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A Construção Social da Desigualdade Profa. Silvânia Sottani silvania.sottani@estacio.br A Construção Social da Desigualdade REVOLUÇÃO INDUSTRIAL • Introdução de máquinas – aumento da produção • Desemprego dos artesãos • Sociedade mais urbana • Agricultura Mecanizada • Início do capitalismo • Exploração do Trabalho • Trabalho = mercadoria • Surgimento de Duas classes – Burguesia X Proletariado Como conceituar o Capitalismo? O capitalismo transforma tudo em mercadoria Burguesia X Proletariado burguesia proletariado RELAÇÕES DE: Dependência (base para o topo) Exploração (topo para a base) A distribuição desigual dos meios de produção Expropriação dos Meios de Produção BURGUESIA X PROLETARIADO Aumento da Desigualdade Social Construção da Riqueza Geração da Pobreza Miami está entre as cinco metrópoles mais pobres dos EUA • Miami é hoje a quinta metrópole mais pobre dos Estados Unidos. A posição, nada honrosa, foi divulgada pelo Censo esta semana, e a pesquisa mostrou ainda que a cidade está entre as dez piores do país em termos de abismo social e econômico entre ricos e pobres, numa lista que tem ainda Nova York, Washington DC e Denver. Já o condado de Broward se saiu melhor nas estatísticas, já que o rendimento das famílias está acima da média nacional. A notícia foi mal-recebida pelas autoridades de Miami-Dade, já que em 2006 os rendimentos dos residentes aumentaram dez vezes mais rapidamente que a média do país. “Apesar desta boa notícia, o panorama geral ainda é alarmante”, admitiu Daniella Levine, diretora executiva do Human Services Coalition, do condado, acrescentando que o maior problema continua a ser a desigualdade social entre os moradores. De acordo com o Censo, 16% dos residentes de Miami-Dade vivem abaixo da linha de pobreza, enquanto que em Broward o percentual está na faixa de 11%. Fazem parte desta estatística as famílias (com quatro pessoas) que ganham menos de 20 mil dólares ou indivíduos com rendimentos inferiores a 9.800 dólares. Miami ocupa esta desconfortável posição há pelo menos dez anos, principalmente devido ao alto custo de vida e baixos salários. Outro dado preocupante para a região é o índice de desemprego: Miami-Dade possui 3,8% de adultos desempregados e Broward, 3,1%. “Internacionalização” da Pobreza A devastadora “modernidade” do novo Iphone5 • Toda vez que um novo iPhone está para ser lançado, produz-se um frisson mundial. No caso do novo Iphone 5S, não foi diferente. Pessoas acamparam por semanas em frente à loja da Apple em Nova York, esperando que suas portas se abrissem. Quando isso finalmente ocorreu, foram saudadas pelos funcionários como se tivessem acabado de conquistar uma medalha de ouro nas Olimpíadas. Mas por trás de toda a fanfarra de marketing, existe uma realidade que quase nunca é acompanhada pela mídia com tanta empolgação como as filas em frente das lojas. O jornalista britânico George Monbiot começou a revelá-la esta semana, em seu blog. Monbiot refere-se ao uso, pelos fabricantes de celulares, do estanho extraído da ilha de Bangka, na Indonésia. O metal é indispensável para a soldagem interna dos smartphones. Cerca de 30% da produção global concentra-se na Indonésia – mais precisamente, em Bangka. O problema são as condições de extração.O jornalista as descreve: “Uma orgia de mineração sem regras está reduzindo um sistema complexo de florestas tropicais e campos a uma paisagem pós-holocausto de areia e subsolo ácido. Dragas de estanho, nas águas costeiras, também estão varrendo os corais, os manguezais, os mariscos gigantes, a pesca e as praias usadas como ninhos pelas tartarugas”. A cobiça pelo estanho barato não poupa nem a natureza, nem o ser humano. Monbiot prossegue: “Crianças são empregadas, em condições chocantes. Em média, um mineiro morre, em acidente de trabalho, a cada semana. A água limpa está desaparecendo. A malária espalha-se e os mosquitos proliferam nas minas abandonadas. Pequenos agricultores são removidos de suas terras” Capitalismo Comunismo Neoliberalismo Social Democracia • Aprovado na França imposto de 75% sobre grandes