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LESÃO CELULAR REVERSÍVEL

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LESÃO CELULAR 
 
 Quando os limites da resposta de adaptação celular a um estímulo são excedidos, 
ou em determinadas circunstâncias em que a célula é exposta a um agente lesivo ou 
estresse, ocorre uma seqüência de eventos chamada de lesão celular. A lesão celular é, 
até certo ponto, reversível, ou seja, passível de restituição da morfostase e da homeostase 
após eliminada a causa da agressão. Mas, se houver persistência do estímulo, ou se este 
estímulo for severo o suficiente desde o início, a célula atinge um “ponto em que não há 
retorno”, sofrendo lesão celular irreversível e, finalmente, morte celular. 
 As células sofrem alterações bioquímicas e morfológicas seqüenciais conforme a 
lesão progride. Todas as influências estressantes ou nocivas exercem seus efeitos em nível 
molecular ou bioquímico, mas nem toda agressão resulta em alteração morfológica  esta 
só ocorre quando os transtornos moleculares e metabólicos forem suficientemente 
importantes para modificar a estrutura de células e tecidos. 
Existe um período de tempo entre o início do estresse e o desenvolvimento das alterações 
morfológicas da lesão celular ou morte. Assim, o tempo necessário para produzir alterações 
morfológicas de lesão e morte celular varia com a sensibilidade dos métodos usados para 
detectar estas alterações. 
 Técnicas histoquímicas ou ultra-estruturais: minutos a horas. 
 Microscopia ótica ou macroscopia: horas a dias. 
As manifestações morfológicas da necrose levam mais tempo para se desenvolver do 
que as do dano reversível. Por exemplo, o edema celular é uma alteração morfológica que 
pode ocorrer em questão de minutos; no entanto, alterações de morte celular ao 
microscópio ótico não ocorrem, por exemplo, no miocárdio, até 4 a 12 horas após a 
isquemia total, embora a lesão irreversível ocorra em 20 a 60 minutos. 
 
 
 
 
 
KUMAR, ABBAS 
 e FAUSTO, 2005 
Abaixo, uma representação esquemática das alterações morfológicas de uma célula 
normal e das alterações reversíveis e irreversíveis da lesão celular. 
 
 
 
KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005 
 
LESÃO CELULAR REVERSÍVEL 
 
É a lesão celular passível de restituição da morfostase e da homeostase, após 
eliminada a causa. Pereira (2004) utiliza o termo degeneração como sinônimo de lesão 
reversível. Segundo ele, o termo degeneração indica lesões reversíveis decorrentes de 
alterações bioquímicas que resultam no acúmulo de substâncias no interior da célula. As 
degenerações são agrupadas de acordo com a natureza da substância acumulada: 
• Acúmulo de água e eletrólitos: degeneração hidrópica. 
• Acúmulo de proteínas: degeneração hialina e mucóide. 
• Acúmulo de lipídeos: esteatose e lipidoses. 
• Acúmulo de carboidratos: glicogenoses e mucopolissacaridoses. 
 
 
DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA 
 
DEFINIÇÃO: lesão celular reversível caracterizada pelo acúmulo de água e eletrólitos no 
interior da célula. 
• Primeira manifestação de quase todas as formas de lesão celular. 
• Vista com mais freqüência nas células parenquimatosas (principalmente em rim, 
fígado e coração) 
 
ETIOLOGIA: vários (anóxia, hipóxia, agentes tóxicos, toxinas bacterianas, vírus, 
hipertermia exógena ou endógena (febre) 
 
PATOGENIA: retenção de sódio e potássio, aumento da pressão osmótica intracelular  
entrada de água no citoplasma  expansão da célula 
 Redução da produção de ATP 
 Redução da atividade da bomba de Na+/K+ 
 Redução da atividade da membrana celular 
 
ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS 
 MACROSCOPIA 
- Aspecto varia de acordo com a intensidade da lesão 
- Aumento de peso 
- Aumento de volume 
- Células mais salientes na superfície de corte (fígado) 
- Coloração pálida 
- (células degeneradas   volume  comprimem os capilares  diminuem 
quantidade de sangue no órgão) 
 
 MICROSCOPIA ÓTICA 
- Células tumefeitas 
- Citoplasma com aspecto granuloso 
- Vacúolos de água distribuídos de forma regular no citoplasma 
 
Para observar os aspectos microscópicos da degeneração hidrópica em hepatócitos, acesse o site 
http://anatpat.unicamp.br/lamdegn2.html 
Neste site, é possível comparar o tecido alterado com o tecido normal. 
Observe que no site a alteração é chamada de alteração vacuolar, um dos sinônimos utilizados para 
descrever este tipo de alteração celular reversível. 
 
