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1 Prof. Dr. ÍGOR PRADO DE BARROS LIMA DISCIPLINA: BIOQUÍMICA HUMANA Campina Grande, 2017 Unidade III – Enzimas CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Introdução às enzimas. Propriedades das enzimas. Classificação das enzimas. Modelos de interação enzima-substrato. Inibições enzimáticas e cinética enzimática. Fatores que interferem na velocidade enzimática. Definição de Km e velocidade máxima (Vmáx). Mecanismos de controle da atividade enzimática. INTRODUÇÃO ÀS ENZIMAS A vida depende de catalisadores poderosos e específicos: ENZIMAS. Praticamente todas as reações bioquímicas são catalisadas por enzimas. E + S = P INTRODUÇÃO ÀS ENZIMAS As ENZIMAS são as proteínas mais notáveis e mais altamente especializadas. Apresentam alto grau de especificidade para os seus substratos, aceleram as reações químicas, sem sofrerem alterações no processo global e atuam em soluções aquosas sob condições suaves de temperatura e pH. Catalisam cada uma das reações das centenas de etapas que degradam as moléculas nutrientes, que conservam e transformam energia química e que constroem as macromoléculas biológicas a partir de precursores elementares. INTRODUÇÃO ÀS ENZIMAS IMPORTÂNCIA das enzimas em algumas doenças, especialmente em doenças genéticas, onde pode haver deficiência ou mesmo ausência total de uma ou mais enzimas. Outras doenças podem ser causadas pela atividade excessiva de determinada enzima. Enzimas como marcadores sanguíneos na determinação das atividades enzimáticas no plasma sanguíneo, nas hemácias ou em amostras de tecidos é importante como marcadores de certas enfermidades. Ex. transaminases hepáticas. Muitos medicamentos agem por interação com enzimas. PROPRIEDADES DAS ENZIMAS As enzimas são catalisadores protéicos que aumentam a velocidade de uma reação química e não são consumidas durante a reação que catalisam. As enzimas apresentam uma região específica formando uma fenda ou bolso, que é chamada de sítio ativo. SÍTIOS ATIVOS O contorno da superfície do sítio ativo é delimitado por resíduos de aminoácidos com grupos nas cadeias laterais que ligam o substrato e que catalisam a sua transformação química. 2 PROPRIEDADES DAS ENZIMAS SÍTIOS ATIVOS O sítio ativo liga o substrato formando um complexo enzima-substrato (ES). O complexo ES é convertido em enzima-produto, o qual subsequentemente se dissocia em enzima e produto. PROPRIEDADES DAS ENZIMAS EFICIÊNCIA CATALÍTICA As reações catalisadas por enzimas são altamente eficientes, ocorrendo cerca de 105 a 1017 vezes mais rapidamente do que as reações não-catalisadas. PROPRIEDADES DAS ENZIMAS ESPECIFICIDADE As enzimas são altamente específicas, interagindo com um ou alguns poucos substratos e catalisando apenas um tipo de reação. Distinguem facilmente substratos com estruturas muito semelhantes. Modelo de interação enzima-substrato: Modelo chave-fechadura. PROPRIEDADES DAS ENZIMAS COFATORES Algumas enzimas se associam a um cofator não-protéico, que é necessário para a atividade enzimática. Os cofatores comumente encontrados incluem: Íons inorgânicos, tais como Mg2+, Zn2+ ou Fe2+, e moléculas orgânicas, conhecidas como Coenzimas, que agem como carreadores transitórios de grupos funcionais específicos. O conjunto enzima + coenzima = Holoenzima. A Apoenzima é a porção protéica da Holoenzima. Grupo prostético = Coenzima firmemente ligada à enzima. PROPRIEDADES DAS ENZIMAS COMO AS ENZIMAS FUNCIONAM As enzimas fornecem uma rota de reação alternativa, energeticamente favorável com menor energia livre de ativação, diferente da reação não-catalisada. A catálise não afeta o equilíbrio da reação. A energia livre de ativação é a diferença entre a energia dos reagentes e aquela de um intermediário de alta energia, que ocorre durante a formação do produto. PROPRIEDADES DAS ENZIMAS COMO AS ENZIMAS FUNCIONAM Velocidade da reação: Na ausência de uma enzima, somente uma pequena proporção de moléculas pode possuir energia suficiente para atingir o estado de transição. A velocidade da reação é determinada pelo nº de moléculas energizadas. Quanto menor a energia livre de ativação, mais moléculas têm energia suficiente para superar o estado de transição, e mais rápida é a velocidade da reação. 