cabelos, fumar nervosamente, pela careta, pela transpiração, pelas maneiras de olhar a prancha, ou de ficar sentado, etc.
É importante observar, se esta ansiedade ocasiona uma perturbação na elaboração do tema, ou se permanece de qualquer modo isolada, o que é indício de uma estruturação muito mais caracteriológica.
Observações críticas
Toda observação destinada a desvalorizar as situações do exame, seu interesse, o material usado, etc. Ex.: "não é bonito isso que o senhor está me mostrando"; "parece que o senhor faz questão de escolher as pranchas mais feias"; "pra que serve tudo isto?".
Esta expressão manifesta agressividade e traduz uma estruturação do caráter muito elaborado e é indicativo de adaptação defeituosa. Incluiremos ainda uma outra forma de crítica: aquela que diz respeito aos personagens. Aqui a crítica é acompanhada por referências pessoais e de uma projeção muito forte, portanto de uma perda de distância em relação à prancha, que é vista como uma realidade "horrível" Ex..: (pr..2) a pessoa da direita está grávida. Isto não me agrada... Este tipo de respostas testemunha tendências paranóides pronunciadas.
Cinismo
Toda atitude insolente ou desdenhosa desafiando a situação incômoda. O cinismo indica certo afastamento, e mesmo uma espécie de isolamento afetivo, e mostra uma estruturação caracterial de defesa mais séria. É também uma das manifestações do comportamento esquizofrênico, mas não se pode interpretá-lo neste sentido, senão em um contexto clínico patológico particular.
Recusa
Rejeição à prancha e recusa a contar uma história. A recusa testemunha tanto a agressividade como o bloqueio do sujeito; ou o sujeito manifesta conscientemente a agressividade e rompe toda relação; simplesmente recusando uma ou mais pranchas, ou se limita ao silêncio, malgrado as instruções em conseqüência de um choque profundo que bloqueou toda expressão.
Pode ser considerada como índice patológico engajado na própria estrutura da personalidade, embora se encontre também nos sujeitos normais, e mais particularmente nos psicossomáticos.
Não obediência às instruções
Ausência de um ou vários elementos da instrução: história onde falta qualquer coisa: passado (P); solução (S); ação (A) e fim (F).
A obediência às instruções pode ser considerada, essencialmente como um índice de adaptação à realidade. Neste sentido, material, examinador, situação de exame e instruções formam um conjunto que o sujeito deve enfrentar e frente ao qual deve adotar certa conduta.
Insistência no passado
Toda história que se desenrola quase exclusivamente no passado, em detrimento do presente, que não é assinalado senão por alusões ou implicitamente. Certos sujeitos sentem necessidade de demorar-se longamente sobre o passado, sem, no entanto, perder de vista a situação da prancha à qual eles chegam finalmente. As situações da imagem parecem despertar neles um eco longínquo, talvez vivido; a prancha não lhes serve senão de pretexto para desenvolver um tema central sobre os acontecimentos anteriores.
Outros sujeitos atêm-se igualmente ao passado, mas se perdem e se acham muito desamparados assim que tenham de se reportar à situação representada na prancha. Este tipo de reação não se encontra a não ser, praticamente, nos psicóticos.
F - Elementos de linguagem
Estas poucas observações reunidas sob o título "Linguagem" estão longe de abranger tudo o que se pode observar em relação ao sujeito no TAT.
Estilo falho ou frustrado
Expressão verbal pobre, vocabulário restrito. O estilo pobre, ou falho, se encontra fatalmente nos débeis, mas também nos sujeitos de inteligência normal e de um nível cultural pouco elevado. Pode ser observado, igualmente, nos casos de psicose orgânica e de problemas de origem psicossomáticas, com forte rebaixamento de eficiência (nos hipertensos, por exemplo). 
Estilo rebuscado
Todo o pedantismo ou afetação nas expressões verbais, como o emprego repetido de um determinado tempo do verbo. é encontrado em nível "normal" nos sujeitos com sentimento de inferioridade muito acentuados e que procuram compensar e se afirmar desta maneira particular. No domínio patológico, é típico de esquizofrênicos e paranóico.
