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UFPEL- AULAS DIREITO DO TRABALHO I (2017) Pto. 14 - FÉRIAS (material complementar) Profª.Jane Gombar Azevedo Oliveira 1 1.0. Aspectos introdutórios e base legal 1.1. Esquematização 1.2. Conceito 1.3. Objetivo 1.4. Caracterização 1.5. Natureza jurídica 1.6. Principios 1.7. Período aquisitivo 1.8. Período Concessivo 1.9. Remuneração e abono(constitucional e celetista) 1.10. Férias Coletivas 1.11. Extinção do Contrato e ferias Aspectos introdutórios e base legal As FÉRIAS vêm compor, ao lado dos intervalos intra e interjornadas, dos descansos semanais e dos feriados, o conjunto de descansos trabalhistas denominado, mais apropriadamente, períodos de descanso. O direito a este benefício, vem, inicialmente, normatizado pela CLT no Capítulo IV da CLT com o título DAS FÉRIAS ANUAIS, previstos nos artigos 129 até 153. 1 Douto ra em Di re i to pe la Uni v ersi t à Degl i S tudi Rom a Tr e - I tá l i a - USP( Di re i to do T r abalho e S egu r i dade S oc ia l ) . M est r e em Di re i to pe l a UCS. E spec ia l i st a em Di r e i to P roc essual pe la UFS C. Pr of essora do c ur so de D i r e i to da UNISC - g raduaç ão e pós -gr aduaç ão( 2000- 2015. ) . Prof essor a do c ur so de Di r e i to da UFPel . Coor denador a da pó s graduaç ã o em Di re i t o am bient a l da UFPE L . E di tor a da Rev i sta de Di r e i t o da Uni v ersidade Fede ra l de Pel otas . A ssessor a j ur í d i ca t r abalh i st a do S ind i c ato do Com ér c io V ar e j i st a do V ale do Rio Par do -RS (1989- 2015) . . Além da CLT, a Constituição Federal, regulariza este direito, na forma do artigo 7ª, XVII: gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Em relação as sumulas do TST, temos as seguintes: 7, 10, 14, 46, 81, 89, 171, 261, 328, 450 1.1. Esquematização Quanto às férias, adotamos a esquematização de José Augusto Rodrigues Pinto: Férias Anuais Remuneradas (CLT, ART. 129/154) Fundamentos: de origem – lúdico, possivelmente também religioso trabalhistas – físico, social, econômico. Natureza Jurídica: para o contrato – suspensão parcial (interrupção) para o empregador – obrigação complexa (dar e fazer) para o empregado – obrigação simples negativa (não fazer) Aquisição do direito: período – 12 meses contratuais (art. 130) forma – proporcional à freqüência ao serviço (art. 130, I a IV) causas impeditivas - as do art. 133 da CLT Gozo do Direito: forma – afastamento (concessão) pelo empregador (art. 134 e par. 1º) período – doze meses seguintes à aquisição (art. 130) pagamento – antecipado de 48h do afastamento (art. 145) Sanções à inadimplência do empregador: automática – dobra da remuneração (art. 137) provocadas pelo empregado – repouso com remuneração dobrada (art. 137, par. 1º) -multa de 5% do s.m. por dia de descumprimento da sentença (art. 137, par. 2º) - ASTREINTES. Fracionamento: possível – em três partes, sendo uma, no mínimo de 14 dias (art. 134, par. 1º) não há mais proibido para empregados maiores de 50 e menores de 18 anos ( revogação do art. 134, par. 2º) Férias Coletivas: condições – as dos arts. 139 e 140 da CLT Abono de Férias: natureza – transação do gozo de até 1/3 do repouso (art. 143) condição – comunicação receptícia do empregado (art. 143, par. 1º) Efeitos da extinção: para empregados com mais de um ano – art. 146, parágrafo único (DEVIDA A PROPORCIONALIDADE SE A DESPEDIDA FOI IMOTIVADA E SE O EMPREGADO PEDIR DEMISSÃO. SÓ NÃO É DEVIDA NAS JUSTAS CAUSAS. CONTUDO HÁ DECISÕES DETERMINADO O SEU PAGAMENTO) para empregados com menos de um ano – art. 147 RESCENTE ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DO TST (DADA PELA RESOLUÇÃO 121/2003) ALTEROU ENTENDIMENTO DOMINANTE - SÚMULA 261 – Férias Proporcionais. Pedido de Demissão. Contrato vigente há menos de um ano. – O empregado que se demite antes de completar 12 (doze) meses de serviço tem direito a férias proporcionais. A proporcionalidade seguirá o critério da fração superior a 14 dias que se eqüivalerá a mês completo. Prescrição: - cinco anos após o vencimento do prazo de concessão (gozo) (arts. 11 e 149) - dois anos 1.2..CONCEITO As FÉRIAS são definidas como “o lapso temporal remunerado, de freqüência anual, constituído de diversos dias seqüenciais, em que o empregado pode sustar a prestação de serviços e sua disponibilidade perante o empregador, com o objetivo de recuperação e implementação de suas energias e de sua inserção familiar, comunitária e política.”