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02/04/2018 1 Bactérias patogênicas de importância em alimentos II Profa. Dra. Roberta Juliano Ramos Disciplina: Microbiologia dos alimentos 2018-1 Listeria monocytogenes • É um microrganismo patogênico conhecido pelos microbiologistas há muito tempo na área da microbiologia veterinária. • Porém, tornou-se um dos mais importantes patógenos veiculados por alimentos na década de 80, devido a eclosão de diversos surtos de listeriose humana. CARACTERÍSTICAS • Bactéria GRAM + • Não esporulada, em forma de bastão(bacilo), • Não é ácido resistente, é catalase positivo. • O microrganismo cresce tanto aerobicamente como anaerobicamente, mas prefere um ambiente microaerófilo (pouco oxigênio). • Listeria monocytogenes é móvel devido a flagelos peritríquios, apresentando movimento característico denominado tombamento, que auxilia na sua identificação. Invasão celular • Fagocitose • Escape do vacúolo • Multiplicação intracel. • Motilidade intracel. • L. monocytogenes encontra-se distribuída em toda a natureza. • Pode ser isolada do solo, vegetação, produtos alimentares, incluindo o peixe e produtos derivados, e cozinhas domésticas. • A maior parte destas estirpes ambientais é, provavelmente, não patogênica. Listeria monocytogenes • Cresce melhor na escala de pH compreendida entre os valores de 6,0 e 8,0, em geral, consegue crescer dentro de uma escala de pH compreendida entre 4,5 e 9,5 • Com relação a concentração de NaCl, constatou-se a sua sobrevivência em 10,5% e 13% quando incubada a 37ºC por 15 dias e 10 dias, respectivamente; CARACTERÍSTICAS 02/04/2018 2 • A atividade de água ótima para o seu crescimento é próxima a 0,97. • Contudo esta bactéria tem a capacidade de se multiplicar em atividade de água considerada baixa para a multiplicação de patógenos (0,92). CARACTERÍSTICAS LISTERIOSE • A listeriose é uma infecção que se inicia no intestino, mas a dose infecciosa é desconhecida. • O período de incubação pode variar entre um dia e várias semanas. • As estirpes virulentas são capazes de se multiplicar nos macrófagos e produzir septicemia seguida por infecção de outros órgãos tais como o sistema nervoso central, o coração, e podem invadir os fetos nas mulheres grávidas. • Em adultos saudáveis, a listeriose quase nunca se desenvolve para além da fase entérica primária que pode não apresentar sintomas ou ter apenas sintomas ligeiros do tipo gripe. • A listeriose apresenta riscos especiais e pode ser letal para fetos, mulheres grávidas, recém-nascidos e pessoas imuno-deprimidas. LISTERIOSE DIAGNÓSTICO • Nas pessoas, a listeriose não se caracteriza por uma sucessão única de sintomas e o curso da enfermidade depende do estado do hospedeiro. • As mulheres sadias que não estão grávidas são muito resistentes a infecção por Listeria monocytogenes . • As condições que podem potencializar a infecção por listeria são neoplasias, alcoolismo, diabetes, doenças cardiovasculares, transplantes renais e terapia com corticoides. DIAGNÓSTICO • Caso ocorram sintomas como febre, dores musculares ou dor de cabeça, um médico deve ser consultado. • Exames de laboratório de sangue podem detectar a presença de Listeria monocytogenes. PRINCIPAIS ALIMENTOS ENVOLVIDOS • Os produtos lácteos (leite, queijo, sorvete, natas) têm estado todos implicados em surtos de listeriose. • Também as saladas e os vegetais têm estado envolvidos nestes surtos. • Há uma crescente concordância em considerar que os alimentos contaminados são um veículo importante de L. monocytogenes. • O isolamento frequente e o potencial de proliferação em salmão defumado conservado em refrigeração (+4°C) mostram que o pescado pode ter um papel importante na transmissão de Listeria monocytogenes. 