EVOLUÇÃO E CONSEQUÊNCIAS 
 É reversível. 
 Geralmente não traz consequências funcionais sérias. 
 Indicador de lesão leve  tem importância como possível antecedente de lesão celular 
mais grave. 
 
 
ESTEATOSE 
 
DEFINIÇÃO: Deposição de gorduras neutras (mono, di ou triglicerídeos) no citoplasma de 
células que normalmente não as armazenam. A esteatose é geralmente vista no fígado, 
pois ele é o principal órgão envolvido no metabolismo das gorduras, mas também ocorre no 
coração, músculos e rins. 
 
ETIOLOGIA: As causas da esteatose incluem toxinas, desnutrição protéica, diabetes 
melitus,obesidade e anóxia. Nas nações industrializadas, a causa mais comum de 
esteatose hepática é o etilismo crônico. 
 
 
PATOGENIA: 
 
Vários mecanismos contribuem para o 
acúmulo de triglicerídeos no fígado. Os 
ácidos graxos livres do tecido adiposo 
ou provenientes da alimentação são 
normalmente transportados para os 
hepatócitos. No fígado, eles são 
esterificados em triglicerídeos, 
convertidos em colesterol ou 
fosfolipídeos, ou oxidados em corpos 
cetônicos. A liberação dos triglicerídeos 
dos hepatócitos requer sua associação 
com apoproteínas para formar 
lipoproteínas que podem, então, 
percorrer a circulação. O acúmulo 
excessivo de triglicerídeos no fígado 
pode resultar de defeitos em qualquer 
um dos eventos da seqüência entre a 
entrada dos ácidos graxos e a saída 
das lipoproteínas. 
 
 
Assim, a esteatose ocorrerá toda vez que um agente interferir no metabolismo dos 
ácidos graxos da célula: 
 aumentando sua síntese ou 
 dificultando sua utilização, transporte ou excreção. 
COTRAN et al., 2000 
Assim, pode-se citar: 
 
1. Entrada excessiva de ácidos graxos livres 
- Fome, jejum e doenças consumptivas   mobilização de lipídeos dos 
depósitos  ofertados ao fígado  transformados em triglicerídeos. 
-  ingestão de alimentos (dietas hipercalóricas)  entrada excessiva de ácidos 
graxos livres. 
 
2. Diminuição na oxidação de ácidos graxos 
- Déficit de O2 (anóxia)   oxidação dos ácidos graxos livres  melhor 
esterificação para triglicerídeos  acúmulo. 
- Álcool  oxidado melhor que os ácidos graxos   oxidação de ácidos graxos 
  esterificação de triglicerídeos  acúmulo 
 
3. Aumento dos triglicerídeos plasmáticos 
- Álcool: promove elevação de triglicerídeos plasmáticos  maior chegada de 
gordura no fígado. 
- Diabetes descompensado (insulina inibe liberação de gordura do tecido 
adiposo): elevação ácidos graxos livres   síntese de triglicerídeos. 
 
4. Obstáculo na liberação de lipoproteínas do hepatócito 
- Álcool: impede união dos triglicerídeos às proteínas  não forma lipoproteínas 
 acúmulo intracelular de TG. 
- Falta de aminoácidos essenciais para a formação de fosfolipídeos  formação 
de moléculas lipoprotéicas instáveis. 
- Drogas: álcool, bismuto, arsênico, tetraciclina  interferem na síntese protéica 
  produção lipoproteínas. 
 
 
ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS 
 Antes de estudar as alterações morfológicas, é importante revisar os aspectos 
morfológicos normais do fígado. 
 As duas figuras incluídas a seguir foi retirada do site 
http://medcell.med.yale.edu/systems_cell_biology_old/liver_and_pancreas/images/liver_cartoon.jpg 
 
 
 
 
 
O diagrama abaixo também ajuda a recordar os aspectos microscópicos: 
 
 
 
 
Para recordar o aspecto microscópico de um fígado normal, acesse o site 
https://embryology.med.unsw.edu.au/embryology/index.php/Gastrointestinal_Tract_-_Liver_HistologyA esteatose é vista com mais frequência no fígado. O aspecto morfológico 
dependerá do grau de esteatose. 
 