Expressões surrealistas
Efeitos verbais que não levam em conta a lógica da língua. Ex.: "dois caminhos (ou retas) que se encontra e gritam: "viva o Lula". As expressões surrealistas ou poético-herméticas, sem procura voluntária de originalidade se encontram essencialmente na esquizofrenia, e são acompanhados, freqüentemente de neologismo.
Neologismo
Invenção de palavras novas. Os neologismos espontâneos fazem parte do mesmo quadro clínico da esquizofrenia.
Perturbação no decurso do pensamento
Sintaxe perturbada, linguajar sem nexo, perda do fio do pensamento. Difluência. 
Fluidez verbal
Linguajar inconsistente, verboso, dominado pelas associações de idéias sucessivas. Vai interpretar como os precedentes, mas em um contexto diferente, se apresenta como sinal de comportamento maníaco ou de deficiência intelectual. (Obs. conjunto de idéias simplesmente jogadas).
Estereotipias (histórias desprovidas de sentimentos)
Toda repetição de fórmulas desprovidas de conteúdo afetivo, é também a recusa no engajamento de afetos.
Contradição entre o tema e expressão
Toda expressão verbal ou mímica do narrador é inadequada ao tema. Nos sujeitos normais, indica um defeito de identificação super compensado, nos psicóticos esta discordância é muito mais manifesta e é característica do quadro esquizofrênico.
Expressões "isto poderia ser"... Etc.
Toda expressão que permite ao sujeito não se comprometer com uma afirmação direta, correspondem a uma tomada de distância mais ou menos grande, que se encontra principalmente nos hesitantes com estrutura obsessiva. (ex.: "a rigor poderia ser"; "pode-seesperar que").
Expressões "Percebe-se nitidamente que", etc.
Toda expressão que reforça o engajamento pessoal do sujeito com uma afirmação direta Ex.: "É evidente que..."; "Não há dúvida que..." Estas expressões categóricas correspondem a uma perda de distância, engajando o sujeito a uma identificação e projeção direta.
G - RELAÇÕES INTERPESSOAIS
É evidente que um sujeito vive e se desenvolve criando ou mantendo sem cessar relações, e que a menor dificuldade com referências a estas, traduz um problema da personalidade do sujeito. Estes relacionamentos não se limitam àquilo que se entende comumente sob esta designação, isto é, às relações de pessoa a pessoa, mas implicam também nos relacionamentos que um sujeito mantém com um objeto material sobre o qual ele transfere os seus sentimentos, e com ele próprio.
Sabemos também que cada sujeito conduz um diálogo interior com os sentimentos que tem respeito ao objeto, diálogo consciente ou inconsciente.
E o conjunto de todos estes relacionamentos com suas tonalidades e as suas qualidades múltiplas que se transportam para os movimentos dos personagens e suas relações nas histórias do TAT compreende-se, portanto, a importância que atribuímos ao significado das "relações interpessoais".
Relações positivas (em suas diferentes combinações) um diálogo satisfatório entre os personagens.
Existe, evidentemente, uma infinidade de modalidades de relações que se podem classificar de "positivas". É difícil, às vezes, reconhecê-los como tais, sobretudo quando os afetos não são explícitos. Dever-se-á mesmo, às vezes, recorrer ao exame das soluções dos conflitos para compreender a qualidade das relações interpessoais.
O examinador tem uma tendência a supor que as boas relações entre heróis da história traduzem boa relação do sujeito com seu meio ambiente. E isto é verdade para a maioria dos casos, mas não é uma regra absoluta. A explicação está no fato de que as relações interpessoais parciais de um sujeito podem ser excelentes (no seu trabalho, na vida social, etc.), sendo todas negativas no domínio da vida privada.
Uma outra razão de discordância entre as relações dos heróis e as relações dos sujeitos é devida ao fato de que o narrador projeta nas histórias, a uma só vez, aquilo que ele é, o que queria ser, aquilo que não quer ser, aquilo que ele não é, etc. Novamente o contexto e o conjunto do protocolo que darão a chave da interpretação.
Relações negativas (em suas diferentes combinações) um diálogo não satisfatório entre os personagens.