(Maurício Godinho Delgado) Trazemos ainda o entendimento de que “Por férias anuais remuneradas entende-se certo número de dias consecutivos durante os quais, cada ano, o trabalhador que cumpriu certas condições de serviço suspende o seu trabalho, recebendo, não obstante, sua remuneração habitual”.(Amauri Mascaro do Nascimento) Podemos também conceituar este benefício como: “O direito do empregado de interromper o trabalho por iniciativa do empregador, durante um período variável em cada ano, sem perda da remuneração, cumpridas certas condições de tempo no ano anterior, a fim de atender aos deveres de restauração orgânica e de vida social”.( Élson Gottschalk). Por ultimo, destaca-se que “Férias são o período do contrato de trabalho em que o empregado não presta serviços, mas aufere remuneração do empregador, após ter adquirido o direito no decurso de 12 meses. Visam, portanto, as férias à restauração do organismo após um período em que foram despendidas energias no trabalho. Importam direito ao lazer, ao descanso, ao ócio”2 1.3.OBJETIVO Os períodos de descanso trabalhistas vem refletir o desejo do legislador em proteger a saúde e segurança do trabalhador, bem como em promover, de acordo com o lapso temporal correspondente a cada um desses períodos, em maior ou menor escala, a sua reinserção no meio familiar, comunitário e também político do trabalhador. As FÉRIAS, por sua vez, coadunam os mesmos objetivos, fazendo parte de uma estratégia de favorecimento à ampla recuperação das energias físicas e mentais do trabalhador após longo período de prestação de serviços3. Além de os objetivos da férias comportarem considerações e metas relacionadas à política de saúde pública, bem estar coletivo e respeito à construção da cidadania, há, também, interesses de cunho econômico. As férias têm-se apresentado como mecanismo eficaz de política de desenvolvimento econômico pelo fato de promoverem “intenso fluxo de pessoas e riquezas” 4 nas mais diversas regiões do país e do mundo. Devido o fato de consubstanciar-se como o mais extenso período de descanso, os objetivos das FÉRIAS assumem maior relevância quanto aos aspectos concernentes à reinserção familiar, social e política do trabalhador. 1 . 4 . C A R A C T E R I Z A Ç Ã O 5 As FÉRIAS apresentam um conjunto de elementos característicos que são: a. Caráter imperativo; b. Composição temporal complexa; c. Anualidade; d. Composição obrigacional múltipla; e. Natureza de período de interrupção do contrato de trabalho. 2 Sér g io P int o M ar t i ns, no l iv ro “Di re i t o do T rabalho” , 26ª ed, S ão Paulo: A t l as, 2010, pp. 577- 578 3 DELGADO, Maurício Godinho.Curso de Direito do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: LTr, 2004, p.949. 4 O b . C i t . p . 9 4 9 . 5 Mauríc i o Godinho Delgado, na obr a “ Cur s o de Di r e i to do T r abalho” , 6ª ed i ç ão, 2007, ed i tor a LT r , pg. 954/ 955. a.Caráter imperativo; Segundo Maurício Godinho Delgado (como dito acima), as férias “fazem parte de uma estratégia concertada de enfrentamento dos problemas relativos à saúde e segurança no trabalho, à medida que favorecem a ampla recuperação das energias físicas e mentais do empregado após longos períodos de prestação de serviços. São, ainda, instrumento de realização da plena cidadania do indívíduo, uma vez que propiciam sua maior integração familiar, social e, até mesmo, no âmbito político mais amplo”. Daí decorrem a