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Atos de Ofício
Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição, autuação e registro; protocolo; petição inicial; numeração e rubrica das folhas nos autos; guarda, conservação e restauração dos autos; exame em cartório, manifestação e vista; retirada dos autos pelo advogado; carga, baixa, conclusão, recebimento, remessa, assentada, juntada e publicação; lavratura de autos e certidões em geral; traslado; contestação.
Termos processuais cíveis e criminais e autos: conceitos, conteúdo, forma e tipos.
Atos do Juiz: sentença, decisão interlocutória e despacho; acórdão.
Atos processuais: forma, nulidade, classificação e publicidade; processos que correm em segredo de justiça.
Citação e intimação: conceito, requisitos, modalidades de citação: via postal, mandado, por edital; cartas precatória, rogatória e de ordem. Intimação na Capital e nas comarcas do interior; intimação do Ministério Público; contagem do prazo de intimação.
Prazos: conceito, curso dos prazos, prazos das partes, do juiz e do servidor, processos que correm nas férias.
Apensamento de autos: procedimento; requisitos da carta de sentença.
Autos suplementares: quando são obrigatórios, peças que devem conter; sua guarda. 
Cumprimento de Sentença e Processo de Execução: citação, intimação, penhora, arresto, avaliação, impugnação e embargos à execução.
Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição, autuação e registro; protocolo; petição inicial; numeração e rubrica das folhas nos autos; guarda, conservação e restauração dos autos; exame em cartório, manifestação e vista; retirada dos autos pelo advogado; carga, baixa, conclusão, recebimento, remessa, assentada, juntada e publicação; lavratura de autos e certidões em geral; traslado; contestação.
Processos
Conceito
Para ser efetiva, a lei precisa ir além da determinação dos direitos e obrigações das pessoas físicas e jurídicas: deve estabelecer também o conjunto de normas por meio das quais os tribunais julgarão esses direitos e deveres. Esse conjunto de normas, ou processo judicial, é a forma de garantir solução justa e eficaz para as numerosas disputas que surgem numa sociedade complexa.
Processo, em sentido amplo, é uma sequência de atos que se estabelecem entre as partes e os órgãos jurisdicionais do estado, configurando uma relação de direito, com o objetivo de administrar justiça. Em linguagem jurídica, processo é o conjunto de atos praticados (pelo autor, réu, juiz, testemunhas, peritos, escrivães etc.) para tornar efetiva a prestação jurisdicional, isto é, o ato pelo qual o estado faz valer o direito objetivo, a norma jurídica e eventualmente protege direitos subjetivos.
Há tantas classes de processos como ramos do direito substantivo, e por isso se distingue entre processo civil, relativo aos direitos em geral, e processo penal, que se realiza na esfera da justiça criminal. A palavra processo designa também as atividades judiciais especiais e a ação das autoridades administrativas em assuntos específicos e atividades públicas determinadas: processo militar, processo trabalhista, processo eleitoral, processo administrativo e processo fiscal. Nesse ponto, o processo se entrosa com variada legislação lateral, como a trabalhista, militar, eleitoral e outras, além das leis estaduais referentes à organização judiciária e ao ministério público. No que se refere ao processo civil e penal, o conjunto é ainda denominado direito judiciário.
Processo civil
O processo civil moderno deriva da fusão das tradições romana e germânica. No direito romano, o juiz, no exercício da função pública, emitia o veredito de acordo com a opinião que formava a partir da apreciação das provas fornecidas pelas partes em litígio. A validade do julgamento, portanto, se aplicava a cada caso específico. Por essa característica, o processo romano era pouco formalista e privilegiava a expressão oral. No processo civil germânico, pelo contrário, o julgamento se adequava a princípios solidamente estabelecidos de antemão. O juiz se limitava a conduzir o processo e a decisão final tinha caráter de satisfação da vontade divina.
São princípios fundamentais do processo civil: 
O de que é o instrumento ou meio de provocação do poder judiciário no que entende com a tutela do direito e a atuação da lei, limitada a autodefesa privada a poucos institutos; 
O de que a realização do direito importa a faculdade de recorrer ao judiciário por meio de ações competentes e na forma da lei processual; 
O de que ninguém deve ser condenado sem ser chamado à justiça para ser ouvido e apresentar a defesa que tiver; 
O princípio político, ou seja, o de assegurar a máxima garantia dos direitos com um mínimo de sacrifício da liberdade; 
O princípio lógico da escolha de meios mais seguros e rápidos para a revelação da verdade; 
O princípio jurídico da igualdade dos litigantes, destinado a garantir a imparcialidade da decisão; 
O princípio econômico, no sentido de evitar o desnecessário encarecimento das demandas, assegurando o benefício da justiça gratuita à parte que não estiver em condições de pagar às custas do processo.
Quanto aos princípios específicos do processo, destacam-se:
 O de garantir, por meio de arguições especiais, a impugnação de leis inconstitucionais; 
O de assegurar os direitos subjetivos mediante ações adequadas, de rito disciplinado na lei processual; 
O de defesa garantida por meio de citação regular, prazos certos e possibilidade de opor exceções com base em erro no procedimento; 
O da admissibilidade da defesa de direito próprio em processo alheio, por meio dos institutos do litisconsórcio ativo ou passivo, da oposição e dos embargos de terceiros, inclusive interposição de recursos por interessado alheio à demanda; 
De duplo grau de jurisdição, salvo processos de alçada, de pequeno valor, admitido o recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, em certos casos; 
O do livre convencimento do juiz, vedada a decisão além ou fora do pedido; 
O da execução das decisões, inclusive a título provisório, se o recurso não tem efeito suspensivo; 
O da impugnabilidade da sentença nula por via de embargos à execução ou ação rescisória; 
O da apuração da verdade real, admitida por exceção à verdade formal; 
O da segurança formal do processo, com proferição de despacho saneador, intermédio, expurgador de defeitos e falhas; 
O da supervisão da autoridade do juiz, a quem cabe dirigir o processo e velar pelo bom andamento da causa; 
O da imediatez e da concentração, importando contato do juiz com as partes e presença nas provas;
 O da oralidade, com fixação pelo juiz do objeto da demanda e dos pontos em que se manifestou a divergência, a fim de evitar surpresas e o risco de longos arrazoados, travando-se os debates e proferindo-se a sentença em audiência. 
O código do processo civil brasileiro regula, em suas disposições gerais, os atos e termos judiciais, o valor das causas, sua distribuição e registro, as despesas judiciais, custas e honorários advocatícios, o benefício da justiça gratuita, a representação das partes e sua capacidade processual e a intervenção de terceiros na demanda, além de disciplinar a atividade e competência dos juízes, serventuários e peritos, e de tratar do processo em geral. Este se desdobra pela instância, com o petitório, exposição inicial em que a parte, chamada autor, qualifica a si e ao réu contra quem formula o pedido, indica os fundamentos jurídicos deste e os fatos em que estriba; seguem-se a citação, por mandado, com hora certa, por edital, precatória ou rogatória, e a defesa, por via direta (contestação), indireta (exceções de incompetência do juízo, suspeição, litispendência e coisa julgada), ou por via inversa (reconvenção, isto é, a contra pretensão formulada pelo réu ao autor). São reguladas, ainda, a suspensão, absolvição e a cessação de instância, a prova e os respectivos incidentes. Trata das nulidades, fixando o princípio de que não devem ser pronunciadas quando não tiver havido prejuízo para as partes, e do julgamentoe sua eficácia. 
Chama-se processo ordinário o processo comum estabelecido para as ações sem rito especial prescrito no código, sendo certo, contudo, que a contestação, em muitos casos, faz cair à ação no rito ordinário. Têm processos especiais às ações executivas, cominatórias, de consignação em pagamento, de nulidade de patente, de recuperação de título ao portador, de reserva de domínio, de despejo, de renovação de contrato de locação, possessórias, de divisão e de demarcação de terras e várias outras, bem como os chamados processos administrativos, como os de inventário e partilha, e os acessórios. 
Processo penal 
Entende-se por direito penal o conjunto de procedimentos por meio dos quais se apura a responsabilidade criminal de um indivíduo, com a finalidade de puni-lo. Historicamente, o processo penal obedeceu a duas modalidades gerais: o processo acusatório e o processo inquisitório. O primeiro identifica-se com o processo penal romano, fundado na igualdade entre acusador e acusado. A apresentação de provas e a argumentação da defesa se realizavam publicamente, com acusador e juiz perfeitamente separados. O processo inquisitório, próprio dos regimes autoritários, vigorou, por exemplo, durante a Idade Média e constituiu o instrumento de administração da justiça do Santo Ofício. Nele, a instrução do processo e o julgamento são secretos, a pessoa do juiz se confunde com a do acusador e a relação de poder entre acusador e acusado é desequilibrada em favor do primeiro. Modernamente, adota-se em geral um sistema misto entre esses dois tipos de processo, com instrução secreta e debates públicos. 
O processo penal visa à estrutura da ação penal, em termos de assegurar poder punitivo do estado, com segurança dos direitos e garantias que a constituição confere aos indivíduos, no referente à liberdade e à dignidade. Além do que for aplicável, quanto aos princípios já referidos, ao processo penal se aplicam os da: 
Legalidade, importando a obrigatoriedade da ação, sua indiscricionalidade e seu oficialismo; 
Unidade e indivisibilidade; 
Publicidade, banidos os processos secretos, restrita a incomunicabilidade dos réus e obrigatória à comunicação da prisão ao juiz; 
Solidariedade, possibilitada a intervenção do ofendido e até, em certos casos, a privatividade da ação. 
