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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARAÇATUBA/SP MARIA, brasileira, viúva, maior, capaz, desempregada, portadora da Carteira de Identidade/ RG nº... SSP/SP, do CPF nº ..., residente e domiciliada no endereço ... ,Araçatuba/SP, CEP: ..., vem, por meio de seu Advogado infra-assinado (Procuração anexa), respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS C/C PEDIDO DE PENSÃO em desfavor de ROBERTO, brasileiro, solteiro, empresário e proprietário de uma padaria, residente no endereço..., , s/n, centro, no município de Recife/PE, CEP: …, pelos fatos e fundamentos que passa a expor: I – CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA Inicialmente, a autora requer a concessão dos benefícios da justiça gratuita, afirmando que não têm condições de efetuar o pagamento das custas e emolumentos judiciais sem prejuízo do próprio sustento e do de sua família, nos termos do art. 98 e seguintes do CPC, e art. 5º, LXXIV da CF/88, assumindo a responsabilidade pessoal pela veracidade das afirmações. O estado de pobreza é presumido pelas seguintes circunstâncias: são autônomos sem qualquer formalização, desenvolvendo o comércio de roupas em feiras livres, recebendo mensalmente o equivalente a menos de um salário-mínimo nacional vigente, o que só garante aos mesmos uma subsistência em condições mínimas. Além disso, são isentos do pagamento do IRPF e não são segurados da Previdência Social. II – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO Nos termos do artigo 319, VII, do CPC, a autora registra que “não se opõe à designação de audiência de conciliação”. III – DOS FATOS Certo dia, Marcos estava caminhando tranquilamente por uma rua da cidade de Recife/PE, quando de repente foi atingido por um ar-condicionado que estava sendo carregado para um dos andares do prédio por Roberto, que por conta da sua imprudência acabou derrubando o aparelho, que vitimizou Marcos. Deste acidente, Marcos foi socorrido por pessoas que ali se encontravam e direcionado imediatamente para o hospital, onde ficou internado por um dia, mas infelizmente não resistiu e veio a óbito. A vítima do acidente se dirigia a uma obra, local esse em que o mesmo trabalhava como pedreiro, quando foi surpreendido pelo aparelho que caiu de cima do prédio pela imprudência da parte acima qualificada. A autora, esposa da vítima, ficou profundamente abalada com a perca trágica do seu esposo, já que ela o amava muito, mesmo sem condições financeiras, a Requerente pediu ajuda aos seus familiares para ir até onde a vítima estava localizada e o levar seu sepultamento ser na cidade onde sempre viveram, Araçatuba/SP. Os custos hospitalares, cujo valor foi de R$ 3.000,00 (três mil reais), foram arcados pela autora, assim como os custos do transporte e funeral do corpo do seu falecido marido foi de R$ 3.000,00 (três mil reais), resta claro que o Requerido se eximiu de suas responsabilidades e não prestou nenhuma assistência, tanto para a vítima, quanto para sua esposa. Vale ressaltar que era o falecido Marcos que era responsável pelo seu sustento e de sua esposa, sendo assim, a Autora encontra-se em sério estado de necessidades, dependendo diretamente dos seus familiares para arcar com suas despesas e até mesmo se alimentar, portanto, se faz necessário uma pensão (auxílio) para a mesma viver com dignidade. Após a inquisição do inquérito policial, tendo em vista o laudo pericial técnico, ficou evidente que Marcos foi vítima de um homicídio culposo, onde o Réu, consequentemente foi indiciado por tal crime. Antes o exposto, inconformada e abalada emocionalmente, a Autora não encontrou outra solução senão ingressar com a presente ação, querendo assim, aliviar as dificuldades, sequelas e sofrimento da família, em especial da mesma, tendo em vista a vítima ser seu esposo. IV – DO DANO MORAL Como é sabido, o instituto jurídico do dano moral ou extrapatrimonial possui três funções básicas: compensar alguém em razão de lesão cometida por outrem à sua esfera personalíssima, punir o agente causador do dano, e, por último, prevenir nova prática do mesmo tipo de evento danoso. Tais finalidades são dirigidas à pessoa que sofreu o dano bem como ao responsável pela ocorrência do dano. In casu, os danos morais significam, portanto, a imposição de pena pecuniária como forma de reprimenda pelo ilícito praticado, bem como caráter compensatório para a Requerente, com base no dano causado pela morte do seu esposo decorrente do ato ilícito prático pela parte Requerida. Para a doutrina, existem inúmeras definições do dano moral. Rodolfo Pamplona o conceitua como “lesão de direito cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, P.55). Enfatizando: Apelação. Responsabilidade Civil. Acidente de trânsito. Ação de reparação por danos materiais e morais. Sentença de procedência. Acidente envolvendo motocicleta e veículo. Morte da filha da autora. Ação anterior proposta pela autora, visando danos materiais referentes a motocicleta, em que foi reconhecida a culpa do réu pelo acidente, transitada em julgado. Lide que se refere ao mesmo acidente que não poderia ter solução diversa. Superveniente condenação do réu em ação criminal por homicídio culposo na direção de veículo