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FERIDAS CRÔNICAS Maio, 2018. 12 DE MAIO DIA DO ENFERMEIRO “Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”. Rubem Alves INDICE • Úlceras Vasculogênicas: ✓Venosa ✓Arterial • Úlcera Mista • Pé Diabético “Embora possam existir inúmeras causas de úlceras de perna referenciadas na literatura, este problema é maioritariamente causado por alterações no sistema venoso, arterial, ou surge associado a doença diabética.” “Alguns autores definem uma úlcera de perna como uma ulceração abaixo do joelho em qualquer parte da perna, incluindo o pé e que demora mais de seis semanas a cicatrizar”. “Cerca de 70% de todas as úlceras de perna são de origem venosa, 10- 20% de origem arterial e 10-15% de etiologia mista”. *Longa duração e recorrência (66%) **Frequência superior a 4% entre os idosos acima de 65 anos ÚLCERAS VASCULOGÊNICAS O diagnóstico baseia-se em: • história clínica completa, • exame físico com identificação dos sinais e sintomas; • Exame complementar para analisar estrutura e função do sistema venoso. ÚLCERAS VASCULOGÊNICAS ÚLCERAS VASCULOGÊNICAS Podem ser de origem: Venosa Arterial Pé Diabético ÚLCERA VENOSA - A instalação costuma ser lenta, mas em alguns casos pode ser rápida. Os traumatismos nos membros inferiores são importantes fatores desencadeantes. ÚLCERA VENOSA Incompetência valvular, associada ou não à obstrução do fluxo venoso Pode afetar o sistema venoso superficial, o sistema venoso profundo ou ambos. Congênito ou adquirido HIPERTENSÃO VENOSA – condição mais comum/ intensificação do fluxo sangüíneo retrógrado Associada ao acúmulo de líquido e o depósito de fibrina – interfere na nutrição dos tecidos Baixa velocidade do fluxo sanguíneo INSUFICIÊNCIA VENOSA Fatores de Risco • Obesidade • Trombose • Doença neuromuscular • Válvulas insuficientes Características Gerais EDEMA HIPERPIGUIMENTAÇÃO DOR ASPECTOS DAS ÚLCERAS VENOSAS • Localização e exudação Membros inferiores Maléolo Extremamente exsudativas Induração da pele ASPECTOS DAS ÚLCERAS VENOSAS • Veias varicosas (congestão do fluxo sanguíneo/ incompetência das válvulas venosas/ dilatadas e tortuosas) • Edema MMII (hipertensão venosa/refluxo venoso, fato que impossibilita a pressão no interior do vaso sanguíneo atingir um valor abaixo de 60 mmHg ); • Hiperpigmentação da pele (liberação de hemoglobina após o rompimento dos glóbulos vermelhos extravasados para o interstício, é degradada em hemossiderina); • Dermatite venosa ou Dermatite Ocre (possível reação auto-imune desencadeada contra proteínas que extravasam para a hipoderme ou contra bactérias infectantes, manifestada através de eritema, edema, descamação em exsudato na extremidade do membro inferior, podendo apresentar prurido intenso). ÚLCERA VENOSA • Lipodermatoesclerose (endurecimento da derme e tecido subcutâneo, decorrente da substituição gradual destes por fibrose. • Eczema varicoso (extravasamento de enzimas proteoliticas irrtantes, hemosidrina e outros produtos degradados); • Dor (sensação de peso e prurido, aliviado com a elevação da perna, exercício ou compressão); • Atrofia Branca (áreas não vascularizadas de tecido branco com manchas rosadas resultantes da dilatação dos capilares. Pele fina e muito dolorosa ao toque). ÚLCERA VENOSA Exames: Duplex Scan, hemograma completo, glicemia em jejum, dosagem de albumina sérica, proteínas totais e fracionadas TRATAMENTO O tratamento é direcionado para obter cicatrização da úlcera e evitar recidivas. A orientação adequada de repouso é muito valiosa para se obter cicatrização da úlcera, pois diminui os efeitos da hipertensão venosa. O repouso deve ser realizado com o membro inferior elevado acima do nível do coração cerca de três a quatro vezes durante o dia e por 30 minutos. Durante a noite a elevação do membro é obtida por elevação dos pés do leito em altura que varia de 15 a 20cm. Essa medida não deve se realizada em casos de associação com doença arterial. ÚLCERA ARTERIAL SINAIS CLINICOS DE ISQUEMIA • Claudicação intermitente • Dor ao repouso • Pulso pedioso e tibial posterior diminuídos • Palidez na perna • Pés frios , cor arroxeada com cianose de extremidades • Ausência de pelos e alteração no crescimento ungueal • Redução da sensibilidade ÚLCERA ARTERIAL SINAIS CLINICOS DE ISQUEMIA O doppler calcula o índice de pressão tornozelo braço (IPTB), isto é, compara a tensão sistólica braquial com a tensão sistólica do tornozelo