 MACROSCOPIA 
No fígado, a esteatose leve pode não alterar muito sua aparência macroscópica. Com o 
acúmulo progressivo, o órgão aumenta de tamanho e se torna cada vez mais amarelo. 
Em casos extremos, pode chegar a pesar de 3 a 6 kg (um fígado normal adulto pesa 
entre 1400g e 1600g), transformando-se em um órgão amarelo, mole e gorduroso. 
 
 
 MICROSCOPIA 
Em todos os órgãos, a esteatose aparece como vacúolos claros nas células 
parenquimatosas. Inicialmente, pequenos vacúolos são vistos no citoplasma em torno 
do núcleo (esteatose microgoticular). Com a progressão, os vacúolos coalescem, 
criando espaços claros que deslocam o núcleo para a periferia da célula. 
Ocasionalmente, células contíguas se rompem e seus glóbulos de gordura coalescem, 
formando os chamados cistos gordurosos. 
 
 
 
http://healthletter.mayoclinic.com/common/images/1062/Liver_large.jpg 
 
 
Para observar os aspectos microscópicos da esteatose macrogoticular, visualize as lâminas de 
"Fatty Infiltration" no Biolucida, no seguinte caminho: 
HISTOPATHOLOGY COLLECTION  Liver and biliary tract  Liver (Lâminas 255, 675). 
 
O aspecto da esteatose microgoticular pode ser observado em 
http://www.humpath.com/IMG/jpg/niemann-pick_typeB_1104_1-5.jpg 
 
 
 
 
Aspectos da esteatose 
 
 Apenas a título de informação: no processamento de rotina (e utilizando-se de HE), o álcool e o 
xilol dissolvem os lípides tornando o lipossomo um vacúolo vazio (espaço claro = imagem 
negativa do lipídio). Como o acúmulo intracelular de água e polissacarídeos também produz 
vacúolos claros, pode ser necessário recorrer a técnicas especiais para distinguir esses três tipos 
de vacúolos. Para confirmação do lipídio intracelular é necessário preparar seções congeladas de 
tecidos frescos ou fixados em formalina, evitando o uso de solventes de gordura comumente 
usados para inclusão de parafina para HE. Há corantes lipossolúveis usados para corar lipídeos, 
como:Sudam III - laranja avermelhado; Sudam IV - Vermelho escarlate; Ácido ósmico - negro; 
Sulfato azul do Nilo - Violeta azulado (predomínio de ácidos graxos) ou violeta avermelhado 
(predomínio de gordura neutra). Para identificar o glicogênio (polissacarídeo), utiliza-se 
frequentemente a reação do ácido periódico de Schiff (PAS). Quando não se consegue 
demonstrar nem a presença de gordura nem de polissacarídeos, presume-se que a célula 
contenha água ou líquido com baixo conteúdo protéico. 
 
 
IMPORTÂNCIA CLÍNICA DA ESTEATOSE 
 Depende da causa e intensidade do estímulo: 
 Quando leve, pode não ter efeito sobre a função celular. 
 Quando de média intensidade, pode comprometer a função celular. 
 Nas agressões mais graves, a esteatose pode evoluir para a morte celular. 
 
 A menos que algum processo intracelular vital seja afetado de maneira irreversível, 
a esteatose per se é reversível. 
 O alcoolismo (etilismo crônico) é a causa mais frequente de esteatose hepática. 
Etilismo crônico  esteatose muitas vezes acompanhada de fibrose pericelular  
cirrose. 
 Outras drogas também podem provocar esteatose, como amiodarona, metotrexato e 
corticosteróides. 
 