A ação penal é irrevogável, irrenunciável, oficial e pública, iniciando-se pela denúncia ou queixa exercida pelo ofendido ou seu substituto legal. O processo exige citação do réu ou sua apresentação, quando preso, para a defesa e assistência dos atos processuais, possibilitada a fiança, em casos de menor gravidade, e a produção de prova. Na primeira instância, o processo é o comum, o do júri e os especiais, para os crimes de falência, responsabilidade dos funcionários públicos, calúnia e injúria e dos crimes contra a propriedade imaterial, além do processo sumário, para as contravenções, e o da competência dos tribunais, para os delitos comuns e funcionais cujo julgamento lhes caiba. Tal como no civil, no processo penal nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa, ou que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa, e a incompetência do juízo anula somente os atos decisórios. Além dos recursos, o código do processo penal regula as concessões do habeas-corpus e a execução das penas e das medidas de segurança. 
Espécies de Processos 
A legislação processual civil contempla três espécies de processo: processo de conhecimento (ou de cognição), processo de execução e processo cautelar. 
Processo de conhecimento é aquele que tem por objetivo obter do Estado, através de um juiz, o reconhecimento de um direito que está sendo resistido por alguém. É a pretensão levada ao Poder Judiciário a fim de que este, considerando as provas produzidas, possa declará-lo como um direito líquido e certo, ou seja, que deve ser respeitado. 
Quando alguém propõe um processo de conhecimento, o seu direito exposto ao juiz ainda é duvidoso. A parte contrária, ou seja, aquela contra quem é movido o processo, precisa se manifestar sobre o pedido do autor (contraditório) e, depois de cumpridas as demais formalidades legais atinentes ao processo, o juiz profere uma sentença, julgado a ação procedente ou improcedente. Caso julgue procedente o pedido do autor, seu direito passa de duvidoso para uma categoria de um direito concreto, certo e exigível, por força da sentença judicial transitada em julgado. 
A título de exemplo, podemos mencionar uma ação de indenização movida por Paulo Henrique contra Ricardo Antônio, visando uma indenização porque este, em um programa de rádio, lhe fez acusações inverídicas, caluniosas, injuriosas e difamatórias. O pedido de Paulo Henrique será encaminhado ao juiz através de uma petição inicial (requerimento). 
Se no decorrer do processo ficar provado que ele, Ricardo Antônio, de fato, lhe fez acusações infundadas, e o juiz julgar procedente a ação, o direito de Paulo Henrique que até então era duvidoso passou a ser um direito líquido, certo e exigível, por força do título executivo judicial representado pela sentença transitada em julgado. O processo inicialmente movido por Paulo Henrique (ação de indenização) é exemplo de um processo de conhecimento, pois, inicialmente, o seu direito era duvidoso. Agora, com a sentença proferida pelo juiz, reconhecendo o seu direito, passou a ser um direito líquido e certo. 
Processo de execução – Esse tipo de processo vem logo após o término do processo de conhecimento. Este, como se sabe, termina com uma sentença de mérito, isto é, uma decisão judicial pondo fim ao processo. Se tal sentença transitar em julgado, inicia-se, portanto, o processo de execução. 
O processo de execução tem por objetivo fazer com que o Estado obrigue o devedor de uma obrigação a cumpri-la, sob pena de uma sanção. A obrigação aqui referida pode ser decorrente de uma sentença judicial transitada em julgado, que equivale a um título executivo judicial, ou através de títulos de crédito ou documentos que preencham certas formalidades apontadas em lei, chamadas também de títulos executivos extrajudiciais. Assim como a sentença judicial transitada em julgado equivale a um título judicial, são considerados títulos extrajudiciais que representam um direito líquido e certo de recebimento de quem os possui o cheque, a nota promissória, a duplicada, a letra de câmbio, a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas, bem como aqueles outros indicados no art. 585 do Código de Processo Civil. 
Enfim, o processo de execução deve ser utilizado quando o credor tiver certeza prévia do seu direito e a lide se firmar apenas na inércia do devedor de cumprir sua obrigação. 
Processo cautelar – é aquele utilizado em caráter emergencial, para, em caráter provisório e com base no periculum in mora (perigo da demora) e no fumus boni iuris (fumaça do bom direito), pedir ao juiz providências a fim de que o direito que está sendo discutido ou que ainda será submetido ao Poder Judiciário seja preservado, isto é, não desapareça, pois, se tal fato ocorrer, irá comprometer o pedido formulado na ação principal que está tramitando em juízo ou que esteja na iminência de ser ajuizada. Portanto, o processo cautelar é uma medida de urgência, que deve ser proposta se observados os requisitos acima indicados. http://blogdodpc1.blogspot.com/ 
Processo e procedimento 
Processo é uma sequência de atos interdependentes, destinados a solucionar um litígio, com a vinculação do juiz e das partes a uma série de direitos e obrigações. 
Procedimento é o modo pelo qual o processo anda, ou a maneira pela qual se encadeiam os atos do processo. É o rito, ou o andamento do processo. Os procedimentos são comuns ou especiais, conforme sigam um padrão geral ou uma variante. 
O procedimento comum divide-se em ordinário e sumário. 
Autuação e registro 
Ao receber a petição inicial de qualquerprocesso, o escrivão a autuará, mencionando o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro, os nomes das partes e a data do seu início; e procederá do mesmo modo quanto aos volumes que se forem formando. 
O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos autos, procedendo da mesma forma quanto aos suplementares. 
Às partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério Público, aos peritos e às testemunhas é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que intervieram. 
Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão. 
Os atos e termos do processo serão datilografados ou escritos com tinta escura e indelével ou digitalizadas, assinando-os as pessoas que neles intervieram. Quando estas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão certificará, nos autos, a ocorrência. 
É vedado usar abreviaturas. 
Quando se tratar de processo total ou parcialmente eletrônico, os atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados das partes. 
É vedado usar abreviaturas. 
Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem como entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas expressamente ressalvadas. 
Autuação 
A autuação, também chamada formação de processo, obedecerá a seguinte rotina: 
Prender a capa, juntamente com toda a documentação, com colchetes, obedecendo à ordem cronológica do mais antigo para o mais recente, isto é, os mais antigos serão os primeiros do conjunto; 
Apor, na capa do processo, a etiqueta com o respectivo número de protocolo; 
Apor, na primeira folha do processo, outra etiqueta com o mesmo número de protocolo; 
Numerar as folhas, apondo o respectivo carimbo (órgão, número da folha e rubrica do servidor que estiver numerando o processo); 
Ler o documento, a fim de extrair o assunto, de forma sucinta, clara e objetiva; 
Identificar, na capa, a unidade para a qual o processo será encaminhado; 
Registrar, em sistema próprio, identificando as principais características do documento, a fim de permitir sua recuperação. Ex.: espécie, nº, data, procedência, interessado, assunto e outras informações julgadas importantes, respeitando as peculiaridades de cada órgão ou entidade; 
Conferir o registro e a numeração das folhas;
Encaminhar, fisicamente, o processo autuado e registrado para a unidade específica correspondente, do órgão ou entidade; 
O envelope encaminhando a correspondência não será peça do processo, devendo ser descartado, anotando-se as informações necessárias, referentes ao endereço do remetente. 
A correspondência não autuada seguirá as regras desta norma para ser registrada em sistema próprio e encaminhada à unidade de destino. 
A autuação de documentos classificados como SECRETO, CONFIDENCIAL ou RESERVADO será processada por servidor com competência para tal, da mesma forma que os demais documentos, devendo, no entanto, as unidades de protocolo central ou setorial, após a autuação, lacrarem o envelope do processo, apondo o número do processo, o órgão de destino e o carimbo correspondente ao grau de sigilo. 
As mensagens e documentos resultantes de transmissão via fax não poderão se constituir em peças de processo. 
Numeração de Folhas e de Peças 
As folhas dos processos serão numeradas em ordem crescente, sem rasuras, devendo ser utilizado carimbo próprio para colocação do número, aposto no canto superior direito da página, recebendo, a primeira folha, o número 1. 
O documento não encadernado receberá numeração em sequência cronológica e individual para cada peça que o constituir. 
A numeração das peças do processo é iniciada no protocolo central ou setorial da unidade correspondente, conforme faixa numérica de autuação. As peças subsequentes serão numeradas pelas unidades que as adicionarem; a capa do processo não será numerada. 
Nenhum processo poderá ter duas peças com a mesma numeração, não sendo admitido diferenciar pelas letras A e 
B, nem rasurar. 
Fls. ................... 
Rubrica ............ 
Fls. ................... 
Rubrica ............ 
Nos casos em que a peça do processo estiver em tamanho reduzido, será colada em folha de papel branco, apondo-se o carimbo da numeração de peças de tal forma que o canto superior direito do documento seja atingido pelo referido carimbo. 
Quando, por falha ou omissão, for constatada a necessidade da correção de numeração de qualquer folha dos autos, inutilizar a anterior, apondo um X‖ sobre o carimbo a inutilizar, renumerando as folhas seguintes, sem rasuras, certificando-se da ocorrência. 
Petição inicial 
É a peça processual que instaura o processo jurídico, levando ao Juiz-Estado os fatos constitutivos do direito, também chamada de causa de pedir, os fundamentos jurídicos e o pedido. 