imperatividade e a irrenunciabilidade do direito. Segundo o mesmo doutrinador, “o caráter imperativo das férias, atada que é ao segmento da saúde e segurança laborais, faz com que não possa ser objeto de renúncia ou transação lesiva, e, até mesmo, transação prejudicial coletivamente negociadas. É, pois, indisponível referido direito.” (p. 954). Então as férias possuem: 1.Impossibilidade de renuncia (principio indisponibilidade) 2.Impossibilidade de transação prejudicial 3.Impossibilidade de transação prejudicial coletivamente negociada Objetivo meio ambiente do trabalho – saúde e segurança laborais b.Composição temporal complexa As férias são compostas por um período unitário de dias seqüenciais que se sucedem, acoplam. De uma forma geral, são compostas por um período de 30 dias. Então as férias As férias, de uma forma geral, são compostas por um período de 30 dias(de tempo menor no caso de contratos em regime de tempo parcial), QUE SE SUCEDEM. A composição é proporcional à freqüência de trabalho no período aquisitivo (artigos 130 da CLT) Em regra, as férias não podem ser fracionadas , admitindo-se o fracionamento em três vezes(sendo que um deles não poderá ser inferior a 14 dias e os demais não poderão ser inferiores a 05 dias-Nova redação artigo 134) C.ANUALIDADE DE OCORRÊNCIA DAS FÉRIAS A anualidade das férias é tida como característica relativa ao período de aquisição. Trata-se então de característica que vem compor um pressuposto necessário à aquisição das férias, ou seja, a sua periodicidade anual no contrato de trabalho. Então as férias Estão vinculadas a um pressuposto necessário à sua aquisição: a periodicidade anual no contrato de trabalho vinculada ao período aquisitivo das férias. D)COMPOSIÇÃO OBRIGACIONAL MÚLTIPLA DAS FÉRIAS As férias comportam uma multiplicidade de obrigações de natureza diversa. A exemplo, obrigação de fazer do empregador em determinar a data de férias do empregado e a obrigação de dar que reflete necessário pagamento antecipado no período de férias acrescido do terço constitucional. O pagamento da metade do décimo terceiro salário ao empregado se por ele requisitado, constitui também obrigação de dar do empregador relativa às férias. A título ainda exemplificativo, é imputada ao empregador obrigação de não fazer que, por sua vez, consiste em não requisitar do empregado qualquer tipo de serviço no período de férias. Quanto ao empregado, a este imputa-se a obrigação de fazer, que refere-se ao gozo das férias, e de não fazer, que é não assumir outro compromisso de trabalho que venha a frustrar os objetivos essenciais das férias. Então as férias: COMPORTAM UMA MULTIPLICIDADE DE OBRIGAÇÕES DE NATUREZA DIVERSA, QUE SÃO: -DE DAR, DE FAZER DO EMPREGADOR: * OBRIGAÇÃO DE DAR DO EMPREGADOR - PAGAMENTO ANTECIPADO NO PERÍODO DE FÉRIAS ACRESCIDO DO TERÇO CONSTITUCIONAL. *OBRIGAÇÃO DE FAZER DO EMPREGADOR - DETERMINAR A DATA DE FÉRIAS DO EMPREGADO -OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO FAZER DO EMPREGADO,: • FAZER- REFERE-SE AO GOZO DAS FÉRIAS, • NÃO FAZER-NÃO ASSUMIR OUTRO COMPROMISSO DE TRABALHO QUE VENHA A FRUSTRAR OS OBJETIVOS ESSENCIAIS DAS FÉRIAS.( A EXCEÇÃO DE OUTRO CTATO. DE EMPREGO) DIANTE DA CARACTERIZAÇÃO SUPRA, TEMOS A INDISPONIBILIDADE, EM RAZÃO DOS SEGUINTES DISPOSITIVOS: ART. 6 E ART. 7º, XVII CF 134 CLT RELACIONADO A SAÚDE DO INDIVÍDUO – 5 CF 9 CLT 12 DA 132 OIT – PROÍBE QQ. TRANSAÇÃO SOBRE FE SE HOUVER COAÇÃO 203 CP 1.5. Natureza jurídica As férias, segundo Carlos Henrique Bezzera Leite(p. 523) , possuem natureza jurídica híbrida em relação ao emprego, visto que se evidencia como um direito fundamental do trabalhador ao descanso e como um dever fundamental do trabalhador, na medida que este deve se abster de prestar serviços ao mesmo empregador, ressalvada a hipótese de outro vinculo de emprego. Assim, durante o período das férias, a principal obrigação contratual do empregado que é a prestação dos serviços será