Buscar

Projeto Metodologia (Direito Penal)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

Introdução
O objetivo do presente projeto é apresentar a estrutura principiológica que rege esse ramo do Direito. A compreensão desses princípios é extremamente relevante para compreender a essência do Estatuto da Criança e do Adolescente.
O ECA ( Estatuto da Criança e do Adolescente), considerado a melhor norma protetiva para as crianças em âmbito internacional, precisa ainda ser bastante trabalhado internamente, principalmente em decorrência da mudança de visão de como deviam ser tratadas as crianças e como devem ser tratadas as crianças.
A Constituição Federal trouxe elementares alterações em nosso sistema jurídico, esclarecendo um novo dogma na proteção dos interesses da infanto- juventude. Adiantando-se à Convenção das Nações Unidas de 1989, a Constituição Federal, associou-se ao processo garantista da Doutrina da Proteção Integral à crianças e adolescentes, o qual elevou esta clientela à condição de sujeitos de direitos (ALVES, 2009).
Constata-se que a juventude está em discordância com a lei, e vivem com o descumprimento das normas referentes à medida socioeducativa e o ato infracional.
Nesse desatino, o sistema de responsabilização e as medidas socioeducativas tem sofrido diversas desaprovações, especialmente em razão da influência desempenhada através dos meios de comunicação, que diariamente noticiam o envolvimento de adolescentes em crimes de certa complexidade, propondo a infundada idéia de impunidade.
Seguindo da premissa da crença equivocada de impunidade dos jovens infratores que gira na sociedade, o projeto em destaque tem por objetivo demonstrar algumas considerações sobre as medidas socioeducativas e os atos infracionais listados no ECA, relacionados quanto ao objeto de responsabilização do adolescente em conflito com a lei, sem livrar a classificada Doutrina da Proteção Integral, enaltecida na Constituição Federal e em documentos internacionais, dos quais o Brasil é precursor.
Partindo desse preceito, o presente projeto se disponibilizará um breve demonstrativo de conteúdo em torno das crianças e adolescentes, e as medidas socioeducativas e os atos infracionais.
Em seguida, no segundo capitulo, será abordado a Doutrina da Proteção Integral, e os conceitos e naturezas jurídicas.
No terceiro capitulo, o direito da Criança e do Adolescente, no âmbito jurídico.
Já no quarto capitulo em diante, será tratado do foco principal do trabalho, que é a aplicabilidade das medidas socioeducativas e sua eficácia, o que elas trazem de problemas e de soluções para a sociedade, o que precisa ser modificada e o que precisa ser mantido ou aprimorado.
2. Doutrina da Proteção Integral
Quando se trata das crianças e dos adolescentes o nosso sistema jurídico pode ser analisado em duas fases distintas: a primeira que denominamos de situação irregular, no qual a criança e adolescente só eram percebidos quando estavam em situação irregular, ou seja, não estavam inseridos dentro de uma família, ou teriam atentado contra o ordenamento jurídico; já a segunda fase denominada de Doutrina da proteção integral, teve como marco definitivo a Constituição Federal de 1988, onde encontramos no art. 227, o entendimento da absoluta peioridade, vejamos:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Assim rompemos com a doutrina da situação irregular existente até então para abarcarmos a doutrina da proteção integral consubstanciada em nossa Carta Magna.
Em termos de estrutura jurídica trata-se de uma reviravolta no sistema menorista, uma inovação que até os dias de hoje não foi completamente implementada. Porém, em âmbito internacional não era uma novidade, ao contrário já estávamos atrasados várias décadas. A Declaração dos Direitos das Crianças foi publicada em 20 de novembro de 1959 pela ONU. E no cenário internacional, essa Declaração acabou originando a doutrina da Proteção Integral, que somente entrou em nosso ordenamento jurídico com o advento da Constituição Federal de 1988. 
Para poder consolidar as diretrizes da Carta Magna foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente em 13 de julho de 1990. Assim, temos um documento de direitos humanos com o que há de mais avançado em termos de direitos das crianças e dos adolescentes.
Apesar do ECA ter completado 21 anos de sua publicação, agora em julho de 2011, ele ainda precisa ser implementado e parte de sua configuração precisa ser analisado e conhecido pela sociedade como um todo. O conjunto de direitos previstos para as crianças e para os adolescentes são desconhecidos para a maioria da população brasileira, desrespeitando assim, esses direitos e esses valores.
Cumpre lembrar que, não basta uma visão normativa, por mais que esteja em conformidade com as aspirações mundiais, para alterar uma visão sócio-cultural. Esse é um processo lento – e muitas vezes até doloroso.
A saída da situação irregular para a doutrina da proteção integral ainda não foi assimilada pela nossa sociedade. A ideia de segregação ainda continua existindo e os lugares para onde são direcionados os adolescentes que cometeram atos infracionais não estão tão distante assim da FEBEM.
Os pais ainda se consideram “donos” de seus filhos, oriundo da ideia romana – e recebida pelo Código Civil de 1916 do pátrio poder – que se transformou em poder familiar e as pessoas ainda não perceberam essa diferença.
A necessidade de respeitar os direitos das crianças e dos adolescentes lembrando que eles são pessoas em desenvolvimento, sujeitos de direito, e que, portanto também tem um conjunto de direitos fundamentais. Se queremos que os nossos direitos fundamentais sejam respeitados, já que somos adultos, porque não respeitar também os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes ?