Nas formas de Estado onde o particular não pode realizar a auto composição de seus conflitos por não deter o monopólio da força, como é o caso das democracias, o indivíduo precisará da intervenção do Estado nos conflitos que não se resolvam pela via negocial. 
A petição inicial é a forma como o indivíduo retira o Poder Judiciário de sua inércia e o convoca para atuar no caso concreto, causando a substituição da vontade das partes pela vontade de um julgador imparcial e equidistante. 
As seguintes expressões são sinônimos de petição inicial: Peça vestibular, peça autoral, peça prefacial, peça preambular, peça exordial, peça isagógica, peça introdutória, petitório inaugural. 
O Direito de Agir 
O Direito de ação deve ser exercido pelo próprio interessado, sendo que, no Direito Brasileiro, os relativamente incapazes serão assistidos e os totalmente incapazes serão representados. Apenas em casos excepcionalíssimos a lei permite a substituição processual, ou seja, a capacidade de terceiro pleitear em Juízo direito alheio. 
O direito de agir, geral e abstrato, formaliza-se na invocação da tutela jurisdicional do Estado, por intermédio de uma petição endereçada ao juiz ou tribunal. 
A petição inicial no Processo Civil Brasileiro 
O Código de Processo Civil brasileiro estabelece os critérios para que uma petição inicial seja considerada apta. Ela deverá indicar, além dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido, o Juiz ou Tribunal a que se dirige o Autor; os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; requerer a prestação jurisdicional, detalhando o pedido e declinar o valor da causa; e, por fim, deve requerer a citação do réu para que, não apresentando defesa, ocorram os efeitos da revelia. 
O CPC, em seu art. 2°, afirma que "nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte a requerer nos casos as formas legais", tornando a petição inicial no único instrumento válido para a atuação estatal nos litígios instaurados nas relações interpessoais. 
Partes da petição inicial 
Autor: requerente, justificante, suplicante, arrolante. 
Réu: o termo "Réu" deixou de ser utilizado nos últimos tempos, por remeter a uma ideia pejorativa, já que tal termo é designado à pessoa do condenado. Com frequência utilizam-se outra expressões para designar o Réu, tais como requerido, suplicado, executado, etc. 
Fatos e fundamentos do pedido 
Toda peça inaugural deve trazer os fundamentos fáticos e jurídicos do pedido. Equivale à descrição dos fatos que geraram a incidência da norma jurídica ao caso concreto. 
Todo direito subjetivo nasce de um fato. O fato é aquilo que leva o autor a reclamar a prestação jurisdicional. 
Fundamento jurídico é a natureza do Direito que o autor reclama em juízo.
Ao postular a prestação jurisdicional, o autor indica o direito subjetivo que pretende exercitar contra o réu e aponta o fato de onde ele provém. 
A causa de pedir deve ser decorrência lógica dos fatos e fundamentos anteriormentenarrados. 
O pedido 
O pedido consiste naquilo que o autor pretende com a tutela reclamada. 
Dependendo da natureza da tutela requerida, o pedido pode ser condenatório, declaratório ou acautelatório, conforme se requeria um bem da vida, uma declaração (constitutiva ou desconstitutiva) ou se o que se busca é garantir uma tutela jurisdicional futura, respectivamente. 
Do Processo Eletrônico 
Art. 8°- Os órgãos do Poder Judiciário poderão desenvolver sistemas eletrônicos de processamento de ações judiciais por meio de autos total ou parcialmente digitais, utilizando, preferencialmente, a rede mundial de computadores e acesso por meio de redes internas e externas. 
Parágrafo único - Todos os atos processuais do processo eletrônico serão assinados eletronicamente na forma estabelecida nesta Lei. 
Art. 9° - No processo eletrônico, todas as citações, intimações e notificações, inclusive da Fazenda Pública, serão feitas por meio eletrônico, na forma desta Lei. 
§ 1°- As citações, intimações, notificações e remessas que viabilizem o acesso à íntegra do processo correspondente serão consideradas vista pessoal do interessado para todos os efeitos legais. 
§ 2°- Quando, por motivo técnico, for inviável o uso do meio eletrônico para a realização de citação, intimação ou notificação, esses atos processuais poderão ser praticados segundo as regras ordinárias, digitalizando-se o documento físico, que deverá ser posteriormente destruído. 
Art. 10 - A distribuição da petição inicial e a juntada da contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em formato digital, nos autos de processo eletrônico, podem ser feitas diretamente pelos advogados públicos e privados, sem necessidade da intervenção do cartório ou secretaria judicial, situação em que a autuação deverá se dar de forma automática, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo. 
§ 1°- Quando o ato processual tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de petição eletrônica, serão considerados tempestivos os efetivados até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia. 
§ 2° - No caso do § 1° deste artigo, se o Sistema do Poder Judiciário se tornar indisponível por motivo técnico, o prazo fica automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à resolução do problema. 
§ 3°- Os órgãos do Poder Judiciário deverão manter equipamentos de digitalização e de acesso à rede mundial de computadores à disposição dos interessados para distribuição de peças processuais. 
Art. 11- Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com garantia da origem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta Lei, serão considerados originais para todos os efeitos legais. 
§ 1°- Os extratos digitais e os documentos digitalizados e juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas autoridades policiais, pelas repartições públicas em geral e por advogados públicos e privados têm a mesma força probante dos originais, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de digitalização. 
§ 2° - A arguição de falsidade do documento original será processada eletronicamente na forma da lei processual em vigor. 
§ 3º - Os originais dos documentos digitalizados, mencionados no § 2° deste artigo, deverão ser preservados pelo seu detentor até o trânsito em julgado da sentença ou, quando admitida, até o final do prazo para interposição de ação rescisória. 
§ 4° - (VETADO) 
§ 5° - Os documentos cuja digitalização seja tecnicamente inviável devido ao grande volume ou por motivo de ilegibilidade deverão ser apresentados ao cartório ou secretaria no prazo de 10 (dez) dias contados do envio de petição eletrônica comunicando o fato, os quais serão devolvidos à parte após o trânsito em julgado. 
§ 6° - Os documentos digitalizados juntados em processo eletrônico somente estarão disponíveis para acesso por meio da rede externa para suas respectivas partes processuais e para o Ministério Público, respeitado o disposto em lei para as situações de sigilo e de segredo de justiça. 
Art. 12 - A conservação dos autos do processo poderá ser efetuada total ou parcialmente por meio eletrônico. 
§ 1° - Os autos dos processos eletrônicos deverão ser protegidos por meio de sistemas de segurança de acesso e armazenados em meio que garanta a preservação e integridade dos dados, sendo dispensada a formação de autos suplementares. 
§ 2° - Os autos de processos eletrônicos que tiverem de ser remetidos a outro juízo ou instância superior que não disponham de sistema compatível deverão ser impressos em papel, autuados na forma dos arts. 166 a 168 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, ainda que de natureza criminal ou trabalhista, ou pertinentes a juizado especial. 
§ 3º - No caso do § 2o deste artigo, o escrivão ou o chefe de secretaria certificará os autores ou a origem dos documentos produzidos nos autos, acrescentando, ressalvada a hipótese de existir segredo de justiça, a forma pela qual o banco de dados poderá ser acessado para aferir a autenticidade das peças e das respectivas assinaturas digitais. 
§ 4°- Feita a autuação na forma estabelecida no § 2° deste artigo, o processo seguirá a tramitação legalmente estabelecida para os processos físicos. 
§ 5°- A digitalização de autos em mídia não digital, em tramitação ou já arquivados, será precedida de publicação de editais de intimações ou da intimação pessoal das partes e de seus procuradores, para que, no prazo preclusivo de 30 (trinta) dias, se manifestem sobre o desejo de manterem pessoalmente a guarda de algum dos documentos originais. 
Art. 13 - O magistrado poderá determinar que sejam realizados por meio eletrônico a exibição e o envio de dados e de documentos necessários à instrução do processo. 
§ 1° - Consideram-se cadastros públicos, para os efeitos deste artigo, dentre outros existentes ou que venham a ser criados, ainda que mantidos por concessionárias de serviço público ou empresas privadas, os que contenham informações indispensáveis ao exercício da função judicante. 
§ 2° - O acesso de que trata este artigo dar-se-á por qualquer meio tecnológico disponível, preferentemente o de menor custo, considerada sua eficiência. 
Processo eletrônico em MG 
Em Minas, o Sistema CNJ de processo judicial eletrônico (anteriormente denominado Projudi), foi lançado como projeto-piloto no Juizado Especial da UFMG, em agosto de 2007, durante a Semana da Tecnologia, Justiça e Cidadania, marcando a entrada do TJ na era do processo eletrônico. 
Ao longo de 2008, o processo judicial eletrônico foi implantado nos outros quatro Juizados Especiais de Belo Horizonte (Juizados Especiais Cíveis do Barreiro (em 04 de abril), do Gutierrez (em 29 de julho) e das Relações de Consumo (em 01 de setembro) e nas Turmas Recursais da Unidade UFMG (6ª, 7ª e 9ª Turmas em 09 de abril). 
O processo eletrônico foi implantado, também, na Justiça Comum de 1ª Instância, na Vara de Registros Públicos do Fórum Lafayette. Atualmente, já está sendo usado para tramitar eletronicamente todas as habilitações de casamentos feitas na capital mineira. A homologação de casamentos responde por 50% dos processos da Vara de Registros Públicos de Belo Horizonte, onde são homologados 2 mil casamentos por mês, em média. 
