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FACULDADE SOCIAL DA BAHIA Misael de Jesus Carvalho TRABALHO DE PESQUISA PARA SALA Princípios processuais: Descrição e opinião dos doutrinadores. Salvador, 2014. FACULDADE SOCIAL DA BAHIA Misael de Jesus Carvalho TRABALHO DE PESQUISA PARA SALA Princípios processuais: Descrição e opinião dos doutrinadores. Trabalho para a disciplina Direito Processual Civil I, ministrada pelo profº Alexandro Brasileiro. Salvador, 2014. PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO CIVIL. 1. INTRODUÇÃO Para o presente trabalho, faz-se importante recorrer à doutrina a fim de obter a opinião embasada no estudo da matéria processual. Antecedente aos princípios, vital análise é feita por Humberto Theodoro Júnior (2013, 24 p.) na explicação que o direito processual faz parte de um organismo maior, sendo esta a Constituição Federal/1988, por isso fazendo referência a “princípios gerais observáveis em todo o ordenamento jurídico”. A estes princípios gerais, o autor acentua o princípio da legalidade como regulador do poder público a fim de servir e asseguras os direitos e conquistas sociais em favor da população, ao princípio lógico atribui aos magistrados e entes da vida pública a devida fundamentação racional a fim de expor para a sociedade seu entendimento sobre as matérias que estejam em pauta e garantir-lhes direito de questionar desvios de conduta. (2013, 24 – 25 p.) Assiste conjuntamente o princípio dialético, que nas suas premissas, para em debate aberto e fundamentado, possa alcançar uma decisão justa assim que esgotada todas as possibilidades de convencimento. Dessa forma, com os recursos legais condizentes, o Estado-Juiz poderá formular decisão composta da exposição dos fatos e fundamentos. (2013, 25 p.) Conclui o doutrinador com o princípio político. Com o objetivo de tornar as decisões justas e a luz da Constituição, os magistrados estão subordinados a interpretação do caso concreto aos costumes, valores e princípios gerais – a partir da legalidade e assim por diante. Distante destes preceitos, como também da lei, a norma que não se aplica ao determinado processo deve ser substituída por outra que se conforme a demanda pretendida e o juiz deverá se pronunciar a partir desta. (2013, 26 p.) A partir destes quatro princípios gerais, é possível visualizar a organização dos demais preceitos na vida pública. Dessa forma, independente da matéria – apesar do presente trabalho se aprofundar no que concerne o direito processual civil – a generalidade apresentada nestes princípios garante a segurança jurídica e pressupõe uma relação do Estado às relações entre as pessoas. Em acordo com o doutrinador supracitado, Fredie Souza Didier Júnior (2009, 25-28 p.) cita o grande valor de princípios em conformidade as leis gerais que regem o Estado de forma assistir os bens jurídicos, como também, nos seus alicerces formais. 2. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL O princípio do devido processo legal se configura através do próprio direito processual civil como a forma de composição que o Estado traz como pertinente para avaliar os litígios do âmbito privado. Nele está consubstanciada a Jurisdição, competência além dos próprios ditames do processo. Humberto Theodoro Júnior salienta também que, neste conjunto, diversos princípios como a ampla defesa, contraditório, do juízo natural entre outros ganham potência através do tempo garantindo a justiça. (2013, 27-28 p.) 3. IMPARCIALIDADE É um princípio que se resulta numa garantia para o magistrado. O julgamento deve ser realizado por um juiz que não possua relação com as partes. Surge como garantia do Estado com as pessoas por produzir coisa julgada a partir da dialética do processo. A equanimidade durante o processo traz às partes a possibilidade de um julgamento justo, a vedação de tribunais que julguem acontecimento fora da lei – tribunais de exceção - e que o juiz busque todos os subsídios para resolver a lide. 4. CONTRADITÓRIO A partir da explanação anterior, o princípio do contraditório surge como a igualdade entre as partes. Fredie Didier Júnior divide-o nas garantias formais e substanciais, sendo a primeira inerente ao respeito à parte e suas funções enquanto, a segunda, referente à possibilidade de influenciar as decisões a partir da sua participação no processo. (2009, 56-57 p.) Estas garantias oferecem de forma igualitária as chances para que as partes componham suas sustentações. Dessa forma, a depender da decisão, a parte que sair desfavorável na solução da lide estará resignada que esgotou todas as provas além de ter respeitado e atendido o que trouxe a juízo. 5. AMPLA DEFESA Princípio que surge do mesmo dispositivo constitucional que o contraditório (CF/88, art. 5º, LV). Partindo desse preceito, ambos confirmam e reivindicam a presença do outro, pois o contraditório autoriza as partes a se manifestarem e, concomitantemente, a se defenderem durante a atividade dialética do processo. 