Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SITUAÇÃO PROBLEMA 1 Um homem de 69 anos de idade, com história pregressa de insuficiência cardíaca congestiva, diabetes melito tipo II, hipertensão e doença arterial coronariana apresenta-se para acompanhamento médico. O paciente teve vários IAMs, fração de ejeção (FE) deprimida e piora da insuficiência cardíaca – sintomas de dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna e edema, apesar de uso máximo de inibidor de ECA, betabloqueador e diuréticos. O diabetes do paciente está bem controlado e ele tem função renal normal. Você decide adicionar digoxina para o alívio sintomático. Problemas Como eu sei que o diabetes está controlado? Dieta? Fármacos? Atividades físicas? A função renal normal pode ser pela administração de diurético. O uso dos fármacos pode ser um problema. Hipóteses Interação medicamentosa está sendo prejudicial, causando um dos problemas. Problemas respiratórios podem estar sendo ocasionados pelo betabloqueador. Betabloqueador pode estar reduzindo a frequência cardíaca; ausência do efeito do fármaco. Questões de aprendizagem Quais são os fármacos, quais os mecanismos de ação, interação medicamentosa e efeitos adversos? A qual classe a digoxina pertence? Diferenciação dos conceitos; o que significa fração de ejeção deprimida? Por que está sendo utilizado betabloqueador se ele tem ICC? FÁRMACOS INIBIDOR DE ECA: inibidor de angiotensina, é um fármaco utilizado para reduzir pressão arterial por meio da inibição da angiotensina II, que é responsável pelo estímulo da adrenal a secretar aldosterona. Inibe conversão de AT1 em AT2 (enzima conversora de angiotensina). Sem ela, não haverá vasoconstrição periférica, e a pressão é reduzida. – TEM COMO EFEITO ADVERSO INFILTRADOS PULMONARES, DISPNEIA E, QUANDO USADO COM OUTROS MEDICAMENTOS ANTIHIPERTENSIVOS, AUMENTA O EFEITO DO MEDICAMENTO. BETABLOQUEADOR: antagonista de receptores beta-adrenérgicos. Pode ou não ser seletivo. Quando seletivo, o betabloqueador é antagonista beta-1, como o atenolol, e atua reduzindo o débito cardíaco a partir da redução da vasoconstrição periférica. Quando não seletivo, como o propranolol, possui o mesmo efeito vasodilatador, com a diferença que ele atua sistematicamente em áreas que também possuem receptores beta-2, como o pulmão, podendo ocorrer, então, a bronquioconstrição, visto que o beta-2 tem efeito bronquiodilatador. – TEM COMO EFEITO ADVERSO A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA. DIURÉTICO: medicamentos diuréticos, como a hidroclorotiazida, atuam diretamente nos rins, aumentando a excreção de sódio e cloreto e, consequentemente, de água. Por isso, consegue reduzir o plasma sanguíneo e, concomitantemente, reduzir a pressão arterial. – TEM COMO EFEITO ADVERSO A HIPERGLICEMIA, REDUZ ABSORÇÃO DE MEDICAMENTOS HIPOGLICEMIANTES. DIGOXINA: aumenta a força de contração do músculo cardíaco; utilizado para IC e arritmias. Seu mecanismo de ação consiste em um glicosídeo cardíaco que possui efeito inotrópico positivo por meio de uma ligação reversível à bomba de sódio/potássio no coração. Classe: digitálico. – TEM COMO EFEITO ADVERSO VERTIGEM, PROBLEMAS DE VISÃO, ENJOO, DIARREIA. FRAÇÃO DE EJEÇÃO DEPRIMIDA: Sístole não está ejetando tanto sangue quanto deveria, o que significa que o débito cardíaco está reduzido, possivelmente devido à insuficiência cardíaca do paciente. Normal: 50-55bpm/55-60bpm. Na insuficiência cardíaca, a administração de betabloqueador foi uma escolha pertinente porque reduz a secreção de renina e de catecolaminas, além de atuar no nó sinoatrial, auxiliando no aumento do funcionamento cardíaco, apesar de ser responsável pela redução do débito