Em 2009, o Sistema CNJ já foi instalado nas 5ª, 8ª e 10ª Turmas Recursais Cíveis do Grupo Jurisdicional de Belo Horizonte (portaria 007/2009). 
Distribuição 
A lei determina a livre distribuição dos processos, nos locais em que existam mais de um órgão jurisdicional com idêntica competência de foro. Isso significa que, se a região possui mais de um juiz cível de primeiro grau, todos estes juízes seriam igualmente competentes para decidir sobre as mesmas causas e as partes poderiam propor suas ações diretamente aos juízes que lhes conviessem. 
O legislador preocupou-se em evitar esta prática, que seria determinantemente lesiva ao princípio do Juiz Natural.Para tanto, foram fixados no Código de Processo Civil preceitos – artigos 251 e 252 – a fim de obrigar a distribuição livre dos processos em comarcas que possuam mais de um juiz com competência para julgar uma causa. Tais preceitos impedem que as partes possam dispor livremente a respeito do juízo que pretendem para julgar suas demandas. 
Para George Marmelstein Lima, a livre distribuição é o corolário do princípio constitucional do juiz natural. ‖ 
E para José Frederico Marques, A competência de juízo não pode ser substituída por convenção das partes: não há eleição de juízo (só existe eleição de foro), pelo que não será permitida a escolha de vara ou juízo do foro competente (inclusive no foro de eleição), para ali ser ajuizada a ação e correr o processo. 
Não convém se analisar um por um dos diversos procedimentos de distribuição determinados pelos tribunais de todo o Brasil, porque não importando o quanto diferente possam ser, todos necessariamente devem observar uma ressalva que a lei orienta: devem impedir a escolha do juízo pela parte. Nenhum cidadão pode pretender escolher deliberadamente o seu juiz, sob pena de lesão irreparável ao princípio do Juiz Natural. 
Art. 251- Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz ou mais de um escrivão. 
Art. 252- Será alternada a distribuição entre juízes e escrivães, obedecendo à rigorosa igualdade. 
Art. 253- Distribuir-se-ão por dependência as causas de qualquer natureza: 
Quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada; 
Quando, tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda; 
Quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao juízo prevento. 
Parágrafo único- Havendo reconvenção ou intervenção de terceiro, o juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor. 
Art. 254 - É defeso distribuir a petição não acompanhada do instrumento do mandato, salvo: 
Se o requerente postular em causa própria; 
Se a procuração estiver junta aos autos principais; 
No caso previsto no art. 37. 
Art. 255- O juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, corrigirá o erro ou a falta de distribuição, compensando-a. 
Art. 256- A distribuição poderá ser fiscalizada pela parte ou por seu procurador. 
Art. 257- Será cancelada a distribuição do feito que, em 30 (trinta) dias, não for preparado no cartório em que deu entrada. 
Extravio de processo 
Havendo desaparecimento ou extravio de processo, o servidor que primeiro tomar conhecimento do fato comunicará, à sua chefia, o ocorrido. 
A autoridade administrativa que tiver ciência do fato promoverá a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar. 
Independentemente das ações adotadas anteriormente, o servidor responsável pela reconstituição do processo observará o seguinte procedimento:
Ordenar a documentação que caracterize a busca de localização do processo dentro de uma capa, juntamente com o documento, pelo qual foi dado conhecimento à chefia, do desaparecimento ou extravio do processo; 
Fazer representação ao chefe da unidade a que estiver jurisdicionado, a quem compete autorizar a reconstituição do processo; 
Reconstituir o processo, resgatando as suas informações e obtendo cópias de documentos que o constituíam.
Restauração de autos 
O Código de Processo Civil insere a restauração de autos entre os processos de jurisdição contenciosa, regulando-a nos artigos 1.063 a 1.069. 
Diz a Lei que, verificado o desaparecimento dos autos, pode qualquer das partes promover-lhe a restauração‖ (art. 1.063). A parte contrária é citada para contestar o pedido. Concordando, lavra-se auto que, homologado pelo juiz, supre o processo desaparecido. Revel, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo requerente (art. 1.065 e parágrafos). Se for o caso, reinquirem-se as testemunhas e renova-se a perícia (art. 1.066). Julgada a restauração, seguirá o processo os seus termos (art. 1.067). Responde pelas custas da restauração e honorários de advogado quem houver dado causa ao desaparecimento dos autos (art. 1.069). Eis aí, resumidamente, as disposições que regem a matéria. 
Pode o juiz agir de ofício? A legitimação ativa e passiva é exclusivamente das partes? Pode ser condenado nas custas e em honorários o juiz, o escrivão ou o advogado que haja dado causa ao desaparecimento, ainda que não seja parte? 
Para responder, começamos determinando o significado da sentença a ser proferida, em outras palavras, qual o significado de julgar restaurados os autos‖. 
Eles documentam o desenvolvimento da relação processual, desde o ato que a constituiu até o seu estágio atual. Neles se inserem os documentos da causa que, perdidos juntamente com os autos, são reconstituídos mediante cópias e, na falta, pelos meios ordinários de prova‖. 
Evidentemente, ao julgar restaurados os autos, não estará o juiz a declarar que foram reconstituídos tais como se achavam no estado em que desapareceram. Documentos terão sido irremediavelmente perdidos, sem possibilidade de reconstituição. As testemunhas, reinquiridas, não terão reproduzido exatamente suas declarações anteriores. A nova perícia terá encontrado uma situação de fato que, pelo decurso do tempo, já não será a mesma da perícia anterior. Poderá haver controvérsia, que o juiz haja de dirimir, uma das partes afirmando, por exemplo, que a cópia da petição inicial ou da contestação, apresentada pela outra, não corresponde ao original. 
Ao julgar a restauração, o juiz profere uma declaração de fato: afirma que os autos da restauração correspondem, na medida possível, aos autos desaparecidos, dirimindo eventual controvérsia sobre o conteúdo de documentos ou declarações duvidosamente reconstituídos. 
A Lei concebe a restauração de autos como ação de uma das partes contra a outra, com condenação nas custas e em honorários daquela que haja dado causa ao desaparecimento. É uma ação declaratória de fato, necessária, porque indispensável sentença para que a restauração produza seus efeitos próprios, permitindo o prosseguimento do processo, como previsto no artigo 1.067. 
Constitui exercício de direito público subjetivo, mais do que em outras ações, porque o pedido somente pode ser atendido pelo juiz. O réu, embora deva colaborar, exibindo as cópias, contrafés e mais reproduções dos atos e documentos que estiverem em seu poder (art. 1.065), não tem obrigação alguma em face do autor. Trata-se de pura ação, porque através dela não se veicula qualquer direito subjetivo do autor contra o réu, mas apenas um direito contra o Estado-juiz, este sim obrigado a proceder à restauração dos autos. 
Determina a Lei que, na sentença, o juiz condene nas custas e honorários a parte que deu causa ao desaparecimento (art. 1.069). Pode ocorrer, pois, condenação do autor nos ônus da sucumbência, embora acolhido seu pedido, por se haver constatado que ele próprio, ou seu procurador, deu causa ao desaparecimento dos autos. 
Quem paga as custas do processo e os honorários de advogado, não se apurando quem deu causa ao desaparecimento ou constatando-se que a culpa foi de terceiro? Não se pode condenar o réu, porque ―vencido‖, porque expressamente afastado o princípio da sucumbência pelo artigo 1.069. O mais razoável é que suporte cada parte os honorários de seu patrono e metade das custas. 
A concepção da restauração de autos como processo de jurisdição contenciosa, de ação proposta por uma das partes, não contra, mas em face da outra, atende ao caso mais comum: aquele em que uma delas tem mais interesse do que a outra no prosseguimento do processo principal. 
Não se deve excluir, porém, a possibilidade de as partes, de comum acordo, requererem a restauração dos autos, quiçá oferecendo desde logo as cópias que cada uma tinha em seu poder, pedindo ao juiz que julgue restaurados os autos. O procedimento, nesse caso, será de jurisdição voluntária,à semelhança do que ocorre na separação e no divórcio, que podem ter natureza contenciosa ou voluntária, conforme haja ou não acordo entre as partes. Observe-se que, em qualquer dos casos, a vontade das partes é insuficiente, sendo necessária sentença do juiz, ainda que meramente homologatória. 
Há que se analisar, ainda, uma terceira hipótese, a de o juiz determinar, de ofício, a restauração de autos, no exercício de uma atividade que teria natureza administrativa. Por documentarem o desenvolvimento de uma relação processual, necessariamente pública, os autos têm a natureza de documento público. Constituem instrumento para o exercício da jurisdição. O juiz precisa dos autos até mesmo para decretar a extinção do processo. Não se poderia, por isso, negar ao juiz o poder de determinar a restauração, ainda que, e especialmente se, ele próprio deu causa ao desaparecimento dos autos. Mas o juiz não poderia julgar restaurados os autos sem citação das partes. Haveria, assim, um processo iniciado de ofício, contra o que dispõe o artigo 1.063 do Código de Processo Civil e, especialmente, contra o disposto em seu artigo 2º: Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e formas legais‖. O processo moderno não comporta iniciativa judicial. O interesse público é atendido por outra forma, qual seja pela atribuição do poder de agir ao Ministério Público. A natureza pública dos autos deve, pois, levar, não à afirmação da possibilidade da iniciativa judicial, mas da legitimidade do Ministério Público, qualquer que seja a natureza da ação a que se refiram os autos que se devam restaurar. 
