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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE RECIFE - PE MARIA, nacionalidade, viúva, profissão, portadora da cédula de identidade nºXXX, expedida pelo XXX, inscrita no CPF/MF sob nº XXX, usuária do endereço eletrônico XXX, residente e domiciliada na rua Bérgamo, Nº 123, apt. 205 – Araçatuba - SP, vem, respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado XXX, OAB XXX que subscreve, com escritório na Rua XXX, XXX, XXX - para fins do artigo 77, V do Código de Processo Civil, vem a este juízo, propor: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS Pelo Rito Ordinário, em face de ROBERTO, nacionalidade, estado civil, comerciante, portador da identidade nº XX, inscrito no CPF XX, usuário do endereço eletrônico XX, residente e domiciliado na Rua XX, bairro XX, - Cidade XX – Estado XX, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA A autora não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, junta-se declaração de hipossuficiência (Doc. X). Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC), artigo 98 e seguintes. II - DA AUDIENCIA DE MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO A autora manifesta interesse favorável a realização da audiência de mediação e conciliação. III - DOS FATOS Ocorre que o até então marido da autora, Marcos, caminhava pela rua XX, em Recife – PE quando foi atingido por um aparelho de ar-condicionado manejado, de forma imprudente, pelo réu. Destaca-se que Marcos foi encaminhado a um hospital particular, porém este faleceu no dia seguinte. A autora, profundamente abalada pela perda trágica de seu esposo, deslocou-se até Recife – PE, e transportou o corpo para Araçatuba – SP, local do sepultamento. Salienta-se que Marcos era responsável pelo sustento próprio e de sua esposa e percebia mensalmente renda média de um salário mínimo como pedreiro. Insta observar que os gastos hospitalares somaram R$ 3.000,00 (três mil reais), e os gastos com transporte e funeral perfazem R$ 3.000,00 (três mil reais), conforme comprovantes anexos. Cumpre informar que, no inquérito policial, após o laudo da perícia técnica apontar como causa da morte o traumatismo craniano decorrente da queda do aparelho de ar-condicionado, o réu foi indiciado, sendo posteriormente denunciado e condenado em primeira instância como autor de homicídio culposo. IV - DO DIREITO Segundo dispõe o art. 938 do código Civil, a responsabilidade pelo dano proveniente das coisas que caírem de prédio ou forem lançadas em lugar indevido é objetiva, ou seja, independe da demonstração de conduta culposa ou dolosa. Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. O caso em tela se subsume perfeitamente no dispositivo citado, vez que o réu manejava um ar condicionado do prédio onde exerce suas atividades profissionais, ar condicionado este que, como se viu, caiu e atingiu de modo fatal o ente querido da autora. Os requisitos para a configuração da responsabilidade civil – conduta, dano e nexo de causalidade – estão, dessa forma, configurados, não sendo o caso de se discutir se houve dolo ou culpa por parte do réu. De qualquer forma, e considerando o princípio da eventualidade, o autor também responderia caso fosse necessário enquadrar o caso presente na responsabilidade subjetiva. Com efeito, o art. 927 do Código Civil é claro no sentido de: Art. 927 - aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. A jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do RJ também é pacífica ao determinar: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL. QUEDA DE APARELHO DE AR CONDIDIONADO. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA PROPRIETÁRIA EM RAZÃO DE SUA NEGLIGÊNCIA NA CONSERVAÇÃO. DAMNUM IN RE IPSA. VALOR INDENIZATÓRIO QUE, ALÉM DOS ASPECTOS REPARATÓRIOS, TRAZ EM SEU BOJO O SENTIDO PEDAGÓGICO, A TENTATIVA DA PRÁTICA. PROVIMENTO AO RECURSO PRINCIPAL, IMPROVENDO-SE O RECURSO ADESIVO. I. Nos termos do art. 938 do Código Civil, aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido, consagrando, assim, a responsabilidade objetiva do proprietário; II – Induvidosa a responsabilidade do ocupante de sala pela queda de aparelho de ar condicionado que lhe provoca ferimentos os quais, ainda que leves, autorizam a condenação pelo dano moral. III. O simples fato de o Autor ter que se submeter a atendimento médico-hospitalar em hospital público já é um fator de desestabilização emocional, dadas as precárias condições dos estabelecimentos que sobrevivem, ainda, graças a abnegação dos discípulos de Hipócrates que realizam verdadeiros milagres em que pese a indignidade de seus salários e as péssimas condições de trabalho; IV. A composição do dano moral realiza-se através desse conceito – compensação – que, além de diversos ressarcimentos, baseia-se naquilo que Ripert chamava substituição do prazer, que desaparece, por um novo. Por outro lado, não se pode ignorar a necessidade de se impor uma pena ao causador do dano moral, para não passar impune a infração e, assim, estimular novas agressões. A indenização funcionará também como uma espécie de pena privada em benefício da vítima; V. Provimento ao recurso principal, negando-se provimento ao recurso adesivo. Os fatos narrados na petição inicial enquadram-se também na hipótese de incidência prevista no dispositivo citado, pelos seguintes motivos: a) o requerido, de maneira imprudente, deixou cair um aparelho de ar-condicionado na rua; b) a queda do aparelho causou a morte de Marcos, conforme restou comprovado pelas conclusões do laudo da perícia técnica; c) a morte de Marcos em razão da conduta imprudente do requerido causou danos de ordem material e moral na autora. Por outro lado, não ocorre no caso presente qualquer das causas excludentes da responsabilidade, eis que restou clara a conduta imprudente do réu, fato que restou reforçado pelo seu indiciamento no crime de homicídio culposo. Demonstrada a culpa, o nexo causal e os danos, que são presumidos em casos como esses, de rigor, agora, tratar das verbas indenizatórias devidas a autora. • Das verbas indenizatórias devidas: O art. 948 do Código Civil tem o seguinte teor: “Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração possível da vida da vítima.” Por outro lado, a Constituição Federal, em seu art. 5º., V e X, e o Código Civil, em seus arts. 186 (ato ilícito) e 944 (“a indenização mede-se pela extensão do dano”) impõe que os danos morais também devem ser indenizados. Considerando que houve despesas comprovadas de funeral, que os autores dependiam economicamente do falecido e que o dano moral é conseqüência natural e imediata do falecimento do marido e do pai dos autores, independendo de comprovação, segundo a jurisprudência, a autora faz jus às seguintes verbas indenizatórias: a) danos materiais, consistentes no ressarcimento das despesas de hospital, funeral e na fixação de pensão a autora; b) danos morais, devido a autora; • Da pensão A pensão devida à esposa, deve ser paga até que esta perfaça 70 anos, tendo em vista o aumentoda expectativa de vida do brasileiro, que hoje é, em média, de 71,9 anos. Confira: “Possibilidade de determinar como termo final do pagamento da pensão, a data em que a vítima completaria 70 (setenta) anos de idade, em função do caso concreto. Precedentes: REsp 164.824/RS e REsp 705.859/SP” (REsp 859.225/RN, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 13.03.2007, DJ 09.04.2007, p. 242). Já quanto ao quantum devido, as decisões do STJ vêm fixando a pensão em 2/3 da remuneração que recebia o de cujus. Confira: “Responsabilidade civil do Estado. Acidente de trânsito com vítima fatal. Adequada a fixação do valor da pensão em 2/3 (dois terços) dos rendimentos da vítima, deduzindo que o restante seria gasto com seu sustento próprio” (STJ, REsp 603.984/MT, rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 16/11/2004). Por fim, é importante ressaltar que tanto a correção monetária como os juros moratórios das parcelas devidas a título de indenização por danos materiais devem incidir desde a data do evento danoso (STJ, REsp 705.859/SP, rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ de 21/03/2005). Como o art. 406 do Código Civil determina a aplicação da taxa Selic e esta abarca juros e correção monetária, estes incidirão com a simples aplicação da taxa referencial (STJ, REsp 897.043/RN, rel. Min. Eliana Calmon, 2ª T., j. 03-05-2007,p.392). • Dos danos morais O STJ vem entendendo que não se pode mais fixar o valor do dano moral tomando como critério o salário mínimo. Deve-se fixar esta verba certo, valor esse que, em caso de homicídio, vem sendo fixado na quantia de R$ 190.000,00 (cento e noventa mil reais). Confira o seguinte caso: “CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE TRÂNSITO COM VÍTIMA FATAL, ESPOSO E PAI DOS AUTORES. DANO MORAL. FIXAÇÃO. MAJORAÇÃO. Dano moral aumentado, para amoldar-se aos parâmetros usualmente adotados pela Turma. R$ 190 mil para esposa e filhas” (STJ, REsp 625.161/RJ, rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ 17/12/07). Em matéria de dano moral, a correção monetária é devida desde a data da fixação de seu valor, ou seja, desde da decisão judicial que fixa a indenização por dano moral. Já os juros moratórios são calculados tendo-se em conta a data do evento danoso (Súmula 54 do STJ: “os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual”). III – DO PEDIDO Ante o exposto, é o presente para presente para requerer a Vossa Excelência o quanto segue: 1 – A citação do réu, no endereço declinado no pórtico desta inicial, para, querendo, contestar a presente ação no prazo legal, sob as penas da lei processual civil. 2 – A procedência da ação para condenar o réu no pagamento da quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais) relativa às despesas hospitalares, corrigido e atualizado; 3 – A condenação do réu em R$ 3.000,00 (três mil reais), relativa às despesas com funeral, corrigido e atualizado; 4 - de pensão mensal de R$ XX (valor por extenso), devida a autora desde o evento danoso, 5 – a condenação a indenização por dano moral no valor de R$ 190.000,00 (cento e noventa mil), para a autora; 6 - Honorários advocatícios de 20%, incidentes sobre o somatório de todas as prestações vencidas, além das demais verbas já definidas (dano moral, pensão, juros etc.). O protesto pela produção de prova documental e pericial, e de todos os meios probatórios em direito admitidos, ainda que não especificados no CPC, desde que moralmente legítimos (CPC, art. 369). Dá-se à causa o valor de R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais). Nestes termos, pede deferimento Local / Data Advogado OAB
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