É necessário construir uma nova visão de nossas crianças e adolescentes, partindo do conjunto de normas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, regido pela Doutrina da Proteção Integral, e tendo como base os princípios da prioridade absoluta e do melhor interesse do menor.
O princípio da prioridade absoluta reflete em todo o sistema jurídico devendo cada ato administrativo ser pensado e analisado se está em consonância com o art. 227 da Constituição Federal, já que a criança, o adolescente e o jovem tem prioridade absoluta em seus cuidados.
Já o princípio do melhor interesse do menor pode ser traduzido com todas as condutas devem ser tomadas levando em consideração o que é melhor para o menor. Lembrando que, nem sempre o que é melhor para o menor, é o que ele deseja. E assim, a jurisprudência pátria tem-se manifestado nesse sentido, quando se trata em questão de adoção por exemplo, entre as possíveis pessoas a adotarem deve-se levar em consideração o que é melhor para o menor e não o que o adotante deseja. Revertendo assim, toda a estrutura jurídica até então existente.
Antônio Carlos Gomes da Costa defende que para que o Estatuto da Criança e do Adolescente seja efetivamente implantado faz-se necessário um “salto triplo”, ou seja, três pulos necessários para que seja efetivado esse microssistema:
Primeiro Salto: Necessidade de Alteração no Panorama Legal: Necessidade de que os Municípios e Estados se adéqüem à nova realidade normativa. Necessidade de implementação dos conselhos tutelares de forma efetiva, com meios para tal, bem como os fundos destinados à infância.
 Segundo Salto: Ordenamento e Reordenamento Institucional: Necessidade de colocar em prática a nova realidade apresentada pelo Estatuto da Criança e Adolescente. Conselhos dos direitos, conselhos tutelares, fundos, instituições que venham a executar as medidas sócio-educativase a articulação com as redes locais para a proteção integral.
Terceiro Salto: Melhoria nas formas de atenção direta: É necessário todo um processo de alteração da visão dos profissionais que trabalham de forma direta com as crianças e os adolescentes. É necessário alterar a maneira de ver, entender e agir. Os profissionais que tem lidado com as crianças e os adolescentes tem, historicamente, uma visão marcada pela prática assistencialista, corretiva e a maioria das vezes meramente repressora. É necessário mudar essa orientação.
Analisado esses três saltos percebe-se que o caminho a trilhar é longo e que precisamos buscar apoio em nossa sociedade para que ela compreenda o papel e a importância de nossas crianças e adolescentes.
3. Do Direito da Criança e do Adolescente
Como vimos até então o direito da criança e do adolescente sofreu uma transformação essencial com o advento da Constituição de 1988, e dessa forma buscando compreender a natureza jurídica nos socorremos da posição de Munir Cury que defende que:
“Pela natureza de suas normas, o Direito do Menor é ius cogens, onde o Estado surge para fazer valer a sua vontade, diante de sua função protecional e ordenadora.
Segundo a distinção romana ius dispositivum e ius cogens, o Direito do Menor está situado na esfera do Direito Público, em razão do interesse do Estado na proteção e reeducação dos futuros cidadãos que se encontram em situação irregular.”
Pertencendo ao ramo do direito público e ainda por se tratar de norma cogente não podem os particulares quererem alterar as normas do ECA a seu bel prazer.
4. Princípios que regem o ECA 
O princípio da dignidade humana perpassa por todo ordenamento jurídico, portanto também é amplamente utilizado no Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim, além desse princípio, contamos como princípios específicos do ECA:
O princípio da Prioridade Absoluta é um princípio constitucional previsto no artigo 227 da CF e também com previsão no artigo 4º. Da Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente.
Assim encontramos no artigo 227 da CF que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
No art. 4º da Lei 8.069/90 temos que é dever da família, comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Sabemos que o problema da criança e do adolescente, antes de estar centradas neles, encontra-se centrado na família. Assim, a família deve ser fortalecida. E com isso acontecendo os seus membros menores não serão privados da assistência que lhes é devida.
Para Daniel Hugo d´Antonio uma política integral sobre a menoridade deve necessariamente, harmonizar-se com a política familiar, já que a família constitui elemento básico formativo, onde se deve preparar a personalidade do menor.
Cumpre ressaltar que não basta apenas a prioridade faz-se necessário a efetivação desses direitos, conforme previsto no art. 4º do ECA. Assim, devem ser consideradas e implementadas as políticas públicas visando a prioridade da criança e do adolescente. A garantia da prioridade nos é respondida pelo parágrafo único do art. 4º do ECA, que nos diz que a garantia da prioridade abarca:
a) Primazia de receber prestação e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública.
c) Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; e
d) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
4.1 Como deve ser interpretado o ECA
Conforme o art. 6º do ECA, deve-se levar em conta os fins sociais a que essa lei se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
Vejamos a posição do Superior Tribunal de Justiça:
A respeito do tema, o eminente Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA , quando na relatoria do resp nº 124.621/SP, DJU de 28.06.1999, asseverou:
"(...) em se tratando de interesse de menores, é de convir-se pela relativização dos aspectos jurídicos, sobretudo em face da prevalência dos interesses do menor, como determina a legislação vigente (ECA, art. 6º; LICC, art. 5º) e já proclamava o art. 5º do Código de Menores de 1979. Neste sentido, o RMS n. 1.898-SP (DJ 17/04/95), de minha relatoria, com esta ementa, no que interessa:
'II - A legislação que dispõe sobre a proteção à criança e ao adolescente proclama enfaticamente a especial atenção que se deve dar aos seus direitos e interesses e à hermenêutica valorativa e teleológica na sua exegese”
5. Afinal, quem é Criança e quem é Adolescente 
Para o Estatuto da Criança e do Adolescente a delimitação de criança e adolescente ocorre em decorrência da idade, assim, temos o art. 2º que nos traz que:
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos dessa Lei, a pessoa até 12 (anos) de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 (doze) anos e 18 (dezoito) anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos de idade.
