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0 CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA EDSON ALVES TEIXEIRA GESTÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: A AÇÃO DO PEDAGOGO NAS ORGANIZAÇÕES RIO DE JANEIRO 2014 1 EDSON ALVES TEIXEIRA GESTÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: A AÇÃO DO PEDAGOGO NAS ORGANIZAÇÕES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Carioca, como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia. PROFESSORA-ORIENTADORA: SANDRA CARNEIRO DURÃIS SIERRA RIO DE JANEIRO 2014 2 EDSON ALVES TEIXEIRA GESTÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: A AÇÃO DO PEDAGOGO NAS ORGANIZAÇÕES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Carioca, como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia. Aprovada em: ___/___/___ BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Professora Sandra Carneiro Durãis Sierra Centro Universitário Carioca _____________________________________________ Professor Arthur Vianna Ferreira Centro Universitário Carioca ___________________________________________ Professora Lana Silva Centro Universitário Carioca _______________________________________________________ Professor Marcos Antonio Silva Centro Universitário Carioca __________________________________________ Professora Vânia Francisca Cícero de Sá Henriques Centro Universitário Carioca 3 A minha amada esposa Viviane ao meu filho Baruque e a minha mãe Nilcéa por estarem sempre ao meu lado, pelo companheirismo, respeito, incentivo e paciência. Com amor e carinho, dedico-lhe este trabalho. 4 AGRADECIMENTOS A Deus, que está a meu lado em todo o meu viver e que me sustentou em todos os momentos difíceis dessa caminhada, me dando força, sabedoria e saúde. Meus agradecimentos a minha orientadora Sandra Sierra, que sempre demonstrou solicitude e acreditou em meu potencial para desenvolver este trabalho, orientando-me e mostrando-me os caminhos que deveria seguir no desenvolvimento desse trabalho. Parabéns pela excelente profissional que és! Em especial a minha amada esposa Viviane e meu filho Baruque e a minha mãe Nilcéa que ao longo de minha formação estiveram comigo nessa caminhada, sendo pacientes e com sabedoria me apoiaram. As amigas Rosemere Azevedo e Elisabete Motta, pelo exemplo de pessoas e profissionais da educação, que me fizeram enxergar a educação com outros olhos, vocês são excelentes pedagogas. Aos meus irmãos Emerson Teixeira, Elisabeth Teixeira e Elaine Teixeira, ao meu gestor Luiz Alberto Henriques Amaral e todos do Sest Senat de São Gonçalo que acreditam em meu trabalho. E por fim, ao meu saudoso e amado Pai, que se estivesse aqui, estaria vibrando de alegria e orgulho por mais esta conquista em minha vida. 5 [...] Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade. Paulo Freire 6 RESUMO Este estudo tem por objetivo compreender a importância da ação do pedagogo nos processos educacionais dentro das organizações atuando em parceria com os recursos humanos, apresentar os aspectos legais que conferem ao pedagogo aptidão para atuar nos diversos tipos de educação, inclusive na educação corporativa. Todo o trabalho teve o intuito de demonstrar que o pedagogo, por sua formação e qualificação tem papel fundamental nos processos que envolvem a administração dos recursos humanos e seus subsistemas, abordamos as diversas dificuldades de ingresso no mercado de trabalho do pedagogo e apresentamos os desafios que essa nova demanda educacional tem proporcionado aos profissionais da educação, bem como, verificamos os aspectos positivos da inserção desse profissional no mercado com relação às potencialidades que as empresas podem adquirir. Em suma, acreditamos que o estudo contribuiu para um melhor entendimento do desenvolvimento das práticas pedagógicas no cenário empresarial. A partir das informações coletadas, foi analisada a influência do pedagogo na aprendizagem organizacional, a partir do treinamento e desenvolvimento humano nas empresas e gestão de pessoas. A pesquisa atesta que o desenvolvimento humano nas organizações tem sido o diferencial para o sucesso organizacional, e a presença de um pedagogo é fundamental para coordenar a gestão de pessoas. PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia Empresarial, Treinamento e Desenvolvimento de RH, Gestão de Pessoas, Aprendizagem nas organizações 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Teoria de Maslow................................................................................................22 Figura 2 – Visão Estratégica na Gestão de Pessoas..............................................................33 Figura 3 – Gestão de Competências......................................................................................35 Figura 4 – Formas de Educação Profissional........................................................................38 Figura 5 – Responsabilidade do RH.....................................................................................40 Figura 6 – Tipos de Recrutamento........................................................................................43 Figura 7 – Subsistemas de ARH...........................................................................................48 Figura 8 – O sistema de ARH em busca de resultados.........................................................57 Figura 9 – Tipos de Educação...............................................................................................60 Figura 10 – Processo de Comunicação..................................................................................63 8 SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO ......................................................................................................................9 2- REFLEXÕES SOBRE O CURSO DE PEDAGOGIA E A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES..........................................................................................11 2.1 A Pedagogia no Brasil: uma breve retrospectiva.............................................................11 2.2 O papel da Gestão Pedagógica...........................................................................................15 2.3 Ação Pedagógica em espaços não escolares.......................................................................19 2.4 A importância do Pedagogo nas Organizações.................................................................23 3- RECURSOS HUMANOS E GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES......................................................................................................................27 3.1 Históricodos Modelos de Gestão de Pessoas....................................................................28 3.2 As funções de Recursos Humanos......................................................................................39 3.3 O Processo de Gestão de Pessoas........................................................................................41 4- A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NA GESTÃO DE PESSOAS..........................................47 4.1 O pedagogo e os Recursos Humanos..................................................................................47 4.2 O Pedagogo e o desenvolvimento humano nas empresas.................................................52 4.3 O Pedagogo e a Educação de Pessoas nas Organizações..................................................58 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................69 REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................71 9 1- INTRODUÇÃO O interesse de desenvolver e realizar essa pesquisa deu-se a partir das minhas atividades profissionais, em visitas em diversas empresas e a aproximação com os Recursos Humanos de algumas organizações de transportes coletivo de passageiros do Estado do Rio de Janeiro. Percebi que as atividades de treinamentos que eram realizadas nas empresas, não estavam surtindo os resultados esperados pelas diretorias, e muito era questionado sobre a qualidade do treinamento. Então, verifiquei que as atividades de treinamento não eram desenvolvidas por um profissional da educação, e sim por um psicólogo, como gestor de recursos humanos e um instrutor que não possuía formação adequada para exercer a profissão. No mundo contemporâneo dos negócios, não podemos perder tempo com treinamento, precisamos de planejamento estratégico para execução das ações de treinamentos, pois o mercado de trabalho está em crescente demanda de exigências, torna-se um desafio para as organizações manter-se atualizada em todos os aspectos, inclusive na reestruturação do quadro de colaboradores. A competitividade se torna um impulso para as mudanças, ou seja, o investimento em seus colaboradores passa a ser uma garantia de estabilidade no mercado de trabalho e questão de sobrevivência das organizações. Entretanto, o pedagogo nas empresas, atuando diretamente com os processos de gestão de pessoas, nos processos de treinamento e desenvolvimento humano, vem contribuir para o sucesso das organizações, garantindo a apropriação do conhecimento. Sendo assim, a