 No Moodle você encontrará artigos falando sobre doença hepática gordurosa 
alcoólica e não alcoólica. 
 
 
wwwwww..hhuummppaatthh..ccoomm TThhee IIoowwaa VViirrttuuaall SSlliiddeebbooxx 
ATEROSCLEROSE 
 
 
Para tratar de aterosclerose, é necessário resgatar alguns conhecimentos de histologia das 
artérias. Para suportar o fluxo pulsátil e a pressão sanguínea mais elevada nas artérias, 
suas paredes são geralmente mais espessas que as das veias. As artérias apresentam três 
camadas concêntricas: túnicas íntima, média e adventícia. A túnica íntima consiste em uma 
única camada de células endoteliais associada à membrana basal; encontra-se separada 
da túnica média por uma membrana elástica densa chamada lâmina elástica interna (IEL). 
A túnica média (M) é composta por células musculares lisas. As camadas de células 
musculares lisas da média próximas ao lúmen recebem oxigênio e nutrientes por difusão 
direta a partir do lúmen do vaso, facilitada por orifícios na membrana elástica interna. 
Contudo, em vasos de médio e grande calibre, a difusão a partir do lúmen não é adequada 
para as porções mais externas da média e, portanto, estas áreas são supridas por 
pequenas arteríolas provenientes de fora do vaso (chamadas vasa vasorum), 
atravessando-os na metade ou nos dois terços mais externos da média. O limite externo da 
média, na maioria das artérias, é uma lâmina elástica externa (EEL) bem definida. Ao redor 
da média encontra-se a túnica adventícia (A), uma camada de tecido conjuntivo contendo 
fibras nervosas e vasa vasorum. 
 
 
 
 
 
 
 
KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005 
 As células endoteliais e as células musculares lisas exercem um papel importante 
na patologia vascular. As células endoteliais, chamadas coletivamente de endotélio, 
formam o revestimento contínuo, com a espessura de uma única célula, de todo o sistema 
cardiovascular. Sua integridade estrutural e funcional é fundamental para a manutenção da 
homeostase das paredes dos vasos e para a função circulatória normal. O endotélio é um 
tecido versátil e multifuncional. De modo análogo a uma membrana semipermeável, 
controla a transferência de moléculas através da parede vascular. Na maior parte dos 
locais, as junções intercelulares são em geral impermeáveis a grande moléculas (como as 
proteínas plasmáticas); no entanto, as junções entre as células endoteliais são 
consideravelmente instáveis, podendo se afastar sob a influência de fatores 
hemodinâmicos (como, por exemplo, a pressão arterial elevada) e agentes vasoativos 
(como a histamina). Além disso, a perda do endotélio (desnudação) estimula trombose e 
proliferação das células musculares lisas. 
 As células musculares lisas são responsáveis pela vasoconstrição e vasodilatação 
em resposta a estímulos normais e farmacológicos. Também sintetizam colágeno, elastina 
e proteoglicanos, e produzem fatores de crescimento e citocinas. Após a ocorrência de 
lesão vascular, as células musculares lisas migram para a íntima e proliferam, sendo 
elementos importantes para o reparo vascular normal, e tendo também seu peso nos 
processos patológicos, como a aterosclerose. 
 Após esta introdução, podemos falar sobre a aterosclerose. 
 
 A aterosclerose (athéros = palavra grega que sigifica mingau) é uma doença focal 
da íntima das artérias de médio e grande calibre, caracterizada por lesões na túnica íntima 
denominadas ateromas ou placas ateromatosas ou placas fibrogordurosas, que invadem e 
obstruem o lúmen vascular e enfraquecem a túnica média subjacente. 
 
Use os termos corretamente! Aterosclerose é diferente de arterioesclerose! 
O termo arterioesclerose significa endurecimento das artérias, por espessamento de suas paredes e perda de 
elasticidade. Há três padrões de arterioesclerose: 
 Arterioloesclerose: afeta pequenas artérias e arteríolas, com espessamento da parede e diminuição do 
lúmen. Está associada com mais frequência à hipertensão e/ou diabetes. Há dois tipos: hialina e 
hiperplásica. 
 Esclerose medial calcificada de Mönckeberg: depósitos calcificados nas artérias musculares de indivíduos 
com mais de 50 anos, e que não alcançam a luz dos vasos, não tendo significado clínico relevante. 
 Aterosclerose, que é o padrão mais frequente e clinicamente relevante - e por isso será estudado em 
detalhes. 
 