cardíaco. Aumentar a frequência cardíaca em casos de ICC é prejudicial. SITUAÇÃO PROBLEMA 2 Homem de 72 anos de idade apresenta-se ao consultório para acompanhamento de rotina. Ele está sob tratamento contra hipertensão e insuficiência cardíaca congestiva com enalapril e diurético. Sua pressão arterial está sob controle aceitável, e ele não tem sintomas de insuficiência cardíaca no momento da consulta. Queixa-se de tosses frequentes nos últimos meses. A anamnese e o exame não revelam nenhuma outra causa de tosse crônica; então, você decide interromper o enalapril e começar a losartana. Problemas ICC Hipertensão Tosse frequente Enalapril Ausência de sintomas de ICC Anamnese incompleta Hipóteses Tosse desencadeada pelo enalapril ICC não curada gerando tosse Hipertensão associado ao estilo de vida e a idade do paciente. Questões de aprendizagem Característica da tosse Efeitos adversos do enalapril Porque a losartana é indicada Como se controla a ICC sendo tratada apenas com diurético e enalapril? Relação da ICC com a HAS Impossível saber qual a correlação da tosse e as características específicas dela sem um exame clínico e uma anamnese mais minuciosos. O enalapril pode causar infiltrados pulmonares, asma brônquica/broncoespasmo, dispneia, rinorreia, dor de garganta e rouquidão. A losartana é indicada porque, diferentemente do enalapril, ela inibe a angiotensina I em vez de inibir a ECA, então não influencia em outras reações, como a de produção da bradicinina, responsável pela tosse como reação adversa no paciente. As propriedades cardioprotetoras do Maleato de Enalapril foram demonstradas nesses estudos por meio de efeitos benéficos na sobrevida e no retardamento da progressão da insuficiência cardíaca em pacientes com disfunção cardíaca sintomática; no retardamento do desenvolvimento de insuficiência cardíaca sintomática em pacientes assintomáticos com disfunção ventricular esquerda; e na prevenção de eventos isquêmicos coronarianos em pacientes com disfunção ventricular esquerda, especificamente redução de incidência de infarto do miocárdio e de hospitalização de pacientes com angina pectoris instável. A HAS consiste na principal causa da ICC e um grande fator agravante. Isso ocorre, pois, no caso da hipertensão, o ventrículo passa por um processo de hipertrofia. Essa hipertrofia faz com que o coração aumente muito de tamanho e acabe passando por um processo de depleção da sua função de bomba, o que o torna insuficiente. Inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona: ENALAPRIL, CAPTOPRIL, RAMIPRIL Angiotensina2 estimula secreção aldosterona (adrenal) = aumento reabsorção de sódio e água = aumento pressão arterial (receptor AT1) Angiotensina 2 estimula vasoconstrição = aumento resistência vascular periférica (VPR) = aumento pressão arterial (receptor AT1) Bradicinina causa vasodilatação. Enzima que degrada a bradicinina é muito parecida com a ECA (cininase II). Inibidores da ECA inibem a enzima que degrada a bradicinina = acúmulo de bradicinina nos pulmões = tosse. Inibidores da ECA atuam inibindo conversam de angio I em angio II e reduzem a PAS, mas, em contrapartida, inibem também a cininase II, provocando tosse seca devido ao acúmulo de bradicinina. USO: anti-hipertensivo. EFEITOS ADVERSOS: tosse seca. Antagonistas de receptores de Angiotensina (AT1): LOSARTANA, VALSARTANA Mecanismo de ação: antagonista competitivo de AT1. A angiotensina2 será formada, mas não haverá atividade da angiotensina2 na adrenal de estímulo à adrenal – impede a secreção de aldosterona, porque não haverá ligação de angiotensina 2 em AT1. USO: anti-hipertensivo. EFEITOS ADVERSOS: cefaleia, tontura. Inibidor de renina: ALISQUIRENO