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ARTIGO ÉTICA

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE 
ARTIGO: ÉTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
02/2017 
São Paulo 
 
SUMÁRIO 
1. Apresentação dos materiais designados à leitura4 
1.1. “O caso dos exploradores de Caverna” 4 
1.2.“Matrix” – O Filme4 
1.3.Capítulo “Neo e a Matrix” do livro “Convite à Filosofia” 5 
2. Relação entre o filme Matrix e o livro "O caso dos exploradores de caverna"5 
2.1.Pílulas Azul e Vermelha5 
2.2.Encarar a realidade6 
2.3.“O homem é o lobo do homem” 6 
3. Análise ética e moral do livro "O caso dos exploradores de caverna"6 
4. Relação entre o Filme “Matrix” e o Texto “Neo e a Matrix” do livro “Convite à 
filosofia” 8 
5. Paralelo de Neo e Sócrates9 
6. Conclusão10 
7. Bibliografia11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Este artigo tem como objetivo a análise e reflexão de três materiais designados pelo 
docente da respectiva matéria, sendo eles: a leitura do livro paradidático “O caso dos 
exploradores de Caverna” (Fuller, 2008); a leitura do Capítulo “Neo e a Matrix” do 
livro didático “Convite à Filosofia” (Chaui,2005) e assistir ao filme “Matrix” (1999) o 
primeiro da trilogia. Cada discente então tendo cumprido essas tarefas 
individualmente, produzimos em grupo todo o conteúdo que virá a seguir, 
relacionando-o e apresentando os fundamentos do estudo dos três materiais citados 
ao nosso conhecimento adquirido no semestre com a matéria “Éticas e Bases 
Humanas”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Apresentação dos materiais designados à leitura 
1.1 O Caso dos Exploradores da Caverna 
A obra é formulada para disseminar a discussão sobre os princípios do direito, no 
qual através de um caso que apesar de concreto, é fictício, nos mostra a 
contraposição de valores naturais e ética. 
A história inicia-se em maio no imaginário ano de 4299, onde cinco membros da 
Sociedade Espeluncologia (organização amadorística de exploração de cavernas) 
adentraram uma caverna de rocha calcária. Os membros não esperavam o 
desmoronamento de terra que aconteceu após estarem bem distantes da entrada da 
caverna, ficando presos. Com o desmoronamento, a única saída que existia foi 
completamente obstruída. 
Os familiares estranharam a demora da volta dos exploradores e comunicaram à 
Sociedade Espeleológica que arrecadou fundos para a busca que não foi nada fácil. 
O resgate foi árduo e extremamente difícil tendo inclusive mais desastres no seu 
decorrer, como a morte de 10 operários que foram soterrados. Finalmente eles 
conseguiram ser liberados no trigésimo dia desde o início dos trabalhos de resgate. 
Nesse meio tempo enquanto aguardavam pelo resgate, conseguiram através de um 
rádio a pilhas, contato com o mundo exterior, sendo informados pela equipe de 
resgate que seriam necessários mais de dez dias para o resgate. O grupo com o 
qual conseguiram contato, possuía um médico que os informou não ser possível 
sobreviverem a dez dias sem alimentos, e consequentemente acabariam morrendo 
por inanição. Foi então que Whetmore tomou a frente e sugeriu pelo grupo, uma 
“saída”. Já que o problema era a falta de alimentos, ele questionou se conseguiriam 
sobreviver caso consumissem a carne de um deles e o médico embora relutante 
afirmou que sim. Whetmore preocupado com a situação buscou junto ao médico 
saber se poderiam tirar a sorte para saber qual deles seria sacrificado. O médico 
relutante, se recusou a responder, sendo questionado se havia alguma autoridade 
que pudesse tirar esta dúvida, e não conseguiram nenhuma resposta sobre este 
assunto. A bateria do comunicador acabou e não conseguiram mais contato com o 
mundo externo. 
Sem saber o que fazer, eles optaram então pela única maneira até aquele momento, 
viável para continuarem vivos: sacrificar algum dos integrantes do grupo para que 
este servisse de alimento para os outros. Após discussões, concordaram e 
decidiram que seria feito um sorteio decidido pelos dados que possuíam. Mal sabia 
Whetmore que sugeriu a ideia, que seria o infortunado, a vítima. Porém, antes do 
sorteio a vítima quis renunciar sua participação do plano, o que não foi aceito pelos 
outros sobreviventes visto que alegaram já terem feito um contrato verbal 
concordando com este sorteio e plano. No vigésimo terceiro dia, Whetmore foi 
sacrificado para a salvação do restante do grupo. 
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Trinta e dois dias após o desastre, os exploradores foram resgatados e tiveram que 
passar por tratamentos psiquiátricos devido ao trauma sofrido. ​ Por fim, indiciados 
pelo assassinato de Roger Whetmore, foram a julgamento, em primeira instância 
sendo condenados à pena de morte e em segunda instância foram analisados por 
quatro juizes: Foster, Tatting, Keen e Handy. 
 
