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1 Sistemas de Processo Penal – Princípios – Princípios Constitucionais DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online SISTEMAS DE PROCESSO PENAL – PRINCÍPIOS – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Do ponto de vista histórico do processo penal, há três sistemas de processo penal, a saber: – Inquisitivo – Acusatório – Misto SISTEMA INQUISITIVO Teve sua origem no seio do Direito Canônico, no século XIII, com ampla difu- são na Europa, inclusive na seara jurídica não religiosa, até o século XVIII. O que mais o caracteriza é a concentração das funções de acusar, defender e julgar em um único ator processual, que assumia o papel de juiz acusador, juiz inquisidor. Aqui, o acusado é mero objeto do processo, não sendo considerado sujeito de direitos. De acordo com a lição de Nucci, o sistema inquisitorial: “É caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce, também, a função de acusador; a confissão do réu é considerada a rainha das provas; não há debates orais, predominando procedimentos exclusivamente escri- tos; os julgadores não estão sujeitos à recusa; o procedimento é sigiloso; há ausên- cia de contraditório e a defesa é meramente decorativa”. SISTEMA ACUSATÓRIO Caracteriza-se como um actum trium personarum (ato de três persona- gens). Há presença de atores processuais distintos com contraposição entre acu- sação e defesa com paridade de armas. E com sobreposição às partes e atua- ção equidistante e imparcial de um juiz. 2 Sistemas de Processo Penal – Princípios – Princípios Constitucionais DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online No sistema acusatório, há, portanto, uma separação dos papéis de acusar, defender e julgar. Conforme Brasileiro: “A separação das funções processuais de acusar, defender e julgar entre sujei- tos processuais distintos, o reconhecimento dos direitos fundamentais ao acu- sado, que passa a ser sujeito de direitos e a construção dialética da solução do caso pelas partes, em igualdade de condições, são, assim, as principais caracte- rísticas desse modelo”. SISTEMA MISTO OU FRANCÊS Surge com o Code d’Instruction Criminelle francês, de 1808. Nesse sistema, o processo tem duas fases: – Uma primeira, marcada pela inquisitoriedade, sendo secreto e sem contraditório. – A segunda, uma fase em que há o contraditório e o exercício do direito da ampla defesa. No sistema misto, conforme Nucci: “Num primeiro estágio, há procedimento secreto, escrito e sem contradi- tório, enquanto, no segundo, presentes se fazem a oralidade, a publicidade, o contraditório, a concentração dos atos processuais, a intervenção de juízes populares e a livre apreciação das provas”. Qual o sistema adotado no ordenamento jurídico brasileiro? Há dois entendimentos doutrinários sobre qual sistema é adotado no Brasil que você precisa saber: I – Sistema misto, conforme Nucci: “É certo que muitos processualistas sustentam que o nosso sistema é o acusatório. (...) Entretanto, olvida-se, nessa análise, o disposto no Código de Processo Penal, 3 Sistemas de Processo Penal – Princípios – Princípios Constitucionais DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online que prevê a colheita inicial da prova através do inquérito policial, presidido por um bacharel em Direito, concursado, que é o delegado, com todos os requisitos do sistema inquisitivo (sigilo, ausência de contraditório e de ampla defesa, procedi- mento eminentemente escrito, impossibilidade de recusa do condutor da investiga- ção etc.). Somente após, ingressa-se com a ação penal e, em juízo, passam a vigorar as garantias constitucionais mencionadas, aproximando-se o procedimento do sis- tema acusatório”. II – Sistema acusatório, conforme Brasileiro: “Quando o Código de Processo Penal entrou em vigor, prevalecia o entendimento de que o sistema nele previsto era misto. A fase inicial da persecução penal, carac- terizada pelo inquérito policial, era inquisitorial. Porém, uma vez iniciado o pro- cesso, tínhamos uma fase acusatória. Porém, com o advento da Constituição Federal, que prevê de maneira expressa a separação das funções de acusar, defender e julgar, estando assegurado o con- traditório e a ampla defesa, além do princípio da presunção de não culpabilidade, estamos diante de um sistema acusatório”. Obss.:� a polícia não se vincula à tese de defesa nem de acusação, ela deve buscar a verdade histórica e factual. Dessa forma, na fase de inquérito, não há porque se falar em ação penal. PRINCÍPIOS Princípio no dizer de NUCCI: “É um postulado que se irradia por todo sistema de normas, fornecendo um padrão de interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito positivo, estabelecendo uma meta maior a seguir”. Princípios são, metaforicamente, como bússolas. Na Lex Excelsa, encontram-se princípios que regem o processo penal pátrio. Desses, alguns são explícitos, outros são implícitos. 4 Sistemas de Processo Penal – Princípios – Princípios Constitucionais DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online No contexto dos princípios constitucionais que regem o processo penal, há os que são princípios regentes, governantes, que coordenam o sistema de prin- cípios. São os mais relevantes para a efetividade do Estado Democrático de Direito e garantia dos direitos humanos fundamentaiss PRINCÍPIOS REGENTES I – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana Princípio Rei. Base sobre o qual todos os direitos e garantias individuais são erguidos e sustentados. II – Princípio do Devido Processo Legal Amálgama de todos princípios processuais penais, indicativo da regularidade do processo penal, que tem como corolários a ampla defesa e o contraditório. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS DO PROCESSO PENAL Princípio da não culpabilidade ou presunção de inocência CF, Arts 5º, LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; Garante que o ônus da prova cabe à acusação e não à defesa. Confirma a excepcionalidade da prisão cautelar. Princípios consequenciais da prevalência do interesse do réu (favor rei, favor libertatis) e da imunidade a autoacusação (nemo tenetur se detegere). Princípio da ampla defesa CF, Arts 5º, LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acu- sados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 5 Sistemas de Processo Penal – Princípios – Princípios Constitucionais DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Ao réu é garantido o direito de se valer de amplos e extensos métodos para se defender em face da força estatal (summa potestas). Súmula ns 523, STF.: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. Súmula ns 708, STF.: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro. Súmula Vinculante ns 14, STF.: É direito do defensor, no interesse do represen- tado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em proce- dimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Princípio da plenitude de defesa Arts 5º, XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:a) a plenitude de defesa; Atenção! Plenitude de defesa é diferente de ampla defesa. A plenitude é só para o júri. No tribunal do júri, busca-se garantir ao réu não somente a ampla defesa, mas plena e completa, a mais próxima possível do perfeito. Isso, inclusive com emprego de argumentos metajurídicos. Ampla defesa é para todo e qualquer processo. ��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Adriano Barbosa.