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Dor Torácica – (Semiologia – Porto e Isabela Benseñor) Síndromes Coronarianas Agudas A SCA refere-se a uma diversidade de sintomas clínicos que são compatíveis com isquemia aguda do miocárdio, englobando, por isso, angina instável e infarto agudo do miocárdio. A insuficiência coronária pode ser definida como uma desproporção entre a oferta e o consumo de oxigênio no nível da fibra miocárdica. Fenômeno fisiopatológico essencial: isquemia miocárdica A cardiopatia isquêmica apresenta um grande espectro de manifestações, sendo possível escalona- las da seguinte maneira: - Isquemia Silenciosa Caracterizada pela comprovação eletrocardiográfica de isquemia em pacientes sem manifestações clínicas -Angina estável Síndrome causada por obstrução fixa de uma artéria coronária. Dor torácica -Angina Instável Quando a evolução da dor torácica piora, surgindo aos mínimos esforços ou em repouso, na ausência de infarto do miocárdio. “Infarto agudo do miocárdio sem onda Q” e “síndrome isquêmica aguda sem elevação do segmento ST”. Duração da dor ultrapassa 20min. A angina instável relaciona-se com a fissura ou ruptura de uma placa ateromatosa, local em que se instala trombose, acompanhada quase sempre de espasmo coronário. -Angina de Prinzmetal Episódios frequentes de dor de aparecimento recente, ocorrendo vários no mesmo dia ou com intervalos de um ou poucos dias entre eles, simulando angina instável. Causa: espasmo associado à obstrução de uma artéria coronária. Principal característica desta manifestação clínica da cardiopatia isquêmica é o supradesnivelamento do segmento ST no ECG, indicando isquemia subendocárdica. -Miocárdio atordoado ou disfunção contrátil isquêmica Alteração funcional do miocárdio relacionada com insuficiente fluxo para uma área ventricular, sem que haja sinais de necrose tecidual. -Miocárdio hibernado Condição em que o miocárdio fica em perfusão inadequada, mas ainda suficiente para que não haja infarto, acompanhando-se de disfunção miocárdica, mas com recuperação completa quando se normaliza a perfusão daquela área. Região retroesternal Desencadeada por Esforço físico, refeições volumosas ou estresse emocional Duração de 30 a 15 s Alivia com repouso ou uso de nitrato sublingual Não altera suas características por pelo menos 2 meses -Infarto do Miocárdio Trata-se de uma área de necrose do miocárdio consequente a uma isquemia intensa, causada por oclusão súbita de um ramo principal de uma das artérias coronárias. A dor torácica resultante do infarto agudo do miocárdio exibe localização na maioria das vezes retroesternal ou precordial, podendo irradiar-se para o MS esquerdo (face cubital), epigástrio, dorso, pescoço, mandíbula e até mesmo braço direito. É intensa e prolongada (mais de 30 min) e frequentemente associada a outros sintomas concomitantes como náuseas, vômitos e sudorese. *Não melhora com nitritos sublinguais Área de necrose extensa ou Arritmias cardíacas c/ repercussão hemodinâmica Dispnéia – disfunção VE Expressão facial do paciente: sofrimento intenso Pulso radial torna-se mais rápido e costuma haver queda da PA Ausculta cardíaca: diminuição de intensidade das bulhas cardíacas. Após o 2º dia, pode aparecer atrito pericárdico ocorrência de pericardite reacional na área do infarto. ECG: aparecimento de ondas Q necrose Desnivelamento do segmento ST e ondas T isquêmicas Há liberação de enzimas intracelulares pelas células necrosadas, sendo de especial importância diagnóstica a dosagem de creatinofosfoquinase cardíaca específica (CPK-MB) e das troponinas cardíacas. Complicações: arritmias, IC, choque, síndrome de baixo débito, insuficiência mitral. Fatores de Risco Dislipidemia HAS Tabagismo Diabetes Coronariopatia familiar Sedentarismo >50 anos Sexo Masculino *Infarto sem dor pode ocorrer em diabéticos e em idosos. Em idosos, também são comuns localizações atípicas da dor, que pode manifestar-se como epigastralgia incaracterística. -Cardiomiopatia isquêmica Indica a ocorrência de áreas fibróticas ricas em colágeno disseminadas no miocárdio ventricular, consequência quase sempre de isquemia determinada por lesões ateroscleróticas difusas das coronárias. As manifestações clínicas são: Arritmias – mais freq. Extrassístoles ventriculares e a fibrilação atrial Insuficiência