Assim, para fazermos a distinção entre criança e adolescente tomamos por parâmetro a psicologia evolutiva adotando o critério cronológico absoluto. Essa distinção é fundamental para a aplicação das medidas previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
6. Quem são os Agentes Responsáveis pela aplicação do Direito da Infância e Juventude
A resposta é simples: TODOS ! Seja família, natural, ampliada ou substituta, a comunidade onde está a criança ou adolescente encontra-se inserida, a sociedade de forma geral e o Poder Público em todas as suas esferas e em todos os seus âmbitos.
7. Ato Infracional
A conduta da criança e do adolescente, quando coberta de ilicitude, reflete obrigatoriamente no contexto social em que vive. E, a despeito de sua maior incidência nos dias atuais, tal fato não constitui ocorrência apenas deste século, mas é nesta quadra da história da Humanidade que o mesmo assume proporções alarmantes, principalmente nos grandes centros urbanos, não só pelas dificuldades de sobrevivência como, também, pela ausência do Estado nas áreas da educação, da saúde, da habitação e, ainda, da assistência social (AMARANTE, 2002, p. 324).
Por outra parte, a falta de uma política séria em termos de ocupação racional dos espaços geográficos, a ensejar migração desordenada, produtora de favelas periféricas nas capitais dos Estados, ou até mesmo nas médias cidades, está permitindo e vai permitir, mais ainda, pela precariedade de vida de seus habitantes, o aumento, também, da delinquência infanto-juvenil (AMARANTE, 2002, p. 324).
O Ato infracional é “ação condenável, de desrespeito às leis, à ordem pública, aos direitos dos cidadãos ou ao patrimônio, cometido por crianças ou adolescentes”. Somente haverá o ato infracional se a conduta for correspondente a uma hipótese prevista em lei que determine sanções ao seu autor (AQUINO, 2012).
O Estatuto da Criança e do Adolescente conceitua em seu art. 103 o ato infracional: “Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal”. Desta forma, considera-se ato infracional todo fato típico, descrito como crime ou contravenção penal (AQUINO, 2012).
Tal definição decorre do principio constitucional da legalidade. É preciso por tanto para a caracterização do ato infracional que este seja típico antijurídico e culpávelgarantindo ao adolescente por um lado, um sistema compatível com o seu grau de responsabilização e por outro a coerência com os requisitos normativos provenientes da seara criminal. Assim, João Batista Costa Saraiva esclarece: “Não pode o adolescente ser punido onde não o seria o adulto” (SARAIVA, 2002).
Ainda, João Batista Costa Saraiva explica:
O garantismo penal impregna a normativa relativa ao adolescente infrator como forma de proteção desta em face de ação do Estado. A ação do Estado autorizando-se a sancionar o adolescente e infligir-lhe uma medida socioeducativa fica condicionada a apuração dentro do devido processo legal que este agir típico se faz antijurídico e reprovável - daí culpável (SARAIVA, 2002, p.66).
O Estatuto ao definir o ato infracional, adotou um conteúdo certo e determinado, abandonando as expressões como ato antissocial, desvio de conduta e outros, de significado jurídico impreciso, afastando-se qualquer subjetivismo do intérprete quando da analise da ação ou omissão (PAULA, 2002).
Crianças e adolescentes podem praticar ações ilícitas ao preceito legal e são nomeados atos infracionais, desta forma, recebem tratamento distintos, como o disposto no art. 105 do ECA, estes somente obedecerão às medidas exclusivas previstas no art. 101 do mesmo diploma. Toda criança e adolescente recebem tratamento individualizado e especial, mesmo quando praticam condutas que sejam tipificadas no Código Penal (RAMIDOFF, 2008, 74).
Para RAMIDOFF:
A prática de ato infracional não se constitui numa conduta delituosa, precisamente por inexistir nas ações/omissões infracionais um dos elementos constitutivos e estruturantes do fato punível, isto é, a culpabilidade – a qual, por sua vez, não se encontra regularmente composta, precisamente por lhe faltar a imputabilidade, isto é, um elemento seu constitutivo e que representa a capacidade psíquica para regular a válida prática da conduta dita delituosa, enquanto decorrência mesmo da opção política do Constituinte de 1987/1988. Esta consignou a idade de maioridade penal em 18 (dezoito) anos, alinhando-se, assim, à diretriz internacional dos Direitos Humanos, como alternativa válida e legítima que reflete a soberania popular e a autodeterminação do povo brasileiro (RAMIDOFF, 2008, p. 75).
7.1 Natureza Jurídica do Ato Infracional
No ordenamento jurídico brasileiro, os crimes e as contravenções penais só podem ser atribuídas, para efeitos da respectiva pena, às pessoas imputáveis, que via de regra, são as com mais de 18 anos de idade. Se a conduta ilícita partir de uma criança e adolescente, não será crime ou contravenção e sim um ato infracional em fase da ausência de culpabilidade e consequente punibilidade (ENGEL, 2006).