6. PUBLICIDADE Toda atividade exercida durante o processo estará livre para consulta pelo público. Garantida constitucionalmente (art. 5º, LX), a publicidade surge como validade no devido processo e certifica a lisura no que concerne a tutela jurisdicional do Estado. Existem algumas exceções no exercício deste princípio. Aos jurados, a fim de evitar intervenções anteriores – ou posteriores – na decisão e manter o julgamento livre de desnecessária influência ao júri. No direito de família mantém a intimidade das partes livre de qualquer estigmatização social no que concerne o processo, permitindo acesso apenas as parte e aos seus respectivos advogados. Esta concessão geral do Estado também está positivada no Código de Processo Civil - CPC, art. 155, que expõe claramente a publicidade e quais situações acontecerão seu a garantia deste. A partir disso, a norma constitucional possibilita e autoriza materialmente a lei para o bom andamento do processo. 7. FUNDAMENTAÇÃO Em sintonia com o princípio da publicidade, na Constituição (art. 93, IX) é impetrado aos órgãos do Estado a fundamentação das decisões, caso contrário, a determinação será nula. Dessa forma, a tutela jurisdicional exercida pelo juiz deverá, durante os atos, ser fundamentada a fim de que as partes tenham conhecimento e possa exercer a ampla defesa, o contraditório ou outra medida que caiba. 8. BOA-FÉ E LEALDADE PROCESSUAL Este princípio coaduna preceitos do contraditório, ampla defesa e publicidade, pois dizem respeito a elementos processuais e compromissos sociais a serem respeitados. Apesar de, no determinado momento, estarem buscando a solução da lide, as partes devem tratar-se com cordialidade e manter a verdade perante juízo. No art. 14 do CPC estão descritos os deveres das partes e seus procuradores para manter este princípio. É vedado, sob pena de multa, infringir este princípio. Dessa forma, o legislador garante a dignidade do processo. 9. EFETIVIDADE O princípio da efetividade garante a concretização do pedido. O reconhecimento jurisdicional não é o bastante. Além de fundamentada, a sentença “garante o direito fundamental a tutela executiva” de acordo com Fredie Didier Júnior (2009, 78 p.). 10. PARIDADE DE ARMAS Ou conhecido como Princípio da Igualdade, encontra-se inserido na Constituição Federal no Artigo 5º, ele é considerado como um dos princípios fundamentais da democracia. Frente ao Direito Processual entendemos que o juiz deverá dar o mesmo tratamento para os litigantes,conforme prevê o art. 125, I do Código de Processo Civil, verbis: Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; (BRASIL, 1988) Desse modo, o princípio da igualdade entre as parte determina que compete ao Estado superar as desigualdades de forma a se atingir uma igualdade real. 11. DIREITO DE AÇÃO O Estado é inerte e, para assumir a tutela, deverá ser provocada pelas partes. Este conduz diretamente ao princípio do acesso à justiça, como também garantias constitucionais para uma sociedade livre, justa e solidária. 12. PROIBIÇÃO DA PROVA ILÍCITA Para responder o que significa prova ilícita, apresenta-se Nelson Nery Júnior: A prova ilegal, conforme a classificação de Nuvolone, será sempre quando houver violação do ordenamento como um todo (leis e princípios gerais), quer sejam de natureza material ou meramente processual. Será ilícita a prova quando a sua proibição for de natureza material, vale dizer, quando for obtida ilicitamente. (1992, 143 p.) No art. 5º, LVI da CF/88, está expressamente determinado que: LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; (BRASIL, 1988) Dessa forma, o princípio da proibição da prova ilícita se apresenta como a afirmação da lealdade processual, no sentido de que as partes só deverão recorrer a fatos obtidos em conformidade com a lei. 13. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO Este princípio, apesar de não vir de forma expressa na Constituição, sua construção encontra-se de forma implícita através de alguns artigos, destaca-se: Art. 5º. (...) LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. (BRASIL, 1988) A partir do artigo citado, a possibilidade de revisão, mediante o recurso cabível, das causas em primeira instância. De tal forma, o princípio garante a possibilidade de revisão por uma instância superior, composta por magistrados mais experientes. 14. JUIZ NATURAL A CF/88 contribui no entendimento da seguinte forma: Art. 5º (...) XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; (...) LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; (BRASIL, 1988) Um tribunal de exceção é designado ou criado para julgar determinado caso, tenha ele já ocorrido ou não. Diferente disso, o princípio se refere quando a função do judiciário acontece independente da vontade das partes ou do Estado. 15. CELERIDADE O princípio da celebridade processual, presente no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal aduz que os processos devem ser desenvolvidos em tempo razoável, a fim de alcançar o resultado no final de sua demanda. A partir deste princípio, uma das causas da dificuldade no acesso a justiça encontra forte opositor. Deste modo, o Estado garante a rápida conclusão do tema posto em lide. 16. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. _______. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil. DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, vol. 1. 14ª ed. Salvador: Juspodivm, 2009. NERY JÚNIOR, NELSON. Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. São Paulo: Revista dos Tribunais.1992. THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 1. 54 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
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