As relações são negativas quando existe uma ruptura do diálogo e quando nenhum entendimento se estabelece entre os personagens. s dificuldades que se encontram aqui são as mesmas que nos sinais precedentes. Nós a encontramos, por exemplo, nas histórias de relações homossexuais negativas, quando o narrador, na realidade, tem relações homossexuais parcialmente positivas. Pode ser mesmo que a maior parte das relações homossexuais do sujeito seja positiva com exceção das relações com a mãe (no caso de uma moça) ou com o pai (no caso de um rapaz).
Relações tensas
Relações muito carregadas de afeto e que não dão aos personagens a possibilidade de descargas positivas. Nós encontraremos esta tensão que invade a personalidade em casos limites ou nas neuroses graves. As histórias são geralmente sem final. O conflito é agudo e dramático.
Relações inconsistentes
Relações pouco vividas e às quais não se pode determinar o caráter. Traduz certa ambigüidade de relacionamento, um defeito de identificação. Nos casos muito pronunciados devemos pensar em neuroses graves ou psicoses.
Relações ausentes (seja totalmente, seja parcialmente entre os personagens)
Falta de relações entre os personagens evocados ou não. Esta ausência é, em todo caso, um sinal grave, traduzindo uma retração importante da libido. A ausência total de relações nos fará pensar em uma estrutura psicótica; a ausência parcial significará um mecanismo obsessivo.
Conflito intrapessoal tenso
Conflito entre o herói e ele mesmo. Os conflitos interpessoais evocados devem ser distinguidos do conflito que se desenrola no interior do herói, isto é, intrapessoal. Clinicamente estes conflitos são uma redução maciça dos conflitos interpessoais. Traduzem, em todo caso, uma estrutura psicótica fortemente narcisista e devem ser notados na medida em que substituem os conflitos interpessoais não evocados na história.
H - SOLUÇÃO DO CONFLITO EVOCADO (desfecho da história)
A adaptação de um sujeito à vida será avaliada facilmente, a partir da qualidade das soluções que ele dá aos conflitos evocados em suas histórias. é, em suma, o índice global de adaptação mais seguro que nos oferece o TAT.
Isto não quer dizer que uma solução negativa implique necessariamente numa inadaptação do sujeito a todos os domínios da vida. Mas a relação entre a solução encontrada e o modo de adaptação do sujeito é sempre existente. 
	a)
b)
	Relações interpessoais positivas podem conduzir a soluções positivas: teremos, então, um sujeito normalmente adaptado;
Relações interpessoais negativas podem conduzir a soluções positivas: teremos "sujeitos complexados", mas conseguem vencer as suas próprias dificuldades, graças, sem dúvida, a sistema de super compensação. 
	c)
d)
	Em nossa experiência com o TAT, temos tido ocasião de encontrar relações interpessoais positivas ligadas a soluções negativas. Ao se encontrar isto, o caso deverá ser estudado;
Relações interpessoais negativas podem conduzir a soluções negativas ou coexistir com elas. Isto assinala um grau importante de inadaptação do sujeito ao mesmo tempo em que uma homogeneidade de suas relações.
Estas ligações simples entre relações interpessoais e soluções dos conflitos não são mais freqüentes. Encontraremos mais freqüentemente, num mesmo protocolo, índices positivos e negativos, o que é uma imagem fiel da vida. É o exame aprofundado do protocolo inteiro que nos permite aproximar da personalidade complexa do sujeito: a tônica deve ser colocada na "estrutura dinâmica" (assim, as relações positivas e as soluções positivas, ambas tendo sido placadas, estão longe de traduzir um modo de adaptação perfeita. Testemunha somente a possibilidade do sujeito estabelecer e de "manter relações à distância", sem afetos e sem engajamento pessoal. 
Com um grau de adaptação decrescente nós podemos classificar as soluções positivas da seguinte maneira:
Solução adaptada
Toda história onde o personagem resolve a situação conflitual em seu proveito e de maneira socialmente integrada.
Compromisso viável
Toda tentativa no sentido de evitar a resolução do conflito aberto, encontrando-se uma solução intermediária aceitável
Dependente de ajuda exterior
Adaptação às situações dadas, graças às circunstâncias ou às personagens favoráveis do meio exterior.
Hipotética
Toda solução positiva do conflito sendo remetida para o futuro, sob condição. Exemplo: "Eles se casarão um dia, se tudo correr bem".