Segundo o Desembargador Napoleão X. do Amarante:
Significa dizer que o fato atribuído à criança ou ao adolescente, embora enquadrável como crime ou contravenção, só pela circunstância de sua idade, não constitui crime ou contravenção, mas, na linguagem do legislador, simples ato infracional. O desajuste existe, mas, na acepção técnico-jurídica, a conduta do seu agente não configura uma ou outra daquelas modalidades de infração, por se tratar simplesmente de uma realidade diversa. Não se cuida de uma ficção, mas de uma entidade jurídica a encerrar a ideia de que também o tratamento a ser deferido ao seu agente é próprio e específico.
Assim, quando a ação ou omissão venha a ter o perfil de um daqueles ilícitos, atribuível, entretanto, à criança ou ao adolescente (v. art. 2°), são estes autores de ato infracional com conseqüências para a sociedade, igual ao crime e à contravenção, mas, mesmo assim, com contornos diversos, diante do aspecto da inimputabilidade e das medidas a lhes serem aplicadas, por não se assemelharem estas com as várias espécies de reprimendas (AMARANTE, 2002, p. 325).
No mesmo contexto Vater Kenji Ishilda:
Pela definição finalista, crime é o fato típico e antijurídico. A criança e o adolescente podem vir a cometer crime, mas não preenchem o requisito da culpabilidade, pressuposto da aplicação da pena. Isso porque a imputabilidade penal inicia-se somente aos 18 (dezoito) anos, ficando de medida socioeducativa por meio de incidência. Dessa forma, a conduta delituosa da criança e do adolescente é denominada de ato infracional, abrangendo tanto o crime como a contravenção (ISHILDA, 2001, p.160).
Para Paulo Lucio Nogueira: “O estatuto considera o ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. Assim não há diferença entre crime e ato infracional, pois ambos constituem condutas contrarias ao direito positivo, já que se situa na categoria ilícito penal” (NOGUEIRA, 1998, p. 149).
Assim, tem-se duas correntes, uma qual a conduta praticada pela criança ou adolescente esteja revestida dos elementos que caracterização crime ou contravenção, e outra que não vislumbra a diferença entre ato infracional crime e contravenção (ENGEL, 2006).
7.1.2 Ato infracional praticado pela Criança ou Adolescente
Com relação às crianças, pessoas de até doze anos de idade incompletos e, adolescentes de até dezoito anos de idade, que cometem infrações penais, o ECA excluiu da aplicação de medidas socioeducativas, e deu a aplicação de medidas de proteção, podendo elas serem aplicadas de forma isolada ou cumulativa.
O Estatuto da Criança e do Adolescente não especificou o procedimento na apuração do ato infracional, somente esclareceu que caberá ao Conselho Tutelar e não ao Juízo da Vara da Infância e Juventude a aplicação das medidas de proteção dispostas no art. 136, I do referido diploma.
8 Apuração do Ato infracional
Por serem as crianças e adolescentes dotados de condição especial de desenvolvimento, e as soluções dos problemas devem ser rápidas, pois a demora no atendimento pode produzir danos irreparáveis. Eles possuem ritmo de vida mais acelerado e a sensação de impunidade pode acarretar uma sequência de atos infracionais que resultarão em sua interação (UNIPLAC, 2010).
Assim, de acordo com art. 106 do Eca, o adolescente poderá ser apreendido em flagrante delito, no sentido que “nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente”.
Desta forma, no art. 107 do mesmo diploma que a apreensão do adolescente feita em flagrante deve ser imediatamente comunicada a autoridade judiciária competente, aos pais ou responsáveis ou quem ele indicar.
A autoridade policial deverá desde logo verificar a possibilidade da liberação do adolescente isto, sob pena de responsabilização. O adolescente assina um termo de compromisso onde os pais se comprometerão em apresentar o adolescente ao representante do Ministério Público em dia determinado.
Poderá também o Ministério Público de acordo com o art. 180 do ECA, a promoção do arquivamento dos autos, a concessão de remissão ou ainda a representação à autoridade judiciária para a aplicação das medidas socioeducativas.
De acordo com o Estatuto, quanto ao arquivamento dos autos, deve ser pedido fundamentado na inexistência do ato infracional, inexistência da prova de participação do adolescente no ato, deve estar presente a excludente de antijuridicidade ou culpabilidade e inexistência de prova suficiente para a condenação (ELIZEU, 2010).
O art. 184 do referido diploma, assim como o art. 41 do Código de Processo Penal, a representação é oferecida por petição, observando o princípio do contraditório e ampla defesa, assim que recebida pelo juiz, o processo será iniciado.
Assim, o juiz poderá solicitar a apresentação do adolescente, fazendo por citação, bem como de seus pais ou responsáveis para que compareçam em juízo acompanhado de advogado. Se caso o adolescente não for encontrado, o juiz expedira mandado de busca e apreensão e o processo ficará suspenso até que seja o adolescente apresentado.
Assim que o adolescente se apresentar em juízo, será marcada audiência, onde será feito o interrogatório. Após serão ouvidos os pais ou responsáveis quando apreciará a aplicaçãoda remissão. Caso não haja remissão o processo terá continuidade com a apresentação de defesa previa e rol de testemunhas, podendo o juiz determinar diligências, neste caso será designada nova audiência (ELIZEU, 2010).