automotor em relação ao mesmo acidente e vítima fatal. Culpa do réu confirmada em acórdão penal, que apenas substituiu as penas por restritivas de direitos. Morte de ente querido, filha da autora. Danos morais in re ipsa. Quantum fixado em valor módico, mas em congruência com o pedido inicial. Correção monetária desde o arbitramento (Súmula 362 do STJ) e juros moratórios desde o evento danoso (Súmula 54 do STJ). Pensão mensal. Família de baixa renda. Presunção de dependência econômica dos pais em relação aos filhos. Valor e tempo de duração que não atinge 2/3 do último salário da vítima, mas em congruência com o pedido inicial. Valor que deve ser convertido em percentual do salário-mínimo (Súmula 490 do STF). Parcelas vencidas: a ser paga em parcela única com correção monetária desde a data de cada pagamento mensal (Súmula 43 do STJ) e juros de mora desde cada vencimento (REsp 1.270.983/SP). Parcelas vincendas: necessidade de constituição de capital (Súmula 133 do STJ). Sentença mantida com observações. Honorários majorados. RECURSO DESPROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1005133-90.2019.8.26.0664; Relator (a): L. G. Costa Wagner; Órgão Julgador: 34ª Câmara de Direito Privado; Foro de Votuporanga - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 31/03/2021; Data de Registro: 31/03/2021) Sendo assim, é possível considerar que o dano Moral está vinculado à dor, angústia, sofrimento e tristeza. Dessa forma, no caso em voga, a resposta do Direito é mais do que aplicável ao Requerido, faz-se necessária, diante dos danos morais que provocou com a atitude imprudente e negligente de preposto do requerido causando o óbito do esposo da Autora. V – DO DIREITO Cumpre esclarecer que, a responsabilidade objetiva se dá independentemente da comprovação da culpa, havendo que existir tão somente a ação ou omissão, nexo causal e o resultado danoso. Nesse contexto, o Código Civil de 2002, estabeleceu a responsabilidade do Requerido da indenização no caso do homicídio culposo em seu artigo 948, inciso II, vejamos: Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima. Tal dispositivo trata do dano em ricochete, em que deverão serindenizados aqueles que eram, economicamente, dependente do falecido. Ademais, o artigo 938 do Código Civil de 2002, dispõe sobre a modalidade e responsabilidade pelo fato da coisa, que recai de modo objetivo sobre o dono do imóvel ou, ainda, sobre o seu possuidor direto, vejamos: Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. Por fim, o Código Civil de 2002 em seu artigo 927 dispõe sobre o dever de reparar os danos causados a outrem, por ato ilícito, vejamos: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Quando busca-se amparo na doutrina, pode-se citar a visão de Pontes de Miranda, que em sua obra Tratado de Direito Privado, tomo XXII, p. 181, afirma: “Sempre que há dano, isto é, desvantagem, no corpo, na psique, na vida, na saúde, na honra, no nome, no crédito, no bem estar, ou no patrimônio, nasce o Direito à indenização”. Já Carvalho dos Santos é bastante decisivo, vejamos: “Todo ato ilícito é danoso e cria para o agente a obrigação de reparar o dano causado”. (Código Civil Brasileiro Interpretado, 5ª Edição, Vol. III, p. 331). Sabe-se que, o dano material é aquilo que o consumidor efetivamente perdeu ou deixou de lucrar. A existência de dano material depende de prova de sua existência no caso concreto. O direito à reparação deste dano está expressamente previsto na Constituição Federal, Código Civil, Código de Defesa do Consumidor, Código Comercial, entre outros. Percebe-se a luz da legislação e diante do caso narrado nesta inicial a necessidade do atendimento aos pedidos aqui expostos, haja vista o prejuízo sofrido pela Autora. Diante do esposado, resta claro o direito da parte requerente. VI – DOS PEDIDOS Face ao exposto, requer-se a procedência da ação com: a) A concessão da gratuidade de justiça; b) A citação do requerido, para contestar o feito no prazo legal do art. 335 do CPC, caso queira, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia; c) Que seja designada Audiência de Conciliação e Mediação, nos termos do artigo 334, caput, do CPC/15; d) Que receba a presente exordial por suprir os requisitos dos arts.17 e 319 do CPC/15, e condene o Requerido ao pagamento de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a título de dano emergente; e) Que o requerido seja condenado a pagar a quantia de R$ 50.000 (cinquenta mil reais) a título de indenização por danos morais; f) Concessão de pensão em favor da Requerente no valor de um salário-mínimo vigente, enquanto ela viva for; g) A condenação do requerido ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios de sucumbência, nos termos dos artigos 82 e 85 do CPC; Protesta por provar o alegado mediante todos os meios de prova em direito admitidos, em especial pela produção de prova documental, testemunhal, pericial e inspeção judicial, além da juntada de novos documentos e demais meios que se fizerem necessários. Dá-se à causa o valor de R$ 69.200,00 (sessenta e nove mil e duzentos reais). Termos em que, Pede e espera o deferimento. Araçatuba/SP, 20/04/2021. MAYCON RAMON PRATA SANTOS OAB/SE – 0.000
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