educação profissional e o treinamento têm a finalidade de melhorar o desenvolvimento do potencial humano nas empresas. No entanto, analisando esse panorama de constante aprendizagem no meio organizacional, onde o pedagogo é a figura que conduz os processos relacionados à construção do conhecimento no processo de ensino e aprendizado, planejamento, e do saber prático, no constante desenvolvimento humano no cotidiano das organizações, que surge a estremeção para a elaboração dessa pesquisa, tendo em vista a responsabilidade desse profissional no desenvolvimento das competências dos profissionais no âmbito empresarial. De acordo com Chiavenato (2009, p.89): “o mercado de trabalho exige cada dia mais, pessoas com habilidades, competências e bem qualificadas, ou seja, é de suma importância 10 recrutar a pessoas certas, mantê-las, motivá-las e desenvolvê-las, independente de quem seja, do que façam. Para quem façam ou onde façam”. Esse trabalho tem como objetivos compreender a importância da ação do pedagogo nos processos educacionais dentro das organizações atuando em parceria com os recursos humanos, apresentar os aspectos legais que conferem ao pedagogo legitimidade para atuar nas diversas modalidades de educação, inclusive na educação corporativa e demonstrar que o pedagogo, por sua formação e qualificação tem papel fundamental nos processos que envolvem a administração dos recursos humanos e seus subsistemas, e os impactos que seu trabalho produz nas organizações. Para tal, desenvolveu-se uma pesquisa de cunho qualitativa do tipo bibliográfica, que se apoiou no pensamento de vários autores, tais como: Chiavenato (2009), Ribeiro (2010), Luz (2011), entre outros para o enriquecimento da fundamentação teórica sobre as questões que envolvem a Pedagogia Empresarial, gestão de pessoas e sua atuação no desenvolvimento humano. O presente trabalho foi organizado, de forma a abordar os seguintes tópicos: as Reflexões sobre o curso de pedagogia e a atuação do pedagogo em espaços não escolares; Recursos humanos e gestão estratégica de pessoas nas organizações; A atuação do pedagogo na gestão de pessoas. O segundo capítulo destaca um pouco da história do curso de pedagogia e os aspectos relevantes na formação do profissional da educação e as diversas possibilidades de atuação com base na legislação. O terceiro e o quarto capítulo abordam a gestão estratégica e a gestão de pessoas como proposta de ação do pedagogo nas organizações, tratando-se de mais um campo de atuação desse profissional. Por fim, a escolha deste tema justifica-se pelo grande valor que o pedagogo representa para as organizações, a capacidade que ele possui de coordenar ações educacionais nas empresas, e a relevância de suas intervenções nos processos de treinamento e desenvolvimento humano. 11 2- REFLEXÕES SOBRE O CURSO DE PEDAGOGIA E A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES Nesse capítulo iremos abordar inicialmente um pouco da história da Pedagogia no Brasil e suas implicações legais, com o intuito de esclarecermos como surgiu a necessidade do pedagogo para a educação, como se dava a formação desse profissional, o reconhecimento no campo educacional e profissional e o surgimento dos primeiros pedagogos no Brasil. Para isso, faremos menção à legislação, em especial as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia (DCN), aprovadas pela Resolução CNE/CP 01/2006, que sustentaram e sustentam até hoje a existência desse profissional da educação. Não obstante, falaremos das lutas e conquistas alcançadas através dos tempos. Daremos ênfase no papel do pedagogo em espaços não escolares para delinearmos nossa visão para o campo empresarial. Abordaremos o papel da gestão pedagógica nos processos de treinamento e desenvolvimento humano e suas implicações na formação do profissional crítico, com capacidades de ampliar suas áreas de atuação e sua colaboração nos resultados esperados pelas empresas, bem como o cunho educativo que suas ações podem produzir para as organizações. 2.1 A Pedagogia no Brasil: uma breve retrospectiva. Discutir sobre o campo de trabalho do pedagogo nos remete falar um pouco da sua formação e de como entendemos a importância desse profissional atuando nas diversas áreas do conhecimento, partindo da concepção histórica de que a base da formação profissional do pedagogo está pautada na docência. Vemos que: essa restrição à docência, é uma visão bastante reducionista para os dias atuais, pois segundo o autor, a pedagogia possui um sentido mais globalizante, ou seja, “ela é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa (LIBÂNEO, 2005, p. 4). Entretanto, é válido apontar os princípios que a Pedagogia está pautada, o primeiro na reflexão sobre a sistemática da educação enquanto fenômeno social e segundo, pautado na prática 12 educativa. Como fenômeno social, a Pedagogiapassa ser responsável pela implantação de valores sociais dentro de uma sociedade, tendo em vista que o ser humano está inserido em um contexto social. Quando pensamos na Pedagogia como prática educativa é interessante que façamos uma reflexão sobre a ação docente na prática de educar, então, podemos vislumbrar o pensamento de Freire: O educador faz depósitos de conteúdos que devem ser arquivados pelos educandos. Desta maneira a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. O educador será tanto melhor educador quanto mais conseguir depositar nos educandos. Os educandos por sua vez, serão tanto melhores educados, quando mais conseguirem arquivar os depósitos feitos (FREIRE, 1983, p.66) Por muitos anos a prática educativa foi marcada pela educação bancária, que não tinham preocupação com o processo de ensino – aprendizado, o aluno era um simples objeto que deveria ser preenchido com o conteúdo. Porém, precisamos entender que hoje a pedagogia transpôs essas barreiras e tem uma proposta dialógica, onde o professor, aluno e conteúdo precisam estabelecer uma relação de cumplicidade para que o processo educativo alcance êxito. De acordo com Freire (1983) professor e aluno são sujeitos do ato cognoscente. É o “aprender ensinando e o ensinar aprendendo”, nesse pensamento crítico e verdadeiro, homem e mundo estão sempre interagindo. Os primeiros pedagogos legalmente instituíram-se no Brasil a partir da criação do curso de pedagogia em 1939, sob o decreto lei nº 1.190 e 04 de abril de 1939. O decreto tinha a finalidade de formar o pedagogo em duas funções, Bacharel e Licenciado em pedagogia. Para formar o pedagogo Bacharel, segundo esse decreto, ficou determinado um curso de três anos, que concedia o direito de atuar como técnico em educação, e para formar o pedagogo licenciado era necessário acrescentar mais um ano de curso em didática. Foi com essa dicotomia que a formação do pedagogo perdurou por mais de vinte anos no Brasil. Em 1962 o curso de formação do pedagogo sofreu alterações em seu currículo, as quais foram introduzidas a partir do parecer do Conselho Federal de Educação (CEF) no 251/62 que manteve os problemas existentes desde a origem do curso. Este parecer constituído pelo conselheiro Valnir Chagas abriu um campo de discussões acerca do curso de pedagogia. Com a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação de nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961, cujo entendimento era profissionalizante, foi mantido o esquema anterior da formação 13 do pedagogo e não fez menção à área de trabalho do pedagogo, era o “técnico de educação” ou “especialista de educação”. Com isso, ficou acertado um currículo mínimo que segundo Silva (2006) “visava à formação de um profissional a qual se refere vagamente e sem considerar a existência de um campo de trabalho que demandasse”. De acordo com o autor destacamos que: O que se defendia era que, num determinado momento do curso, os alunos passassem a fazer suas opções curriculares em função das tarefas que pretendessem desempenhar dentre as que se esboçavam e as que já se encontravam definidas para o pedagogo. (SILVA, 2006, p.23). Em 1969, com a Reforma Universitária, foi instituído o parecer de nº 252/69, também de autoria de Valnir Chagas, onde o curso de pedagogia sofreu uma fragmentação na formação do pedagogo. No mais, além do exercício do magistério, foram atribuídas outras habilitações tidas como: orientação, administração, supervisão e inspeção educacional, a justificativa desse parecer era devido ao crescimento do mercado de trabalho e a escassez da mão de obra e a necessidade da formação técnica para atender as demandas da época. A regulamentação vigente do Curso de Pedagogia é a Resolução do Conselho Nacional de Educação de nº 1 de 15 de maio de 2006, a qual institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN´s) para o curso de licenciatura em Pedagogia. Diretrizes estas fixadas no parecer CNE/CP nº 05/2005 que, definem os princípios, as condições, planejamento, avaliação e os procedimentos dos processos de ensino aprendizagem, bem como aspectos da formação do licenciado. Desta forma fica claro o entendimento da ação pedagógica nas instituições escolares e não escolares. O entendimento é que: Art. 4°- O Curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de Magistério na Educação Infantil e nos Anos Inicias do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: I - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; II - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares; III - produção e difusão do conhecimento científico tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não escolares (BRASIL, 2006, p.2). Grifo nosso. 