Concluída a oitiva das testemunhas, é dada a palavra ao Ministério Púbico e em seguida ao defensor. Poderá os debates ser substituída por acusação e defesa escrita, desde que na forma de memoriais, nos preceitos legais. Logo após, será proferida a decisão do juiz, que poderá determinar a aplicação de uma das medidas socioeducativas, relacionados no art. 112 do ECA.
8.1 Das Medidas Socioeducativas
O Estatuto da Criança e do Adolescente elenca as medidas socioeducativas no artigo 112 e seguintes, como consequências da prática de ato infracional praticado por adolescente, são elas:
Art. 112. Verificada a pratica de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços a comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§1º. A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§2º. Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§3º. Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
É necessário distinguir medidas socioeducativas de medidas de proteção, para DUPRET:
Faz-se necessário distinguir as medidas protetivas das medidas socioeducativas. As medidas protetivas podem ser plicadas tanto a criança quanto ao adolescente que se encontre em situação de risco. Já as medidas socioeducativas se restringem a situação de risco prevista no artigo 98, III, quando é o adolescente que se coloca nessa condição em razão de sua própria conduta, pela prática de ato infracional (DUPRET, 2010. p. 171).
De forma diferente da criança, o adolescente infrator é sujeito a tratamento mais severo, sendo o rol de medidas expresso na legislação taxativo e sua limitação deriva do princípio da legalidade, sendo proibida a imposição de medidas diferentes das enunciadas na legislação (MAIOR NETO, 2006. p. 378).
Entretanto, o ECA, ao mencionar sobre o enfrentamento da delinquência infanto-juvenil, não se resume apenas nas medidas citadas. Ao ser empregada a doutrina do princípio da proteção integral, o legislador admitiu que a forma mais eficaz de prevenção da criminalidade está no objetivo de derrotar a situação de marginalidade experimentada pela maioria das crianças e adolescentes (MAIOR NETO, 2006. p. 378).
É sabido que a principal finalidade das medidas socioeducativas é buscar a reeducação e ressocialização do menor infrator, possuindo um elemento de punição, tendo como finalidade impedir futuras condutas ilícitas. Não se pode negar o caráter não punitivo, entretanto, as medidas possuem semelhança com as penas previstas no Código Penal, tendo um caráter penal especial, como forma de retribuição ou punição imposta ao menor infrator (DA SILVA, 2008. p. 23).
8.1.2. Das Espécies de Medidas Socioeducativas
No artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente estão elencadas as medidas de caráter socioeducativo aplicáveis aos adolescentes autores de atos infracionais.
É um rol taxativo, e não exemplificativo, sendo vedada a estipulação de medidas diferentes daquelas dispostas no referido artigo.
São previstas no artigo 112 do ECA as seguintes medidas:
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV- liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI- internação em estabelecimento educacional;
VII- qualquer uma das previstas no art.101, I a VI (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
A aplicação da medida socioeducativa tem como objetivo impedir a reincidência entre os menores infratores, e sua finalidade é pedagógico-educativa.
De mais a mais, as medidas, tem caráter impositivo, pois não é de cunho do infrator escolher ou acatar a medida determinada. Possui, ainda, finalidade sancionatória, uma vez que descumprida a regra de convivência por meio de ação ou omissão do menor, ele responderá por seus atos na proporção de sua atitude, sendo-lhe aplicada a medida cabível e necessária.
8.1.3 Eficácia e Aplicabilidade das Medidas Socioeducativas
Aos adolescentes infratores serão impostas medidas socioeducativas, que são designadas à formação do tratamento integral empreendido, com a finalidade de reestruturar o adolescente para alcançar a normalidade da integração social. (ALVES, 2006, p. 46)
São aplicadas medidas socioeducativas aos adolescentes quando estes estiverem envolvidos na prática do ato infracional, levando em conta sua capacidade de cumpri-la, as circunstancias e a gravidade da infração. (ALVES, 2006, p. 46)
Uma medida quando bem executada, seja em meio fechado ou aberto, pode produzir novos cenários aos adolescentes, inclusive para as famílias destes.
Segundo palavras de RAMIDORFFI:
Toda e qualquer medida legal que se estabeleça aos jovens, consoante mesmo restou determinado normativamente tanto pela Constituição da República de 1988, quanto pela Lei Federal 8.069, de 13.07.1990 e, também, sobremodo, material e fundamentalmente, pela Doutrina da Proteção Integral, deve favorecer a maturidade pessoal (educação), a afetividade (valores humanos) e a própria humanidade (Direitos Humanos: respeito e solidariedade) dessas pessoas que se encontram na condição peculiar de pessoa em desenvolvimento de suas personalidades (RAMIDORFFI, 2010, p. 101).
Tendo por fundamento a doutrina integral, verifica-se que para atingir a finalidade da medida socioeducativa, é importante destacar que se estabeleça uma proposta socioeducativa, contando com orientação pedagógica psicológica e profissional (MATOS, 2011, p. 37).
Tais medidas devem ser trabalhadas para o desenvolvimento dos menores infratores, visando orientá-los quanto aos seus direitos e deveres perante a sociedade. Ainda, buscando desenvolver a educação profissional para que possam pleitear oportunidades de emprego, assim ser reinseridos na sociedade de forma que possam sentir pertencentes a ela (MATOS, 2011, p. 37).
