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38 - As bitolas das ferrovias (2)

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•••• As bitolas das ferrovias (2) 
Texto publicado em 06 de Novembro de 2007 - 01h21 
 
por Sílvio dos Santos * 
 
 
Caros leitores, 
 
Hoje, continuaremos a abordar o tema das bitolas relatando as diferentes 
medidas encontradas em diversos países do mundo 
 
************************* 
 
Em 1844, foi estabelecida na Espanha e em Portugal a norma de 6 pés 
castelhanos, quer dizer um pouco menos que 1,676 m. Nos Estados Unidos em 
1880, havia 24 bitolas diferentes, a maior de 2,438 m na Estrada de Ferro de 
Oregon, mas em 1887, todas as grandes redes ferroviárias adotaram a bitola 
normal de 1,435 m. 
 
Os ingleses que utilizavam em sua rede interna a bitola de 1,435 m, se 
defrontaram com numerosas dificuldades quando da construção das estradas de 
ferro de suas colônias. As primeiras linhas ferroviárias da África do Sul 
utilizavam a bitola stander, 1,435. Próximo das zonas montanhosas os ingleses 
adotaram uma bitola menor, a de 1,067 m, a qual se tornou norma em toda a 
África Britânica. Na Argentina, os ingleses construíram as estradas de ferro com 
diversas bitolas. Na índia, o governador geral Lorde Balhousie, impôs uma só 
bitola a de 1,676 m. Mas após sua partida no final do século XIX, foram 
construídas outras ferrovias com outras bitolas mais estreitas e por isso menos 
onerosas. Essa rede de linhas econômicas foi criada com uma função secundária 
mais rapidamente as linhas principais também adotaram a bitola estreita. Assim 
em 1947, havia uma maior quantidade de linhas métricas, 1,000 m, que as de 
bitola larga, 1,676 m, e de outras numerosas linhas com bitolas de 0,610mm a 
0,762 m. 
 
A bitola métrica 1,000 m foi escolhida por numerosas estradas de ferro de 
interesse local. Ela foi adotada na França, lei de 12 de julho de 1865, para a rede 
ferroviária de característica secundária, de pequena extensão e fraco tráfego, as 
quais impunham um programa de investimento mais econômico. De fato, a 
bitola métrica permitia um raio de curvatura de 100 m em plena via de 
circulação e raios menores nas estações e pátios, sem a necessidade de 
instalações complexas devido a menor circulação de trens, justificando o baixo 
investimento. Entretanto era obrigatório ter material rodante apropriado, menor, 
mais curto e menos potente. 
 
Outros países adotaram também a bitola métrica: Portugal implantou no interior 
da região do Porto. Na Alemanha, as linhas de bitola pequena, 0,750 m e 1,000 
m, totalizavam, no início do século XX, 2.200 km, num total de rede ferroviária 
de 60.000 km. Na Bélgica, a Société Nationale des Chemins de Fer, a empresa 
ferroviária nacional, as linhas de bitola métrica foram construídas paralelamente 
as de bitola normal, 1,435 m, resultando em uma rede densa, muitas vezes lado a 
lado das rodovias. Na Suíça, numerosas ferrovias de bitola métrica foram 
construídas financiadas pelas próprias vilas e cantões, como a Estrada de Ferro 
de Rhetiques. 
 
Atualmente, a rede ferroviária européia é composta basicamente da bitola 
normal, 1,435 m, com exceção de Portugal e Espanha com 1,676 m, a Irlanda 
com 1,600 m e a Rússia e as ex-repúblicas soviéticas com a bitola de 1,524 m. 
Ainda é possível encontrar bitola métrica em algumas ferrovias da Grécia além 
da própria Suíça. 
 
A bitola larga do Brasil 1,600 m que cobria originalmente os estados de São 
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais teve origem na compra de material rodante 
da Irlanda. Atualmente a Estrada de Ferro Carajás (Maranhão e Pará), a Ferrovia 
Norte Sul (Maranhão e Tocantins) e a Ferronorte (Mato Grosso do Sul e Mato 
Grosso) também utilizam a bitola de 1,600 m. Em diversos trechos da bitola 
larga é utilizado o 3º trilho que permite a circulação de trens de bitola métrica. 
 
A bitola normal de 1,435 m é utilizada somente pela Estrada de Ferro de 
Macapá. As demais ferrovias são de bitola métrica. 
 
 
 
Mapa das ferrovias brasileiras 
 
 
 
Quadro das ferrovias brasileiras em 2005 
 
No próximo artigo continuaremos abordar o tema bitola. 
 
Referências bibliográficas: 
Encyclopedie des Chemins de Fer - François Get et Dominique Lajeunesse - 
Editions de la Courtille - Paris - 1980 - 557p.

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