14 Diante de tantas discussões, desentendimentos, protestos e acordos, oriundos de diversos movimentos que se instauraram no Brasil ao longo da década de 1990 é que a resolução em vigor atendendo as solicitações dos educadores trouxe algumas alterações à formação do pedagogo. Não obstante, contemplaram integralmente a docência, como também diversas outras atividades educativas no contexto escolar e não escolar. Então o entendimento legal é que: Art. 5°- O egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a: I - atuar com ética e compromisso com vistas à construção de uma sociedade justa, equânime, igualitária; II - compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de forma a contribuir, para o seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelectual, social; III - fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens de crianças do Ensino Fundamental, assim como daqueles que não tiveram oportunidade de escolarização na idade própria; IV - trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo, [...] XIII - participar da gestão das instituições planejando, executando, acompanhando e avaliando projetos e programas educacionais, em ambientes escolares e não-escolares. (BRASIL, 2006, p.2) Dentro dos aspectos legais, é fácil o entendimento de que o pedagogo é um profissional que está apto a exercer suas potencialidades nos mais diversos espaços onde requer processos educativos. Hoje ainda existem resistências na aceitação desse profissional nas organizações. Porém, torna-se relevante o trabalho pedagógico nas diversas áreas. Com a aprovação dessa Resolução, que delegou ao pedagogo a atuação em diversas instituições de ensino, tanto escolares como não escolares. As DCN, nesse sentido apontam na direção de uma discussão sobre o Curso de Pedagogia e, especialmente, sobre a formação de seus profissionais. O curso deve oferecer uma sólida formação para os futuros pedagogos, tornando-os aptos a atuar na docência, gestão educacional e produção do conhecimento na área da educação. Segundo as DCN, o Curso de Pedagogia deve referenciar a seus licenciados formação para a atuação na docência, gestão e avaliação de instituições de ensino e de atividades educativas, abrangendo: a) A formação inicialpara o exercício da docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. b) Os cursos de ensino médio de modalidade normal e em cursos de educação profissional. 15 c) A área de serviços e apoio escolar. d) Outras áreas, nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. A formação assim definida abrangerá integradamente a docência, a participação da gestão e a avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas. (BRASIL, 2005, p.6) Fica, pois, claro o amplo horizonte para a formação e atuação dos pedagogos, nas diversas modalidades do âmbito educativo. A intenção da legislação (2006) é fornecer habilitação que possibilite a atuação desse profissional na escola e em outros espaços que podem ser ocupados pelo pedagogo na sociedade: Escola, Hospitais, Empresas, Meios de Comunicação, Sindicatos, Turismo e Museus, ou seja, onde sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Nesse sentido, compreende-se que “[...] em todo lugar onde houver uma prática educativa com caráter de intencionalidade, há aí uma pedagogia” (LIBÂNEO, 2001, p.116). 2.2 O Papel da Gestão Pedagógica A gestão pedagógica tem um papel fundamental no processo do desenvolvimento humano nas organizações, por isso, devemos pensar no papel da gestão pedagógica, como uma forte aliada no processo de treinamento e desenvolvimento nas empresas. Por outro lado, não adianta termos uma boa estrutura organizacional se não tivermos o foco na gestão pedagógica. De acordo com Tavares (2009), a gestão pedagógica tem como cerne o gerir do processo educativo, tanto nas escolas quanto nas organizações. É a gestão pedagógica que estabelece os objetivos gerais e específicos de ensino. Todo processo educativo precisa estar em consonância com as especificidades do público a ser treinado. A gestão pedagógica é quem define a linha de atuação do processo educativo, e essa linha deve estar em comum acordo com o contexto social dos discentes para oferecermos uma formação de qualidade. Cabe ao gestor pedagógico elaborar todo o processo de treinamento, avaliação e acompanhamento dos alunos. Desta forma, “[...] nos conteúdos curriculares, devem estar contidas as maneiras de trabalhar as especificidades das turmas e dos alunos, sem desconsiderar todo o contexto sociocultural no qual a comunidade se encontra inserida” (TAVARES, 2009, p. 86). Entretanto, podemos entender que a gestor pedagógico deverá assumir um papel de articulador que influencie seus colaboradores a participarem efetivamente do processo de ensino 16 – aprendizado, motivando-os para que trabalhem com entusiasmo, e dessa forma alcancem as metas estabelecidas para os treinamentos. Segundo Hunter (2004 apud TAVARES, 2009, p.86), o líder deverá influenciar as pessoas para trabalharem entusiasticamente de maneira que se atinjam os objetivos e se alcancem metas pleiteadas pela gestão. No entanto, é necessário que todos os envolvidos na gestão pedagógica tenham vínculo com a educação e não apenas com as organizações. Em toda gestão pedagógica, o foco não pode divergir do objetivo maior que é a qualificação do aluno, por isso, quando planejamos qualquer treinamento, faz-se necessário refletirmos sobre algumas questões: Quem são nossos alunos? Quais são suas vivências? Quais são os valores e costumes que norteiam nossos alunos? Quais são os principais problemas enfrentados pelos alunos em suas comunidades? Como podemos oferecer aos nossos treinando uma educação que os façam repensar em suas práticas? Assim: [...] Observemos que todo trabalho é pautado por planejamento estratégico que explora as mais diversas fronteiras sociais, políticas e econômicas de nossos alunos, oferecendo uma educação onde o aluno passa ter autonomia na construção do saber e o professor assume o papel de mediador desse saber (TAVARES, 2009, p.87). No entanto, Freire (1996) ressalta que [...] “Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Todo planejamento elaborado pela gestão pedagógica facilita o processo de aprendizado do aluno e as atividades docentes nas organizações. Acrescenta-se que: planejar é saber aonde se quer chegar ao traçar um plano de trabalho”. Percebemos que a gestão pedagógica precisa ser flexível às mudanças que sempre acompanham o processo de aprendizagem, para que possa oferecer o melhor aos alunos e comunidade, e os gestores envolvidos precisam de pró-atividade para atender as demandas educacionais, com qualidade constante. (TAVARES, 2009, p.88) Outro elemento importante na gestão pedagógica é saber quais são as informações necessárias a serem levantadas para que aconteça o treinamento. Para tanto: 17 A identificação das necessidades de treinamento ou desenvolvimento advém de várias fontes. O próprio desempenho do funcionário pode indicar a necessidade de ele ser treinado; basta que seu desempenho esteja abaixo do esperado (LUZ, 2008, p.94) Analisando o parecer do autor supracitado, podemos perceber que nem sempre o baixo desempenho do funcionário é sinal de que o mesmo precisa de treinamento, outros fatores como: os aspectos emocionais e/ou familiares podem ser as causas do baixo rendimento do profissional. Para isso o autor ressalta que existem algumas fontes para o levantamento das necessidades de treinamento. São elas: 1. O próprio Funcionário Ele nos faz refletir sobre uma questão muito interessante que é a do próprio funcionário perceber a necessidade de treinamento. Contudo, sabemos que a grande maioria não pensa dessa maneira, não se preocupam em melhorar seu desempenho e muito menos no crescimento profissional. Mas essa consciência deveria partir do próprio funcionário. No entanto “cada funcionário tem ou deveria ter consciências de suas deficiências no trabalho. Logo, ele próprio pode identificar suas necessidades de treinamento, com o objetivo de melhorar o seu desempenho” (LUZ, 2008, p.94) 2. O superior Imediato Precisamos entender a importância da gestão pedagógica em uma organização e para isso, não podemos descartar o apoio dos setores da empresa para levantamento das necessidades de treinamento. Esse apoio se torna fundamental, para que o treinamento seja direcionado, facilitando assim, todo trabalho pedagógico. Segundo o autor os gestores conhecem os membros de sua equipe, eles serão fortes aliados na gestão pedagógica. Daí a importância da interação entre os setores. 