sustada, garantindo-lhe, a despeito dessa sustação, todas as vantagens contratuais salariais e outras como, por exemplo, depósito de FGTS e tempo de serviço. Então, a natureza jurídica das férias envolve um aspecto negativo, que é o período em que o empregado não deve trabalhar(para o mesmo empregador) e o empregador não pode exigir serviços de obreiros. As férias assim são uma obrigação de fazer e de dar ao mesmo tempo. Mascaro afirma que a natureza jurídica das férias é: Para o empregador uma obrigação (CF art. 7º XVII )de fazer(conceder as fe no prazo) e de dar ( remunerá-las). Paro o empregado um direito( exigir as fe dentro do período concessivo) e uma obrigação(vedação de trabalho, salvo para terceiros quando decorrente de um outro ctato) Então as férias: 1) Inicialmente não tem um carater de premio e sim de um direito trabalhista, que corresponde a uma obrigação do empregador. 2) estão relacionadas com a saúde, bem estar e construção da cidadania – 6 e 7 CF – dignidade da pessoa Segundo a natureza jurídica e sua classificação no conjunto das parcelas integrantes do contrato, em função do seu cumprimento ou não, temos: A) se usufrídas no cato. natureza jur. salarial B) Não usufrídas no ctato natureza jur. de indenização (lei 8212/91, art. 28,§9 d, e-6): - Parcela dobrada (137 e l.8212/91, art. 28,§9d) referente as fe vencidas após o ctato. - Fe não usufrídas (vencidas, simples e proporcionais.) na rescisão ou após extinção. -Abono celetista 143,144 1.6. PERÍODO AQUISITIVO É O lapso temporal estabelecido pela ordem jurídica a cada ciclo de 12 meses envolvendo o contrato de trabalho, condicionado a regra do artigo 130. Findo o período aquisitivo, inicia-se outro, também de 12 meses e assim sucessivamente . O termo inicial do contrato é que determina a fluência do período aquisitivo das férias (quer este seja considerado útil ou não). Contudo há a exceção do artigo 133, §2 que determina o inicio do novo período aquisitivo. Em relação ao computo das condições previstas no artigo 130, para que as férias sejam usufruídas na sua totalidade, deve ser observada a regra do artigo 131( e 473) que autorizam as faltas no serviço: Faltas injustificadas no período aquisitivo Período de gozo de férias Até 05 dias 30 dias De 06 a 14 24 dias De 15 a 23 18 dias De 24 a 32 12 dias Obs: a partir de 33 (trinta e três) faltas o empregado não tem direito a férias. Computa-se, ainda neste período, o tempo de trabalho anterior a prestação do serviço militar, desde que ele compareça ao serviço 90 dias após a baixa, em razão do artigo 132. Há situações que acontecem dentro do período aquisitivo que determinam a perda do direito as férias, também conhecido por fatores prejudiciais. Estassituações estão previstas nos incisos I, I, II, IV do artigo 132 da CLT, entre as quias destacamos: A ausência injustificada por mais de 32 dias no período aquisitivo (analogia ao art. 130); empregado que deixa o emprego e não é readmitido em 60 dias; concessões de licenças por mais de trinta dias, recebendo salario; trabalhador que não labora por mais de 30 dias, recebendo salários, com a ocorrência de paralisação (total ou parcial) da empresa e recebimento de auxilio doença-acidente da Previdência Social por mais de 06 meses Esclarece Maurício Godinho Delgado 6 que prejudicado o período aquisitivo pela ocorrência de um dos fatores acima, o novo período aquisitivo iniciar-se-á tão logo o empregado retorne ao serviço (art. 133, §2ºCLT) Atenção: Para o cômputo desse período deve-se considerar cada fração superior a 14 dias(146, único) como um mês. Desta forma, se um trabalhador prestou serviços durante 11 meses e 15 dias, a ele será atribuído o período completo de aquisição de férias, qual seja, 12 meses. O aviso prévio, ainda que indenizado, integra o período aquisitivo das férias do trabalhador 1.7. PERÍODO CONCESSIVO É o lapso temporal de 12 meses imediatamente seguinte ao respectivo período de aquisição das