VE Sinais estetoacústicos de insuficiência mitral Pode ser Assintomática ECG: distúrbios de ritmo, alterações difusas da repolarização ventricular e, frequentemente, bloqueio do ramo esquerdo do feixe de His. RX-tórax: aumento da área cardíaca, predominantemente a expensas da dilatação do VE, e sinais de congestão pulmonar, quando já existe insuficiência VE. Miocardites Agudas Inflamação do músculo cardíaco Miocardite viral – vírus Coxsackie tipo B Tipo mais comum de miocardite: reumático, infecções estreptocócicas hipersensibilidade Manifestações: Taquicardia persistente Dor precordial atípica desproporcional à temperatura do paciente Diminuição da intensidade das bulhas cardíacas Aparecimento de um ritmo de galope de 3ª bulha Arritmias – extrassístoles Sopro de insuficiência mitral ou tricúspide <– dilatação do coração Insuficiência Cardíaca Congestiva – casos graves -Febre Reumática Processo inflamatório do tec. conjuntivo, com exsudato e proliferação celular. No miocárdio, encontram-se nódulos de Aschoff, o que caracteriza a atividade histológica da doença. -Agentes Infecciosos -Enfermidades multissistêmicas No endocárdio, ocorrem lesões vegetante sobre as cúspides valvares, compostas de trombos plaquetários com fibrina superficial. As lesões valvares podem regredir, permanecendo íntegro o aparelho valvar. Em certo número de pacientes, entretanto, há ocorrência de fibrose, retração e fusão de cordoalhas e folhetos valvares que redundam em estenose e/ou insuficiência valvar, com predomínio absoluto do comprometimento das valvas mitral e aórtica. As lesões valvares são os principais responsáveis pelos sopros cardíacos quase constantes nesta enfermidade. A cardite exterioriza-se por taquicardia, sopro de insuficiência mitral, aumento do volume cardíaco, bloqueio atrioventricular, atrito pericárdico e, nos casos mais graves insuficiência cardíaca. Radiografia simples do tórax: aumento global do coração e, quando há insuf. Miocárdica, observam-se sinais de estase venosa pulmonar. ECG: QRS de baixa voltagem, alteração difusa da repolarização ventricular (ondas T achatadas ou negativas), prolongamento do espaço PR e aumento do intervalo QT. Alterações do ritmo cardíaco. Estudo ecocardiográfico – avalia a função miocárdica e identifica lesões valvares O encontro de outras manifestações clínicas – poliartrite migratória, febre prolongada, sinal de Romana, sinais de infecção das vias respiratórias superiores, amigdalites com formação de membranas, enfartamento ganglionar ou rash cutâneo - pode ajudar no reconhecimento da causa da miocardite. Pericardite -Pericardite Aguda A etiologia pode ser viral, bacteriana ou acompanhada de afecções sistêmicas, especialmente do grupo das colagenoses, neoplásicas, metabólicas, IAM e traumáticas. Bacteriana: pneumococos, estafilococos e estreptococos. Viral: vírus Coxsackie B – período prodrômico com febre e mal estar, dor retroesternal ou precordial contínua que se agrava com respiração profunda, tosse e movimentação do tórax. Nas pericardites que aparecem nas colagenoses, neoplasias e uremia, além da dor precordialsobressai a sintomatologia da doença principal. Exame físico: Atrito pericárdico, que é a expressão tátil ou estetacústica das alterações da superfície dos folhetos pericárdicos, os quais se tornam rugosos, irregulares e recobertos por uma substância fibrinosa. Pericardite seca Pericardite serofibrinosa – acúmulo de líquido no saco pericárdico. O derrame pericárdico modifica completamente as manifestações clínicas da pericardite. Diminui ou suprime a dor ao afastar um do outro os folhetos parietal e visceral do pericárdio. Pelo mesmo motivo, o atrito pericárdico desaparece. Quando o derrame é volumoso e de instalação rápida, a principal consequência é a dificuldade no enchimento do coração – tamponamento cardíaco. Pouca distensibilidade do pericárdio quando o acúmulo de líquido se faz rapidamente. Manifestações clínicas do tamponamento cardíaco: Congestão dos pulmões: dispneia e tosse seca Aumento brusco da pressão venosa que causa congestão no fígado: dor no HD – distensão da cápsula de Glisson. Derrames de instalação lenta: cansaço, dispneia de esforço, hepatomegalia e ascite. Sinais físicos característicos: Ictus cordis invisível e impalpável Bulhas cardíacas hipofonéticas Pressão venosa