3. Avaliação de desempenho (Necessidades dos funcionários) Sabemos que muitas empresas utilizam a avaliação de desempenho como ferramenta para identificar as necessidades de treinamento dos seus colaboradores, ele adverte que nesse 18 instrumento, os gestores atribuem um conceito ao desempenho dos seus subordinados direcionando-os para o treinamento. Daí: eles também indicam em que atividades os membros de sua equipe devem ser treinados, que comportamentos devem ser aprimorados, tanto em relação aos cargos atuais de seus subordinados quanto em relação aos cargos que eles poderão assumir no futuro (LUZ, op.cit., p.95) 4. Análise de desempenho dos setores da empresa (Necessidades dos setores) Quando pensamos em necessidades setoriais não podemos nos ater somente na falta de pessoal, mas em diversas outras conforme destaca. Compra de novos equipamentos, mudanças no método de trabalho baixas rendimento dos funcionários etc. todos esses recursos são importantes, tanto os humanos quanto os materiais. 5. Análise do desempenho organizacional (necessidades Organizacionais)Existem momentos em que toda empresa precisa estar envolvida em treinamento, nessa hora a gestão pedagógica precisa atuar com força total para que as mudanças possam ser significativas para a organização. O autor supracitado nos mostra algumas situações que leva a empresa enxergar suas dificuldades e se mobilizar em busca das inovações. São elas: 5.1 – Quando quer introduzir mudanças organizacionais, tornando-a mais ágil. 5.2 – Quando quer implantar processos de qualidade total. 5.3 – Quando quer desenvolver competências, buscando soluções para os clientes externos e internos. Essas são algumas situações que podem levar toda empresa passar por treinamento. 6. Planejamento Organizacional / Convencional ou estratégico. Não podemos desconsiderar os objetivos organizacionais de curto, médio e longo prazo e seus planos de negócios. Declara que: o planejamento também é uma das fontes de treinamento/desenvolvimento, pois nele vamos encontrar aonde a empresa quer chegar e de que forma. Essas informações certamente ajudam o profissional da área de treinamento na montagem de sua programação anual de ações de treinamento/desenvolvimento (LUZ, 2008, p.96) 19 É importante ressaltar que Luz (op.cit.) apresenta essas fontes como a primeira etapa para que o treinamento seja eficiente e eficaz. O processo de treinamento não pode perder os seus objetivos que é o de qualificar, aperfeiçoar e atualizar. No entanto, a gestão pedagógica tem papel fundamental nessas etapas. 2.3 Ação pedagógica em espaços não escolares A partir do século XXI surgiu à necessidade da educação atuar no campo profissional, com isso, tornou-se conhecida uma nova modalidade da educação. Com um olhar diferenciado, a pedagogia começa abrir novos horizontes, tecer novos caminhos, onde pode atuar com precisão e liberdade para além do ambiente escolar. Sem perder seu cunho educacional, a pedagogia empresarial atende outra demanda de alunos que precisam desenvolver outras habilidades e conhecimentos específicos para atuarem no mercado de trabalho. De acordo com Hinrichs (1976 apud CHIAVENATO, 2009, p. 45), existem três classes de habilidades aplicadas no contexto organizacional: Habilidades Motoras, Habilidades Cognitivas e Habilidades Interpessoais. Todas essas habilidades passam a ser essenciais para que o aluno mantenha sua empregabilidade, no entanto, a ação pedagógica faz-se indispensável para o desenvolvimento humano e das organizações. Essas novas demandas educacionais trazem a pedagogia como critério de qualidade em todas as ações de treinamentos e desenvolvimento. De acordo com Chiavenato (2009, p.38) “Educação Profissional é a educação institucionalizada ou não, que visa ao preparo do homem para a vida profissional”, o autor apresenta a educação profissional em três etapas interdependentes, mas distintas. Formação Profissional: que prepara o indivíduo para o trabalho, esse processo é mediato com amplos objetivos e pode ser dada na escola ou fora dela. Desenvolvimento Profissional: é oferecido nas empresas ou fora delas e visa ampliar o campo de atuação do indivíduo em sua carreira profissional, seus prazos são mais longos e requer uma sistemática diferenciada. Treinamento: por sua vez, visa adaptar o indivíduo em suas atividades ou tarefas diárias em curto período de tempo, pois, seus resultados precisam satisfazer as demandas da organização. No entanto, é a própria empresa que é responsável pelo treinamento de seus funcionários. No processo de treinamento é necessário que a sistemática ofereça a possibilidade do mesmo acontecer em tempo curto e com os resultados apontando para os objetivos traçados. 20 Nessa hora o que precisa acontecer é uma intervenção pedagógica que seja capaz de responder as seguintes perguntas: O que é aprendido? Como é aprendido? Como a aprendizagem ocorre? Quando a aprendizagem ocorre? Essa relação entre o indivíduo e a aprendizagem, o conteúdo, o professor e o aluno, precisam ser estabelecidos de forma saudável. No entanto, cada vez mais o treinamento está se restringindo unicamente em instruções de operações técnicas e mecânicas, enquanto o desenvolvimento se refere mais aos conceitos educacionais filosóficos e conceituais. (CHIAVENATO, 2009, p.89) Com isso, percebemos que é através da educação que as organizações podem desenvolver em seus colaboradores o senso crítico em relação ao trabalho, tornando-os proativos e responsáveis pela sua qualificação, mudando assim a cultura organizacional, adquirindo compromisso e visão em longo prazo. Chiavenato (2009) afirma que o aprendizado deve ser organizado e contínuo, afetando e envolvendo todos os membros da organização e não apenas alguns deles. Um grande equívoco das empresas é justamente deixar de treinar todos seus colaboradores, e isso é muito comum acontecer. A prática desse desenvolvimento do conhecimento conforme afirma: Vai além de um ou outro treinamento, o processo deve ser contínuo, pois o mercado de trabalho exige cada dia mais, pessoas com habilidades, competências e bem qualificadas, ou seja, é de suma importância recrutar a pessoas certas, mantê-las, motivá- las e desenvolvê-las, independente de quem seja, do que façam. Para quem façam ou onde façam. (CHIAVENATO, 2009, p.89) Entretanto, para que o pedagogo exerça sua função com afinco e diligência é necessário que haja como um profissional da educação de qualidade que atue de acordo com os princípios democrático e ético. Hoje as empresas responsáveis por seleção e treinamento de recursos humanos e no desenvolvimento de competências profissionais requeridas pelos 21 processos de reestruturação do trabalho e da produção, busca a participação do pedagogo nos meios de comunicação atuando em atividades de consultoria de formulação de campanhas informativas e materiais de conteúdo educativo, também requerem o profissional da pedagogia na área da acessória educativa e atividades desenvolvidas por movimentos sociais, organizações não governamentais, Instituições públicas enfim, vários outros campos onde o pedagogo faça toda a diferença. Pensar e atuar no campo da educação, como atividade social prática de humanização das pessoas, implica a responsabilidade social e ética de dizer não apenas porque fazer, mas o quê e como fazer. Isso envolve necessariamente uma tomada de posição pela pedagogia, na qualidade de dispositivo teórico e prático de viabilização das práticas educativas. (LIBÂNEO, 2009, p.16). Portanto, a ação pedagógica está além dos muros da escola e isso nos faz repensar nas práticas educacionais, nos tipos de educação e nas novas demandas de atuação do pedagogo. Essa sem dúvidas é uma excelente oportunidade de mostrarmos na prática, os benefícios que a pedagogia pode oferecer nas organizações e para o desenvolvimento humano na sociedade contemporânea. Chiavenato (2009) afirma que estamos diante de uma sociedade genuinamente pedagógica. Assim, podemos refletir na atual condição do Brasil, que caminha para uma educação marcante e presente nas mais diferentes frentes de atuação. Essa educação sendo crítica forme cidadãos críticos e livres para exercerem seu direito mais fundamental, que é o de poder pensar. A ação pedagógica é muito mais que planejar, executar e avaliar o desempenho, é construir com o aluno uma educação que o faz sonhar e poder realizar esse sonho. Por isso, a pedagogia deve estar presente não apenas em algumas áreas sociais, mas em todas. Seja nas empresas ou fora delas, precisamos entender que o processo de aprendizado se dá continuamente e em passos largos. Por isso, que a ação pedagógica trabalha com afinco com objetivo de proporcionaras pessoas envolvidas em processos de treinamento que enxerguem outras possibilidades para suas vidas e de seus familiares. Levando em conta o que foi observado, Abraham Maslow (2011 apud SERRANO, 2011, p.01) foi um psicólogo americano, conhecido pela proposta hierarquia de necessidades de Maslow, essas necessidades podem e devem ser levadas em consideração pela gestão pedagógica dentro das organizações, pois são elas que norteiam a vida de cada pessoa. Segundo ele, o homem 22 é motivado segundo suas necessidades que se manifestam em graus de importância onde as fisiológicas são as necessidades iniciais e as de realização pessoal são as necessidades finais. Cada necessidade humana influencia na motivação e na realização do indivíduo que o faz prosseguir para outras necessidades que marcam uma pirâmide hierárquica: Figura 1 – Teoria de Maslow – A pirâmide de Maslow Fonte: www.portaldomarketing.com.br/Artigos/maslow.htm As necessidades fisiológicas que se encontram como base para a pirâmide, segundo Maslow, representam as necessidades relacionadas ao organismo, como alimentação, sono, abrigo, água, excreção e outros. As necessidades de segurança aparecem após o suprimento das necessidades fisiológicas. São representadas por necessidades de segurança e estabilidade, como proteção contra a violência, proteção para saúde, recursos financeiros e outros. As necessidades sociais somente aparecerão após as necessidades de segurança serem supridas. São necessidades sociais: amizades, socialização, aceitação em novos grupos, intimidade sexual e outros. As necessidades de status e estima ocorre depois que as necessidades sociais são supridas. São necessidades de status e estima: autoconfiança, reconhecimento, conquista respeito dos outros, confiança. 