Segue-se, como corolário, que a propositura da ação de restauração de autos não compete apenas às partes, mas a qualquer interessado, ou seja, a quem quer que possa ter algum direito dependente do processo principal, como o credor com penhora no rosto dos autos extraviados. 
A sentença que julga restaurados os autos, ainda que proferida em processo de jurisdição contenciosa, não faz coisa julgada, pois aparecendo os autos originais, nestes se prosseguirá‖. 
Da sentença cabe apelação, com efeito suspensivo. 
O responsável pelo desaparecimento dos autos, seja uma das partes, seja o juiz, o escrivão ou um terceiro, responde por perdas e danos, como decorre do artigo 1.069, mas em ação própria, inconfundível com a de restauração de autos.http://www.tex.pro.br 
DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS 
Art. 1.063 - Verificado o desaparecimento dos autos, pode qualquer das partes promover-lhes a restauração. 
Parágrafo único. Havendo autos suplementares, nestes prosseguirá o processo. 
Art. 1.064 - Na petição inicial declarará a parte o estado da causa ao tempo do desaparecimento dos autos, oferecendo: 
Certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do cartório por onde haja corrido o processo; 
Cópia dos requerimentos que dirigiu ao juiz; 
Quaisquer outros documentos que facilitem a restauração. 
Art. 1.065 - A parte contrária será citada para contestar o pedido no prazo de 5 (cinco) dias, cabendo-lhe exibir as cópias, contrafés e mais reproduções dos atos e documentos que estiverem em seu poder. 
§ 1° - Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o respectivo auto que, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido. 
§ 2° - Se a parte não contestar ou se a concordância for parcial, observar-se-á o disposto no art. 803. 
Art. 1.066- Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido depois da produção das provas em audiência, o juiz mandará repeti-las. 
§ 1° - Serão reinquiridas as mesmas testemunhas; mas se estas tiverem falecido ou se acharem impossibilitadas de depor e não houver meio de comprovar de outra forma o depoimento, poderão ser substituídas. 
§ 2°- Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perícia, sempre que for possível e de preferência pelo mesmo perito. 
§ 3º - Não havendo certidão de documentos, estes serão reconstituídos mediante cópias e, na falta, pelos meios ordinários de prova. 
§ 4º - Os serventuários e auxiliares da justiça não podem eximir-se de depor como testemunhas a respeito de atos que tenham praticado ou assistido. 
§ 5º - Se o juiz houver proferido sentença da qual possua cópia, esta será junta aos autos e terá a mesma autoridade da original. 
Art. 1.067- Julgada a restauração, seguirá o processo os seus termos. 
§ 1º - Aparecendo os autos originais, nestes se prosseguirá sendo-lhes apensados os autos da restauração. 
§ 2º - Os autos suplementares serão restituídos ao cartório, deles se extraindo certidões de todos os atos e termos a fim de completar os autos originais. 
Art. 1.068 - Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido no tribunal, à ação será distribuída, sempre que possível, ao relator do processo. 
§ 1º - A restauração far-se-á no juízo de origem quanto aos atos que neste se tenham realizado. 
§ 2º - Remetidos os autos ao tribunal, aí se completará a restauração e se procederá ao julgamento. 
Art. 1.069 - Quem houver dado causa ao desaparecimento dos autos responderá pelas custas da restauração e honorários de advogado, sem prejuízo da responsabilidade civil ou penal em que incorrer. 
Termos utilizados referentes ao processo 
AUTUAR - Lavrar um auto contra alguém; reunir em forma de processo (a petição e documentos apresentados em juízo); processar. 
DESAPENSAÇÃO - É a separação física de processos apensados. 
DISTRIBUIÇÃO - Escolha do juiz ou relator do processo, por sorteio. Pode acontecer também por prevenção, ou seja, o processo é distribuído para um juiz ou ministro que já seja relator da causa ou de processo conexo. No caso de um juiz ou ministro declarar-se impedido é feito novo sorteio. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal, observando-se os princípios da publicidade, da alternatividade e do sorteio. 
FOLHA DO PROCESSO – São as duas faces de uma página do processo. 
JUNTADA - É a união de um processo a outro, ou de um documento a um processo; realiza-se por Anexação ou Apensação. 
JUNTADA POR ANEXAÇÃO - É a união definitiva e irreversível de 01 (um) ou mais processo(s) /documento(s), a 01 (um) outro processo (considerado principal), desde que pertencentes a um mesmo interessado e que contenham o mesmo assunto. 
NUMERAÇÃO DE PEÇAS – É a numeração atribuída às partes integrantes do processo. 
PÁGINA DO PROCESSO – É cada uma das faces de uma folha de papel do processo. 
PEÇA DO PROCESSO – É o documento que, sob diversas formas, integra o processo. Ex: Folha, folha de talão de cheque, passagem aérea, brochura, termo de convênio, contrato, fita de vídeo, nota fiscal, entre outros.
PETIÇÃO - De forma geral, é um pedido escrito dirigido ao Tribunal. A Petição Inicial é o pedido para que se comece um processo. Outras petições podem ser apresentadas durante o processo para requerer o que é de interesse ou de direito das partes. No Supremo, a Petição (PET) é um processo. 
PROCEDÊNCIA – A instituição que originou o documento. 
PROCESSO – É o documento ou o conjunto de documentos que exige um estudo mais detalhado, bem como procedimentos expressados por despachos, pareceres técnicos, anexos ou, ainda, instruções para pagamento de despesas; assim, o documento é protocolado e autuado pelos órgãos autorizados a executar tais procedimentos. 
PROCESSO ACESSÓRIO - É o processo que apresenta matéria indispensável à instrução do processo principal. 
PROCESSO PRINCIPAL – É o processo que, pela natureza de sua matéria, poderá exigir a anexação de um ou mais processos como complemento à sua decisão. 
PROTOCOLO CENTRAL – É a unidade junto ao órgão ou entidade, encarregada dos procedimentos com relação às rotinas de recebimento e expedição de documentos. 
PROTOCOLO SETORIAL – É a unidade localizada junto aos setores específicos dos órgãos ou entidades, encarregada de dar suporte às atividades de recebimento e expedição de documentos no âmbito da área a qual se vincula; tem a finalidade de descentralizar as atividades do protocolo central.REGISTRO - É a reprodução dos dados do documento, feita em sistema próprio, destinado a controlar a movimentação da correspondência e do processo e fornecer dados de suas características fundamentais, aos interessados. 
TERMO DE DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS – É uma nota utilizada para informar sobre a retirada de peça(s) de um processo; pode ser por intermédio de carimbo específico. 
TERMO DE DESAPENSAÇÃO – É uma nota utilizada para registrar a separação física de dois ou mais processos apensados; pode ser por intermédio de carimbo específico. 
TERMO DE ENCERRAMENTO – É uma nota utilizada para registrar o encerramento do processo; pode ser por intermédio de carimbo específico. 
TERMO DE JUNTADA DE FOLHA OU PEÇA – É uma nota utilizada para registrar a juntada de folha(s) ou peça(s) ao processo; pode ser por intermédio de carimbo específico. 
TERMO DE RETIRADA DE FOLHA OU PEÇA – É uma nota utilizada para registrar a retirada de folha(s) ou peça(s) do processo; pode ser por intermédio de carimbo específico. 
TERMO DE RESSALVA – É uma nota utilizada para informar que uma peça foi retirada do processo quando do ato da anexação, isto é, ao proceder à anexação foi constatada a ausência de uma peça; pode ser por intermédio de carimbo específico. 
TRAMITAÇÃO - É a movimentação do processo de uma unidade à outra, interna ou externa, através de sistema próprio. 
Da carga de autos pelo advogado 
A Lei nº 11.969, de 06 de julho de 2009, alterou a redação do § 2º do art. 40 do CPC para permitir ao advogado retirar autos mediante carga pelo prazo de uma hora com o propósito de reproduzir peças processuais. A regra, como explicita o art. 1º da lei, aplica-se aos casos de retirada durante a fluência de prazo comum. 
Art. 40 – O advogado tem direito de: 
Examinar, em cartório de justiça e secretaria de tribunal, autos de qualquer processo, salvo o disposto no art. 155; 
Requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de 5 (cinco) dias; 
Retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que Ihe competir falar neles por determinação do juiz, nos casos previstos em lei. 
§ 1º – Ao receber os autos, o advogado assinará carga no livro competente. 
§ 2º – Sendo comum às partes o prazo, só em conjunto ou mediante prévio ajuste por petição nos autos, poderão os seus procuradores retirar os autos, ressalvada a obtenção de cópias para a qual cada procurador poderá retirá-los pelo prazo de 1 (uma) hora independentemente de ajuste. (Redação dada pela Lei nº 11.969, de 2009). 
A finalidade da lei é permitir aos patronos - quando houver vista em comum - a obtenção de cópia de peças necessárias ao estudo do processo e manifestação sem que precisem se ajustar na partilha do prazo, circunstância muito difícil em grandes comarcas ou mesmo quando os procuradores têm sua base em localidades distintas. Mas servirá, também, didaticamente, para que os cartórios não façam carga ordinária aos profissionais que sem parcimônia retiram os autos para reproduzir peças e culminam prejudicando o exercício da Advocacia pelo patrono adverso, circunstância não rara e que resulta no pedido de garantia e reabertura de prazos, além de novas publicações. 