férias. Ensina Mauricio Godinho Delgado 7 “O período regular de concessão das férias, situado no curso do contrato, denomina-se período concessivo ou período de gozo (ou ainda período de fruição). Ele se posiciona nos 12 meses subseqüentes ao termo final do período aquisitivo das férias (art. 134). Constitui-se, portanto, no lapso temporal de 12 meses imediatamente seguinte ao respectivo período de aquisição das férias Os procedimentos concessivos das férias individuais são: Pelo empregador – a) comunicação escrita ao empregado, mediante recibo, da data de concessão das férias, com antecedência mínima de trinta dias; b) anotações referentes às férias na CTPS do empregado e no livro ou ficha de registros dos empregados; c) pagamento da remuneração das férias e seu terço constitucional, bem como do abono 6 Op. Ci t , 207, p . 959. 7 Op. Ci t , 207, p .967. pecuniário se houver, da metade do décimo terceiro salário se requerido pelo empregado antes do termino aquisitivo. Tais pagamentos deverão ser efetuados até dois dias antes do início do período de férias. Pelo empregado – a) requerimento de pagamento de antecipação o décimo terceiro salário; b) concessão de recibo da comunicação de férias recebidas; c) requerimento de conversão de um terço das férias em “abono pecuniário”. Esse requerimento deverá ser feito até quinze dias antes do término do período aquisitivo; d) entrega da CTPS para anotação da concessão de férias, em período anterior às mesmas; e) assinatura de recibos de pagamentos efetuados e de início da fruição das férias. Periodo concessivo regra: 12 meses, mediante um único período continuo( art. 134) . Excepcionalmente pode acontecer: 1.fracionamento da fe individuais Art.134, § 1o Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. 2.nas coletivas Art. 139§1º § 1º - As férias poderão ser gozadas em 2 (dois) períodos anuais desde que nenhum deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos. Restrição ao fracionamento: Fe individuais:Casos excepcionais-concordancia? Ou exercício do jus variandi? Fe coletivas: Sem restrição, observando-se a comunicação ao MTBe e SINDICATO Penalizações: As férias concedidas fora do período concessivo serão pagas em dobro, nos termo do art. 137 e sumula 80 TST. Há ainda a possibilidade de ajuizamento de ação solicitando a fixação por sentença, da época de fruição das férias, com fixação de pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo(art. 137,§2) Se não for efetuado o pagamento de até 02 dias antes do inicio do descanso (art.145), mesmo que as férias tenham sido gozadas dentro do período, haverá pagamento em dobro, de acordo com a sumula 450 do TST:FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. 137 E 145 DA CLT. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 386 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014. É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal. 1.8. REMUNERAÇÃO E ABONOS ( CONSTITUCIONAL E CELETISTA) Durante as férias o empregado não deixa de receber o seu salário, pois as férias são remuneradas. A previsão está nos artigos 142 a 145 da CLT e artigo 7, XVII da CF., salientando-se que remuneração das férias é aquela que seria devida ao empregado na data da sua concessão, ainda que se refira a período anterior, na forma do artigo 142 e seus parágrafos. Neste sentido elucida Sergio Pinto Martins:8 Em caso de licença remunerada, o terço é devido. O empregador pode querer conceder licença remunerada apenas para afastar o direito ao terço. Se houve o descanso, tem direito o trabalhador ao terço. Se a jornada de trabalho é variável, apurar-se-á a medida do período aquisitivo, aplicando-se o valor do salário na data da concessão das 8 Sér g io P int o M ar t i ns. 2010, . 