A aplicação das medidas socioeducativas impostas ao menor infrator conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, juntamente com os valores humanos, são temáticas e implicam quando não permitem certa recorrência necessária precisamente nas ocasiões em que se afloram preconceitos vinculados apenas na dimensão comportamental socialmente fixada (ELIZEU, 2010, p. 32).
Assim, faz-se necessário adotar certa instrumentalidade normativa se não novas categorias jurídicas, instituindo a própria natureza jurídica que se atribui à medida socioeducativa, para então, assegurar legalmente todas as oportunidades e facilidades ao desenvolvimento de capacidades, realizações pessoais, seja na área da infância ou juventude do desenvolvimento da própria personalidade (ELIZEU, 2010, p. 32).
As medidas socioeducativas previstas no ECA, possui caráter educativo pedagógico e por isso, considera-se afirmar que tal medida não constitui sansão. A medida é a estipulação de uma relação conceitual normativa, estimativa e limitada, para assemelhar aquelas situações que permitem a intervenção do Estado. Resultando a natureza jurídica educativa-pedagógica (ELIZEU, 2010, p. 33).
Para confirmar tal, veja o disposto no artigo 104 do referido diploma legal: “Art. 104. São plenamente inimputáveis os menores de 18 (dezoito) anos, sujeitos às medidas previstas nesta lei”, no mesmo sentido, exalta o art. 228 da Constituição da República de 1988.
Assim, toda e qualquer medida legal que estabelecidaaos jovens, restou determinado normativo tanto pela Constituição, quanto pela Lei Federal 8.069 de 1990, devendo priorizar a maturidade pessoal, afetividade e a própria humanidade, destes que se encontram na condição peculiar de desenvolvimento de suas personalidades (ELIZEU, 2010, p. 33).
De acordo com Mario Luiz RAMIDOFF:
A medida socioeducativa é uma mistura complexa e plurimensional que não se limita apenas na proposta material interventiva – intromissão e ingerência estatal – e externa, mas também, compõe-se de razões profundas, quais tal se origina e quais os valores fundamentais que traz em si. A medida socioeducativa, por si só, já se configura numa intervenção – ingerência – exterior sobre a pessoa do adolescente autor de um comportamento contrário à lei. A questão central é precisamente a da idéia de educação não apenas acerca do conteúdo ou valor que se pretenda oferecer “interiorizar” mas, sim, auxiliá-lo – o adolescente – nas tomadas de decisões talvez mais importantes de sua vida, quando não, auxiliando-o a realizar-se como pessoa humana, também, enquanto tarefa pessoal. Em decorrência disso, é importante dizer que a medida socioeducativa, não deixando de ser uma ação moram, por certo, não se limita também a ser uma mera sequência de atos desconexos, nem uma pura execução mecânico-material de determinados atos conexos, os quais são determinados por um comportamento idealizado legalmente e tomado da experiência paralela do mundo adulto como modelo. O exemplo mais eloquente é a famigerada proposta de uma “Lei de Diretrizes Socioeducativas”, através da qual pretende-se resolver a histórica crise do Direito, qual seja, a sua falta de efetividade. E mais uma vez, para isto, socorre-se da interposição legislativa, vale dizer, da criação de mais e mais textos legais que, para além de uma conformação interna e autoprodutiva do próprio Direito, também, relativiza todo um sistema conjugado de garantias, enfraquecendo, pois, os valores fundamentais, precisamente, pelo paralelismo legislativo, ou seja, pela difusão de regras e regulamentos (RAMIDOFF, 2008, p. 101-102).
Ainda se tem divergências quanto a natureza jurídica das medidas socioeducativas, pois alguns doutrinadores entendem que elas têm o caráter de reeducar, ressocializar e outros acreditam que ao estabelecer o art. 112 do Estatuto, medida privativa e restritiva de liberdade, impôs-se natureza sancionatória (CASSANDRE, 2008, p. 48).
As medidas estão postas no Estatuto e foram descritas de forma correta, pois a finalidade não é punir e sim ressocializar o adolescente para que este possa viver em sociedade. Na pratica, observa-se que tais medidas não possuem eficácia, uma vez que aplicados de forma incorreta, como prevê o ECA (CASSANDRE, 2008, p. 48).
Pode-se visualizar que as medidas impostas aos menores infratores estão distantes de atingir o objetivo para que foram criadas, já que no dia-a-dia observa-se que as crianças e adolescentes recebem essas medidas e logo cometem novamente o ato infracional, não se conscientizando o ato que praticou (CASSANDRE, 2008, p. 48).
Em nosso país existem programas sociais para reeducar e ressocializar o menor infrator, porém muitas vezes esses projetos se tornam ineficazes, pois família que nesta fase é de extrema importância, não participa dos trabalhos realizados pelos profissionais o que dificulta a inserção dos jovens infratores. Ainda, em alguns projetos como a Fundação Casa, onde os adolescentes na verdade ficam presos, tal maneira não permite a evolução e a capacidade de reinserção na sociedade, valendo ressaltar que na maioria dos casos esses adolescentes ao saírem voltam a cometer atos infracionais (CASSANDRE, 2008, p. 49).
É interessante ressaltar o papel da autoridade judiciária, que para que as medidas socioeducativas tenham efeito, é necessário que o Juiz a aplique de forma inteligente, sendo analisado cada caso concreto (CASSANDRE, 2008, p. 48).