1.2 Matrix: o filme 
O filme Matrix conta a história de um jovem programador e também hacker, que 
realiza diversas pesquisas e inquietantes buscas pela verdade sobre a humanidade. 
Até que um dia lhe é oferecida a oportunidade de descobrir toda a verdade, ficar 
cara a cara com o conhecimento absoluto. No entanto, para tudo há um preço. E 
muitas vezes, um preço alto a se pagar. Foi dada a Neo duas opções; saber de toda 
a verdade ou acordar no dia seguinte e seguir sua rotina sem se lembrar de nada 
que aconteceu. Uma vez que tinha a chance de cessar sua sede de conhecimento, 
Neo de maneira impulsiva aceitou a oferta de Morpheo, tendo assim todo o 
conhecimento e finalmente descobrindo do que se tratava a matrix. A princípio a 
realidade não era exatamente aquilo que Neo esperava. Mas, à medida que suas 
dúvidas foram sanadas e lhe foi dado aquilo que a matrix tinha de melhor, 
rapidamente houve aceitação e interação. 
 
De maneira resumida, o filme trata da realidade de um mundo onde a princípio tudo 
não passa de mera superficialidade para disfarçar um mundo real controlado por alta 
tecnologia e máquinas que para muitos pode ser um choque. 
 
Essas são algumas das questões que o filme Matrix e o livro O caso dos 
exploradores da caverna nos trazem. 
 
1.3 Capítulo “Neo e a Matrix” do livro “Convite à Filosofia” 
Em seu livro Convite à Filosofia, no capítulo Neo e a Matrix, publicado pela Editora 
Ática, a filósofa e professora Marilena Chauí, traça um paralelo entre características 
próprias da mitologia grega e a obra das irmãs Wachowski, exibida pela primeira vez 
nos cinemas no fim da década de 1990. Apesar de curto, o capítulo traz informações 
úteis para entender a complexidade que há entre os personagens da obra de 
Hollywood e elementos pertencentes à obra dos gregos antigos. 
 