3 PROPRIEDADES DAS ENZIMAS COMO AS ENZIMAS FUNCIONAM NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO DAS ENZIMAS Existem 3 métodos para NOMENCLATURA ENZIMÁTICA: Nome Recomendado – mais curto e utilizado no dia a dia de quem trabalha com enzimas; sufixo "ase" adicionado ao nome do substrato da reação. ex. glicosidase, urease, sacarase. Nome Sistemático – mais complexo, nos dá informações precisas sobre a função metabólica da enzima, descrição da ação realizada. ex. lactato-desidrogenase, adenilato-ciclase. Nome trivial original – consagrados pelo uso, o qual não tem associação com a reação enzimática. ex. tripsina, pepsina, ptialina. NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO DAS ENZIMAS As enzimas são classificadas segundo as reações que catalisam. FATORES QUE INTERFEREM NA VELOCIDADE ENZIMÁTICA CONCENTRAÇÃO DO SUSTRATO VELOCIDADE MÁXIMA A velocidade de uma reação corresponde ao número de moléculas do substrato convertidas em produto por unidade de tempo. A velocidade de uma reação catalisada por enzima aumenta conforme a concentração do substrato, até uma velocidade máxima. FATORES QUE INTERFEREM NA VELOCIDADE ENZIMÁTICA CONCENTRAÇÃO DO SUSTRATO VELOCIDADE MÁXIMA Platô na velocidade de reação em altas concentrações do substrato em função da saturação pelo substrato de todos os sítios de ligação disponíveis nas enzimas. Formato hiperbólico da curva na cinética enzimática. FATORES QUE INTERFEREM NA VELOCIDADE ENZIMÁTICA TEMPERATURA A velocidade de reação aumenta com a temperatura, até um pico de velocidade ser atingido. Esse aumento está relacionado com o aumento no nº de moléculas com energia suficiente para atravessar a barreira de energia e formar os produtos da reação. Limite de temperatura – uma elevação maior da temperatura resulta em redução da velocidade de reação, como resultado da desnaturação da enzima, induzida pela temperatura. Ativação térmica 4 FATORES QUE INTERFEREM NA VELOCIDADE ENZIMÁTICA pH As enzimas têm um pH (ou uma faixa de pH) ótimo no qual a atividade catalítica é máxima. A atividade decresce em pH maior ou menor. CINÉTICA ENZIMÁTICA Modelo de reação enzimática A enzima combina-se reversivelmente com o substrato, formando um complexo ES que, subsequentemente, degrada-se em produto, regenerando a enzima livre. Equação de Michaelis-Menten Descreve como a velocidade da reação varia com a concentração do substrato. Onde: V0 = velocidade inicial da reação. Vmax = velocidade máxima. Km = constante de Michaelis. [S] = concentração do substrato. CINÉTICA ENZIMÁTICA Conclusões importantes sobre a cinética de Michaelis-Menten A constante de Michaelis-Menten (Km) reflete a afinidade da enzima pelo substrato. Km baixo – mostra uma alta afinidade da enzima pelo substrato, pois uma baixa concentração do substrato é necessária para atingir a metade da saturação de uma enzima. Km alto – baixa afinidade da enzima pelo substrato. É necessária uma alta concentração de substrato para atingir a metade da saturação da enzima. INIBIÇÃO ENZIMÁTICA INIBIDORES ENZIMÁTICOS são moléculas que interferem com a catálise, diminuindo ou interrompendo as reações enzimáticas. Existem duas amplas classes de inibidores enzimáticos: reversíveis e irreversíveis. INIBIDOR REVERSÍVEL Um tipo muito comum de inibição reversível é denominado competitivo. Um inibidor competitivo compete com o substrato pelo sítioativo da enzima. A medida que o inibidor ocupa o sítio ativo, ele impede que o substrato se ligue à enzima. INIBIÇÃO ENZIMÁTICA INIBIDOR REVERSÍVEL – COMPETITIVO Muitos inibidores competitivos têm estrutura similar à estrutura do substrato e se combinam com a enzima formando um complexo enzima-inibidor, mas que não leva à catálise. Mesmo ligações desse tipo que sejam transitórias reduzem a eficiência da enzima. Estatinas como exemplo de inibidor competitivo. INIBIÇÃO ENZIMÁTICA INIBIDOR REVERSÍVEL – COMPETITIVO Efeito sobre a Vmax – o efeito de um inibidor competitivo é revertido pelo aumento da [S]. Km é aumentada na