A eficácia das medidas está diretamente ligada a um atendimento completo que promova além de escolarização, profissionalização, projetos que visem a reinserção do jovem infrator na sociedade ainda e atendimento médico especializado, uma mobilização de todo o Estado e sociedade no auxílio e monitoramento dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas.
As medidas de prestação de serviços e a liberdade assistida possibilitam uma melhora no comportamento do menor infrator, pois proporciona a ele oportunidades de ressocialização, pois estão em contato com a sociedade e ainda permite que o adolescente reflita sobre seus atos (MATOS, 2011, p. 45).
Com relação a medida de privação de liberdade, está é a maneira menos eficaz e mais cruel de aplicação das medidas socioeducativas, pois além de excluir o menor infrator do convívio familiar, também é retirado da sociedade, contando apenas com as regras da instituição e com outros infratores que talvez sejam delinquentes irrecuperáveis, pois muitas das vezes o adolescente que não é de alta periculosidade ou não cometeu infração usando de violência ou grave ameaça, passa a conviver com jovens que podem e vão ensinar sua maneira de agir, marginalizando todos os outros conviventes. Desta forma o regime que poderia ser positivo, acaba por influências os outros internos (MATOS, 2011, p. 47).
Percebe-se que a intenção do Estatuto da Criança e do Adolescente, é a de conferir às medidas socioeducativas um caráter pedagógico-protetivo, entretanto, aqui no Brasil, isto não vingou, pois não há estrutura para tal. Assim mesmo possuindo uma legislação voltada a proteção da classe infanto-juvenil, o país não consegue conferir-lhe a aplicabilidade. A falha não advém da normatização do sistema, mais sim do despreparo das instituições para execução das medidas socioeducativas (CASSANDRE, 2008, p. 49).
Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente não determinou a aplicação de sanções aos atos infracionais, mas sim, apresentou meios para que o menor infrator seja reinserido na sociedade. Porém, para que isso ocorra em sua eficácia plena, é necessário que o Estado seja utilizado corretamente, sendo observada a realidade adolescente infrator (CASSANDRE, 2008, p. 49).
9. Conclusão
O Estatuto da Criança e do Adolescente juntamente com Constituição Federal de 1988, em seu texto, visa que os direitos sejam resguardados e garantidos as crianças e adolescentes, mais também impõe deveres e estes também devem ser respeitados.
Por muitos anos, as crianças e adolescentes não tinha a devida proteção, seus direitos e garantias deixava a desejar justamente na fase de desenvolvimento, onde a criança necessita de mais atenção e cuidado. Com a promulgação do texto constitucional de 1988, deu-se mais ênfase à infância e juventude, dando a eles proteção integral, ou seja, que as crianças e adolescentes sejam sujeitos de direito, com garantias e prioridade absoluta.
A adolescência é uma fase de grandes transformações, na qual o indivíduo está se preparando para entrar no mundo adulto que lhe dará muitas responsabilidades. E é nesta fase que o apoio da família e da escola é de extrema importância, pois é onde se busca atividades que vão desenvolver o aprendizado profissional, e também serão estabelecidos os valores de uma sociedade. O Estado tem o dever de dar incentivo oferecendo uma educação de qualidade, profissionalização, acompanhamento médico e psicológico à estes jovens incluindo seus familiares, isso é feito pelo desenvolvimento das políticas públicas.
A criança/adolescente que comete um ato infracional está infringindo a lei, e para isso o Estatuto criou algumas regras para que este menor infrator responda pelo ato infracional. O ECA dá ao adolescente uma condição especial para que este possa buscar o desenvolvimento, reeducando o menor para que ele reflita as consequências do ato infracional que cometeu, tentando desta forma fazer com que ele não cometa mais nenhum ato infracional.
Assim que o adolescente comete o ato, será responsabilizado e estará sujeito a cumpri a medida socioeducativa para a reparaçãodo dano que cometeu. A aplicação desta medida oferece ao autor do ato a oportunidade de reparação e ainda o desenvolvimento pessoal e social. Está aplicação não visa pura e simplesmente em punir o infrator, mais orientá-lo sobre seus atos.
Embora o Estatuto estabeleça direitos e garantia a esses menores infratores, nem sempre há uma recuperação destes menores, aos quais possamos considerá-los ressocializados por completo, pois alguns ainda insistem em cometer novos atos infracionais.
O adolescente infrator possui várias peculiaridades sejam na falta de estrutura familiar e como na falta de oportunidades. Assim, essa perda da adolescência causa danos, pois ele deixa de vivenciar as experiências e aprendizados necessários a sua formação o que poderá levá-lo a cometer atos infracionais.
O que se percebe é que nos dias atuais tais medidas não cumprem o caráter ressocialização, mais apresentam um caráter punitivo pelo ato infracional, e desta forma, as medidas aplicadas aos menores infratores não atingem por completo sua eficácia.
Vale salientar que a culpa não é apenas o Estado da precariedade da infância e adolescência no nosso país, a família e a sociedade também deve se preocupar com esses adolescentes infratores, devendo acompanhar e orientar.
As medidas socioeducativas têm objetivo de ressocializar e reinserir o infrator no seio da sociedade e não deve ser confundida como sanção. Entretanto, as medidas privativas de liberdade, assemelha-se as sanções dadas pelo Direito Penal Brasileiro, pois com o descaso das entidades de internação desses menores infratores, não irão proporcionar o atendimento e a aprendizagem necessária para o desenvolvimento deste menor na sociedade.