23 As necessidades de autorrealização que se encontram no topo da pirâmide hierárquica são: moralidade, criatividade, espontaneidade, autodesenvolvimento, prestígio. No entanto, percebemos que é importante que a ação pedagógica tenha o foco no ser humano, em seu desenvolvimento, em seus objetivos e auxilie os alunos a caminharem rumo ao sucesso. 2.4 A importância do pedagogo nas organizações. Diante dos avanços tecnológicos, o crescimento das empresas, e a preocupação em manter os recursos humanos bem atualizados, surgiram grandes questionamentos nas organizações. O primeiro, e podemos dizer que é o principal foi questionar sobre quem seria capaz de organizar as ações de treinamento, com foco no ensino aprendizado dos colaboradores a ponto de tornar essas ações indissolúveis. De acordo com Ferreira (1985) o pedagogo, a partir daí passa ganhar espaço nas empresas. Assim, “Um dos propósitos da pedagogia na empresa é de qualificar todo o pessoal da organização nas áreas administrativas, operacional, gerencial, elevando a qualidade e produtividade organizacionais” (FERREIRA, 1985, p.74). É interessante percebermos que o pedagogo se tornou peça fundamental para atuar no setor de recursos humanos nas empresas, visto que, esse profissional trabalha em processos de aprendizagem. Conforme Ribeiro (2010), a atuação do pedagogo na empresa tem como pressuposto principal a filosofia e a política de recursos humanos adotados pela organização. Nesta perspectiva, o pedagogo pode desenvolver seu trabalho em uma visão mais humana, sempre preocupado com o impacto que pode causar entre o indivíduo e a sociedade, pois, suas ações são voltadas para a formação desse indivíduo para a sociedade. Ressalta que: Na perspectiva dessa visão de departamento de recursos humanos, as atividades de treinamento transformam-se em estratégias de socialização do conhecimento que ultrapassem os contextos organizacionais externos e possam, ao considerar o indivíduo em sua singularidade, promover mudanças em todas as áreas da sua vida. (RIBEIRO, 2010, p.10) 24 Hoje o pedagogo precisa estar atualizado nas ações que envolvem o exercício de sua profissão para que possa ocupar um lugar estratégico nas empresas, quando não percebemos essa importância dentro das organizações, afetamos diretamente todo processo de formação e aperfeiçoamento dos colaboradores e consequentemente uma avalanche de pobreza no capital intelectual. Esse novo perfil do pedagogo na empresa implica muito mais no desenvolvimento de competências e habilidades do que no discurso teórico e prático, como destaca: Nessa perspectiva, cabe destacar a relevância que o desenvolvimento de competências e o exercício destas têm no âmbito das organizações, pois, refere-se à capacidade de adequar, transformar conhecimentos e tecnologias. Considerando-se que, por outro lado, competência remete a ideia de pessoalidade, é necessário que o pedagogo empresarial compreenda que, no contexto organizacional, os conhecimentos demandados ou construídos refletem os significados construídos pelas pessoas que compõem a organização. (RIBEIRO, 2010, p.33). Podemos destacar segundo o autor supracitado, que os conteúdos a serem desenvolvidos dentro das organizações, em processo de treinamento têm um efeito maior quando conseguimos fazer com que nossos alunos entendam o significado e a significância daquilo que na prática, produz crescimento pessoal e profissional. Dar significado ao conteúdo e significância à prática desse mesmo conteúdo, se dá pela reflexão sobre a prática, prática essa, que primeiro precisa ser testemunhada por quem ensina por quem educa. De acordo com Freire, (1996) ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo. O professor que realmente ensina, quer dizer, que trabalha os conteúdos no quadro da rigorosidade do pensar certo, nega, como falsa, a fórmula farisaica do “faça o que mando e não o que faço”. Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo. (FREIRE, 1996, p.34) A gestão pedagógica é capaz de trabalhar essas particularidades com os profissionais que estão envolvidos nos processos de treinamento dentro das organizações, de fato, Ribeiro (2010) salienta que ao pedagogo cabe um papel/função de assessoramento e apoio, esse apoio é direcionado aos objetivos da gestão pedagógica que nas empresas resume-se em desenvolvimento de competências. Vale ressaltar que, “Uma das metas principais das organizações diz respeito ao 25 desenvolvimento de competências e habilidades, sobretudo àquelas relacionadas à capacidade de resolução de situações-problemas” (RIBEIRO, 2010, p.33). Sabemos que desenvolver competências, habilidades e atitudes, não é uma tarefa fácil para o pedagogo dentro das organizações, porém precisamos encarar isso como algo que se espera desse profissional, por isso ele é tão importante para o crescimento humano, e porque não ressaltar o crescimento da empresa. Esse crescimento humano podemos chamá-lo de capital intelectual. A partir daí, “O capital intelectual deixa de ter o foco nas máquinas e nos recursos e passa ter o foco no ser humano. As máquinas, com o tempo, desvalorizam-se e o conhecimento, com o tempo e mesmo compartilhado, tende a aumentar cada vez mais” (TAVARES, 2009, p.149). O conhecimento gerado passa ser o maior patrimônio da organização, e o mesmo passa a ocupar lugar de valor que precisa ser mantido dentro da empresa. O pedagogo comprometido com os valores da organização, e com as pessoas envolvidas no processo educacional, saberá administrar esses conhecimentos para o desenvolvimento da empresa. Um dos pontos principais a ser trabalhado nas empresas, sem dúvidas, são os conhecimentos, as habilidades e as atitudes dos profissionais.Dessa forma cabe destacar seus significados. Segundo o dicionário mini Aurélio século XXI (2001), conhecimento é informação ou noção adquirida pelo estudo ou pela experiência, assim, entendemos que todo capital humano é composto por conhecimentos empíricos ou racionais que somam um universo de saberes nas empresas. Portanto, o pedagogo é capaz de conduzir o processo de aprendizagem levando em consideração os saberes dos alunos. Todo profissional, por mais que tenham diversos conhecimentos empíricos precisa adquirir novos conhecimentos, esses conhecimentos irão ajudar o desenvolvimento de seu capital intelectual. O desafio para o pedagogo é ajudar o indivíduo a transformar as informações que possuem, em conhecimento, que é a própria prática. A habilidade é outro ponto importante a ser trabalhado nos colaboradores das empresas, isso implica o saber fazer. Essa certeza de que sabemos na prática, exercitando o conhecimento, nos concede à capacidade de poder fazer. Saber fazer é uma competência que precisa ser gerenciada pedagogicamente nas empresas. Podemos dizer que seria o resultado das ações pedagogicamente planejadas. 