A primeira crítica a fluir é que o legislador, ao fixar o prazo de uma hora, deve ter pensado no Doctor Flash, um advogado dotado de super poder para receber os autos e cumprir o seu desiderato em carga relâmpago; ou imaginado que o Estado mantivesse serviço de fotocópias em todos os ambientes forenses, ou que nestes, a partir do elevador, não houvesse filas para atendimento aos seus usuários, incluídos aqueles referidos na Constituição Federal como imprescindíveis à administração da Justiça. 
E não se diga que uma hora é benesse quando comparada aos 45 minutos antes conferidos pelos provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho. 
Por outro lado, embora a fotocopiadora, em tempo próximo, vá tornar-se obsoleta e venha a dar lugar total às peças digitalizadas pelo escâner, haverá necessidade de regulamentar-se a retirada dos autos, pois em caso contrário a carga terá que ser procurada ao final do expediente da repartição para que o prazo de devolução termine no início do turno subsequente. 
Noutro enfoque é preciso lembrar que a retirada de autos em carga regulada no CPC há muito se constitui em problema à Advocacia, primeiro porque quando o advogado não tem procuração somente pode examinar os autos em cartório ou secretaria; e quando a tem, mediante petição deferida pelo juízo ou intimação de vista exclusiva ou em prazo comum, como disposto nos incisos I, II e III do art. 40 do CPC. A terceira hipótese a lei antes referida tentou resolver com 60 minutos; e a segunda resolveu-se indiretamente quando a Lei nº 8.952/94 acrescentou o § 4º ao art. 162 do CPC para autorizar a escrivania a realizar de ofício atos ordinatórios, implícito o de pronta juntada do instrumento procuratório e a subsequente carga ao patrono da parte. 
Aquela primeira hipótese, entretanto, ainda não foi adequadamente enfrentada pelo legislador, nem mesmo no inciso XIII do art. 7º da Lei nº 8.906/94 que assegura a obtenção de cópias sem a confiança dos autos. E, neste caso, quando o advogado precisa reproduzir peças de um processo para decidir se aceita a causa, para instruir outro feito ou simplesmente para alcançá-las ao colega de outra comarca, provavelmente terá que continuar sujeitando-se a fazê-lo acompanhado por um servidor, se aquelas modificações não forem estendidas à hipótese. João Moreno Pomar 
Contestação 
A contestação é a peça que comporta a toda a defesa do réu. É neste instrumento que o réu deve rebater todos os argumentos do autor, demonstrando, claramente, a impossibilidade de sucesso da demanda. 
Na contestação, o réu poderá se manifestar sobre aspectos formais, e materiais. 
Os argumentos de origem formal se relacionam à ausência de alguma formalidade processual exigida, e que não fora cumprida pelo autor em sua peça inicial. 
Esses argumentos, dependendo da gravidade, podem ocasionar fim do processo antes mesmo do magistrado apreciar o conteúdo do direito pretendido. A imperfeição apontada pelo réu retiraria do autor a possibilidade de seguir adiante, ou retardaria o procedimento até que seja sanada a imperfeição. Essa é a chamada defesa indireta. 
Já os aspectos materiais se relacionam ao conteúdo do direito que o autor reivindica; é mérito da causa. É a chamada defesa direta ou de mérito, na qual o réu ataca o fato gerador do direito do autor, ou as consequências jurídicas que o autor pretende. O art. 300 do CPC dispõe acerca da contestação: 
Art. 300 – Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. 
O princípio da concentração (ou princípio da eventualidade) determina que o réu deve, em sede de contestação, alegar toda a matéria de defesa, tanto processual, quanto de mérito. 
Não há possibilidade, como ocorre no processo penal, de aguardar um momento mais propício para expor as teses de defesa. No processo civil é necessário que o réu deduza todas as matérias de defesa que serão utilizadas na própria contestação. 
Dessa forma, ressalta-se a grande importância da contestação para a defesa do réu, pois este é o momento oportuno para que o mesmo possa alegar todas as suas razões, sob pena de não poder mais se utilizar de determinados argumentos de defesa que não foram alegados em sede de contestação. www.jurisway.org.br. 
Trata-se da modalidade processual de resposta mais comum, pois é através da contestação que o réu impugna o pedido formulado pelo autor da ação, defendendo-se no plano do mérito. Essa defesa pode ser 
Direta (quando o fato constitutivo do direito alegado pelo autor ou os efeitos jurídicos por ele produzidos são negados) ou 
 Indireta (quando o réu argúi um novo fato, modificativo, impeditivo ou extintivo do direito alegado pelo autor). 
É, portanto uma das modalidadesde resposta, junto com a reconvenção e as exceções. No entanto, é através da contestação que o réu apresentará defesa sobre o próprio mérito da ação, razão pela qual, caso não apresentada, tornar-se-á revel o réu naquela ação. Assim, caso a contestação não seja apresentada no prazo legal, ocorrerá à revelia, presumindo-se verdadeiros (presunção relativa) os fatos alegados pelo autor na petição inicial. 
Prazo 
O prazo para que o réu ofereça contestação ao pleito autoral é, em regra, de 15 dias a contar da juntada aos autos do mandado de citação cumprido. Assim, após o réu ser citado, o mandado de citação será juntado aos autos do processo e, a partir dessa data, começará a correr o prazo para apresentação de contestação. 
Reconvenção 
Reconvenção é um instituto de direito processual, pelo qual o réu formula uma pretensão contra o autor da ação. 
No processo de rito ordinário o réu pode, dentro do prazo para contestar, formular uma pretensão contra o autor da ação. 
Nos processos que seguem o rito sumário, ou sumaríssimo (Juizados Especiais, Lei nº 9.099/95) não há reconvenção. Nestes casos, a pretensão do réu se da na própria ação, por meio de pedido contraposto. 
Ou seja, a reconvenção ocorre quando o réu processa o autor, no prazo de defesa. 
Conceito e justificação sistemática 
Reconvenção é a demanda de tutela jurisdicional proposta pelo réu em face do autor, no processo pendente entre ambos e fora dos limites da demanda inicial. Com ela, o réu introduz no processo uma nova pretensão, a ser julgada em conjunto com a do autor. Menos tecnicamente, diz-se também que ela seria uma ação dentro da ação; e realmente a reconvenção é ato de exercício do direito de demandar, dentro do mesmo processo em que o autor vem exercendo o seu próprio. 
Ela e a demanda inicial reúnem-se em um processo só, cujo objeto se alarga em virtude do pedido do réu, sem que se forme um novo processo. No processo com reconvenção ocorre um dos possíveis casos de objeto do processo composto, em que duas pretensões se põem perante o juiz para que ele se pronuncie afinal sobre ambas, concedendo ou não a tutela jurisdicional pedida pelo autor e concedendo ou não a pedida pelo réu que reconveio. A estrutura complexa do objeto não compromete a unidade do processo, o qual prossegue sendo um só, ampliado quanto ao objeto.
Eis, em síntese, os elementos da definição: 
Nova demanda, proposta pelo réu; 
Objeto distinto do objeto da demanda do autor; 
Consequente alargamento do objeto do processo; 
Unidade do processo e não processo novo. 
A reconvenção é uma das técnicas com que o legislador procura otimizar a eficiência do processo como instrumento para a tutela jurisdicional porque, em vez de preparar e produzir uma só tutela, esse processo se dispõe a produzir duas, com maior proveito útil. Nada impede o réu de propor sua demanda em separado, dando então origem a um novo processo, mas pela via da reconvenção ele o faz de modo mais econômico, evitando a duplicação de atos instrutórios; mais rápido, porque não lhe serão impostas as demoras do segundo processo; e mais seguro, evitando o risco de decisões conflitantes porque, à luz de uma só instrução, as duas demandas serão julgadas em uma sentença só (art. 318). 
A reconvenção e um instituto que em si mesmo constitui repúdio à perniciosa ideia do processo civil do autor, que é a postura metodológica consistente em direcionar todo o processo e realizar todos os seus atos com vista à satisfação deste - como se o autor tivesse sempre razão e suas razões de pressa ou urgência fossem sempre mais dignas que as do réu. 
Ela impõe àquele uma espera um pouco maior e pode criar embaraços à sua pretensão, mas isso é feito em nome da maior eficiência da Justiça e da dignidade do sistema processual. A reconvenção potencia o resultado social de pacificação a ser obtido mediante o processo, o que é seguro fator de sua legitimidade entre as instituições do processo civil de resultados. 
A reconvenção como resposta e como demanda 
A reconvenção e uma das possíveis respostas do réu à demanda inicial e como tal arrolada no art. 297 do Código de Processo Civil. Seu conteúdo e finalidade são os de uma demanda de provimento jurisdicional, cuja apresentação em juízo repercute depois no conteúdo da sentença de mérito a ser proferida, a qual lhe dedicará um capítulo específico e relativamente autônomo em relação ao que decide sobre a demanda do autor. A disciplina e o correto entendimento da reconvenção giram em torno desse binômio que a caracteriza, sendo ela ao mesmo tempo uma resposta e uma demanda. 