2. Relação entre o filme “Matrix” e o livro "O caso dos exploradores de 
caverna" 
2.1. Pílulas Azul e Vermelha 
“Tomando a pílula azul a história acaba aqui e você acorda no seu quarto e acredita 
no que preferir acreditar, tomando a pílula vermelha fica no país das maravilhas e 
eu mostro a profundidade da toca do coelho!” (Morpheus – Filme:Matrix, 1999) 
Cena emblemática do filme de Matrix, no momento em que Morpheus encontra-se 
com Neo para lhe explicar que o mundo no qual vive não é o mundo real e 
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verdadeiro, e que os humanos são meros escravos de um poderoso sistema de 
computadores designado “Matrix” que controla a mente humana. 
No filme a pílula azul retrata a volta à sua ilusória e superficial vida, e a pílula 
vermelha a verdade por detrás do mundo que julgamos ser real, que nada mais é 
que uma metáfora da condição humana em que ou o homem se resigna de forma 
dogmática e aceita passivamente tudo o que existe à sua volta ou o homem 
liberta-se e conhece a verdade absoluta das coisas. 
A pílula azul seria a decisão de manutenção do status quo e a pílula vermelha, a 
transcendência dos valores e leis impostas para uma visão e análise mais ampla do 
caso exposto no livro. 
Dentro dessa ótica, é como se fosse exposto a cada ministro, a opção em se manter 
dentro da matrix e continuar seguindo cegamente a manutenção do sistema vigente 
(pílula azul), ou transcender valores éticos e leis vigentes (pílula vermelha) 
"Você precisa entender, a maioria destas pessoas não está preparada para 
despertar. E muitas delas estão tão inertes, tão desesperadamente 
dependentes do sistema, que irão lutar para protegê-lo." 
Esse trecho da fala de Morpheus no filme Matrix, mostra claramente a situação em 
que alguns ministros se posicionaram, tendo como meta a preservação do sistema, 
tendo a defesa de argumentos para a condenação pautada na manutenção do 
direito positivo. 
Truepenny, um dos ministros, defendeu a aplicação estrita da letra da lei. Segundo 
ele, se a corte inferior pronunciou um julgamento de que não era justo o fez sob o 
texto legal. Seu voto foi a condenação. Ou seja, seu argumento está pautado que, 
ainda que seja injusto, está dentro da moral e valores vigentes da época, e dentro 
da lei. É possível ir um pouco além, e fazer uma comparação do Juiz Truepenny 
com os agentes do filme, já que de certa forma ele seria responsável por "eliminar", 
no caso a condenação, dos então acusados, a fim de uma manutenção do status 
quo, no filme exemplificado com a matrix. 
Ministro Keen, assim como Truepenny, também assume uma posição de defesa do 
sistema vigente. Seu voto afirma que indulto compete ao Chefe do Executivo, não 
ao judiciário. Também, segundo ele, não competia decidir a moralidade das ações 
dos réus, mas a lei positiva. Uma vez legislada, a lei deve ser cumprida, sem 
questionar sua moralidade. 
Essas duas argumentações dos ministros, analogicamente a cena do filme em que 
as pílulas azul e vermelha são postas defronte a Neo, é como se tais ministros 
tivessem optado por tomar a pílula azul. 
Já o ministro Foster se posicionou de uma maneira diferente. Ele argumenta que as leis 
postas se fundamentam no direito natural e que as situações extremas excluíram o 
comportamento dos réus da esfera da lei positiva, análogo à legítima defesa. Sob a 
perspectiva jusnaturalista, o direito à vida se sobrepõe às leis. Adicionalmente, se o 
Estado esteve disposto a sacrificar dez vidas para salvar outras (morreram dez 
pessoas durante o resgate), o mesmo Estado deveria aceitar o direito de viver 
desses quatro. Propõe uma teoria do propósito da lei para interpretação do tipo 
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penal. Seu voto é pela absolvição dos acusados, pois conseguiu colocar uma ótica 
para além do direito positivo, e conclui sua análise defendendo óticas para além da 
matriz vigente. 
 
2.2. Encarar a realidade 
Levantamos ainda uma outra questão: o quão certo ou aceitável é mostrar a um ser 
humano comum toda uma realidade em que durante anos não passou de mera 
ficção ou crimes virtuais como retratado em cena? Para muitos a verdade pode ser 
amedrontadora assim como para outros, pode ser extremamente libertadora. E ainda 
podemos nos perguntar quando estaremos todos prontos para lidar com essa 
verdade? Quem realmente irá conseguir aceitar de maneira racional? 
Considerando a primitiva mente humana se comparada às máquinas, será que não 
existe a possibilidade de permanecermos vivendo e acreditando em um mundo de 
superficialidade? E quanto às nossas crenças, o que de fato é ou não verossímil? 
Já diria Cypher no filme: "A ignorância é uma benção"​. 
 
2.3. “O homem é o lobo do homem” 
O desespero do grupo que estava enclausurado na caverna pode ter uma 
justificativa baseada em suas ações, pois de acordo com Thomas Hobbes “o homem 
é o lobo do homem” isso significa dizer que o principal inimigo do homem é o próprio 
homem. Há uma cena no filme onde Morpheus é capturado pelo agente Smith que 
fala 
 
“Eu gostaria de te contar uma revelação que eu tive durante o meu tempo aqui. Ela 
me ocorreu quando eu tentei classificar sua espécie e me dei 
conta de que vocês não são mamíferos. Todos os mamíferos 
do planeta instintivamente entram em equilíbrio com o meio 
ambiente. Mas os humanos não. Vocês vão para uma área e 
se multiplicam e se multiplicam, até que todos os recursos 
naturais sejam consumidos. A única forma de sobreviverem é 
indo para uma outra área. Há um outro organismo neste 
planeta que segue o mesmo padrão. Você sabe qual é? Um 
vírus. Os seres humanos são uma doença. Um câncer neste 
planeta. Vocês são uma praga. E nós somos a cura” 
 (Agente Smith – Filme: Matrix, 1999) 
 
E isso explica exatamente a afirmação de Hobbes. Como consolo nos resta uma 
constatação psicanalítica de que caso nosso comportamento se assemelhe a um 
vírus de fato, teoricamente somos uma espécie que tem consciência dos erros 
cometidos. 
Assim também conseguimos relacionar a Freud que dizia que a cultura é um produto 
da auto repressão aos instintos primários, um conflito que poderia ser resolvido por 
meio da criatividade. Sendo assim, seria possível a imaginação nos ajudar a diminuir 
a propagação desse vírus? 
 