Placada ou moralização
Todo clichê otimista e gratuito em lugar de solução de conflito. É muito difícil catalogar essas soluções de maneira "objetiva". É evidente, sobretudo na clínica que intervém escalas de valores pessoais, morais e sociais, que podem variar segundo as diferentes tradições ou culturas. Mas a clínica terá a última palavra, sempre. Exemplo: (Trata-se de determinar se a solução seguinte, dada pelo narrador, é adaptada ou neurótica) "uma moça que queira deixar a mãe; esta tenta retê-la; a filha fica por ter pena da mãe". 
A despeito das tradições morais que consideram esta solução como desejável, ela será qualificada pelo examinador como neurótica, tendo em vista o conhecimento que hoje temos das conseqüências de uma tal solução de conflito.
Soluções múltiplas
Toda história comportando diversas soluções. As soluções múltiplas podem ser homogêneas quanto a sua qualidadeou heterogêneas. Quando são heterogêneas e, sobretudo, quando a última solução evocada é má, devemos concluir por uma adaptação defeituosa. Se ao contrário, a última solução for positiva isto significa que as defesas obsessivas são integradas apesar de tudo.
A multiplicidade de soluções, mesmo boas, testemunha o medo do sujeito em engajar-se e se encontra mais freqüentemente nas estruturas obsessivas.
Solução autopunitiva ou de fracasso
Toda história que termina desfavorável ao herói principal. Esta espécie de solução traduz necessariamente uma má adaptação. Mas traduz, além disso, uma conduta de fracasso propriamente dita, que trás, na clínica psicanalítica, o nome de "neurose de fracasso", estas respostas, muito infantis em geral, implicam numa imaturidade afetiva. 
Soluções por satisfação dos impulsos
Toda história na qual a solução é conseguida graças à satisfação de um desejo ou uma tendência, sem se levar em conta as exigências sociais e do Superego. O superego de um sujeito que dá tais soluções é impotente ante a força do Id. Se a esta configuração se junta uma má integração do Ego, ou se encontramos várias respostas deste gênero, estaremos tratando com estrutura psicótica. Mas se, ao contrário, a função de integração do Ego é relativamente boa, estaremos em presença de uma personalidade normal, com defesas psicóticas.
Solução discordante com relação ao tema
Todo final de história contradizendo a evolução do conflito. Isto é quase incoerência, logo, por definição, psicótico.
Ausência de solução
O conflito evocado permanece aberto. A significação desta ausência não pode ser explicada senão em função do contexto. Pode ser encontrada, tanto no protocolo de um neurótico, como de um psicótico, o sujeito normal que se omitiu à solução, da-la-á, em geral, sob demanda do examinador.
VI - As partes do relatório de avaliação psicológica e o TAT
1. Funcionamento cognitivo
A inteligência pode ser estimada a partir do vocabulário usado nas histórias.
A percepção da realidade pode ser avaliada verificando se o indivíduo percebe ou não as figuras de modo adequado e se as histórias são ou não realistas. O pensamento pode ser avaliado verificando se as histórias são organizadas ou não.
2. Afeto
Analisar as principais emoções atribuídas aos personagens e as situações que despertam essas emoções. A adequação dos afetos às situações deve ser analisada. 
3 Auto-imagem e auto-estima. 
As características dos heróis expressam a auto-imagem do indivíduo. Os heróis são competentes ou incompetentes para lidar com as situações? Como reagem ao cometerem erros? Como são vistos pelos outros personagens? 
4 Relacionamentos interpessoais. 
As histórias do TAT são uma importante fonte de dados sobre os relacionamentos interpessoais do sujeito. Além disso, considerar o modo de o sujeito se relacionar com o examinador durante a testagem. As atitudes frente a diferentes tipos de pessoas, tais como os pais, companheiros amorosos, amigos e colegas de trabalho devem ser descritas. Relações com a figura materna costumam ser expressas nas respostas às figuras 2, 5, 6BM e 7GF. Relações com a figura paterna costumam ser expressas nas respostas às figuras 6GF e 7 BM. Relações com pessoas da mesma idade, do mesmo sexo e do sexo oposto, costumam ser expressas nas respostas às figuras 9BM, 9GF, 4 e 13 MF.