Eis por que, sem conceitos maduramente definidos, a doutrina mais antiga referia-se a ela como uma ação dentro da ação e também a punha em confronto com a demanda inicial, falando de um suposto binômio ação e reconvenção. Ação dentro da ação é um absurdo terminológico, porque um poder de agir não pode estar dentro de outro poder de agir; ela é uma demanda dentro do processo pendente, colocada ao lado de outra demanda já proposta antes. 
Distinguir entre ação e reconvenção é igualmente impróprios porque, tanto quanto a inicial do autor, também a reconvenção é uma ação (ou, mais corretamente, uma demanda). Nem é adequado contrapor a reconvenção à ação principal, porque ela é autônoma e não acessória à inicial. Mas o próprio Código de Processo Civil incorre nessas imprecisões, tolhido por maus costumes verbais que prejudicam o bom entendimento do instituto (arts. 315, 317 e 318). 
Como resposta, a reconvenção é uma das possíveis reações do réu ao estímulo externo consistente na propositura da demanda inicial pelo autor, cujo conhecimento lhe chegou mediante a citação. Ela é urna resposta sem finalidade defensiva, mas sempre uma resposta; é um contra-ataque, não uma defesa. O réu que responde reconvindo já se faz atuante no processo, exercendo faculdades e poderes inerentes à condição de parte; parte ele já era desde a citação, mas ao reconvir toma-se uma parte participante do contraditório (ainda quando não haja oferecido contestação). Ao demandante que reconvém dá-se o nome de réu-reconvinte, chamando-se autor-reconvindo o seu adversário. 
Corno demanda, a reconvenção terá a natureza que seu conteúdo lhe atribuir. Mediante ela pode-se trazer ao juízo a pretensão a uma sentença de qualquer espécie - constitutiva, condenatória ou meramente declaratória - sem que haja uma necessária correlação entre a natureza da sentença pedida em reconvenção e a que o autor pedira na inicial (mas é necessária alguma conexidade: art. 315). A própria ação declaratória incidental, quando proposta pelo réu, chega ao juízo pela via da reconvenção. 
Sendo a reconvenção uma demanda, dela pode o réu-reconvinte desistir, seja integralmente, seja para excluir apenas algum dos reconvindos; a desistência dependerá sempre da anuência do excluído ou de todos, conforme o caso. 
Assim colocada, a reconvenção é mera faculdade que o sistema processual oferece ao réu, podendo ele propor sua demanda em termos de resposta ou omitir-se naquele momento, caso prefira propô-la depois, fora do processo em que foi citado - sem que com isso fique prejudicado seu direito de ação e, muito menos, o direito que tivesse ao bem da vida pretendido. 
Pressupostos gerais e especiais 
A reconvenção é regida por requisitos de duas ordens, referentes às duas faces de sua conceituação. Como exercício do direito de demandar em juízo e direito ao processo, sujeita-se aos pressupostos gerais de admissibilidade da tutela jurisdicional; como espécie de resposta do réu, ela se rege por requisitos próprios, referentes: 
Às hipóteses em que se admite inserir no processo a demanda do réu e 
Às circunstâncias formais desse ato. 
Em resumo, são pressupostos da reconvenção:
As condições da ação e os normais requisitos exigidos para a correta propositura da demanda e 
 Os requisitos próprios a esse modo de demandar em juízo, os quais serão relacionados:
Com a possibilidade de propor a demanda em via reconvencional e 
Com os aspectos formais dessapropositura. Depois, no curso do processo é indispensável que se realizem os atos normais de discussão em contraditório, que a prova seja produzida segundo as regras ordinárias etc., só sendo admissível o julgamento da reconvenção, pelo mérito, se estiverem presentes todos os pressupostos a que ele é ordinariamente condicionado. 
Pressupostos gerais 
Logo ao deduzir sua reconvenção no processo, é indispensável que o réu-reconvinte esteja amparado pelo dúplice requisito das condições da ação e dos pressupostos processuais relacionados com sua capacidade e correta representação por advogado.
A demanda reconvencional deve ser redigida segundo as exigências do art. 282 do Código de Processo Civil e estar acompanhada dos documentos indispensáveis (art. 283) etc. - enfim, como demanda de tutela jurisdicional que é, a reconvenção deve vir amparada por todos os requisitos referentes à correta propositura da demanda e demais pressupostos ordinariamente exigidos em relação à demanda inicial do processo. As condições da ação reconvencional medem-se segundo os metros ordinários e sempre em relação à nova causa proposta por essa via, sem qualquer influência da mera circunstância de essa demanda ser trazida como resposta. 
A demanda do réu-reconvinte deve ser juridicamente possível, o provimento jurisdicional pedido deve ser potencialmente apto a proporcionar uma efetiva melhora em sua esfera de direitos (interesse de agir) e tanto ele como o autor-reconvindo precisam estar em urna legítima relação de adequação com a causa proposta (legitimidade ad causam ativa e passiva). 
Todos esses pressupostos são os mesmos a que o réu-reconvinte estaria sujeito se houvesse optado por ajuizar sua demanda separadamente, em caráter autônomo, fora do processo em que foi citado (e não como resposta à citação). Faltando algum pressuposto processual, a propositura da demanda reconvencional não está correta e, tanto quanto a petição inicial do processo, sujeita-se ao indeferimento. Idem, se faltar alguma condição da ação. Não indeferida a petição que reconvém, ainda assim o juiz continua fiscalizando a presença dos pressupostos para o julgamento do mérito, excluindo do processo o objeto da reconvenção quando for o caso (art. 267). 
Pressupostos especiais: a conexidade 
O mais destacado pressuposto específico da demanda reconvencional é sua conexidade com a demanda inicial ou com os fundamentos da defesa que o próprio réu-reconvinte formula em contestação ("o réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa": art. 315 CPC). 
A conexidade com a inicial, como a mais ampla das modalidades das relações entre demandas, poderá ser em razão do pedido ou da causa de pedir (art. 103), mas nem uma nem outra deve ser levada a extremos de exigência, sob pena de inviabilizar-se o próprio instituto da reconvenção. 
"Deve ter-se por suficiente para satisfazer o requisito do art. 315 o vínculo, ainda que mais tênue, existente entre as duas causas" (Barbosa Moreira). 
O petitum deduzido em reconvenção precisa inserir-se no mesmo contexto jurídico-substancial em que se situa o do autor, como será o do marido, réu em processo de anulação de casamento, que reconvém para pedir a separação judicial; ou o do comprador que, em reconvenção a um pedido de condenação pelo preço, pede a anulação do contrato de compra-e-venda. 
O pedido reconvencional não será o contraposto do pedido formulado pelo autor, porque para tanto não seria necessária à reconvenção - sabendo-se que a rejeição da demanda (improcedência) já é em si mesma concessão de tutela jurisdicional plena ao réu; não se admite, p.ex., reconvir em ação de investigação de paternidade, para pedir a declaração de que o réu não é filho do autor. Mas a reconvenção é admissível quando a improcedência da demanda do autor não for suficiente para propiciar ao réu o bem a que ele aspira - p.ex., reconvir em ação de separação judicial, para pedir a mesma separação que em contestação o réu repele (mas por fundamentos distintos, obviamente). No último caso figurado, há pura conexidade por identidade de pedidos. 
A conexidade pela causa petendi, quer para o fim da reconvenção ou para outro qualquer, jamais se exige tão intensa que as duas demandas estejam rigorosamente amparadas pelos mesmos fundamentos, sem qualquer diferença. Basta a parcial identidade de títulos, seja para provocar a prorrogação da competência, autorizar a formação do litisconsórcio etc., seja para tornar possível a reconvenção; considera-se satisfatoriamente configurada a hipótese de comunhão de causas de pedir, para qualquer desses efeitos, quando o juiz, para decidir sobre as duas ou várias demandas propostas, tiver de formar convicção única sobre os fundamentos de ambas, ou de todas. 
O grau de convergência dos fundamentos é ainda menos intenso quando se trata de reconvenção, bastando alguma razoável ligação entre as duas causas para que o juiz, ao julgar o pedido reconvencional, sinta-se de algum modo influenciado pelo julgamento da demanda inicial ou vice-versa. Se o autor pediu a condenação do réu a cumprir uma cláusula contratual, a reconvenção do réu será satisfatoriamente conexa com a demanda inicial se trouxer o pedido de condenação daquele a cumprir uma obrigação posta a seu cargo pelo mesmo contrato. 
A conexidade com os fundamentos da defesa é mais íntima do que a conexidade com os da demanda inicial, chegando quase ao ponto de uma coincidência completa, porque de uma só alegação o réu extrai duas consequências jurídicas - uma defensiva e outra, reconvencional. O réu de uma demanda de condenação a pagar dinheiro defende-se em contestação, alegando compensação do suposto crédito do autor com outro seu, também positivo e líquido (CC, art. 1.009); enquanto ele se limitasse a opor esse fato apenas em defesa, o máximo que poderia postular seria a improcedência da demanda do autor, mas, reconvindo, ele pedirá a condenação des-te a pagar-lhe o saldo que afirme existir a seu favor. Os fundamentos chegam a ser praticamente idênticos na contestação e na reconvenção, mas as conclusões, diferentes. 
O mesmo fato alegado como extintivo na contestação em que o réu afirma não mais existir o direito do autor, na reconvenção pode ser fato constitutivo do direito afirmado pelo réu. Essa é apenas uma das combinações possíveis, todas apoiadas na premissa de que nenhum fato é por sua própria natureza constitutivo, impeditivo, modificativo ou extintivo de direitos - dependendo sempre do modo como ele é invocado em cada caso concreto (Micheli). 