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3. Análise ética e moral do livro "O caso dos exploradores de caverna" 
A obra de Fuller mostra muito mais do que os padrões morais e/ ou éticos, 
mostrando o estado humano em suas devidas situações, aceitações e rejeições. 
Diante de homicídio e a antropofagia, o estado psicológico afeta e influencia os atos 
dos prisioneiros. O desespero deles pode ou não ter uma justificativa baseada em 
suas ações, pois de acordo com Thomas Hobbes “o homem é o lobo do homem” 
isso significa dizer que o principal inimigo do homem é o próprio homem. E de fato, 
dentro da caverna, nas condições em que estavam, fome, medo, pânico, desespero, 
o egoísmo tomou conta da situação, fazendo com que não pensassem claramente. 
Pós sua libertação, se inicia um processo jurídico no intuito de julgar o canibalismo 
como crime ou sobrevivência. E embora tenha sido considerado crime, há uma 
discussão ética a partir da questão: “Até que ponto é ético a prática do canibalismo 
em meio a situação de sobrevivência?”. 
Como cita o texto, além de fora do contexto de sociedade, os trabalhadores estavam 
sob uma situação de sobrevivência, ou seja, atuando de acordo com seu instintoanimal. Se analisarmos de maneira única e exclusivamente legal, tudo não passou 
de assassinato. Agora, se analisarmos a situação considerando que antes de 
qualquer coisa o ser humano é também um animal portador de sentidos, dentre 
esses, a sobrevivência, não houve crime. 
Embora seja um texto fictício, temos exemplos reais de pessoas que para sobreviver 
se alimentaram de carne humana. Situações de quedas de aviões são as mais 
comuns, ainda mais sob terrenos remotos como gelo e selva. 
“Entretanto, a justiça, na prática, é descaracterizada como fim máximo do agir 
jurídico. O positivismo assegura às leis um caráter dogmático, 
garantindo à justiça um papel secundário. O que se observa é 
um legislador que atende a anseios particulares e juízes que se 
limitam à subsunção. Magistrados que, na retaguarda do 
Kelsen, esquivam-se de examinar o direito como uma ciência 
interligada aos fatos e valores. Profissionais que, a despeito de 
preceitos individuais de ética, moral e justiça, limitam-se à 
aplicação simplista da norma.” (Texto enviado ao JurisWay em 
25/06/2013.) 
O egoísmo está ligado a decadência de cada um? Se colocarmos em prática e 
pensarmos que das cinco pessoas, quatro foram sobreviventes, essas quatro 
justificariam a morte de uma? Os parâmetros da ética e da moral aplicam 
perfeitamente a este caso, onde os fins não precisam necessariamente justificar os 
meios, com relação a concepção de Maquiavel. 
Considerando inclusos neste ato pela busca da sobrevivência, que, na situação dos 
prisioneiros, se alimentar de areia não seria uma possibilidade para a real 
sobrevivência, pois os mesmos morreriam, mas, acreditamos também que morrer de 
fome seria mais ético do que se alimentar do outro. 
“É de senso comum que toda sociedade possui seus valores e princípios baseados 
em costumes. O conjunto desses valores condizem com a 
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ética. Mas existe um questionamento quanto a como se dá o 
julgamento do que é ético ou antiético. Temos que, Mário 
Sérgio Cortella apresenta uma concepção de análise fácil em 
resposta a isso. Para ele, chegamos à conclusão deste 
questionamento diante da premissa “Quero, posso e devo””. 
(artigo cátedra de direito) 
Quanto ao julgamento crítico e ético da obra em geral de Fuller, as vontades, limites 
e desejos dos prisioneiros, foi dado a cada necessidade em particular, ao 
compartilhamento, ou não, da ética de moral diante do âmbito de cada um, referente 
ao estado físico e psicológico. Ultrapassando os limites das leis e do convívio social, 
priorizando suas necessidades. Sendo assim levados a julgamento devido ao crime 
que cometeram. 
“Outro ponto relevante levantado no discurso do juiz é acerca das regras e 
princípios. De forma geral, a regra é objetiva e pretende 
garantir segurança ao sistema. Os princípios, por sua vez, 
exercem função interpretativa, utilizando critérios de equidade. 
Esses, portanto, seriam os mais adequados ao caso dos 