fortunas • As grandes fortunas na França vão pagar imposto de 75% sobre rendimentos. • Os deputados franceses aprovaram nesta sexta-feira um imposto especial de 75% sobre os altos rendimentos, proposto por François Hollande durante sua campanha presidencial. O tributo vai ser aplicado durante dois anos para os rendimentos superiores a um milhão de euros por ano e por contribuinte. • A nova taxa deve atingir cerca de 1,5 mil pessoas, que pagarão uma média de 140 mil euros, o que deve gerar um total de 210 milhões de euros por ano. O ministro francês do Orçamento, Jérôme Cahuzac, assegura que trata-se de uma contribuição “legítima”, e não “confiscatória”. Segundo ele, cada francês deve contribuir de acordo com os seus meios. A respeito do tempo determinado de dois anos, Cahuzac diz que é o período de recuperação da economia. MATERIALISMO HISTÓRICO • A grande preocupação de Marx foi compreender a sociedade capitalista que tinha se tornado o modelo hegemônico de produção da riqueza humana após a Revolução Industrial. Ele percebeu que, no capitalismo, havia uma minoria que comandava a produção e a distribuição dos bens materiais e uma maioria a ela subordinada. Foi a partir dessa constatação que Marx buscou entender esse desequilíbrio, por meio de um método que privilegia as relações materiais que os homens, em diferentes períodos da História, estabeleceram entre si. MODO DE PRODUÇÃO • Não é a consciência que determina a vida material, mas a vida material que determina a consciência. • A partir do modo de produção é possível identificar as diferenças históricas e as relações sociais presentes em cada época determinada. • Na história, podemos distinguir pelo menos cinco grandes modos de produção: o primitivo, baseado na propriedade comum a todos os indivíduos (caçadores e coletores); o patriarcal, em que a produção da riqueza se dá com base na propriedade familiar, sob a autoridade do pai (patriarca); o escravista, no qual a riqueza é oriunda do direito de propriedade de um indivíduo sobre outro, que é obrigado a produzir recebendo apenas o necessário à sua subsistência; o feudal, cuja base econômica é a terra (feudo) que na qual o servo trabalha e se apropria de parte da produção para si e transfere a outra parte para o senhor feudal; e o capitalista, fundado na relação dialética entre quem detém o capital (o burguês) e quem sobrevive através da venda de sua força de trabalho em forma de salário (o proletário). De quem é a CULPA pela POBREZA? •PERPETUAÇÃO DA DESIGUALDADE •EMANCIPAÇÃO DOS MAIS POBRES Relação de Dependência RELAÇÕES ESTRUTURAIS • Para Marx, a estrutura de uma sociedade se forma a partir do conjunto de suas relações de produção e delas se derivam outros tipos de relações sociais, como as religiosas, as culturais, as jurídicas etc. • O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas de consciências sociais determinadas. O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual em geral. Relações entre infraestrutura e superestrutura • Para Marx, há uma relação de complementaridade entre a infraestrutura (a base material da sociedade) e a superestruturas (as demais esferas da vida social), determinada pelas contradições do modo de produção capitalista, que faz com que,em última instância, o contexto econômico acabe por influenciar de forma decisiva com operam os outros domínios do social. EXEMPLO • Para citar mais uma vez Nabuco, ele dizia no século XIX que escola e senzala eram polos que se repeliam. Hoje pode-se dizer que e escola e a desigualdade se repelem. São resultados de pesquisa: a escola melhora a percepção dos direitos, aumenta o senso crítico, incentiva a participação política, melhora a qualidade do voto. Não foi por acaso que chegamos ao século XXI com estatísticas ainda vergonhosas de analfabetismo, sobretudo de adultos. Educar o povo é perigoso. Basta educar a elite. Os colonizadores portugueses criaram esta regra, os colonizadores internos a consolidaram. (José Murilo de Carvalho, JB,10/03/2001) COLONIZADORES E SEU CAPITAL = INFRAESTRUTURA (base material) SISTEMA EDUCACIONAL = SUPERESTRUTURA Geração da Mais-Valia