Requisitos formais específicos 
Como resposta à demanda inicial, a reconvenção é sujeita à propositura no prazo de quinze dias a contar da citação consumada (art. 297), observados os preceitos contidos nos incisos do art. 241 do Código de Processo Civil. Esse prazo é elevado ao quádruplo para o Ministério Público e Fazenda Pública, embora o art. 188 seja explícito somente na concessão desse grande beneficio para contestar (interpret. STJ); e conta-se em dobro para os litisconsortes passivos representados pelo mesmo advogado e para os beneficiários da assistência judiciária, quando defendidos por uma defensoria pública ou órgão assemelhado (CPC, art. 191; lei n° 1.060, de 5.2.50, art. 5°, § 5°). 
A petição inicial da reconvenção é dirigida ao juiz da causa em que o réu foi citado (art. 282, inc. I), o qual é funcionalmente competente para a reconvenção. Ela deve ser redigida em peça separada da contestação, como dispõe o art. 297 do Código de Processo Civil e é de toda conveniência para maior clareza e evitar tumultos; mas a inobservância dessa exigência constitui mera irregularidade formal que não prejudica nem conduz à nulidade do ato (art. 250) sempre que não dê causa a mal-entendidos (é preciso deixar claro onde termina uma resposta e principia a outra). 
Espécies de processos e tipos de procedimento 
A reconvenção, como demanda de tutela jurisdicional mediante sentença, é ato específico do processode conhecimento de jurisdição contenciosa. Não se admite no executivo nem no monitório, onde sentença de mérito não existe, nem no cautelar, que não tem a finalidade de propiciar diretamente a tutela jurisdicional plena (meras medidas de apoio ao processo principal); nem é admissível nos processos de jurisdição voluntária, que não têm por objeto uma pretensão a ser satisfeita mediante sacrifício de interesse alheio. 
Admite-se a reconvenção em ação rescisória, desde que ela também contenha um pedido de rescisão da mesma sentença ou acórdão (capítulo de sentença diverso daquele impugnado pelo autor da primeira rescisória). Não se admite no processo de liquidação de sentença, que com ela ou sem ela terminará com a declaração do quantum devido, sem a menor necessidade de reconvir; nem nos embargos à execução, porque eles se limitam a discutir a própria execução, o título executivo ou o crédito em sua aptidão a proporcionar a tutela executiva. Também não se reconvém nos processos das chamadas ações dúplices, onde por via mais singela se obtém o mesmo resultado da reconvenção. "É admissível reconvenção em ação declaratória" (Súmula 258 STF). 
Seu campo mais propício é o procedimento ordinário, sendo a reconvenção vedada no sumário (art. 278, § 1°) e nos processos perante os juizados especiais cíveis (LJE, art. 31). 
Na enorme casuística existente na jurisprudência atual sobre a admissibilidade da reconvenção (Theotônio Negrão) não está mais presente, como no passado, a pura e simples negativa em relação aos procedimentos especiais, só porque especiais. É legítimo excluí-la quando houver incompatibilidade entre ela e a estrutura do procedimento (falência, inventário), quando ela for inócua em virtude da admissibilidade de pedido contraposto ou quando a natureza substancial da causa não comportar a contratação do réu (conversão da separação judicial em divórcio: lei n° 6.515, de 26.12.77, art. 36); mas, salvo essas situações, a tendência dos tribunais é admitir a reconvenção mesmo em processos especiais. Não há qualquer incompatibilidade procedimental nos procedimentos que se convertem em ordinário a partir da resposta. 
Ações dúplices 
Em algumas espécies de litígios ou tipos de procedimento a lei permite que o réu, em contestação, formule pedido contraposto ao do autor, destinado a obter para si urna tutela jurisdicional fora dos limites do pedido feito por este. Tais são os chamados judicia duplicia, nos quais a própria contestação amplia o objeto do processo e torna absolutamente inócua eventual reconvenção - a qual, nessas causas, só terá utilidade quando veicular pedido de declaração incidente. 
Não existe qualquer diferença funcional entre o pedido contraposto e a reconvenção. A diferença que existe é meramente formal e pouco mais que nominal, porque o resultado a que ambos conduzem é o mesmo: ampliação do objeto do processo pela introdução de mais um pedido, necessidade de dar ao autor oportunidade para impugnar o novo pedido, instrução conjunta, sentença única. A razão da inadmissibilidade da reconvenção nesses processos é sua absoluta incapacidade de proporcionar ao réu algum beneficio maior do que aquele que pode ser obtido mediante aquela iniciativa mais simples e menos formal, afirmada pela lei corno adequada e admissível em alguns casos bem identificados (falta o interesse-necessidade). 
A ideia dos pedidos contrapostos simultâneos está presente no art. 17 da Lei dos Juizados Especiais (lei n° 9.099, de 26.9.95) e conta com o respaldo de prestigiosas legislações estrangeiras. Na França o nouveau côde de procédure civile admite a requête conjoirrte, análoga ao que existe no processo dos juizados especiais, a qual vem ali definida como "o ato comum pelo qual as partes submetem ao juiz suas respectivas pretensões e os pontos sobre os quais estão em desacordo, bem como os respectivos meios de prova" (art. 57). 
No côde judiciaire belga o art. 706 consagra dispositivo análogo. Em Portugal, o dec. lei n° 211, de 14 de junho de 1991 instituiu a petição conjunta, de declarada inspiração gaulesa. No sistema do Código de Processo Civil brasileiro, conquanto não haja o instituto da petição conjunta (pedidos contrapostos simultâneos), o pedido contraposto deduzido em contestação produz resultados práticos análogos. Trata-se do pedido contraposto ulterior, também presente no sistema dos juizados cíveis (lei n°9.099, de 26.9.95, art. 31). 
São casos de ações dúplices no direito brasileiro:
Todas as causas que se processam pelo rito sumário (art. 278, § 1°); 
A ação de consignação em pagamento e a de prestação de contas, onde cabe ao juiz condenar o próprio autor a pagar ao réu o saldo eventualmente apurado contra ele (arts. 899, § 2° e 918); 
As ações possessórias, nas quais se permite ao réu pedir proteção possessória em contestação, mediante alegação de ter sido ele ofendido em sua posse (art. 922); 
A ação de desapropriação, onde cabe ao juiz fixar afinal o valor a ser pago, ainda que acima do oferecido pelo expropriante, desde que em contestação o expropriado haja impugnado a oferta (dec. lei n° 3.365, de 21.6.41, arts. 20 e 24); 
Nos processos dos juizados especiais cíveis, nos quais são expressamente autorizados os pedidos contrapostos (lei n° 9.099, de 26.9.95, art. 31). 
Mas a reconvenção não deve ser pura e simplesmente indeferida, quando for o caso de formular pedido contraposto. Seu formalismo é muito maior que o deste e dessa mera irregularidade formal não decorre prejuízo para o adversário (arts. 244, 294, § 1° e 250); nessas hipóteses, cumpre ao juiz conhecer do pedido formulado em reconvenção como mero pedido contraposto, sem negar-lhe julgamento. O contrário não é admissível, ou seja, conhecer de pedido contraposto deduzido em contestação, fora dos casos estritos em que a lei o admite.
Reconvenções sucessivas 
As hipóteses de admissibilidade de cumular reconvenções sucessivas no mesmo processo são improváveis e raras, mas não excluídas a priori pelo sistema do processo civil. É admissível formular reconvenção contra a reconvenção quando o autor-reconvindo tiver, por sua vez, uma pretensão conexa à reconvencional do réu ou aos fundamentos da defesa oposta a esta (art. 315) - mas desde que a nova demanda a propor não seja portadora de uma pretensão que ele poderia ter cumulado na inicial e não cumulou. 
Impedir de modo absoluto a nova reconvenção significaria restringir as potencialidades pacificadoras do processo, em situações nas quais ele se mostra capaz de produzir uma tutela jurisdicional mais ampla; mas permitir que o autor reconviesse trazendo matéria que não é nova porque já poderia ter sido objeto da primeira iniciativa processual, significaria negar o valor da estabilização da demanda, legitimamente imposta pela lei (arts. 264 e 294). Daí o equilíbrio entre:
A autorização, nos termos do art. 315, e 
A restrição proibitiva de cumular depois o que teria sido possível cumular antes. 
O réu reconvém em um processo com pedido pecuniário, alegando compensação e pedindo condenação do autor-reconvindo, pelo saldo. Fundamento da reconvenção: a prestação de serviços ao autor. Reconvém também este depois, alegando por sua vez que os serviços foram mal prestados e causaram danos, para pedir a condenação do réu também por estes. Essa segunda demanda do autor não é conexa à sua primeira e não havia razão, ou talvez sequer interesse, em propô-la antes; por isso é admissível, porque é conexa à defesa que o autor-reconvindo apresentou à reconvenção. 
Mas (segunda hipótese): o autor pedira a condenação do réu a cumprir uma cláusula contratual, este reconveio para pedir que o autor fosse condenado a cumprir outra e o autor volta a reconvir pedindo a condenação do réu por uma terceira cláusula. Essa é uma demanda que poderia ter sido cumulada desde o inicio e, portanto não pode ser acrescida ao processo mediante reconvenção sucessiva. 
Reconvenção subjetivamente ampliativa ou restritiva 
A dicção do art. 315, onde está escrito que o réu pode reconvir ao autor, dá a falsa impressão

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