02/04/2018 3 TRATAMENTO • O controle de L. monocytogenes no organismo é feito pelos linfócitos T e pelos macrófagos, e por isso qualquer circunstancia que afete de modo desfavorável estas células agrava o curso da listeriose. • Os antibióticos mais utilizados para o seu tratamento são a coumermicina, rifampicina e ampicilina. TRATAMENTO • Quando a infecção ocorre durante a gravidez, utilizam-se esses antibióticos para evitar a infecção do feto ou do recém-nascido. • Recém-nascidos com listeriose recebem os mesmos antibióticos que os adultos. • Mesmo quando se administram antibióticos assim que a listeriose é detectada, a morte pode ocorrer, principalmente em idosos e pessoas com problemas graves de saúde. CONSEQUÊNCIAS DA DOENÇA • Em mulheres grávidas, pode haver a invasão do feto e, dependendo do estágio em que a gravidez se encontra, pode ocorrer aborto, parto prematuro, nascimento de natimorto ou haver septicemia neonatal. • Nos casos de comprometimento do SNC, a manifestação dá-se através do aparecimento de meningite, encefalite e de abscessos. A meningite é a manifestação mais comum, ocorrendo principalmente em recém-nascidos e idosos. MEDIDAS DE CONTROLE As recomendações para prevenir a listeriose são: • cozinhar bem os alimentos de origem animal, como carne bovina, suína e aves, lavar bem as hortaliças e verduras antes de consumi-las, • manter carnes cruas separadas dos vegetais e alimentos cozidos e prontos para consumo, • evitar alimentos preparados com leite cru (não pasteurizado), • e lavar as mãos, tábuas, facas,e demais utensílios após o manuseio de alimentos crus. MEDIDAS DE CONTROLE • Com finalidade de prevenir infecções de origem alimentar por L. monocytogenes é necessário que haja um controle no local de processamento do alimento: BPF SURTOS • Em 1998, o consumo de cachorros-quentes contaminados com Listeria, levaram 32 pessoas a morte e 101 ficaram doentes. • Em 2011 um surto envolvendo o consumo de melões contaminados com Listeria monocytogenes, infectou 72 pessoas no país e causou a morte de 13 nos EUA. • Em maio de 2013 surto de listeriose no Chile, envolvendo queijo contaminado, pelo menos 34 casos foram registrados, incluindo cinco mortes. Surtos deste microrganismo geralmente estão associados a queijos não pasteurizados e frutos do mar defumados. • Até o presente, não foi relatado caso ou surto de listeriose associado ao consumo de leite e produtos lácteos no Brasil. 02/04/2018 4 GêneroBacillus • As bactérias pertencentes ao gênero Bacillus compreendem um grande número de espécies, estando relatadas, até o momento, 48 espécies diferentes. • As bactérias deste gênero caracterizam-se por uma intensa atividade metabólica, já que produzem enzimas que degradam muitos substratos orgânicos. Bacillus cereus • Bastonetes móveis, esporulados, • Gram positivos e anaeróbios facultativos; • Esporulam em 2-3 dias; • Aa > 0,91-0,99; ótima: 0,95 • <7,5% de NaCl; • Multiplicação entre: pH: 4,9 – 9,3; • Inativado em 0,1 M de: ácido acético, fórmico e lático; • Temperatura de desenvolvimento: 4 - 55 oC (ótima: 28-35 oC) →mesófilo; • Apresenta flagelos peritríquios; Características da doença B. cereus pode causar duas formas distintas de DTA: a síndrome diarreica e a síndrome emética. Síndrome diarreica • Caracteriza-se por um período de incubação que varia de 8 a 16 horas; • Sintomas: diarreia intensa, dores abdominais, tenesmos retais, raramente ocorrendo náuseas e vômito. • Duração da doença: de 12 a 24 horas. • Alimentos envolvidos nos casos de gastrenterite diarreica por B. cereus: vegetais crus e cozidos, produtos cárneos, pescado, massa, leite, sorvete, pudins á base de amido, entre outros. Características da doença Síndrome emética • Caracteriza-se por um período de incubação curto (de uma a cinco horas), • Sintomas: vômitos, náuseas e mal-estar geral e, em alguns casos,diarreia com seis a 24 horas de duração. • Esta síndrome está quase que exclusivamente associada a alimentosfarináceos, contendo cereais, principalmente arroz. Características da doença • Um número bastante significativo de casos já foi descrito envolvendo o arroz preparado a moda chinesa, ou seja, cozido no vapor e mantido á temperatura ambiente. • Nestas condições, o aquecimento é insuficiente para