26 A atitude, sem dúvidas, precisa ser minuciosamente estudada, pois está ligado ao poder fazer. Não basta ter conhecimento e habilidades se não existe autônoma na execução. No entanto, conhecimento, habilidades e atitudes, são competências que o pedagogo precisa desenvolver nas pessoas a fim de aumentar o capital intelectual das empresas. Então: O conhecimento gerado passa a ser o maior patrimônio da organização, pois ele agrega ao produto e/ou serviço valores determinados pelo uso da Inteligência que tem como matéria prima a informação ou outros conhecimentos. (TAVARES, 2009, p.95) Existem alguns pontos que precisamos considerar na ação do pedagogo nas empresas, e uma delas é a capacidade de planejar as ações de treinamento. Quando falamos de planejamento, estamos salientando a necessidade de organizar as ações antes de colocá-las em execução, sem planejamento certamente o treinamento não alcançará o objetivo para o qual foi desenvolvido. O pedagogo é um profissional capaz de planejar essas atividades com êxito. Precisamos destacar que não é um planejamento educacional voltado para escola, mas sim, para as demandas apresentadas nas organizações. Conforme destaca Ribeiro (2010), o pedagogo empresarial não pode confundir planejamento educacional (voltado para escola) com planejamento de atividades a serem desenvolvidas no âmbito das empresas. Daí: há de se ter uma visão precisa (tanto quanto possível) do que se pretende com o treinamento / formação de recursos humanos dentro de um espaço de tempo previamente demarcado (mesmo que dentro de uma política empresarial mais abrangente, as atividades de treinamento / formação atendem a objetivos / necessidades específicos a serem enfrentados em curto prazo. (RIBEIRO, 2010, p.109) Entretanto, não podemos esquecer que a ação pedagógica nas atividades de treinamento precisa ter bem definidos todos os objetivos a serem alcançados nesse processo. Os conhecimentos as habilidades a as atitudes que esperamos dos treinandos, precisam estar claras e coerentes, para alcançarmos êxito no treinamento. Outro ponto importante nessa atividade do pedagogo é a capacidade de adequar à linguagem ao público a ser alcançado. Ribeiro (2010) destaca que precisamos ter cuidado de oferecer ao receptor o mecanismo de funcionamento do código da mensagem, sob pena de prejudicar a interpretação da mensagem. Quando não 27 atentamos para esse detalhe simples do processo de comunicação, estaremos comprometendo o tempo e o esforço da empresa. No entanto, este é o novo paradigma que se apresenta à educação, como fonte do desenvolvimento do conhecimento crítico, aquele que aponta verdades e consequentemente possibilidades. Freire (1996) destaca que ensinar exige criticidade. É dessa forma que os educadores precisam trabalhar nas organizações. Então, para atingir o objetivo a fim de qualificar os trabalhadores, é necessário que o pedagogo crie condições de “ensinar a pensar”. Esse, sem dúvidas, é um dos maiores desafios no processo de treinamento dentro das organizações. Porém, o pedagogo precisa fazer desse ato uma prática diária nos treinamentos. Segundo Ribeiro (2010), o educador não pode mais restringir ao “papel tradicional” de quem ensina. Diante desse quadro, o profissional da educação precisa desenvolver na empresa, elementos que não apenas adequem o indivíduo, mas que contribua ao seu desenvolvimento pessoal e profissional objetivando que este possa contribuir não apenas a um repasse de conhecimentos ou ideias, mas ao desenvolvimento de uma consciência crítica. Faz-se necessário que o educador desenvolva sua criatividade, capacidade e desprendimento, objetivando contribuir à formação de cidadãos igualmente críticos, políticos e argumentadores. È o momento de canalizar ações potencializadora de forças, tendo na empresa um espaço onde respeita os limites, mas criam-se possibilidades de contribuir ao amadurecimento pessoal e desenvolvimento psicológico, não só por parte do trabalhador, mas do profissional empenhado em favorecer mudanças. 28 3- RECURSOS HUMANOS E GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES Nesse capítulo abordaremos a relação dos recursos humanos e a gestão estratégica de pessoas nas organizações. Inicialmente apresentaremos um breve histórico dos modelos de gestão de pessoas, onde apresentaremos as principais categorias de gestão de pessoas e sua evolução no decorrer dos anos, dando ênfase na visão estratégica da gestão de pessoas e na gestão por competência. Traremos à discussão as funções que os recursos humanos desempenham na gestão de pessoas e as discriminações inerentes a esse subsistema da administração de recursos humanos. Abordaremos suas responsabilidades e desafios dentro das empresas. Finalizaremos esse capítulo apresentando os processos de gestão de pessoas na visão de Idalberto Chiavenato descrevendo os seis processos de gestão de pessoas que fará da organização uma potência na administração de pessoas. 3.1 - Histórico dos Modelos de Gestão de Pessoas Para entendermos um pouco do histórico dos modelos de gestão de pessoas, é necessário pensarmos em seu surgimento como ponto importante na administração científica, como ela atua nos dias atuais e seus objetivos para a organização. Segundo Albuquerque e Leite (2009, p.3) “A expressão recursos humanos é utilizada desde o seu surgimento, fundamentada na administração científica e, até os dias atuais, dá suporte à racionalização do trabalho, visando o aumento de produtividade e redução de custos”. Os autores deixam claro que o surgimento da administração científica e seu modelo de gestão, não foi o ponto principal para que as empresas pensassem um pouco mais nas pessoas como parte da organização. No entanto, os colaboradores eram tratados como máquinas que precisavam produzir. No entanto: A escola de administração científica ou escola clássica, na qual o homem é apresentado como um ser eminentemente racional e, ao tomar uma decisão, conhece todos os cursos de ação disponíveis, bem como as consequências da opção por um desses cursos, ficou conhecida entre 1900 e 1930. Ela teve como foco principal a tarefa e, como ênfase, a 29 padronização, voltada para eficiência e produção. (ALBUQUERQUE E LEITE, 2009, p.3) Segundo Fischer (2002, p.19) as correntes de gestão de pessoas classificam-se em quatro categorias principais, que correspondem a períodos históricos distintos. São elas: Modelo de Gestãode pessoas articulado como departamento de pessoal, como gestão do comportamento, como gestão estratégica e como vantagem competitiva. Vamos analisar cada uma dessas categorias. 1. Modelo de Gestão de Pessoas como departamento de Pessoal. Nesse modelo nós podemos observar que o setor de recursos humanos está pouco preocupado com as pessoas, pois seus processos e rotinas administrativas são puramente burocráticos e com isso, gera uma barreira entre a administração de recursos humanos e as pessoas que nelas trabalham. Nesse modelo, as empresas estavam diante de uma realidade social que precisava saber selecionar as pessoas para o trabalho. No entanto: O objetivo dos gerentes de pessoal, que atuariam nessa nova área, seria estabelecer um método pelo qual pudessem discernir melhor, entre a extensa e diversificada massa de candidatos a emprego, que indivíduos poderiam tornar-se empregados eficientes ao melhor custo possível. (FISCHER, 2002, p. 19) É notório que esse modelo dificultava o desenvolvimento das pessoas, pois nem mesmo pensavam nessa possibilidade devido ao grande número de candidatos que se apresentavam para o trabalho. Contudo, Fischer (op.cit.) ressalta que “os empregados se tornaram um fator de produção cujos custos deveriam ser administrados tão racionalmente quanto os custos dos outros fatores de produção” isso aponta para o grande desafio da gestão de pessoas no modelo de departamento de pessoal, que era o de gerenciar os funcionários como custos e esse era o elemento diferenciador das organizações. Daí: Tal constatação reforça a premissa de que os recursos humanos são resultado de um conjunto de necessidades empresariais delimitadas pelas características sociais e culturais da época – uma função organizacional que surge como consequência, e não causa, dos processos de mudanças que ocorriam na empresa e fora dela. (FISCHER, 2002, p. 20) 30 Entretanto, entendemos que no modelo de gestão de pessoas como departamento pessoal as empresas preocupavam-se com as transações, os procedimentos operacionais e os processos que fizesse o homem trabalhar da maneira mais efetiva possível, destaca o autor supracitado. A produtividade, recompensa e eficiência de custos com o trabalho eram os conceitos que articulava o modelo de departamento de pessoal. 2. Modelo de Gestão de Pessoas como Gestão do Comportamento Humano. Quando a psicologia passou fazer parte dos processos administrativos dentro das organizações, provocou uma reflexão concernente às mudanças nos modelos organizacionais. Contudo, Fischer (2002, p.21) explica que a psicologia fez com que as organizações deixassem de concentrar-se exclusivamente nas tarefas, nos custos e nos resultado produtivo imediato para atuar sobre o comportamento das pessoas. Segundo o autor supracitado, nas décadas de 1930 e 1940, predominaria a linha behaviorista do instituto de Relações Humanas da Universidade de Yale. Ele destaca que: sua principal contribuição seria a criação dos instrumentos e métodos de avaliação e desenvolvimento de pessoas que, nas empresas, formariam o arsenal da psicologia e da psicometria aplicadas aos procedimentos de gestão de recursos humanos. (FISCHER, 2002, p. 21) Em 1930 foi o inicio em que a psicologia humanista passou a interferir diretamente e decisivamente na teoria organizacional, percebemos que foi uma mudança significativa nas relações entre as empresas e as pessoas que nelas desempenhavam suas funções. Percebemos que as empresas ainda nos dias de hoje, fazem uso dos testes psicológicos nas seleções dos candidatos, algumas tem essa prática como única ferramenta de avaliação para admissão nas empresas. O foco no comportamento humano passou ser conhecido como escola das relações humanas e predominou como matriz de conhecimento em gestão de pessoas, contudo, Fischer (2002, p. 21) destaca que: Uma de suas principais contribuições foi descobrir que a relação entre a empresa e as pessoas é intermediada pelos gerentes de linha. Reconhecer a importância e levar o 31 gerente de linha a exercer adequadamente seu papel constituiu a principal