588 férias. Quando o salário é pago por tarefa ou peça, toma-se por base a média da produção no período aquisitivo das férias. Quando o salário é pago por tarefa ou peça, toma-se por base a média da produção no período aquisitivo de férias, aplicando-se o valor da remuneração da tarefa na data da concessão de férias (§2º do art. 142 da CLT e S. 149 do TST). Se o salário é pago por percentagem, comissão ou viagem, apurar-se a média percebida pelo empregado nos 12 meses que precederem à concessão das férias. Se o empregador paga salário em utilidade, como alimentação, habitação e etc., há necessidade de que essas utilidades sejam apuradas para efeito do cálculo das férias, mediante, inclusive, anotação na CTPS do trabalhador. Nos termos do artigo 142, §5, adicionais referentes às horas extras, adicionais noturno, adicional de insalubridade ou adicional de periculosidade recairão sobre o salário, computando-se também na remuneração das férias. Ademais, a Constituição de 88 (art. 7º, XVII), acrescentou o terço constitucional na remuneração percebida pelo empregado, afirmando que o mesmo tem direito a um terço a mais somado ao salário normal, direito que também é estendido para as férias coletivas e férias pagas em dobro, na forma da sumula 328 do TST:: FÉRIAS. TERÇO CONSTITUCIONAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O pagamento das férias, integrais ou proporcionais, gozadas ou não, na vigência da CF/1988, sujeita-se ao acréscimo do terço previsto no respectivo art. 7º, XVII. Lembretes: - Não usar a expressão “abono constitucional de férias” para referir-se ao terço constitucional de férias) -O pagamento das férias deverá ser feito até dois dias antes do início do período concessivo, na forma do artigo 145 Exemplo Terço constitucional: R$. 1000,00 R$. 1000,00 + 1/3(terço constitucional) = (1000,00 dividido por 3 = 333,33) 1000,00 + 333,33 = 1.333,33 Neste caso o empregadorecebesse R$ 1.000,00 a título de remuneração, e R$ 333,33 reais a título de terço constitucional Além do terço constitucional, o empregado tem a faculdade de converter 1/3 de suas férias em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes (art. 143 da CLT),que não pode ser confundido com o terço constitucional porque o empregado converte suas férias(1/3) em pagamento(abono pecuniário). Diferentemente da questão referente ao período de férias, aqui quem decide se quer ou não a conversão do período de 10 dias (143-144) em pagamento é o empregado. Este direito deve ser requerido 15 dias antes do término do período aquisitivo(143,§1º): Exemplo Abono pecuniário-celetista: R$.1500,00 Fe com terço CF 1.500,00 dividido por 30 dias = 50,00 Fe gozadas : 2/3 de 30 dias = 20 dias 20 dias x 50,00 = 1000,00 1000,00 +1/3(333,33) = 1333,33 ABONO: 1/3 DE 30 DIAS = 10 DIAS(30 dividido 3) 10 dias X 50,00 = 500,00 200,00 + 1/3 (166,66) = 666,66 Neste caso o empregado recebesse R$ 1.333,33 a título de remuneração, acrescido do terço constitucional, além do valor de R$. 666,66 a título de abono celetista, além do salário referente aos dias trabalhados. 1.10. FÉRIAS COLETIVAS A expressão férias coletivas é utilizada quando não apenas a um empregado, mas a todos os trabalhadores de uma empresa, ou setores determinados, usufruírem seu descanso, na forma do artigo 139. Normalmente são concedidas no natal, final do ano ou baixa produtividade da empresa. Maurício Godinho Delgado9 conceitua como “ Férias coletivas, como mencionado, são aquelas concedidas ao empregado unilateralmente ou em virtude de negociação coletiva, abrangendo o conjunto de trabalhadores da empresa, estabelecimento ou setor empresarial. Essa modalidade de concessão de férias (ou esse tipo de férias) incorpora certas especificidades, em contraponto às chamadas férias individuais, ensejando referência especificada a respeito. Tais férias também supõem o cumprimento de certos atos administrativos no contexto de sua concessão, concentrando-se tais atos em especial no horizonte da parte concedente das férias coletivas (o empregador)” Da mesma forma que as férias individuais, as coletivas também podem ser fracionadas. Todavia, a norma(139, § 