�
Psicologia USP
Print ISSN 0103-6564
 	
Psicol. USP vol.11 n.1  São Paulo  2000
A DESVINCULAÇÃO DO TAT DO CONCEITO DE "PROJEÇÃO" E A AMPLIAÇÃO DE SEU USO
 
Vera Stela Telles1
Instituto de Psicologia – USP
 
 
Crítica à designação de "projetivo" referente aos fenômenos implicados no material do TAT. Procurou-se mostrar que tal designação levou historicamente o teste a ser amarrado às teorias psicanalíticas, sem que nada, nos fenômenos registrados, obrigasse a tal leitura. Ao contrário, a nosso ver, a maior parte da problemática de seu uso em pesquisa e da possibilidade de um consenso geral referente à sua interpretação, deve-se aos problemas inerentes à próprias teorias psicanalíticas. Sugerimos então sua desvinculação desse termo que o remete a um sistema teórico fechado que como tal, impede a verdadeira observação do material obtido pelo teste. Essa observação dos fenômenos permitiria a superação dos impasses e consequentemente a ampliação de seu uso, já que o consenso seria procurado no material, para além de qualquer postura teórica prévia do observador.
Descritores: Teste de Apercepção Temática. Projeção (Mecanismo de defesa). Teoria psicanalítica. Técnicas projetivas. Psicologia clínica. Cognição.
 
 
O problema dos assim chamados testes projetivos começa na própria definição de "projetivo." Esse conceito carrrega consigo o sentido subjacente de que o fenômeno, a ser pesquisado, de certo modo já é previamente "conhecido" - ele pertence e é circunscrito dentro de uma dimensão "projetiva" (qualquer que seja o sentido dado à palavra). Essa forma de nomear implica então em uma específica posição frente ao fenômeno. Aliás, é precisamente à imprecisão do termo projetivo que os autores atribuem os erros dos "métodos projetivos" (Cattell, 1951 & Rappaport, 1952, citados por Imbasciati & Ghilardi, 1994, p. 40). Também Shentoub (1990) na sua introdução afirma: "Os testes ditos projetivos, seriam melhor nomeados de provas de personalidade, desde que eles procedessem de mecanismos que ultrapassam o quadro da projeção, mesmo na concepção mais ampla do termo ..." (p. 1, grifos nossos).
A história do TAT (Teste de Apercepção Temática) poderia ser concebida como uma démarche das mais complicadas, tentando resolver um impasse que, pensamos ter muito mais a ver com essa designação intempestiva do que com problemas suscitados pelos fenômenos psicológicos implicados na tarefa. As mais diferentes formas de avaliação e teorização do teste tentam, no fim, explicar a "projeção" (e o "inconsciente"); suas fundamentações teóricas deixam muito a desejar2 - tanto em relação à captação do fenômeno quanto ao consenso sobre sua explicação e sua metodologia. O problema é de tal magnitude que alguns autores põem em dúvida se existe algo neste teste compatível com a função de instrumento diagnóstico (Anderson, & Anderson, 1967). Quanto à sua utilização em pesquisas, o impasse parece insolúvel.
Voltando às suas origens (1935), apesar de Henry Murray ter recorrido à teoria psicanalítica clássica para descrever a estrutura de personalidade do indivíduo achava "... que somente a psicanálise não seria suficiente para fornecer esquemas facilmente utilizáveis na ... praxis da psicologia; quis então integrá-la num sistema teórico que sublinhasse os problemas de adaptação e as influências ambientais" ((Imbasciati & Ghilardi, 1994, pp. 15-16). Tenta assim (segundo os autores) integrar a clínica e a psicologia experimental. Sua linha teórica é basicamente fundamentada nas necessidades do sujeito e nas pressões ambientais. Necessidades que incluem uma força determinada pelos processos internos e, mais freqüentemente, devidos às interferências ambientais "organizadoras de toda atividade do indivíduo em vista de uma modificação de uma situação tida como insatisfatória" (Imbasciati & Ghilard, 1994, pp. 15-16).