Os depósitos lipídicos na íntima arterial começam a aparecer na criança a partir de 
um ano de vida. A evolução das lesões ocorre no decorrer de muitas décadas e, durante a 
maior parte desse tempo, as lesões permanecem clinicamente silenciosas, de modo que o 
aparecimentode sintomas assinala a presença de doença avançada ou o desenvolvimento 
de trombose. A aterosclerose atinge praticamente todos os indivíduos adultos e idosos  
proporções epidêmicas nas sociedades economicamente desenvolvidas e taxas de 
mortalidade e morbidade, no mundo ocidental, que ultrapassam as de qualquer outra 
doença. 
 
 
PATOGENIA 
Acredita-se que a aterogênese envolva vários estágios, explicados de forma diversa 
por diferentes autores. Os dados aqui reproduzidos consideram especialmente KUMAR, 
ABBAS e FAUSTO (2005) e RANG et al. (2004). 
Os autores consideram, na sua maioria, que a aterosclerose seja uma resposta 
inflamatória crônica da parede arterial iniciada por algum tipo de lesão ao endotélio. A 
progressão da lesão é mantida pela interação entre lipoproteínas modificadas, macrófagos, 
linfócitos T e constituintes celulares normais da parede arterial. Os seguintes aspectos são 
relevantes nessa hipótese: 
 
1) Lesão endotelial crônica, geralmente sutil, com conseqüente disfunção endotelial que 
resulta em elevada permeabilidade, adesão leucocitária e potencial trombótico. A lesão 
endotelial crônica ou repetida é o ponto principal dessa hipótese. A causa específica da 
disfunção epitelial ainda não é conhecida. Os dois principais determinantes das 
alterações endoteliais são as alterações hemodinâmicas e os efeitos adversos da 
hipercolesterolemia. Outros possíveis “candidatos” incluem o tabagismo, a 
homocisteína, e possivelmente vírus e outros agentes infecciosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2) Acúmulo de lipoproteínas nas paredes vasculares, principalmente o LDL, e modificação 
dessas lipoproteínas por oxidação. Na hipercolesterolemia crônica, as lipoproteínas se 
acumulam no interior da túnica íntima em locais de elevada permeabilidade endotelial. 
3) A lesão do endotélio disfuncional estimula a fixação de monócitos. Após a adesão, 
esses monócitos, provavelmente estimulados por citocinas, migram entre as células 
endoteliais para se alojar sob a túnica íntima, transformando-se em macrófagos que 
passam a englobar lipoproteínas, principalmente o LDL oxidado (formação de células 
espumosas, que são macrófagos repletos de lipoproteínas). O fato de o endotélio estar 
alterado (disfuncional) também propicia a adesão de plaquetas potencial trombótico). 
 
 
 
 
4) Os macrófagos produzem substâncias que mantém a adesão e recrutamento de 
monócitos (e outros leucócitos, como os linfócitos) para a placa, além de produzir 
fatores de crescimento que podem contribuir para a proliferação e migração das células 
musculares lisas da túnica média para a túnica íntima. O fato é que as células 
 
 
COTRAN et al, 2000COTRAN et al, 2000
 
COTRAN et al., 2000 
musculares lisas migram da média para a íntima, onde proliferam e depositam 
componentes da matriz extracelular. Isso contribui para o crescimento progressivo e 
modificação das lesões ateroscleróticas. 
 
 
 
 
5) Mantém-se o acúmulo de lipídeos, tanto no interior das células (macrófagos e células 
musculares lisas) quanto no espaço extracelular. As células musculares lisas, portanto, 
também podem absorver lipídeos modificados, contribuindo para a formação de células 
espumosas. 
COTRAN et al, 2000
 
 
 
 
 
 
 
KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005 
 
HISTÓRIA NATURAL E PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS 
 
 A classificação da American Heart Association divide as lesões ateroscleróticas em 
seis tipos, iniciadas com células espumosas isoladas (“pontos gordurosos”), passando por 
estágios de estrias gordurosas, ateromas e fibroateromas, até lesões avançadas. 
 As estrias gordurosas constituem a lesão inicial da aterosclerose, sendo compostas 
por células espumosas repletas de lipídeos. Não são notavelmente elevadas e, por 
conseguinte, não provocam alterações no fluxo sanguíneo. As estrias gordurosas surgem 
na aorta de algumas crianças com menos de um ano de idade, e em todas as crianças com 
mais de 10 anos de idade, independente de da geografia, raça, sexo ou ambiente. Já nas 
coronárias as estrias começam a se formar na adolescência. Ainda que as estrias 
gordurosas possam ser os precursores das placas fibrogordurosas (ou ateromas, ou placas 
ateroscleróticas), nem todas as estrias gordurosas estão destinadas a se tornar placas 
fibrosas ou lesões mais avançadas. 
 As placas ateroscleróticas surgem primariamente nas artérias elásticas (p.ex. aorta, 
carótidas e ilíacas) e nas artérias musculares de grande e médio calibres (p. ex., artérias 
coronárias e poplíteas). A doença aterosclerótica sintomática acomete mais freqüentemente 
as artérias que irrigam o coração, o cérebro, os rins e as extremidades inferiores. Infarto do 
miocárdio, infarto cerebral, aneurismas da aorta e doença vascular periférica (gangrena das 
pernas) são as principais consequências da aterosclerose. 
 
 
 
 
 
COTRAN et al., 2000 
 A lesão avançada da aterosclerose representa risco de desenvolver as seguintes 
alterações patológicas de importância clínica: 
- Ruptura focal, ulceração ou erosão da superfície luminal, induzindo a formação de 
trombos ou a liberação de fragmentos na corrente sanguínea; 
- Hemorragia, principalmente nas artérias coronárias, que pode ser provocada pela 
ruptura da cápsula fibrosa ou dos capilares de paredes finas que vascularizam a placa 
 um hematoma contido pode expandir a placa ou provocar sua ruptura; 
- Trombose superposta a placas rompidas, ulceradas, erodidas ou com hemorragia, 
podendo haver obstrução parcial ou total do lúmen do vaso. 
- Dilatação aneurismática em função da atrofia induzida pela aterosclerose à túnica 
média, resultando em enfraquecimento da parede e ruptura potencial (veja um 
exemplo de dilatação aneurismática em aorta neste link: 
http://library.med.utah.edu/WebPath/CVHTML/CV013.html) 
 
 
 
 
FATORES DE RISCO PARA ATEROSCLEROSE 
 
Estudos epidemiológicos identificaram numerosos fatores de risco associados à 
doença ateromatosa. Os estudos clássicos são o Estudo Framingham (Massachusetts) e o 
Ensaio de Intervenção de Fatores de Risco (Multiple Risk Factor Intervention Trial). 
 
 
PRINCIPAIS MENORES, INCERTOS OU NÃO 
QUANTIFICADOS 
NÃO MODIFICÁVEIS • Obesidade 
• Idade avançada • Inatividade física 
• Sexo masculino • Estresse 
• História familiar • Homocisteína 
• Anormalidades genéticas • Deficiência de estrogênio no período pós-
menopáusico 
POTENCIALMENTE CONTROLÁVEIS • Ingestão elevada de carboidratos 
• Hiperlipidemia • Álcool 
• Hipertensão • Lipoproteína 
• Tabagismo • Ingestão de gordura trans 
• Diabetes • Chlamydia pneumoniae 
 
 
 Idade: 
- Influência dominante. 
- Doença lentamente progressiva, começa na infância, evolui lentamente por várias 
décadas. Clinicamente evidente na meia-idade ou mais tarde, quando as lesões 
arteriais precipitam lesão orgânica. 
 
 
 Sexo: 
- Homens mais propensos à aterosclerose e suas conseqüências entre 35 e 55 anos. 
- Aumento em mulheres após a menopausa (redução do nível de estrogênios). 
- 7a. e 8a. décadas de vida: freqüência de infarto do miocárdio igual. 
 Genética: 
- Predisposição familiar à aterosclerose e cardiopatia isquêmica é mais provavelmente 
poligênica, mais comumente relacionada com um agrupamento familiar de outros 
fatores de risco, como hipertensão ou diabetes. Com menor freqüência, distúrbios 
genéticos hereditários no metabolismo das lipoproteínas resultam em níveis 
excessivamente elevados de lipídos no sangue (hipercolesterolemia familiar). 
- Outros fatores de risco, como diabetes ou hipertensão podem estar associados. 
 