exploradores de caverna, já que se apresentam mais 
maleáveis e com caráter axiológico. A própria legislação 
brasileira resguarda que, na ausência da lei, deve-se observar 
a analogia, os bons costumes e os princípios gerais do direito.” 
(Texto enviado ao JurisWay em 25/06/2013.) 
Se formos analisar o ponto de vista eminente da situação, os réus provavelmente 
não seriam condenados diante do jurídico brasileiro, e que para preservação de um 
todo seria necessária a destruição dos demais. Apesar de alguns 
contra-argumentos, já exposto, os exploradores precisaram decidir, baseando-se no 
senso comum, o que seria salvo. 
É essencial dizer que há inúmeras formas de interpretação e extensão do assunto, 
no entanto esse preceito deve fazer com que todos analisem e julguem à situação 
semelhantes de acordo com a justiça. 
4. Relação entre o Filme “Matrix” e o Texto “Neo e a Matrix” do livro “Convite 
à filosofia” 
No produto cinematográfico, Neo é funcionário de uma grande multinacional e, sem 
maiores problemas, leva sua vida de forma tranquila. Por ter conhecimento em 
tecnologia, o personagem, no entanto, começa a atuar como hacker e, sem intenção 
prévia, recebe, através de seus sonhos, a informação de que existe alguém o 
procurando. Esta pessoa é Morpheus. 
Ambos os nomes possuem origem no Classicismo Grego. De acordo com a obra de 
Chauí, Neo significa novo, renovado e pode ser definido como “jovem na força e no 
ardor da juventude”. As irmãs Wachowski também beberam na fonte da mitologia 
para definirem o nome do segundo personagem na ordem de destaque em sua obra. 
Segundo os escritos gregos, Morpheus é um espírito filho do Sono e da Noite. Com 
suas asas, ele pode voar em total silêncio e, fazendo uso de uma papoula vermelha, 
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pode tocar a cabeça de um humano e fazê-lo adormecer e, desta forma, entrar nos 
sonhos de quem considerasse necessário. No sonho, Morpheus era capaz de 
assumir a forma humana e se comunicar com a pessoa adormecida. 
A importância das obras antigas como referência para a criação de Matrix não se 
limita aos nomes dos personagens principais e à mitologia grega. Ainda segundo 
Chauí, o próprio título do filme norte-americano está intrinsecamente ligado a uma 
língua antiga e praticamente fora de uso no século XXI. O nome Matrix é de origem 
latina e significa útero, ou o órgão das fêmeas dos mamíferos onde o embrião e o 
feto se desenvolvem. 
No filme, Matrix é uma rede inteligente e interligada de computadores que se utiliza 
da energia humana para criar uma realidade virtual e, desta forma, se manter 
atuante. Apesar de complexo, o conceito filosófico é simples e parte do princípio de 
que há uma verdade maior por trás daquilo que consideramos uma verdade 
absoluta. 
Após a leitura do capítulo e uma análise crítica da obra cinematográfica é possível 
traçar um paralelo com a filosofia e, consequentemente, com a ética e a moral – 
objeto de estudo deste artigo. Quando Neo encontra com Morpheus em uma sala de 
um prédio aparentemente abandonado, dentro da Matrix, o seu interlocutor oferece 
duas pílulas, uma vermelha – que lhe garante a possibilidade de tomar 
conhecimento de uma verdade absoluta e, consequentemente, do que é a Matrix em 
toda a sua complexidade – e uma outra azul, que segundo Morpheus, lhe garantia 
que todas aquelas indagações desaparecessem de sua cabeça e, com isso, Neo 
poderia seguir sua vida da forma como lhe era comum até então. 
Motivado pela dúvida, o protagonista opta pela pílula vermelha e, a partir deste 
ponto, ele começa a ter conhecimento sobre o que é a Matrix: um sistema de 
computadores baseado em códigos e em portas lógicas para definir sensações 
impossíveis de serem descritas por uma máquina, como, por exemplo, o sabor de 
uma refeição. 
Através dos conhecimentos oferecidos por Morpheus e seus tripulantes, Neo passa 
a ter a real dimensão sobre o mundo e suas verdades. Se dentro da Matrix, o 
personagem consegue ter conhecimentos avançados de técnicas de combate, no 
mundo real ele percebe que a ilusão é o que faz com que o sistema permaneça 
operante. Com esta informação e com os ‘olhos abertos’ por Morpheus, a saga do 