preocupação da gestão de recursos humanos. (FISCHER, 2002, p.21) O que fica claro com essa colocação de Fischer (op.cit.), é que para colocar os gerentes de linha exercendo sua função adequadamente, seria necessário treinar esses funcionários, o fato é que isso seria um grande desafio para as organizações, tendo em vista a resistência natural que esse público em especial apresenta. Porém: O foco de atuação se concentraria no treinamento gerencial, nas relações interpessoais, nos processos de avaliação de desempenho e de estimulo ao desenvolvimento de perfis gerenciais coerente com o processo de gestão de pessoas desejado pelas empresas. Motivação e liderança passariam a constituir os conceitos - chave do modelo humanista. (FISCHER, 2002, p.21) Percebemos que a gestão de pessoas como gestão do comportamento humano tem como objetivo distinguir a gestão de recursos humanos de administração de pessoal. Pois o segundo modelo estaria vinculado ao lado burocrático e processual da atividade. Com investimento em treinamento e desenvolvimento, a gestão de pessoas procurava comprovar que o sucesso das organizações estava vinculado diretamente com o desenvolvimento das pessoas e investimentos em processos de treinamento. Analisando essa nova forma de gerir pessoas, nos traz a reflexão de como seria realizado esses treinamentos? Quem estaria apto a ministrar esses treinamentos? Quem seria capaz de planejar e executar os processos educacionais nas organizações? Percebemos que no inicio da implantação de processos educacionais dentro das empresas, efetivamente em torno de 1930, não existia a presença de um profissional de educação qualificado nessa posição. Pois o curso de pedagogia estava sofrendo diversas alterações e não tinha reconhecimento nas organizações. Hoje, diversas empresas ainda não enxergaram a necessidade de um educador para cuidar dos processos educacionais, as empresas investem em treinamento, mas não priorizam essa atividade como deveriam. Pois toda ação de treinamento está a cargo de um psicólogo, e o mesmo não tem formação adequada para atuar com processos educacionais. No mais: Considerando-se a empresa como essencialmente um espaço educativo, estruturado como uma associação de pessoas em torno de uma atividade com objetivos específicos e, portanto, como um espaço também aprendente, cabe à pedagogia a busca de estratégias e metodologias que garantam uma melhor aprendizagem / apropriação de informações e 32 conhecimentos, tendo sempre como pano de fundo a realização de ideais e objetivos precisamente definidos. (RIBEIRO, 2010, p.11) Como se pode perceber, o pedagogo é capaz desenvolver processos educacionais com a finalidade principal de provocar mudanças de comportamento das pessoas, de modo que estas melhorem tanto a qualidade de seu desempenho profissional quanto pessoal. 3. Modelo Estratégico de Gestão de Pessoas Nas décadas de 1970 e 1980, surgiu um novo modelo de gestão de recursos humanos, agora com caráter estratégico, o desafio era vincular a gestão de pessoas às estratégias das organizações. Segundo Steahle (1990, apud FISCHER 2002, p. 24) a visão dos principais autores da época na gestão de recursos humanos deveria buscar o melhor encaixe possível com as políticas empresariais e os fatores ambientais. Para isso os planos estratégicos dos processos de recursos humanos seriam derivados das estratégias corporativas da empresa. Passa ser notório que: Há nesse aspecto um indício de rupturacom as escolas comportamentais. Não é mais a motivação genérica que o modelo deve buscar. Indivíduos motivados, satisfeitos e bem atendidos em suas necessidades estão prontos para atuar, mas isso pode não significar absolutamente nada para as diretrizes estratégicas da empresa. (FISCHER, 2002, p.24) Precisamos entender que planejamento estratégico de gestão de pessoas é a forma como cada indivíduo consegue implantar estratégias, focando suas análises na empresa, pois as organizações que estão cientes de seus papéis no mercado buscam implantar planos que beneficiem seus funcionários. Para isso, é importante que as empresas se empenhem e deem condições de seus colaboradores desempenharem seus papéis de forma produtiva e autônoma nos processos decisórios. Observemos a figura abaixo: 33 Figura 2 – Visão Estratégica na Gestão de Pessoas. Fonte: http://marcosantoniobenetti.blogspot.com.br/2010_02_01_archive.html Como podemos perceber a pessoa passa ser o centro no processo de gestão estratégica. Pois o maior interesse do planejamento estratégico da organização está no alinhamento corporativo que o processo gere na empresa, na sua capacidade de transformar intenções estratégicas em ações eficazes, devendo conjugar a alvo da mudança, as ações oportunas e alinhadas e a monitoração constante. Daí: O planejamento estratégico corresponde ao estabelecimento de um conjunto de providências a serem tomadas pelos executivos para a situação em que o futuro tende a ser diferente do passado; entretanto, a empresa tem condições e meios de agir sobre variáveis e fatores de modo que possa exercer alguma influência; o planejamento é, ainda um processo contínuo, um exercício mental que é executado pela empresa. (OLIVEIRA, 2005, p. 35). 34 4. Modelo de Gestão de Pessoas articulado por Competências. Segundo Isambert – Jamati (1997, apud PIRES, 2005 p.13), no fim da idade, a expressão competência era associada essencialmente à linguagem jurídica. Dizia respeito à faculdade atribuída a alguém ou a uma instituição para apreciar e julgar certas questões. Esse pensamento nos faz refletir sobre a evolução que o termo competência passou no decorrer dos anos. No entanto, sabemos que a preocupação das organizações em contar com indivíduos capacitados para o desempenho das suas funções específicas nas empresas não é recente. A palavra competência possui diversas definições dependendo da cultura, dos valores, da visão e das experiências de cada um, entretanto, se compararmos os diversos sentidos da competência e estudarmos a fundo o seu significado, poderemos observar que, apesar das diferentes definições, o sentido da palavra é único. O modelo de gestão por competência de uma organização permitirá que todas as áreas da empresa desenvolvam habilidades, atitudes e conhecimentos que possibilitem atingir as competências organizacionais determinadas. Assim, organizações e pessoas estarão lado a lado, propiciando um processo contínuo de aprendizado, onde a empresa transfere seu patrimônio para os indivíduos, enriquecendo-os e preparando-os para enfrentarem novos desafios profissionais e individuais. E seus colaboradores, por sua vez, desenvolverão suas capacidades individuais, transferindo-as para a organização. Ainda de acordo com Pires (2005, p.13) dentro dessas perspectivas, a competência referia-se como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que credenciavam um profissional a exercer determinada função. Para entendermos esse conjunto que envolve a competência observemos a figura abaixo: 35 Figura 3 – Gestão de Competência. Fonte: http://mundoadm.com/tag/gestao-por-competencia/ Sabemos que muitas empresas têm adotado o modelo de gestão de competências como modelo de gestão, visando orientar seus esforços para planejar, desenvolver, captar e avaliar, nos diferentes níveis da empresa: sejam os individuais, os grupais e até mesmo os organizacionais. Outro ponto que precisamos analisar é a gestão por competências e sua relação com os subsistemas da gestão de recursos humanos. Para isso abordaremos os seguintes subsistemas: · Recrutamento, Seleção. · Treinamento e Desenvolvimento. · Avaliação de Desempenho. Quando falamos do processo de recrutamento, seleção e alocação, precisamos pensar nas mudanças que surgiram em um período recente, com relação ao perfil do profissional que a empresa procura no mercado de trabalho. Entendemos que: A formação de um quadro de servidores adequado deve ancorar-se na contratação de funcionários que não apenas demonstrem o domínio de conhecimentos técnicos sobre matérias específicas, mas possuam também um conjunto de habilidades e atitudes compatíveis com suas futuras atribuições. (PIRES, 2005, p.23) 36 O autor ainda destaca que: Assim, a organização volta-se prioritariamente para o futuro, sua preocupação primordial deixa de cair sobre a dimensão operacional e volta-se para o contexto mais amplo no qual as organizações estão inseridas, com suas crenças, valores, histórias, culturas, etc. (PIRES, 2005, p.23) São muitas e complexas as peculiaridades dos processos de recrutamento e seleção dentro das organizações, certamente com o objetivo de elevar os níveis de efetividade, para isso, é necessário definir metodologias que permitam a elaboração de estratégias de recrutamentos eficazes, tudo isso para atender as necessidades das organizações. Apesar dessas particularidades de cada processo, é possível a adoção de práticas de seleção com enfoque em competências. Daí: uma vez levantadas as lacunas de competências existentes em cada equipe de trabalho, o processo de recrutamento deve ser deflagrado de modo a atrair os candidatos com o perfil desejado, por meio de publicações voltadas para os grupos específicos