 Hiperlipidemia: 
- Principal fator de risco para a aterosclerose (especificamente a hipercolesterolemia). 
- O principal componente do colesterol plasmático total associado ao risco elevado de 
ateroscleroseé o colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL), que possui papel 
fisiológico essencial como veículo de distribuição do colesterol para os tecidos 
periféricos. Acredita-se que a lipoproteína de alta densidade (HDL) mobilize o colesterol 
de ateromas em desenvolvimento e já formados, transformando-o até o fígado a fim de 
ser excretado na bile; esta forma, quanto > nível de HDL, menor o risco. 
 exercício físico e consumo moderado de etanol aumentam os níveis de HDL 
 obesidade e tabagismo diminuem os níveis de HDL 
 
 Hipertensão: 
- Importante fator de risco, especialmente após os 45 anos. 
- Homens entre 45 e 62 anos com pressão acima de 169/95 mmHg risco 5X > que 
aqueles com 140/90 mmHg. 
- Anti-hipertensivos:  incidência de AVC e cardiopatia isquêmica. 
 
 Tabagismo: 
- Fator de risco bem estabelecido em homens, provável responsável pelo aumento 
recente na incidência e gravidade da aterosclerose em mulheres. 
- Consumo de 20 cigarros (ou mais) por dia durante vários anos aumenta em 200% a 
taxa de óbito por cardiopatia isquêmica. 
- Radicais livres na circulação lesionam células endoteliais e favorecem a peroxidação de 
lipoproteínas plasmáticas. 
 
 Diabetes mellitus: 
- Induz hipercolesterolemia e eleva acentuadamente a predisposição à aterosclerose. 
- Incidência de infarto do miocárdio duas vezes maior em diabéticos. Há risco elevado 
também de AVC (acidente vascular cerebral). 
- Possível elevação do risco de gangrena em extremidades inferiores em até 100 vezes 
(também em função da aterosclerose). 
- Aorta e artérias de grande e médio calibres sofrem aterosclerose grave e acelerada 
(mecanismo exato ainda não bem esclarecido – multifatorial e complexo). 
 
 
ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS 
 
 MACROSCOPIA 
- Espessamento da íntima e acúmulo de lipídios. 
- Estrias gordurosas: surgem como múltiplas manchas amareladas planas com 
menos de 1mm de diâmetro, que coalescem em longas estrias de 1cm ou mais de 
comprimento. 
- Ateromas (placas fibrogordurosas): lesões focais elevadas, apresentando um centro 
lipídico grumoso coberto por uma cápsula fibrosa firme e branca. Podem variar em 
diâmetro de 0.3 a 1.5 cm, algumas vezes fundindo-se para formar massas de 
grande tamanho. Inicialmente focais e de distribuição esparsa, tornam-se cada vez 
mais numerosas e difusas conforme a doença progride. 
 
 MICROSCOPIA 
- As placas ateroscleróticas possuem três componentes principais: células (incluindo 
células musculares lisas, macrófagos e demais leucócitos), matriz extracelular 
(incluindo colágeno, fibras elásticas e proteoglicanos) e lipídios intracelulares e 
extracelulares. 
- Estes componentes ocorrem em proporções e configurações variadas. Ateromas 
típicos contêm uma quantidade relativamente grande de lipídios; no entanto, podem 
ser compostos principalmente por células musculares lisas e tecido fibroso. 
- No centro, pode haver um núcleo necrótico, contendo uma massa desordenada de 
lipídios (colesterol), células espumosas (macrófagos e células musculares lisas 
contendo microvacúolos de colesterol, com aspecto esponjoso), fendas de cristais 
de colesterol (quando as células se rompem, o colesterol passa para o interstício e 
forma cristais rombóides) e restos de células mortas. 
- As placas continuam a se transformar e progressivamente ocorre morte e 
degeneração celular, síntese e degradação da matriz extracelular (remodelamento) 
e organização de trombos. Além disso, os ateromas também podem sofrer 
calcificações. 
 
 
Para observar aspectos macroscópicos de aterosclerose, aqui seguem algumas opções: 
http://peir.path.uab.edu/library/picture.php?/1994 
http://library.med.utah.edu/WebPath/CVHTML/CV012.html 
http://library.med.utah.edu/WebPath/CVHTML/CV114.html 
 
Em algumas imagens é possível observar a formação de trombos: 
http://library.med.utah.edu/WebPath/CVHTML/CV172.html 
http://library.med.utah.edu/WebPath/CVHTML/CV019.html 
 
Para observar os aspectos microscópicos da aterosclerose, use o Biolucida. Acesse 
HISTOPATHOLOGY COLLECTION  Arteries, arteriosclerosis, e navegue pela lâmina 614. 
Aproveite para comparar com artérias normais, acessando HISTHOLOGY COLLECTION  
Blood vessels and lymphatics (a lâmina 105 é uma boa opção). 
 