presença de um inibidor competitivo Efeito sobre o Km – um inibidor competitivo aumenta o Km para um substrato. Na presença de um inibidor competitivo mais substrato é necessário para atingir metade da Vmax. 5 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA INIBIDOR REVERSÍVEL – NÃO-COMPETITIVO O inibidor liga-se a um sítio distinto do sítio ativo do substrato e, ao contrário do inibidor competitivo, liga-se apenas ao complexo ES. Não-competitiva INIBIÇÃO ENZIMÁTICA Efeito sobre a Vmax – a inibição não-competitiva não pode ser superada pelo aumento da concentração do substrato. Diminuem a Vmax da reação. Km não é alterada na presença de um inibidor não-competitivo Efeito sobre o Km – não interferem na ligação do substrato com a enzima, mostrando o mesmo Km na presença de um inibidor não- competitivo. INIBIDOR REVERSÍVEL – NÃO-COMPETITIVO INIBIÇÃO ENZIMÁTICA INIBIDOR REVERSÍVEL – MISTO Com o inibidor misto há ligação a um sítio distinto do sítio ativo, ao qual o substrato se liga. O inibidor pode ligar-se tanto à enzima quanto ao ES. INIBIÇÃO ENZIMÁTICA INIBIDOR IRREVERSÍVEL Ligam-se covalentemente com ou destroem um grupo funcional da enzima que é essencial à atividade da mesma ou então formam uma associação não covalente estável. REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA A regulação da velocidade das reações enzimáticas é essencial para o organismo coordenar seus numerosos processos metabólicos. Um aumento na [S] é refletido no aumento da velocidade da reação, em seguida levando a concentração do substrato ao valor normal, no mecanismo de regulação. Algumas enzimas com funções reguladoras especializadas respondem a efetores alostéricos ou a modificações covalentes. REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA As enzimas alostéricas são reguladas por moléculas chamadas efetores ou moduladores, os quais ligam-se de forma não-covalente a outro sítio que não o sítio catalítico. A presença do efetor alostérico pode alterar a afinidade da enzima pelo seu substrato ou modificar a atividade catalítica máxima da enzima ou ambos. Efetores Negativos – inibem a atividade enzimática Positivos – aumentam a atividade enzimática 6 REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA Quando o substrato em si atua como efetor, o efeito é dito homotrópico. Um substrato alostérico funciona, mais frequentemente, como efetor positivo. A presença do substrato em um sítio da enzima aumenta as propriedades catalíticas de outros sítios de ligação ao substrato, isto é, seus sítios exibem cooperatividade. EFETOR HOMOTRÓPICO REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA O efetor pode ser diferente do substrato, em cujo caso o efeito é dito heterotrópico. Exemplo – inibição por retroalimentação. Se a concentração de E aumenta, a enzima inicial da rota é inibida. EFETOR HETEROTRÓPICO REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA Muitas enzimas podem ser reguladas por modificação covalente, mais frequentemente pela adição ou pela remoção de grupos fosfato na enzima. MODIFICAÇÃO COVALENTE FOSFORILAÇÃO e DESFOSFORILAÇÃO - As reações de fosforilação e desfosforilação são catalisadas por proteína-cinases, as quais utilizam ATP como doador de fosfato. REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA As células podem regular a quantidade de enzimas presentes, alterando a velocidade de síntese dessas enzimas. O aumento ou a diminuição da síntese enzimática leva a uma alteração na população total de sítios ativos. INDUÇÃO E REPRESSÃO DA SÍNTESE DE ENZIMAS ENZIMAS PLASMÁTICAS NA AVALIAÇÃO CLÍNICA Além do papel central das enzimas na bioquímica, a atividade das enzimas no sangue fornece informações importantes para o diagnóstico de doenças. Bibliografia complementar CAPÍTULO 6 - NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014, 1298 p. CAPÍTULO 5 - CHAMPE, P.C.; HARVEY, R.A.; FERRIER, D.R. Bioquímica Ilustrada. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. 544 p. CAPÍTULO 5 - CAMPBELL, M.K. Bioquímica. 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
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