1) só autoriza o fracionamento em dois períodos do ano, cujos lapsos não podem ser menores que 10 dias corridos para cada um deles Procedimento do empregador:. Comunicação ao Ministério do Trabalho, com antecedência de 15 dias, da data de início e fim das férias coletivas (art. 139, §2º da CLT); Em 15 dias, comunicar os sindicatos que representam as categorias profissionais – nos casos de férias unilaterais (art. 139, 3º); no mesmo prazo, fixar aviso quando ás férias em locais adequados no ambiente dos empregados/trabalhadores (art. 139, §3º da CLT) limite de 02 dias antes da fruição (pagando a remuneração das férias, terço constitucional, somado o 13º salário – neste caso, caso requerido pelo empregado) 9 Op. Ci t .207, 973 Anotação CTPS( de acordo com art. 141, §3: em vista do caráter maciço da entrada de trabalhadores em férias, permite a lei que as correspondentes anotações em carteira sejam efetuadas no momento da rescisão contratual de cada empregado) (ver 135, §1CLT) Frisa-se, ainda que no caso das férias coletivas serem gozadas, elimina-se as férias proporcionais dos trabalhadores que foram admitidos em período inferior a 12 meses, começando novamente um novo período aquisitivo, na forma do artigo 140. Neste caso, concedendo ao trabalhador uma quantidade de férias que não possuiria direito, o remanescente será interpretado como licença remunerada(Valentim Carriom, Comentários à CLT, nota 2 aos arts. 139 a 141, entende que neste caso deve ser feita uma anotação por escrito como uma concessão antecipada das férias) Por outro lado, quando o empregado completou o período aquisitivo, deve ser observada a situação elucidada por Sérgio Pinto Martins10: “se as férias coletivas forem inferiores ao período de férias a que o trabalhador teria direito, o empregador deverá conceder o saldo restante em outra oportunidade, porém dentro do período concessivo. Vamos admitir que o empregado já tivesse direito a 30 dias de férias. A empresa concede 20 dias de férias coletivas. Os 10 dias restantes serão concedidos em outra oportunidade pela empresa, porém dentro do período concessivo”. 1.11. EXTINÇÃO DO CONTRATO E FÉRIAS Com a ocorrência do fim do contrato de trabalho, as férias podem ser estabelecidas na seguinte classificação: a) férias vencidas (período de aquisição referente aos 12 meses passados); b) férias proporcionais (período não completo de férias por não atingir o período aquisitivo de 12 meses). a)Férias vencidas são as que se referem a período aquisitivo já completado e que não foram ainda concedidas ao empregado. Portanto, são as 10 Op.c i t , 210, 587. férias cujo direito o empregado adquiriu porque completou 12 meses de trabalho na empresa, mas que não usufruiu, porque o empregador, dispondo dos 12 meses seguintes para concedê-las, não as concedeu até a data da cessação do contrato de trabalho. Lembrete: Pagamento em dobro, quando já decorrido o período concessivo. Simples, quando não decorrido o período concessivo(art. 146, caput). Ressalta Sérgio Pinto Martins11, que haverá direito a férias em dobro se elas não forem concedidas no período apropriado. Direito ao recebimento: Na dispensa com ou sem justa causa, ou a pedido do empregado, sempre será devido o pagamento das férias vencidas. b) férias proporcionais são as que se referem a período aquisitivo não completado e que não foram ainda concedidas ao empregado(em razão do período incompleto), que ocorrem em duas situações: empregado com mais de um ano e empregado com menos de um ano, segundo as seguintes regras: Art. 146 - Parágrafo único - Na cessação do contrato de trabalho, após 12 (doze) meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o art. 130, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias Art. 147 - O empregado que for despedido sem justa causa, ou cujo contrato de trabalho se extinguir em prazo predeterminado, antes de completar 12 (doze) meses de serviço, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de conformidade com o disposto no artigo anterior Pela redação do artigo supra: 11 Op. Ci t . 