 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Manifestações das complicações 
 Trombose 
 Calcificação 
 Dilatação aneurismática 
 Eventos isquêmicos em coração, cérebro, membros inferiores e outros órgãos. 
 
 
 
PREVENÇÃO!!! 
 Prevenção primária 
o Retardar formação do ateroma 
o Induzir regressão das lesões em indivíduos sem complicação grave 
 
 Prevenção secundária 
o Evitar recidiva de certos eventos, como o infarto do miocárdio 
o Reduzir níveis sgneos de lipídios 
o Uso de agentes anti-plaquetários 
 
 
 
Algumas correlações farmacológicas... 
São utilizados diversos fármacos para reduzir o colesterol LDL do plasma. A terapia 
farmacológica constitui apenas uma abordagem para o tratamento, sendo utilizada em associação 
com o controle da dieta e correção de outros fatores de risco. A seleção dos pacientes para 
tratamento farmacológico permanece controvertida, sendo que o benefício é maior para aqueles que 
apresentam maior risco, incluindo doença aterosclerótica sintomática e com muitos fatores de risco 
cardiovasculares, bem como indivíduos com concentrações plasmáticas de colesterol extremamente 
altas. As principais classes de substâncias utilizadas clinicamente são: 
 Estatinas: inibidores da HMG-CoA (3-hidroxi-3-metilglutaril-coenzima A) redutase 
 Fibratos 
 Resinas de ligação de ácidos biliares 
 Outras (ácido nicotínico e probucol). 
 
Alguns fármacos podem induzir dislipidemia, como por exemplo a isotretinoína (isômero da 
vitamina A utilizado no tratamento de acne grave) e inibidores de protease utilizados no tratamento 
da infecção pelo vírus HIV. 
 
 Para maiores informações sobre esses fármacos, recomendamos: 
 RANG, H.P., DALE, M.M., RITTER, J.M., MOORE, P.K. Aterosclerose e metabolismo das 
lipoproteínas. In: Farmacologia. Tradução da 5ª. edição americana. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 
 KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N. Adaptação, dano e morte celular. In: _______, Robbins e 
Cotran - Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 7ª ed. São Paulo: Elsevier, 2005. 
 SCHOEN, F.J. Os vasos sanguíneos. In: KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N. Robbins e 
Cotran - Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 7ª ed. São Paulo: Elsevier, 2005. 
 COTRAN, RS; KUMAR, V; COLLINS, T. Adaptação, dano e morte celular. In: _______, Robbins - 
Patologia Estrutural e Funcional. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 
 PEREIRA, F.E.L. Degenerações. Morte Celular. Alterações do Interstício. In: BRASILEIRO FILHO, 
G et al. Bogliolo Patologia Geral. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 
 RANG, H.P., DALE, M.M., RITTER, J.M., MOORE, P.K. Aterosclerose e metabolismo das 
lipoproteínas. In: ________, Farmacologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Tradução da 5ª. edição 
americana. 
 
 
PARA APROFUNDAR O ASSUNTO 
 SCHOEN, F.J. Os vasos sanguíneos. In: KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N. Robbins e 
Cotran - Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 7ª ed. São Paulo: Elsevier, 2005. 
 COHEN, J.C.; HORTON, J.D.; HOBBS, H.H. Human Fatty Liver Disease: Old Questions and New 
Insights. Science, v. 332, n. 6037, v. 1519-1523, 2011. Disponível em: 
http://www.sciencemag.org/content/332/6037/1519.full 
 NEVES, L.B., MACEDO, D.M., LOPES, A.C. Homocisteína. J. Bras. Patol. Med. Lab., v. 40, n. 5, 
p. 311-320, 2004. A importância que vem sendo dada à hiper-homocisteinemia na aterogênese 
vem aumentando em publicações mais recentes, embora ainda seja pouco explicada nos livros-
texto (artigo em português, em formato .pdf, link disponívelna página da disciplina)

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