Mecanismo de ação: inibe a renina; não há conversão de angiotensinogênio em angiotensina 1. Logo, não haverá substrato para ser convertido, e a adrenal não será estimulada a secretar aldosterona. USO: anti-hipertensivo EFEITOS ADVERSOS: cefaleia, alterações gastrintestinais. Antagonistas adrenérgicos: BETABLOQUEADORES (PROPRANOLOL, NADOLOL, BISOPROLOL) Mecanismo de ação: antagonista de receptor Beta-não seletivo; USO: anti-hipertensivo, angina, IAM. Usado em ICC para reduzir a demanda de oxigênio do organismo, a fim de conter a alteração do tecido cardíaco. EFEITOS ADVERSOS: crise asmática, hipoglicemia (diabéticos) ATENOLOL, METOPROLOL Mecanismode ação: antagonista de receptor Beta-1. Atua somente no coração. USO: anti-hipertensivo, angina, IAM. EFEITOS ADVERSOS: hipoglicemia (diabéticos) CARVEDILOL, LABETALOL Mecanismo de ação: Antagonistas Beta1-Alfa1. Diminui frequência cardíaca/força de contratilidade e causa vasodilatação, respectivamente USO: Anti-hipertensivo, ICC EFEITOS ADVERSOS: Hipotensão ortostática. PRAZOSIN, DOXAZOSIN, TERAZOSIN Mecanismo de ação: antagonista Alfa1 (efeito de vasodilatação) USO: Anti-hipertensivo EFEITOS ADVERSOS: taquicardia reflexa, hipotensão postural (não é muito utilizado devido à hipotensão ortostática – causada pela vasodilatação) MEDICAMENTOS PARA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Classes: Glicosídeos cardíacos (única classe que trata o ICC), Diuréticos (aumentam excreção de sódio e de água), Vasodilatadores (alfa-adrenérgicos), Inibidores do SRAA. O que ocorre na insuficiência cardíaca? Falência que leva à redução do débito cardíaco, ativação do sistema nervoso simpático que libera renina e remodela o coração (mudança celular cardíaca na tentativa de aumentar a força de contratilidade e elevar o débito cardíaco). Renina induz conversão de angiotensinogênio em angiotensina 1. Cascata de produção da Aldosterona. Pressão é elevada com a função de tornar a aumentar o débito cardíaco. DIGOXINA, DIGITOXINA Glicosídeo cardíaco (fármaco que trata ICC) Mecanismo de ação: inibe bomba de sódio/potássio-ATPase. Tem como consequência o aumento da força de contração. – Acúmulo intracelular de sódio vai reduzir a entrada de sódio, e vai reduzir a saída de íons cálcio. O acúmulo de cálcio fará com que haja o sequestro de cálcio para o Retículo Endoplasmático, com o fim de aumentar a reserva com o intuito de elevar a força contratilidade. A quantidade de sangue aumenta porque há um aumento da força de contratilidade cardíaca. USO: ICC ADVERTÊNCIAS: Pequena janela terapêutica EFEITOS ADVERSOS: Toxicidade digitálica – desregulação da frequência cardíaca que pode levar a arritmias. (hipopotassemia – baixo índice sérico de potássio na corrente sanguínea pode causar toxicidade digitálica) Quem tem ICC, além da digoxina, também faz uso de diuréticos. Se o diurético é um que reduz a quantidade de potássio sérico, existe uma maior possibilidade de toxicidade digitálica. VASODILATADORES Bloqueadores dos canais de Cálcio: NIFEDIPINA, ANLODIPINO, VERAPAMIL, DILTIAZEM Mecanismo de ação: bloquear canais de cálcio dependentes de voltagem. NIFEDIPINA, ANLODIPINO: certa seletividade para os canais que estão nos vasos – vasodilatação, com consequente queda da pressão arterial. VERAPAMIL, DILTIAZEM: bloqueiam canais de cálcio cardíacos – reduzem força de contratilidade e frequência cardíaca, levando à queda da pressão arterial USO: Arritmias, anti-hipertensivo EFEITOS ADVERSOS: cefaleia, rubor, tontura Ativadores de Canais de Potássio: MINOXIDIL, CROMACALIM, HIDRALAZINA Mecanismo de ação: ao ativar o canal de potássio, vai hiperpolarizar a célula, o que vai causar vasodilatação (músculo relaxa)/inibir