Conclui-se que, as medidas socioeducativas aplicadas em regime aberto têm maior eficácia, pois atinge mais o objetivo proposto pelo ECA, promovendo ao menor infrator as oportunidades de aprender e desenvolver responsabilidades, permanecendo no ceio familiar e social, e desta forma dando o cumprimento da medida socioeducativa.
Para que haja uma mudança, é necessário que haja mais investimento na política social, dando aos adolescentes infratores mais oportunidades pra formarem um futuro melhor. É necessário ainda que as medidas socioeducativas sejam aplicadas de correta, usando seu caráter pedagógico, pois só assim, a criminalidade infantil será solucionada e a reinserção destes infratores será por completa.
10. Referências
ABREU, Antonio Carlos Croner de. A Redução da Maioridade Penal. Disponível em< http://dspace.idp.edu.br:> Acesso em 29 Mai 2014.
ALVES, Danielle Barboza. Uma Análise do Modelo de Responsabilização do Adolescente em Conflito com a lei. Disponível em: . Acesso em 26 de Mai 2014.
ALVES, Franciele Caroline. Eficácia das medidas socioeducativas segundo a doutrina brasileira. Itajaí, 2006
AQUINO, Leonardo Gomes de. Criança e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 99, abr 2012. Disponível em: . Acesso em 16 jun 2014.
ARAÚJO, Tatiane Aparecida Alves. A finalidade da medida socioeducativa de internação. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 106, nov 2012. Disponível em: . Acesso em 11 jun 2014.
CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do Estado. 4ª. Edição. Revista dos Tribunais, 2010.
CARDOSO. Jacqueline de Paula Silva. Da Ineficácia Da Internação Como Medida Sócio – Educativa. Disponível em: . Acesso em 30 Mai 2014.
CASSADRE, Andressa Cristina Chiroza. A Eficácia Das Medidas Socioeducativas Aplicadas Ao Adolescente Infrator. Disponível em: . Acesso em 16 jun 2014.
CAVALCANTE. Patrícia Marques. As Medidas Socioeducativas Impostas Ao Adolescente Infrator Segundo O Eca: Verso E Anverso. Disponível em: . Acesso em 29 Mai 2014.
DA SILVA, André Tombo Inácio. As medidas sócio-educativas aplicáveis aos adolescentes infratores. Gama-DF. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de 
DUPRET, Cristiane. Curso de direito da criança e do adolescente. Belo Horizonte: Ius, 2010
ELIZEU, Ludimyla Bretas. Aplicabilidade das medidas socioeducativas. Nova Venecia, 2010.
FONSECA, Mayara Yamada Dias. A Questão da Maioridade Penal. Disponível em . Acesso em 06 de Junho de 2014.
MATOS, Priscila Santini. Aplicabilidade e eficácia das medidas socioeducativas impostas ao adolescente infrator. Curitiba 2011.
SARAIVA, João Batista Costa. Adolescente em conflito com a lei: da indiferença à proteção integral: uma abordagem sobre a responsabilidade penal juvenil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
SILVA, De Plácido. 1999. Vocabulário jurídico. 15ª edição. Editora Forense: Rio de Janeiro
ZAINAGHI, Maria Cristina. Medidas preventivas e de proteção no Estatuto da criança e do adolescente. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, III, n. 9, maio 2002. Disponível em: . Acesso em jun 2014.
Faculdades Anhanguera
ADRIANA REGINA DOS SANTOS
ANA SILVA MACEDO FERREIRA
DANIELE DOS SANTOS ALVES
JOICELI MARIA VITORINO
ROUSIMEIRE OLIVEIRA SILVA
DIREITO PENAL JUVENIL
A DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL
O ATO INFRACIONAL E AS MEDIDAS
SANTO ANDRE
2018
ADRIANA REGINA DOS SANTOS
ANA SILVA MACEDO FERREIRA
DANIELE DOS SANTOS ALVES
JOICELI MARIA VITORINO
ROUSIMEIRE OLIVEIRA SILVA
DIREITO PENAL JUVENIL
A DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL
O ATO INFRACIONAL E AS MEDIDAS
Projeto apresentado ao Curso de Direito
-Disciplina Metodologia
Cientifica da Faculdade Anhanguera
Orientador: Professor Manoel Carlos da Silva
SANTO ANDRE
2018
SUMÁRIO
1. Introdução...............................................................................................................4
2. Doutrina da Proteção Integral..................................................................................6
3. Do direito da Criança e do Adolescente..............................................................8
4. Princípios que regem o ECA....................................................................................8
4.1 Como deve ser interpretado o ECA.......................................................................9
5. Quem é criança e quem é adolescente..................................................................10
6. Quem são os Agentes Responsáveis pela Aplicação do Direito da Infância e Juventude...................................................................................................................11
7. Ato Infracional.......................................................................................................11
7.1 Natureza Jurídica do Ato Infracional.....................................................................12
7.1.2. Ato Infracional praticado pela criança ou adolescente...............................13
8. Apuração do Ato Infracional................................................................................13
8.1 Das Medidas socioeducativas...............................................................................14
8.1.2 Das Espécies de medidas socioeducativas.......................................................16
8.1.3 Eficácia e aplicabilidade das medidas...............................................................16
9.Conclusão..............................................................................................................20
10. Referências.........................................................................................................21