A idéia que fundamenta essa posição é a de adaptação e centraliza-se na problemática de harmonizar o interior do sujeito e o exterior, representado pelo seu ambiente. Para descrever as alterações perceptivas introduzidas pelo sujeito, Murray usa o termo psicológico de apercepção (Imbasciati & Ghilard, 1994, p. 34).3
Os trabalhos da Gestalt estabelecendo as leis da percepção também preocupam-se em dar sentido às distorções perceptivas; nestas distorções a Gestalt localiza "um processo dinâmico devido às leis da "pregnância" e do conceito de transponibilidade."
As imagens percebidas no TAT seriam então "antes de mais nada uma gestalt, formada desde a memória que fornece a imagem composta real das figuras concretas que lhes correspondem,e das imagens – estímulos fornecidos pelo teste segundo uma organização perceptiva ótima" (Ancona, s. d., grifos nossos). 
Essa configuração perceptiva não é um simples resultado de uma composição, mas a percepção é gestaltizada com os componentes afetivos que estão presentes no sujeito: 
Estes últimos são responsáveis ... por um processo de distorção de tipo gestáltico que procura a organização mais simples possível; no nível desta gestalt superior, a organização se exprime como a manutenção do equilíbrio psíquico obtido com a exclusão subjetiva da dificuldade da realidade; o que perturba é evitado enquanto não é percebido, e o que não é percebido não existe.4 (Ancona, s.d., grifos nossos)
O eu aprende depressa o modo mais econômico de manter constante a própria organização deformando assim as percepções exteriores ..." por isso Bellak tem razão em dizer que "a organização da personalidade constitui um sistema de controles e de balanceamentos, de modo a absorver cada novo estímulo com o mínimo de mudanças" e Ancona acrescenta: "A percepção do mundo exterior torna-se por isso mesmo necessariamente projetiva" (Ancona, s.d., p. 8, grifos nossos). 
Mais adiante o autor acrescenta:
... o modo mais correto de descrever essa situação é como fez Murray chamando apercepção. A apercepção é de fato uma distorção perceptiva porque através dela a nova experiência é assimilada e transformada segundo traços da experiência passada; e gera a projeção, segundo uma transferência de aprendizagem.5 (Ancona, s.d.) 
Mais ainda; este modo de ver as coisas permite considerar os fatos de percepção como aqueles descritos pela psicanálise como "mecanismo de defesa," somente substituindo a noção de pregnância pela de defesa" – Há aqui uma contradição flagrante: o autor está explicando a aprendizagem; parece-nos, então, absurdo falar em mecanismo de defesa; mais ainda, o termo projeção aqui descrito (e o único que poderia ser relativo à produção do TAT) refere-se ao conceito "normal" de projeção, não àquele advindo de mecanismos de defesa. Desse modo a apercepção mencionada nada tem a ver com a projeção como mecanismo de defesa. Faz-se então uma passagem indevida entre dois termos iguais mas de sentidos completamente diferentes (sempre dentro da própria psicanálise). Como se verá mais adiante, o único "projetivo"- (segundo autores de orientação psicanalítica) - pertinente à produção do sujeito no TAT seria aquele que precisamente nada tem a ver com mecanismo de defesa. Portanto nada, a não ser a coincidência do nome, justifica que se identifiquem as alterações perceptivas ou aperceptivas, com os mecanismos de defesa descritos pela psicanálise. Essa concepção é improcedente mesmo dentro da avaliação orientada psicanaliticamente.
Além disso, é absurdo fazer a substituição do termo pregnância por defesa. Cremos que absolutamente não se trata de uma mera substituição de conceitos - cada qual provém e explicita um contexto teórico completamente diferente. O problema, a nosso ver, é muito mais profundo; a substituição de pregnância por mecanismo de defesa, apercepção por projeção, implica uma drástica mudança do referencial teórico, onde essas palavras têm um sentido preciso, designando fenômenos diferentes, envolvendo, portanto, universos teóricos específicos, implicando conseqüentemente mudanças de perspectivas fundamentais em relação à pesquisa e sentido dos fenômenos.6 Na história do TAT essa substituição de palavras permitiu que se fizesse uma ponte apressada e, a nosso ver, de todo instável – entre a proposta primitiva de Murray e as teorias psicanalíticas. Cremos que essa passagem acabou por afastar definitivamente o teste da possibilidade das pesquisas de psicologia em geral e determinou as dificuldades nas quais os autores até hoje debatem-se para resolver o problema.
