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AÇÃO AUTONOMA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
Revisão Criminal nº:
JUREMIR, qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, respeitosamente, por intermédio de seu procurador legal, perante esse Egrégio Tribunal, não se conformando com a decisão proferida nos autos do processo, já transitada em julgado, que o condenou à pena de 12 (doze) anos de reclusão, em regime inicial fechado, pela prática do delito tipificado no artigo Art. 217- A, c/c 226, II, ambos do Código Penal, apresentar as suas razões de REVISÃO CRIMINAL, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
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		Advogado
	 OAB/RS 00.000
RAZÕES DE REVISÃO CRIMINAL
Revisão Criminal nº 
__ Vara Criminal da Comarca de Novo Hamburgo/RS
REQUERENTE: JUREMIR
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
DOUTO PROCURADOR DE JUSTIÇA.
I - SÍNTESE DOS FATOS
JUREMIR, foi acusado, por sua ex-companheira MARIA DA GRAÇA, de ter abusado sexualmente da filha desta, MILENA, na época com 15 anos de idade, em uma festa realizada na casa do casal, em 28 de novembro de 2013.
Segundo a sentença condenatória, JUREMIR e MARIA DA GRAÇA, tiveram um relacionamento de 2010 até dezembro de 2013 quando se separaram. JUREMIR nunca morou junto com Maria da Graça e Milena, mas frequentavam um a casa do outro.
A sentença se baseou nos depoimentos da vítima prestados na delegacia e em juízo, bem como nos depoimentos de MARIA DA GRAÇA, que disse ter presenciado fatos abusivos.
Assim, o Magistrado considerou ter restado provado o abuso sexual e condenou JUREMIR a 12 anos de reclusão, com base nos Art. 217- A, c/c 226, II, ambos do Código Penal.
JUREMIR apelou, sustentando a ausência de provas, alegando ser perseguição de MARIA DA GRAÇA que não admitiu o fato deste ter se separado, bem como a impossibilidade do aumento de pena do Art. 226, II, por não ser padrasto da vítima.
A 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve a decisão condenatória, por unanimidade. A decisão transitou em julgado em 09 de fevereiro de 2016.
II - PRELIMINARMENTE - DO CABIMENTO DA REVISÃO CRIMINAL
A Revisão Criminal, em que pese estar arrolada como recurso típico do Código de Processo Penal, é, conforme entende a doutrina e a jurisprudência de forma pacífica, ação autônoma para a desconstituição da coisa julgada material, tal como a ação rescisória no processo civil, passível de ser utilizada sempre que o processo e sua solução afrontam de tal maneira o sistema jurídico e seus princípios que se tornam incompatíveis com uma ordem democrática justa e autorizam que a estabilidade dos pronunciamentos judiciais ceda espaço excepcional a uma nova decisão que ou anule o processo e o julgado, ou os corrijam, quando possível.
A dicção do artigo 621 do Código de Processo Penal, por ser anterior à Constituição Federal de 1988, é válido por si e na medida em que arrolam causas possível para revisão desde que se considerem essas causas exemplificativas, eis que, a toda evidência, não é somente a afronta a texto expresso da lei, as provas comprovadamente falsas ou circunstancias fáticas (incisos) que autorizam a desconstituição do julgado, mas também, por exemplo, afronta a princípio explícito e implícito da Constituição Federal ou tratado de Direitos Humanos, de amplitude universal, ou a utilização de provas ilícitas, ainda que verdadeiras.
A coisa julgada material serve ao princípio da segurança jurídica, como é amplamente reconhecido. Nesse passo, seria ilógico admitir que pudesse o sistema permitir ao condenado se voltar contra um princípio com base em texto expresso de lei, mas não permitir que se voltasse contra esse princípio com base, por exemplo, no princípio da dignidade humana que lhe é pressuposto, ou outro princípio reconhecido, ainda que não expresso e que deva ter primazia sobre aquele. No mesmo sentido, mais um exemplo, a segurança jurídica é inconciliável com a antijuridicidade das provas ilícitas (que por muito tempo não figuraram no texto expresso da lei instrumental, mas sempre estiveram na CF-88), já que estas evidenciam a atuação de um Estado delinquente, tão ou mais do que o próprio condenado, incapaz de trazer segurança alguma e completamente destituído de legitimidade.
Conforme faz notar a doutrina mais perspicaz toda coisa julgada material é condicionada pela “cláusula rebus sic stantibus”, bem assim aos vetores da Justiça e da legitimidade das decisões judiciais conquistada pelas formas do processo que devem primar pela inocorrência de nulidades, pelo respeito aos princípios e à Constituição, sem as quais a jurisdição se torna aética e, por isso mesmo, desnecessária. Uma condenação injusta, ainda que traga estabilidade, é o maior fator de descrédito da sociedade para com a jurisdição.
Por fim, quanto à exigência de pressupostos formais, estes são lógicos e razoáveis, e limitados à ocorrência do transito em julgado e à ocorrência de alguma das causas arroladas nos incisos do artigo 621 do CPP ou causa mais relevante.
III - DA CONTRARIEDADE DA DECISÃO
Primeiramente, insatisfeito com a decisão tomada tanto pelo juízo de 1º Grau quanto pelo Tribunal de Justiça deste Estado, o réu, através de esforços provenientes de sua família, busca a retratação da sentença transitada em julgado aferida à este.
Destarte, faz-se necessário trazer à tona que os fatos ora alegados pela vítima e sua mãe no distrito policial, bem como em juízo, utilizaram meios articulosos para ludibriar as autoridades competentes, visto que tratam-se de falsa denúncia contra a pessoa do réu. 
Ademais, após instruída ação de justificação criminal perante a Vara Criminal de Novo Hamburgo, onde foram apresentadas inúmeras mensagens destinadas a JUREMIR, tais quais transcrevo pelo menos duas abaixo para Vossa singela análise:
“eu avisei que iria acabar com a tua vida.”
“eu disse que iria conseguir te incriminar”
Cumpre ressaltar, outras mais foram enviadas e acabam demonstrando o intuito de prejudicar a dignidade do réu, bem como sua vida. Paralelo a estes acontecimentos, MILENA, suposta vítima dos abusos, alega estar arrependida do acontecido e pretende se retratar.
A Vara Criminal de Novo Hamburgo, mediante perícia, demonstrou a autenticidade das mensagens enviadas, apontando para MARIA DA GRAÇA como autora. Também colheram novo depoimento da vítima, onde alegou que fora induzida pela mãe a depor contra JUREMIR, a fim de incriminá-lo pela prática de tais atos, porém, nada daquilo era verdade.
Desta maneira, restou comprovado que o requerente não praticou tais atos contra a vítima MILENA, e tais acusações são advindas de FALSA DENÚNCIA proferidas por MARIA DA GRAÇA.
 
IV - PEDIDO
Diante do exposto, requer seja julgada procedente a presente revisão criminal para que seja reajustada a pena da Requerente de acordo com os critérios legalmente admitidos, para o exclusivo fim de aplicar a pena-base no mínimo legal.
Novo Hamburgo, 11 de abril de 2016.
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	 Advogado
 OAB/RS 00.000
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