vasoconstrição USO: anti-hipertensivo EFEITOS ADVERSOS: taquicardia reflexa, hipertricose Vasodilatador direto: ISOSSORBIDA, NITROPRUSSIATO DE SÓDIO Mecanismo de ação: diurético que atua diretamente na célula endotelial. Ativam sinalização que produzem NO. NO ativa cascata de sinalização que forma GMPc, responsável pela vasodilatação. USO: anti-hipertensivo EFEITOS ADVERSOS: hipotensão FÁRMACOS UTILIZADOS EM PARADAS CARDIORRESPIRATÓRIAS ADRENALINA Mecanismo de ação: simpatomimético, agonista Alfa-Beta não seletivo. Isso significa que ele atuará sistematicamente nos receptores adrenérgicos e, por isso, observa-se vasoconstrição e aumento de frequência cardíaca e força de contratilidade, mas também vai aumentar a broncodilatação. USO: Parada cardíaca EFEITOS ADVERSOS: Hipertensão, arritmias cardíacas, hiperglicemia DOBUTAMINA Mecanismo de ação: agonista Beta-1 seletivo, atua aumentando frequência e contratilidade. USO: choque cardiogênico (choque hipovolêmico por PCR), parada cardíaca. EFEITOS ADVERSOS: taquicardia DOPAMINA Mecanismo de ação: agonista D1 (receptor dopaminérgico – metabotrópico – presente nos rins, realizando vasodilatação renal), Beta-1 (aumento de contratilidade, percebido em doses menores) e Alfa-1 (não seletiva); o aumento da dose reduz a especificidade Por ser semelhante à NOR, consegue ativar receptores adrenérgicos. Efeitos: 0,2 a 3,0 mg/kg/min: ação principal em Beta-1 3,0 a 10,0 mg/kg/min: ação principal de D1 e Beta-1 10mg/kg/min: ação de D1, Beta-1 e Alfa-1 USO: choque cardiogênico EFEITOS ADVERSOS: taquicardia, hipertensão, hiperglicemia ANTIANGINOSOS Classes: Antagonistas beta, bloqueadores dos canais de Cálcio, ativadores dos canais de potássio, vasodilatadores. ANTIARRITMICOS Bloqueadores dos canais de sódio: Classe IA: QUINIDINA, PROCAINAMIDA, DISOPIRAMIDA Mecanismo de ação: Fase 0 (estado aberto) – torna muito lenta a despolarização. Bloqueia o canal de sódio enquanto ele está aberto, o que torna a despolarização mais lenta para reduzir a frequência cardíaca. Efeitos: uso-dependência (quanto mais canal aberto tiver, mais eficaz vai ser) USO: taquiarritmias EFEITOS ADVERSOS: xerostomia – boca seca (causado pela disopiramida) Classe IC: FLECAINIDA, ENCAINIDA Mecanismo de ação: Fase 0 (estado aberto) – torna muito lenta a despolarização. Bloqueia o canal de sódio enquanto ele está aberto, o que torna a despolarização mais lenta para reduzir a frequência cardíaca. Efeito de uso-dependência, pois quanto mais canal aberto tiver, mais eficaz vai ser USO: taquiarritmias EFEITOS ADVERSOS: tontura, cefaleia Classe IB: LIDOCAÍNA, MEXILETINA, TOCAINIDA Mecanismo de ação: Atua nos canais de sódio durante a fase 3 (estado inativado) – não havendo despolarização neuronal, não haverá comunicação interneural. Como ele bloqueia o canal inativado, a ciclagem de estados dos canais de sódio dependentes de voltagem tornam-se mais lentas, e a repolarização torna-se mais rápida. Usada localmente, a lidocaína é utilizada como anestésico (pois, por não haver comunicação interneural, não haverá dor). USO: prevenção e reversão de arritmias após fase aguda do infarto EFEITOS ADVERSOS: sonolência e confusão Bloqueadores de canais de potássio: AMIODARONA, SOTALOL, DOFETILIDA Mecanismo de ação: bloqueiam os canais de potássio participantes da repolarização – dessa forma, a frequência de repolarização é reduzida, pois ela demora mais para acontecer. Tem como efeito o prolongamento do potencial de ação e a redução da frequência cardíaca. – Enquanto não despolariza, não é possível repolarizar, o que torna o potencial maior. USO: arritmias EFEITOS ADVERSOS: toxicidade pulmonar, intolerância gastrintestinal.
Compartilhar