e de outros meios disponíveis. (PIRES, 2005, p.24) Após o processo de recrutamento, seguimos para a seleção das pessoas que atendam as especificidades da empresa. De acordo com Chiavenato (1999) nas etapas iniciais do processo de seleção, utilizam-se as técnicas mais simples, econômicas e mais fáceis, ficando para o final as técnicas mais complexas, caras e sofisticadas. O processo de seleção utiliza a combinação de várias técnicas e procedimentos múltiplos que variam der acordo com o perfil e a complexidade do cargo a ser preenchido. Nesse processo, podemos destacar a importância do pedagogo em algumas etapas específicas e aplicações de alguns testes. Então: os candidatos precisam demonstrar nos testes, entrevistas e dinâmica de grupo que reúnem um conjunto de atitudes, como desejo de crescer, amor ao desafio, criatividade, interesse em aprender, habilidades para trabalhar em equipe, relacionamento interpessoal, foco no cliente e no resultado. (CHIAVENATO, 1999, p.126). Observamos que cada técnica aplicada no processo de seleção proporciona para as empresas uma gama de informações sobre os candidatos que indiscutivelmente auxiliam as 37 organizações na escolha dos melhores candidatos. Quanto maior o número de técnicas utilizadas no processo de seleção, tanto maior a oportunidades de informação de seleção para a escolha dos candidatos. Para isso observamos que: As melhores empresas querem os melhores talentos. E os melhores talentos são raros. O medo de errar nas contratações e todo o custo que isso acarreta ou o de não encontrar no mercado o tipo de profissional que buscam faz com que as empresas procurem envolver todo o pessoal de linha no processo seletivo. (CHIAVENATO, 1999, p. 126). É notório que todo processo de recrutamento e seleção por competências visa analisaros aspectos comportamentais dos candidatos, além da avaliação dos aspectos de conhecimentos técnicos explícitos nos currículos. Outro ponto importante a ser abordado na gestão por competências é o Treinamento e Desenvolvimento humano nas organizações. Conforme já abordamos anteriormente, é sabido que as empresas estão investindo em processos de treinamento e desenvolvimento humano com a finalidade de agregar valores nas organizações. Porém, não são muitas as empresas que criaram essa consciência e acabamos esbarrando nessas questões culturais organizacionais. Sabemos que um dos objetivos do treinamento é capacitar as pessoas adequadamente para exercerem corretamente as suas funções dentro da empresa, também identificar futuras necessidades de treinamento tanto com relação à atualização e aperfeiçoamento constante das mesmas atividades quanto às necessidades de treinamento em atividades futuras. Enquanto o desenvolvimento visa mais o médio e o longo prazo e busca desenvolver o potencial existente dentro de cada um, despertando novos interesses e habilidades até mesmo desconhecidas pela própria pessoa. Observemos a seguir: 38 Figura 4 – Formas de Educação Profissional. Fonte: Treinamento e desenvolvimento de recursos humanos: como incrementar talentos nas empresas / Idalberto Chiavenato. – 7. ed. rev. e atual – Barueri, SP: Manoli,2009. Como podemos observar no quadro acima, existem formas de educação profissional que possuem seus objetivos e características próprias que as empresas precisam estar cientes desses processos para que as ações educacionais promovidas nas mesmas tenham seus objetivos alcançados pelos gestores. No entanto: Esses três tipos de educação profissionalizante não têm fronteiras perfeitamente definidas entre si, fazendo com que um mesmo esforço educacional possa muitas vezes ser dirigido para a formação ou para o desenvolvimento ou ainda para o treinamento. São os diferentes meios que devem servir aos fins desejados. (CHIAVENATO, 2009, p.40) Entretanto, entendemos que ao se tratar de treinamento e desenvolvimento humano nas organizações, fica cada vez mais evidente que a presença de um profissional da educação faz-se necessário nas organizações, pois todas as ações possuem fins educacionais bem definidos e que nos da base para afirmar, que somente um pedagogo tem qualificação específica para o exercício dessas atividades. FORMAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E TREINAMENTO COMO FORMAS DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. Tipo de Educação Profissional Escopo Objetivos Extensão de Tempo Características Formação Prepara e forma a pessoa ao exercício de uma profissão no mercado de trabalho Amplos e Mediatos Longo Prazo Qualifica para uma futura profissão. Dada nas escolas e nas organizações Desenvolvimento Amplia e aperfeiçoa a pessoa para crescimento profissional na carreira na empresa Menos Amplo Médio Prazo Proporciona conhecimentos e prepara para funções complexas. Dado em organizações Treinamento Prepara a pessoa para ocupar determinado cargo na organização Restritos e Imediatos Curto Prazo Fornece o essencial para o cargo atual. Dado nas empresas ou consultorias 39 3.2 - As funções de Recursos Humanos A função do RH sofreu ao longo dos anos certa discriminação em relação aos outros departamentos da empresa. No entanto: Com o surgimento da ideia de se alinharem os recursos humanos à estratégia, a administração de RH ganhou novo impulso para demonstrar seu valor na organização e passou a exercer o papel de gerenciar os RH apoiando-se na estratégia empresarial (Strategic Human Resourse Management – SHRM). O surgimento da SHRM aconteceu em meados dos anos 1980, com Devana, Fombrun e Tichy (1984). (CHANG e BIERRENBACH, 2009, p.28) É evidente que o RH passou por diversas mudanças ao decorrer dos anos, mas hoje representa um subsistema da administração da empresa que possui um valor imensurável. Pois a empresa é, dentre outras coisas, uma comunidade de pessoas com características próprias e peculiares. Segundo Wiegerinck (2013, p.01) “a atividade de R.H é mais recente do que o próprio fenômeno da empresa” isso indica que a preocupação das empresas com as relações entre os seres humanos foi pensada recentemente pelas empresas, pois antes nunca se preocuparam em definir a função do RH. Segundo o autor supracitado, hoje o RH faz parte da gerência e integra o rol de encargos e o nível de responsabilidades da direção geral das organizações empresariais. Desta forma, podemos lembrar que os conceitos de gerência, desenvolvidos nas empresas, estão sendo adotados em comunidades não empresariais. Mas afinal, o que um RH faz? Inicialmente limitados a rotina administrativas de elaborar folhas de pagamento e tarefas correlatas, foram gradualmente se ampliando e incluindo recrutamento e seleção, administração de benefícios, elaboração do sistema de remuneração, comunicação interna, treinamento, avaliação de desempenho e assim por diante. (WIEGERINCK, 2013, p.01) A evolução mais importante da função RH, no entanto, foi que, tendo iniciado como executiva de tarefas administrativas, o cargo situa-se presentemente em nível no qual se tomam 40 decisões estratégicas. Hoje RH é reconhecidamente uma das responsabilidades da direção geral. Daí: A prática de RH contém responsabilidades em dois níveis. No da direção geral ela participa na definição da estratégia da empresa para enfrentar a globalização, assimilar tecnologia, administrar mudanças, manter ou conquistar competitividade etc. (WIEGERINCK, 2013, p.01) Existem diversas atividades que o RH desenvolve dentro das organizações que são de extrema importância para o desempenho das empresas nos mais diversos níveis. Vejamos na figura abaixo: RESPONSABILIDADES DO RH ESTRATÉGICAS ADMINISTRATIVAS OPERACIONAIS RELACIONAIS - Políticas de RH - Entendimento do negócio; atuação como parceiro de negócios. - Plano estratégico de recursos humanos - Orientação e gestores para que cumpram o papel de gestão de seu pessoal - Gestão de banco de talentos - Apoio com agente de mudanças - Desenvolvimento e gestão de processos de RH - Administração de folha e de benefícios - Domínio da legislação trabalhista - Domínio de Litígios trabalhistas - Recrutamento e Seleção - Plano de Carreira - Compensação e benefícios - Programas de desenvolvimentos - Sistema de avaliação de desempenho -Programas motivacionais - Saúde e segurança ambiental - Apoio aos executivos em suas funções como gestores de gente - Comunicação interna - Gestão de ferramentas virtuais de network e comunicação - Avaliação do clima organizacional e proposição de ações de melhoria - Relações Sindicais - Relações com entidades de RH e setoriais - Apoio a responsabilidade social corporativa Figura 5 – Responsabilidades do RH. Fonte: http://www.hbrbr.com.br/materia/gestao-de-pessoas-nao-e-com-o-rh 41 É importante ressaltar que: A área de RH é aquilo que o líder da empresa quer que seja. Se ele não a considera estratégica, o desenvolvimento e a implantação de um plano consistente de RH ficam comprometidos. CEOs necessitam elevar a gestão de RH ao mesmo nível de profissionalismo, competência, integridade, hierarquia e remuneração que as demais áreas da empresa. Por sua vez, a área de RH tem de assumir atitudes proativas, seja no planejamento e execução da estratégia
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