destruir os esporos, que são comuns nos cereais. Os esporos germinam, e, devido á temperatura favorável, ocorre a multiplicação rápida das células vegetativas resultantes. • A mistura do arroz preparado desta forma com outros ingredientes(carne, ovos, vegetais, frango), comum na comida oriental, agrava ainda mais o problema. Mecanismo de patogenicidade • A maioria das cepas de B. cereus é capaz de produzir uma série de metabólitos extracelulares (toxinas diarreica e as toxinas eméticas). • Segundo vários pesquisadores, estas síndromes só se manifestam quando um alimento contém número elevado de células viáveis de B.cereus (entre 107 e 109 células). TOXINA DIARREICA • Enterotoxina de natureza proteica, termolábil, sendo destruída pelo aquecimento a 55oC por 20 minutos. • É inativada pela tripsina, pepsina e por proteinase, é instável em pH inferior a 4,0. 02/04/2018 5 Mecanismo de patogenicidade TOXINA DIARREICA • Age provocando acúmulo de sais e eletrólitos (Na+ e Cl ) e interferindo na absorção de glicose e de aminoácidos. • A toxina é também fortemente necrótica. • A enterotoxina é produzida durante a fase logarítmica do crescimento bacteriano ou no processo de esporulação. Mecanismo de patogenicidade TOXINA HEMÉTICA • Não é tão conhecida quanto a enterotoxina, devido à falta de um modelo biológico sensível adequado. • Esta toxina não tem os mesmos efeitos biológicos apresentados pela toxina diarreica, mas induz vômitos em curto período de tempo após a ingestão. • É resistente ao aquecimento a 126 oC por 90 minutos, pH ácido e as enzimas proteolíticas (pepsina e tripsina). Mecanismo de patogenicidade TOXINA HEMÉTICA • Sua produção ocorre na fase final da fase logarítmica de crescimento, sendo liberada em grandes quantidades durante a lise celular. • Alguns estudos sugerem que a produção desta toxina ainda não é conhecida até o momento, não existem evidências suficientes sobre a produção simultânea das toxinas eméticas e diarreicas por uma mesma cepa de B.cereus. Comparação Característica B.Cereus (d) B.Cereus (e) S.aureus Início dos sintomas(h) 8-16 1-5 2-6 Duração da doença(h) 12-24 6-24 6-24 Diarréia e dor abdominal +++ + + Náusea, vômito + +++ +++ Alimentos mais envolvidos Carne, vegetais, sopas desidr. Arroz, macarrão Carnes, laticínios Epidemiologia B.Cereus é largamente distribuído na natureza, sendo o solo o seu reservatório natural. Por esta razão, contamina facilmente alimentos como vegetais, cereais, condimentos,etc. Dentre os vegetais, destaca-se o arroz, que tem sido o alimento mais frequentemente envolvido em surtos de origem alimentar. Várias espécies de Bacillus estão presentes no solo úmido no qual se cultiva o arroz, e B.cereus, em especial, permanece associado com a planta durante todo o seu desenvolvimento. A frequência de isolamento de B.cereus em arroz cru é de 40% a 100%. B cereus é também encontrado na superfície de carne bovina, suína e de frango, certamente devido á contaminação com o solo. Epidemiologia B. cereus é um problema sério também em laticínios (queijos e sorvetes), sendo seus esporos muito comuns em leite em pó. No Brasil, B. cereus tem sido isolado de vários tipos de alimentos:queijos, farinhas, amidos, alimentos desidratados, carne moída, com índices de positividade entre 18% e 97%. Vários estudos têm demonstrado que B. cereus faz parte da flora fecal de indivíduos normais, havendo algumas indicações que sua presença é mais comum nos meses de verão, e dependente dos hábitos alimentares. Entretanto, B. cereus não coloniza o intestino,não persistindo por longos períodos. 02/04/2018 6 Epidemiologia • O consumo de alimentos recém preparados não oferece risco. • Das várias formas de tratamento térmico, o cozimento em vapor sobpressão, a fritura e o assar em forno quente destroem tanto células vegetativas quanto esporos. • Cozimento em temperaturas inferiores a 100 oC pode não ser eficaz para destruição de todos os esporos de B.cereus. OBRIGADA!!
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