A partir da identificação inoportuna desses conceitos, os escritos sobre o TAT têm de preocupar-se em definir o sentido de projeção (além de outros) pertinente à natureza do que é observado na produção do sujeito. Assim, por exemplo, Shentoub (citado por Brelet, 1986) analisa e critica longamente um artigo de Laplanche e Pontalis, (1963) sobre o sentido de projeção em Freud, tentando encontrar qual deles poderia ser usado para explicar a produção no TAT. Contra a decisão dos autores de priorizar o termo que em Freud é explicitado como mecanismo de defesa (advindo da situação paranóide), ela cita Freud entendendo a projeção como um mecanismo "normal," que para ele explicaria a superstição, o anímismo e a mitologia (Brelet, 1986, pp. 71-72).
Além de Shentoub e Brelet secundando-a, temos já anteriormente Bellak em 1944, apontando esse sentido mais geral da palavra projeção em Freud: "um mecanismo perceptivo devido ao qual a percepção atual é recebida e estruturada em relação e dependência dos traços mnêmicos de todos os fatos até agora percebidos" (Imbasciati & Ghilardi, 1994, pp. 40-41). Franck (1939) descreve o fenômeno como o "... processo com o qual o sujeito organiza e estrutura a sua experiência vital e, especificamente, qualquer material não estruturado que perceba, projetando nele a sua experiência interior e a própria estrutura da sua personalidade ..." (grifos nossos). 
Nessa teoria já existe o conceito de projeção que será depois desen-volvido e elaborado por Bellak" (Imbasciati & Tirelli, s.d., pp. 9-10, 18). Descrito assim, o conceito de projeção ganha tal amplitude que deixou de ter sentido na descrição e ainda menos na explicação do processo. Para usá-lo em psicologia com esta acepção, teria que fundamentar as razões de sua escolha. Como explicação da aprendizagem, por exemplo, por que priorizar esse enfoque em detrimento das descobertas da própria Gestalt e, mais modernamente, frente a posições como as da Psicologia Genética de Piaget (que explica o mesmo fenômeno em termos de assimilação e acomodação)?
O conceito de projeção envolve, na verdade, referências "subter-râneas" muito mais profundas e complexas que não poderiam ser ignoradas na escolha de um tal termo. É só superficialmente que ele "explica" a percepção e a apercepção do indivíduo. Dentro do próprio assinalamento de Freud (Imbasciati & Guilardi, 1994, p. 49)7 sobre a projeção "normal" está implícita a estrutura geral do indivíduo: – antes de mais nada sua forma sensório-perceptiva de informar a realidade à qual ele compartilha com congêneres de sua espécie (e portanto a própria definição do que é estímulo está assim problematizada, Uexküll, s.d.); toda problemática do aprendizado (que é questionada inclusive com relação às teorias psicanalíticas atuais) (Imbasciati, 1990); todo estudo da memória e da própria percepção (estudos modernos sobre senso-percepção, por exemplo), enfim toda relação entre "consciente" e "inconsciente" está em jogo (atualmente preocupa-se mais com a possibilidade da consciência do que com o próprio "inconsciente") (Searle, 1998). 
Em poucas palavras, o conceito de projeção nessa ampla acepção, envolve, no limite, praticamente todos os problemas que a ciência psicológica tenta explicar. Ainda mais: fora do campo específico da psicologia, ela arrasta consigo toda problemática filosófica de teoria do conhecimento. Como vemos, ela é uma palavra no mínimo perigosa e pretensiosa no atual estágio da psicologia.
Uma vez estabelecida essa conexão com a psicanálise, a história do TAT será um verdadeiro roteiro de "correções" e "ajustes" que acompanha problemas e mudanças teóricas da psicanálise.8 Passa-se assim da explicação freudiana clássica para uma centrada na psicologia do ego; considera-se o teste de um ponto de vista de conteúdo depois passa-se a priorizar a forma, etc., até a escola francesa (centralizada nos estudos de Shentoub, de 1955 a 1971) (Shentoub, 1990, pp. 15-16). Esta resume o "drama," começando por considerações formais das histórias (modalidades do discurso, histórias banais, mecanismo de defesa etc.) seguindo-se uma focalização onde ao papel do eu e das funções conscientes e inconscientes no ato de organização