personagem - vale destacar o ”jovemna força e no ardor da juventude” – passa a 
ser derrotar a Matrix se utilizando das próprias ferramentas inerentes ao sistema 
formulado pela inteligência artificial. 
A relação entre a obra de Chauí e a obra das irmãs Wachowski pode ser definida 
como um mergulho na filosofia como forma de encontrar a explicação de um mundo 
complexo e repleto de possibilidades. No caso de Neo, a opção em tomar a pílula 
vermelha e conhecer uma verdade mais ampla resultou em uma série de mudanças 
em sua vida, sua forma de viver e, principalmente, sobre uma alteração do seu 
conceito de moral. Afinal, com uma nova sociedade e com uma nova verdade, todos 
seus conceitos e valores foram modificados. 
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O mesmo fenômeno pode ser percebido ao longo da história da humanidade e, de 
certa forma, possui relação direta com o nascimento de uma atitude filosófica. Assim 
que uma sociedade avança no aspecto sócio-político, uma nova verdade é 
concebida e, com isso, valores são alterados. Uma das consequências práticas 
desta importante mudança é a alteração dos conceitos moralmente aceitos por esta 
mesma sociedade. 
5. Paralelo de Neo e Sócrates 
Sócrates também questionou o interesse do conhecimento desenvolvido pelos que 
vieram antes dele, o qual se voltava para a natureza o mundo e do universo. 
Sócrates se perguntava em que isso afeta o nosso comportamento. Para ele, mais 
importante era saber o que é bom, o que é certo, o que é justo, ou seja, estabelecer 
um conhecimento que ajudasse a pautar uma conduta correta para o ser humano. 
Consequentemente achamos um ponto que o conecta muito a Neo: Combates 
mentais e de pensamentos. Não foi à toa que Sócrates foi condenado à morte em 
Atenas sendo acusado de disseminar dúvidas em relação às ideias e valores da 
época, corrompendo a juventude. E o que ele queria de fato? Ele sugeria que antes 
de conhecer a natureza e antes de querer influenciar as pessoas, era obrigação de 
cada indivíduo, antes de qualquer coisa, conhecer a si mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. Conclusão 
O filme Matrix antes subestimado, ganhou admiradores por todo o mundo. Com um 
roteiro rico em influências e temas. Em Matrix aparece a mitologia grega, filosofia, 
distopia, cibercultura, teorias conspiratórias, messianismo, entre outros. Neste artigo, 
trouxemos a relação direta entre o filme com os materiais designados: “O caso dos 
exploradores da caverna” e com o capítulo “Neo e Matrix”, do livro “Convite à 
filosofia”, de Chauí. 
A primeira relação, nos mostra duas histórias muito semelhantes, se substituirmos a 
caverna pela realidade virtual e Neo pelos exploradores. O clímax do livro acontece 
quando eles têm que decidir quem vão matar para poder sobreviver, enquanto no 
filme é a escolha entre saber toda a verdade do mundo ou voltar a sua vida como se 
nada tivesse acontecido. 
A segunda relação traz a proximidade entre a mitologia e o filme. No filme Morpheus 
leva Neo ao oráculo e lhe mostra a frase “conhece-te a ti mesmo” (Sócrates), dita 
pelo fundador da filosofia moral. 
Durante todo o artigo muitas questões éticas foram levantadas em relação aos 
exploradores, a Neo e à relação filosófica entre a mitologia e o filme. Podemos 
perceber que com o tempo, as situações mudam, a forma de pensar muda e a forma 
de fazer leis também deveria mudar. O que vemos muitas vezes é um conjunto de 
leis retrógrado que não coincide mais com a sociedade atual e julgamos situações e 
pessoas de forma errônea. 
 
 
 
 
 
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7. Bibliografia 
 
7.1. LIVROS 
FULLER, Lon L. O caso dos exploradores de cavernas​. Trad. Plauto Faraco de 
Azevedo. Porto Alegre: Fabris, 1976. 
CHAUÍ, M., Convite à Filosofia, São Paulo, 13a. ed.,​ Ática​, 2003. 
 
7.2. FILME 
The Matrix (Matrix), Direção e roteiro: Andy Wachowski e Larry Wachowski, 
produção Joel Silver, Distribuição: Warner Bros. EUA, 1999. 
 
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7.3. MATERIAL DE APOIO 
SAKAI, EDMOND, PPTs das aulas da disciplina “Éticas e Bases Humanas” 
 
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