e determina se existe doença arterial significativa no membro inferior. Se houver doença arterial então o aporte sanguíneo está reduzido na membro inferior. ASPECTOS DAS ÚLCERAS ARTERIAIS ASPECTOS DAS ÚLCERAS ARTERIAIS CUIDADOS E PREVENÇÃO • Repouso com cabeceira elevada • Manter extremidades aquecidas • Evitar cruzamento de pernas • Hidratar a pele o Inspeção dos pés • Não aplicar calor local Na presença de um indivíduo com úlcera arterial, este deve ser referenciado para a cirurgia vascular para ser avaliado e eventualmente realizar-se uma re- vascularização por angioplastia ou cirurgia por bypass ÚLCERAS DE ETOLOGIA MISTA • Aproximadamente 20% da população apresenta doença arterial e venosa (Moffatt,1998). • Estas úlceras colocam um problema difícil dado que o edema necessita de ser controlado, mas a compressão forte está contra-indicada na presença de doença arterial grave. (Protocolo de lesões, PBH, 2009) (Protocolo de lesões, PBH, 2009) (Protocolo de lesões, PBH, 2009) (Protocolo de lesões, PBH, 2009) (Protocolo de lesões, PBH, 2009) (Protocolo de lesões, PBH, 2009) • De acordo com a OMS o pé diabético define-se como uma síndrome caracterizada por uma úlcera no pé, localizada abaixo do maléolo, acompanhada de neuropatia e diferentes graus de isquemia e infecção. • Em 2011, o International Working Group on the Diabetic Foot, apresentou os seguintes factos sobre o Pé diabético no 6th International Symposium on the Diabetic Foot: ❑ A cada 20 segundos um membro é amputado em alguma parte do Mundo devido à Diabetes mellitus. ❑ Mais de 70% de todas as amputações do membro inferior são efetuadas em diabéticos. ❑ Mais de 70% dos amputados “maiores” do membro inferior morrem em 5 anos. ❑ Em cada ano, cerca de 4 milhões de pessoas desenvolverão uma nova úlcera de pé diabético. ❑ Nos países desenvolvidos, mais de 4% das pessoas com diabetes têm pé diabético, gastando 12-15% do orçamento da saúde destinado ao tratamento daquela entidade nosológica. ❑ Nos países em desenvolvimento o pé diabético consome 40% do orçamento destinado para tratamento da diabetes. ❑ Mais de 85% das amputações são precedidas de uma úlcera que pode ser prevenida. ❑ O pé diabético é a principal causa de internação das pessoas com diabetes e é a principal causa de internação prolongada. ❑ O pé diabético constitui assim um problema com um elevado peso social e económico que põe em risco a sustentabilidade dos sistemas de Saúde e Segurança Social de qualquer país, mas sobretudo dos países em desenvolvimento, onde a pandemia da diabetes assume maior relevo. PÉ DIABÉTICO PÉ DIABÉTICO FATORES DE RISCO APROXIMADAMENTE 50% DESCONHECEM O DIAGNÓSTICO 24% NÃO FAZEM QUALQUER TIPO DE TRATAMENTO 135 MILHÕES EM 1995 PARA 300 MILHÕES EM 2025 – NO MUNDO PÉ DIABÉTICO Hiperglicemia prolongada é o elo comum que une os três pilares responsáveis pela formação da úlcera no pé dos diabéticos: neuropatia, isquemia e infecção. 20 A 58% APRESENTAM NOVA ÚLCERA EM ATÉUM ANO APÓS A CICATRIZAÇÃO DA ANTERIOR. NEUROPATIA A neuropatia simpática é responsável pelo bloqueio da sudorese e pela abertura dos shunts pré-capilares, proporcionando o aquecimento e edema do pé e a desidratação da pele, o que favorece a formação de fissuras, possíveis "portas de entrada" para bactérias. A EXPOSIÇÃO PERMANENTE E PROLONGADA À HIPERGLICEMIA PROVOCA ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS NOS AXÓNIOS DE TODAS AS FIBRAS NERVOSAS. A neuropatia motora provoca atrofia dos músculos intrínsecos do pé dando origem a alterações estruturais da arquitetura do pé, responsáveis pelo desenvolvimento de áreas de hiperpressão intrínseca, locais potenciais para a formação de úlceras. A neuropatia sensitiva que impede o doente de se defender das agressões intrínsecas ou extrínsecas, permitindo o desenvolvimento de lesões graves. Esta complexa polineuropatia periférica faz com que os doentes se "esqueçam" de que têm pés. PRIMEIROSEGUNDO TERCEIRO FISIOPATOLOGIA • A angiopatia dificulta o aporte sanguíneo, reduzindo o suprimento de oxigênio e nutrientes, resultando em prejuízo na resposta inflamatória e as defesas imunológicas, que dificultará a cicatrização tecidual. • A neuropatia resulta em perda da sensibilidade a estímulos dolorosos, táteis e térmicos, predispondo a lesões dérmicas, principalmente nos pés. FISIOPATOLOGIA NEUROPATIA PÉ DIABÉTICO NEUROPATIA NEUROPATIA DEFORMIDADES NOS PÉS NEUROPATIA Podem estar cercadas por