2010 p. 590 • Proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias(art. 146) • O empregado que comete justa causa, tendo mais ou menos de um ano, sempre perde o direito às férias proporcionais; • Terá assegurado o direito sempre que despedido sem justa causa, qualquer que seja o seu tempo de serviço; • No término do contrato a prazo também sempre haverá o direito; • Havendo culpa recíproca, o TST entende que é devida metade do valor das férias proporcionais(Sumula. 14 do TST) •O pagamento das férias na rescisão do contrato possuem natureza indenizatória •Súmula nº 261 do TST:FÉRIAS PROPORCIONAIS. PEDIDO DE DEMISSÃO. CONTRATO VIGENTE HÁ MENOS DE UM ANO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O empregado que sedemite antes de complementar 12 (doze) meses de serviço tem direito a férias proporcionais. •Sumula 171 do TST: FÉRIAS PROPORCIONAIS. CONTRATO DE TRABALHO. EXTINÇÃO (republicada em razão de erro material no registro da referência legislativa), DJ 05.05.2004.Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art. 147 da CLT Por fim, ressalta-se que a convenção 132 da OIT ratificada no Brasil em 1998 e em vigência a partir de 23.09.99 regula o instituto das férias para os trabalhadores, a exceção dos marítimos. Em razão das celeumas envolvendo férias e demissão por justa causa, destacamos os seguintes artigos: Artigo 4 1. Toda pessoa que tenha completado, no curso de 1 (um) ano determinado, um período de serviço de duração inferior ao período necessário à obtenção de direito à totalidade das férias prescritas no Artigo terceiro acima terá direito, nesse ano, a férias de duração proporcionalmente reduzidas. Artigo 5 1. - Um período mínimo de serviço poderá ser exigido para a obtenção de direito a um período de férias remuneradas anuais. 2. - Cabe à autoridade competente e ao órgão apropriado do país interessado fixar a duração mínima de tal período de serviço, que não poderá em caso algum ultrapassar 6 (seis) meses. Artigo 11 Toda pessoa empregada que tenha completado o período mínimo de serviço que pode ser exigido de acordo com o parágrafo 1 do Artigo 5 da presente Convenção deverá ter direito em caso de cessação da relação empregatícia, ou a um período de férias remuneradas proporcional à duração do período de serviço pelo qual ela não gozou ainda tais férias, ou a uma indenização compensatória, ou a um crédito de férias equivalente Assim, conforme redação da convenção, o empregado demitido pela justa causa teria direito a férias, tese defendida por Carlos Henrique Bezerra Leite 12. Decisões: Acórdão - Processo 0021205-80.2014.5.04.0027 (RO) PJe Data: 09/02/2017 Órgão julgador: 11ª Turma Redator: Ricardo Hofmeister De Almeida Martins Costa EMENTA DISPENSA POR JUSTA CAUSA. 13º SALÁRIO PROPORCIONAL E FÉRIAS PROPORCIONAIS. Ainda que se trate de despedida por justa causa, são devidos o pagamento do 13º salário proporcional e férias proporcionais com 1/3, conforme artigo 7º, incisos VIII e XVII, da Constituição da República e Convenção nº 132 da OIT. Tratam-se de direitos fundamentais do trabalhador, 12 Car l os Henr i que B ez er r a Le i te . Cur so de D i re i to do T r abalho. Sa ra i v a: São Paulo, 2017, p .527. que não podem sofrer restrição por legislação ordinária, ficando limitada a regra do § único do artigo 146 da CLT e o artigo 3º da Lei nº 4.090/62. Aplicação da Súmula nº 93 deste Tribunal. (...) Acórdão - Processo 0020817-60.2015.5.04.0281 (RO) PJe Data: 03/10/2017 Órgão julgador: 11ª Turma Redator: Karina Saraiva Cunha EMENTA DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA. FÉRIAS PROPORCIONAIS ACRESCIDAS DE UM TERÇO. Em consonância com a Súmula nº 171 do TST, não é devido o pagamento das férias proporcionais a empregado despedido por justa causa. (...)
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