MAIS VALIA • Pode ser qualificada como a diferença entre o salário recebido por um funcionário e o valor do trabalho que produziu. • Vejamos o seguinte exemplo: em uma indústria têxtil, um trabalhador precisa apenas de 4 horas por dia para produzir bens no valor do seu salário mensal. Assim, partindo do princípio que a jornada diária de trabalho tem 8 horas, em um mês com 22 dias de trabalho, o trabalhador precisa apenas de 11 dias para produzir o valor equivalente ao seu salário. Apesar disso, ele não pode trabalhar apenas 11 dias por mês ou 4 horas por dia, e deve continuar produzindo. O lucro obtido com o seu trabalho nas restantes horas vai para o seu patrão e é designada como mais-valia. De acordo com Marx, este exemplo designa a mais-valia absoluta. • A mais-valia relativa remete para o aumento da produtividade através de processos tecnológicos avançados. Isso significa que novas máquinas melhoram o processo de produção, sendo que é possível produzir mais bens em menos tempo, aumentando o lucro. Desta forma, o salário do trabalhador fica pago em ainda menos dias. • As duas mais-valias conferem lucro aos empregadores através de formas diferentes: a mais-valia absoluta através da extensão das horas de trabalho (mantendo o mesmo salário), enquanto a mais- valia relativa reduz o valor da força de trabalho. Trabalhador = Força de Trabalho COMO ROMPER COM O PROCESSO DE EXPLORAÇÃO? LUTA DE CLASSES • A luta de classes, na perspectiva materialista da história, relaciona-se diretamente à mudança social, à superação dialética das contradições existentes. Daí a luta de classes ser considerada o Motor da História, a responsável pelas transformações sociais. CONSCIÊNCIA DE CLASSE • Contudo, para que os explorados possam empreender a luta de classes, é preciso que tenham o que Marx chamava de consciência de classe, ou seja, que se percebam como partes (indivíduo) de um todo (classe). Dessa forma, a consciência de classe possibilita a união dos grupos mais explorados na sociedade em diferentes instituições (partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais) buscando a transformação do quadro de exploração, que é, a seu ver, estrutural no sistema capitalista. Dificuldades para Consciência de Classe • IDEOLOGIA “o conjunto de proposições existentes com a finalidade de fazer aparentar os interesses da classe dominante com o interesse coletivo, construindo uma hegemonia daquela classe, tornando-se uma verdade absoluta e natural.” • Dessa forma, a manutenção da ordem social requer dessa maneira menor uso da violência. A IDEOLOGIA torna-se um dos instrumentos da reprodução da ordem vigente da própria sociedade, à medida que nos faz perceber apenas parcialmente - e de forma mascarada - a totalidade das relações sociais. CRIMINALIZAÇÃO DOS MANIFESTANTES EXEMPLO: • “O vencedor ou poderoso é transformado em único sujeito da história não só porque impediu que houvesse a história dos vencidos (ao serem derrotados, os vencidos perderam o “direito” à história), mas simplesmente porque sua ação histórica consiste em eliminar fisicamente os vencidos ou, então, se precisa do trabalho deles, elimina sua memória, fazendo com que se lembrem apenas dos feitos dos vencedores. Não é, assim, por exemplo, que os estudantes negros ficam sabendo que a Abolição foi um feito da Princesa Isabel? As lutas dos escravos estão sem registro e tudo que delas sabemos está registrado pelos senhores brancos. Não há direito à memória para o negro. Nem para o índio. Nem para os camponeses. Nem para os operários”. PRÁXIS x ALIENAÇÃO • É um conceito central no pensamento de Marx. A Práxis não se confunde com a prática. A Práxis é a união da interpretação da realidade (teoria - conhecimento científico) à prática (realização efetiva, atividade), em outras palavras, é a ação consciente do sujeito na transformação de si mesmo e do mundo que o cerca. É por meio da práxis que se dá o combate à ALIENAÇÃO, permitindo não apenas interpretar o mundo, mas transformá- lo. Como mostrado na famosa canção de Geraldo Vandré ? “quem sabe faz a hora, não espera acontecer?.” Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo?. (Karl Marx) E O ESTADO? • O Estado é a forma na qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual se resume toda a sociedade civil de uma época, segue-se que todas as instituições comuns são mediadas pelo Estado e adquirem através dele uma forma política. Daí a ilusão de que a lei se baseia na vontade e, mais ainda, na vontade destacada de sua base real - na vontade livre. COLETIVO ILUSÓRIO ESTADO – COLETIVO ILUSÓRIO Marx afirmava que o aparelho jurídico do Estado, nesse tipo de sociedade, tem como objetivos: (i) organizar e justificar a dominação da burguesia sobre o proletariado; (ii) favorecer os negócios da classe dominante. Segundo ele, “o direito privado desenvolve-se simultaneamente com a propriedade privada, a partir da desintegração da comunidade natural (...)” ESTADO – COLETIVO ILUSÓRIO • Nesse sentido, podemos pensar que, na perspectiva marxista, a democracia representativa seria uma espécie de engodo, visto que a participação popular é reduzida e os processos eleitorais acabam por designar como “representantes do povo”, em sua maioria, políticos comprometidos com o poder econômico. AJUSTE FISCAL MARCAS ATUAIS DA DESIGUALDADE • Lei da Terceirização • Trabalho Escravo • Navios de Imigrantes A desigualdade está diminuindo? Segundo sobreviventes, cerca de cem pessoas morreram em brigas por comida Imigrantes resgatados de um barco que ficou à deriva por semanas no Sudeste Asiático disseram que cerca de cem pessoas morreram em brigas por comida a bordo. Segundo eles, alguns foram apunhalados, outros enforcados, golpeados até a morte com tábuas de madeira ou lançados ao mar. Milhares de imigrantes de Bangladesh e Mianmar estão à deriva após serem impedidos de desembarcar na Indonésia, Malásia e Tailândia - após ações de autoridades marítimas destes países, que estariam, segundo ONGs, promovendo um "ping-pong humano" nas águas do Índico. A agência de migrações da ONU estima que 8.000 pessoas estejam a deriva no mar do sudeste asiático. Imigrantes em barcos à deriva relatam mortes em briga por comida Salvo conduto para o trabalho escravo por Marcelo Pellegrini — publicado 25/04/2015 02h14 Sem alarde, comissão da Câmara atende à bancada ruralista e abranda a definição de trabalho escravo • Uma semana antes da aprovação do Projeto de Lei 4330/04, que autoriza as terceirizações em toda a cadeiaprodutiva de uma empresa, a ala conservadora da Câmara já dava sinais de que o aprofundamento da precarização dos direitos trabalhistas se concretizaria. Sem estardalhaço, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Casa aprovou, em 15 de abril, uma alteração no Código Penal que dificulta a caracterização do trabalho escravo e a fiscalização deste tipo de crime. A alteração vinha sendo articulada com força desde julho de 2014, após a aprovação da chamada PEC do Trabalho Escravo. O texto, uma dívida histórica do Congresso, destina propriedades onde for encontrado trabalho escravo à reforma agrária ou a programas habitacionais, sem pagar indenização, o que incomodou a bancada ruralista e aliados. Sem ter como mudar a PEC, esses setores colocaram um mecanismo na PEC, como mostrou CartaCapital no ano passado, determinando que uma nova definição de trabalho escravo seria necessária. • Com a mudança, ficam excluídos da definição de trabalho escravo os termos “jornada exaustiva” e “condições degradantes de trabalho”. Quando o trabalho é análogo à escravidão? Segundo o Código Penal Brasileiro, o trabalho análogo ao escravo é caracterizado pelos seguintes elementos, que podem ser comprovados juntos ou isoladamente: • Condições degradantes de trabalho, que coloquem em risco a saúde e a vida do trabalhador; • Jornada exaustiva, em que o trabalhador é submetido a esforço excessivo ou sobrecarga de trabalho; • Trabalho forçado, situação em que a pessoa é mantida no serviço através de fraudes, isolamento geográfico ou ameaça e violência; • Servidão por dívida, situação em que a pessoa é forçada a contrair ilegalmente uma dívida que o obriga a trabalhar para pagá-la.
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