elevada -> ingurgitamento jugular e hepatomegalia Pulso radial diminuído de amplitude – pulso paradoxal. ECG: complexos QRS de baixa voltagem R-x de tórax: aumento global da área cardíaca Estudo cardiográfico: principal exame complementar, comprova o diagnóstico de derrame e avalia a quantidade de líquido no saco pericárdico. Punção pericárdica pode aliviar o tamponamento cardíaco, contudo pode ter apenas finalidade diagnóstica para análise das características do líquido. -Pericardite Constritiva Tem como principal característica a ocorrência de espessamento fibrótico do pericárdio que adere ao miocárdio, formando uma carapaça rígida que dificulta o enchimento diastólico do coração. Fase avançada: quase sempre extensa calcificação. Causa + comum: Tuberculose Manifestações Clínicas: Sinais e sintomas indicativos de congestão sanguínea no território pulmonar e na grande circulação, além das manifestações decorrentes de diminuição do DC. Astenia Dispneia Estertores pulmonares Jugulares ingurgitadas Hepatomegalia Edema generalizado Ascite Pulso radial: diminuição da amplitude e pulso paradoxal. Ausculta: 3ª bulha cardíaca bem nítida, originada no abrupto enchimento ventricular no início da diástole. ECG: alteração difusa da repolarização ventricular Rx-tórax: coração não aumentado de tamanho. Calcificação ao redor do coração. Estudos ecocardiográfico e tomográfico evidenciam as lesões pericárdicas. Mediastinites É uma inflamação do mediastino. A mediastinite aguda geralmente resulta de perfuração do esôfago ou esternotomia mediana. (artigo) - Perfuração do esôfago Os pacientes em geral estão agudamente enfermos, com dor torácica intensa e dispneia decorrente de inflamação mediastinal. -Esternotomia mediana Pacientes manifestam, mais comumente, drenagem da ferida ou septicemia. O diagnóstico baseia-se na obtenção de líquido infectado pela aspiração com agulha através do esterno. -Mediastinite fibrosante crônica É ocasionada por tuberculose ou histoplasmose, mas pode ser decorrente de sarcoidose, silicose ou outras doenças fúngicas. Os pacientes desenvolvem processo fibrótico intenso, que acarreta a compressão de estruturas mediastinais, podendo desencadear síndrome da veia cava superior, estenose traqueal ou obstrução das veias ou artérias pulmonares. Mediastinite (Harrinson) Mediastino é divido em três compartimentos. O mediastino anterior contém: Timo Linfonodos mediastinais anteriores Veias mamárias internas. O mediastino médio inclui: Coração Segmentos ascendente e transverso da aorta Veias cavas Artérias e veias braquiocefalicas Nervos frênicos Traqueia Brônquios principais e seus linfonodos adjacentes Artérias e veias pulmonares O mediastino posterior contém: Segmento descendente da aorta torácica Esôfago Ducto torácico Veias ázigos e hemiázigos Cadeia posterior de linfonodos mediastinais Mediastinite Aguda A maioria é devida à perfuração do esôfago ou ocorre após esternotomia mediana para cirurgia cardíaca, Pacientes com ruptura no esôfago: Dor torácica e dispneia causadas pela infecção do mediastino. A ruptura do esôfago pode ser espontânea ou ocorrer como complicação da esofagoscopia ou inserção de um tubo de Blakemore. O tratamento recomendado consiste na exploração do mediastino com reparo primário da laceração esofágica e drenagem do espaço pleural e do mediastino. Outra manifestação clínica é sepse e alargamento do mediastino. Em geral, o diagnóstico é firmado pela aspiração do mediastino com agulha. TTO: drenagem imediata, desbridamento e terapia com antibióticos parenterais. Mediastinite crônica Causas: o Inflamação granulomatosa dos linfonodos do mediastino o Mediastinite fibrosante A maioria dos casos: secundária a Tuberculose ou histoplasmose, mas outras doenças fúngicas ocorrem em alguns casos. - Mediastinite granulomatosa: pcts costumam ser assintomáticos. - Mediastinite fibrosante: sinais de compressão de alguma estrutura do mediastino, inclusive a veia cava superior ou vias respiratórias calibrosas, paralisia do nervo frênico ou laríngeo recorrente, ou obstrução da artéria pulmonar ou das veias pulmonares proximais. *Além do tratamento específico para a mediastinite tuberculosa, nenhum outro tratamento clínico ou cirúrgico mostrou eficácia na fibrose mediastinal.
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