calos ou aparência de “furo”. Geralmente são cobertas por tecido necrótico. AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO 90% DE SENSIBILIDADE SENSIBILIDADE TÁTIL AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO • Realização do Teste de Sensibilidade: • Exame da sensibilidade deve ser realizado em um ambiente calmo e relaxante; • Aplique o monofilamento na mão ou no cotovelo ou na fronte do paciente de modo que ele saiba o que será testado; • Paciente não deve ver quando o examinador aplica o filamento; • Aplique o monofilamento em torno do perímetro de uma úlcera, calo, cicatriz ou necrose. Nunca sobre tais lesões. • Aplique o monofilamento perpendicularmente à superfície da pele; • Aplique apenas com força suficiente para encurvar o filamento; • Evite deslizar o monofilamento sobre a pele, não faça toques repetitivos sobre a área de teste. • A duração total do procedimento, do contato com a pele não deve exceder 2 segundos; • Pressione o monofilamento sobre a pele e pergunte ao paciente se ele sentiu; • Aplique uma segunda vez e verifique se o paciente identifica o local testado; • A sensação protetora está presente se o paciente perceber o toque; • A sensação protetora está ausente se o paciente não perceber o toque em qualquer uma das áreas. AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO (Protocolo de lesões, PBH, 2009) AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO • Na presença de 1 (um) dos pontos insensíveis, encaminhar para avaliação com o fisioterapeuta do NASF. • Diabéticos com amputações e lesões ulceradas em MMII devem ser encaminhados para avaliação fisioterápica, independentemente do resultado do teste com o monofilamento. (Protocolo de lesões, PBH, 2009) (Protocolo de lesões, PBH, 2009) • 1. Inspeção geral: • • Pele (calosidades, hiperqueratose plantar, fissuras, ressecamentos, lesões). • • Deformidades (dedos em garra, hálux valgo, dedos em martelo, alterações no arco • plantar, úlceras e amputações). • 2. Força muscular e amplitude de movimento em MMII. • • A neuropatia é preferencialmente distal podendo em alguns casos acometer outras • regiões. Demais articulações deverão ser testadas caso o profissional julgue necessário. • 3. Avaliação do equilíbrio e marcha. • 4. Avaliação dos calçados do paciente. • • Adequado ou inadequado. • 5. Escore neuropático AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO (Protocolo de lesões, PBH, 2009) Monofilamento alterado + 1 ou mais testes anormais = PSP (perda da sensibilidade protetora). Fonte: ADA (American Diabetes Association), 2008 AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO (Protocolo de lesões, PBH, 2009) ESCALA DE AVALIAÇÃO PARA ÚLCERAS DIABÉTICAS Fatores como a cronicidade, a ausência de cuidados gerais pelo próprio doente e, principalmente, a diminuição da eficácia dos mecanismos de defesa da imunidade, determinam que 40 a 80% das úlcera do pé diabético progridam para a infecção embora em grau de gravidade variável. As úlceras de 0-3 tendem a ser predominantemente neuropáticas e as 4-5 a isquemia é o fator principal. ESCALA DE AVALIAÇÃO PARA ÚLCERAS DIABÉTICAS AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO (Protocolo de lesões, PBH, 2009) • Paciente cuja única demanda seja o difícil controle do nível glicêmico e sem complicações de grau 2 e 3 : deverá ser acompanhado pelo endocrinologista da rede e médico da ESF. • Pacientes com complicações agudas do pé diabético que configurem urgências clínicas e cirúrgicas (necrose e/ou infecção profunda e/ou comprometimento grave do estado geral): deverão ser encaminhados para o serviço de urgência. • Riscos 2 e 3 deverão ser encaminhados para o serviço de pé diabético especializado. AVALIAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO PÉ DIABÉTICO CUIDADOS COM OS PÉS DIABÉTICOS CONTROLE RIGOROSO DA GLICEMIA, CESSAÇÃO DO TABAGISMO, CONTROLE DA HAS, DISLIPIDEMIAS E VASCULOPATIAS EDUCAÇÃO EM SAÚDE EQUIPE MULTIDISCIPLINAR • JORGE, S.; DANTAS, S. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Editora Atheneu, 2003 • NEVES, J. et al. O pé diabético com infecção aguda: tratamento no Serviço de Urgência em Portugal. Rev. Port. Cir. [online]. 2013, n.27 [citado 2015-05-07], pp. 19-36 . Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1646- 69182013000400005&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1646-6918.
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