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TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 2 Algumas teorias da aprendizagem são reconhecidas historicamente e possuem grande importância para o processo de ensino e aprendizagem. Através deste estudo, você conhecerá algumas delas e compreenderá as bases da prática de construção do saber. A ideia é que você possa aprimorar seus conhecimentos para, quem sabe, atuar na área de Docência do Ensino Superior. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Reconhecer as relações entre as origens do pensamento filosófico e as teorias da aprendizagem, para fins de compreensão do processo de ensino e aprendizagem; 2. Definir e diferenciar os conceitos de ensino, aprendizagem e educação; 3. Relacionar a constituição sócio-histórica do sujeito e a construção ativa do conhecimento. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 3 Introdução Nesta aula, estudaremos as origens do pensamento filosófico e o conceito de aprendizagem, bem como sua implicação no Ensino Superior. Para darmos início à discussão sobre o processo de aprendizagem e a construção do conhecimento, é importante entender a relação entre essa noção e outros conceitos, tais como os de Psicologia, ciência, senso comum, aprendizagem, educação etc. Afinal, essas concepções estão imersas no cotidiano de professores e alunos. Por fim, destacaremos o papel da universidade – instituição que relaciona, constantemente, a ciência com a vida em sociedade. Objetivo: 1. Definir conceitos relacionados ao processo de aprendizagem; 2. Estabelecer as relações entre as origens do pensamento filosófico e as teorias da aprendizagem. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 4 Conteúdo Concepções do senso comum sobre aprendizagem Antes de iniciarmos este estudo, você saberia responder o que é APRENDIZAGEM? Normalmente, em nosso cotidiano, associamos esse termo à mudança de um estado de conhecimento para outro, quando há um ganho quantitativo de informação. Essa é a visão baseada no senso comum. No entanto, para a Psicologia, a aprendizagem não é algo tão simples de se compreender e definir. Vamos nos ater à compexidade dessa concepção... Digamos que você receba uma punição, um castigo ou ingira alguma substância – como um medicamento, por exemplo – e esteja emocionalmente abalado. Nesse caso, seu comportamento pode se modificar, sem que, com isso, afirmemos que houve aprendizagem. Da mesma forma, repetir listas de pronomes, poesias, fórmulas matemáticas e textos completos não implica aprender/entender seu sentido ou obter conhecimento acerca desses conteúdos. Muitas vezes, somos obrigados a decorar determinados assuntos sem que tenhamos a noção completa de sua serventia em nosso dia a dia, em nossa realidade, no contexto em que nos encontramos. Isso certamente já deve ter acontecido com você em algum momento de sua vida. Quantas vezes você memorizou um conteúdo para fazer uma prova? Lembra-se, ainda, desse tema? Provavelmente, não! Nenhuma dessas ações – de memorização ou decodificação de significados – contempla a conceituação de aprendizagem. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 5 Mas, então, que aspectos estão por trás dessa definição? Vamos descobri-los a seguir! Concepções do senso comum sobre aprendizagem Antes de iniciarmos este estudo, você saberia responder o que é APRENDIZAGEM? Normalmente, em nosso cotidiano, associamos esse termo à mudança de um estado de conhecimento para outro, quando há um ganho quantitativo de informação. Essa é a visão baseada no senso comum. No entanto, para a Psicologia, a aprendizagem não é algo tão simples de se compreender e definir. Vamos nos ater à compexidade dessa concepção... Digamos que você receba uma punição, um castigo ou ingira alguma substância – como um medicamento, por exemplo – e esteja emocionalmente abalado. Nesse caso, seu comportamento pode se modificar, sem que, com isso, afirmemos que houve aprendizagem. Da mesma forma, repetir listas de pronomes, poesias, fórmulas matemáticas e textos completos não implica aprender/entender seu sentido ou obter conhecimento acerca desses conteúdos. Muitas vezes, somos obrigados a decorar determinados assuntos sem que tenhamos a noção completa de sua serventia em nosso dia a dia, em nossa realidade, no contexto em que nos encontramos. Isso certamente já deve ter acontecido com você em algum momento de sua vida. Quantas vezes você memorizou um conteúdo para fazer uma prova? Lembra-se, ainda, desse tema? Provavelmente, não! Nenhuma dessas ações – de memorização ou decodificação de significados – contempla a conceituação de aprendizagem. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 6 Mas, então, que aspectos estão por trás dessa definição? Vamos descobri-los a seguir! Conceituando aprendizagem O conceito de aprendizagem toma como base as mudanças efetivas ou potenciais de comportamento que perduram por um tempo relativamente longo. De acordo com Lefrançois (2012, p. 6), essas transformações: “[...] resultam da experiência, mas não são causadas por cansaço, maturação, drogas, lesões ou doença”. Trata-se, portanto, de um processo que só podemos observar a partir de suas evidências. Tais mudanças – potenciais ou não – de comportamento nem sempre são aparentes, mas referem-se à capacidade de fazer algo. Vejamos um exemplo: “Em um experimento clássico, Buxton (1940) manteve, por várias noites, ratos em grandes labirintos. Havia caixas na entrada e na saída (sem alimento). Após algumas noites no labirinto, não havia evidência de que os ratos tinham aprendido algo... “Mais tarde, Buxton colocou uma pequena porção de comida nas caixas de saída e posicionou os ratos nas caixas de entrada. Mais da metade deles correu direto para as caixas de saída sem cometer nenhum erro! Isso indicou que os ratos tinham aprendido bastante durante as primeiras noitesno labirinto. “No entanto, era uma aprendizagem mais latente do que efetiva, ou seja, ela não ficou evidente no desempenho até que houve uma mudança nas disposições – no caso, na motivação para atravessar o labirinto”. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 7 Fonte: Lefrançois, 2012, p. 6. Essa é a típica aprendizagem que decorre da experiência. O resultado foi a aquisição de conhecimento mediado pela vivência de uma situação específica! Ensino e sistematização da aprendizagem Até este momento, conseguimos definir a noção de aprendizagem, mas existem outros conceitos que envolvem essa ideia, tais como os de ensino e educação. Vejamos como eles se inter-relacionam, começando pelo primeiro. Você já deve ter ouvido a expressão popular: “Eu aprendo com a vida!”. Facilmente, afirmamos que aprendemos em diversos locais – seja junto de nossa família, seja em encontros religiosos, no ambiente de trabalho ou, até mesmo, através de um grupo de amigos. Mas quais seriam as diferenças entre a aprendizagem que ocorre nesses espaços informais e aquela que acontece nas escolas, nas universidades ou nos centros de ensino? É possível traçarmos uma linha de raciocínio nesse sentido... A primeira distinção entre as aprendizagens formal e informal refere-se ao tipo de saber priorizado nos contextos a que nos referimos. Nos espaços educativos, enfatizamos o conhecimento científico. A segunda nos remete à forma/organização dos temas a serem aprendidos, ou seja, à sistematização do conteúdo e do ambiente em que é desenvolvido. Nesse caso, os assuntos tratados devem tanto provocar situações que possam gerar mudanças efetivas quanto criar necessidades no público-alvo: os alunos. Em outras palavras, é preciso motivar o estudante nesses espaços e incentivar o educador ao ato de ensinar, de instruir e orientar, que pode estar aliado ou não ao processo de aprendizagem. Partindo dessa premissa, Becker (2012) afirma: TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 8 O ensino é o exercício da docência por excelência. O curta metragem Aprender a Aprender mostra a importância do professor na vida do aluno, no que diz respeito à influência que ele, o professor, exerce sobre as consequências do aprendizado e também a motivação e as tentativas que o aprendiz necessita realizar para atingir um resultado. Ensino e educação: o papel da universidade Defendemos, aqui, que o ato de ensinar não pode se opor ao ato e ao desejo de aprender. Ensino e aprendizagem devem andar juntos, valorizando a ação do sujeito como responsável por seu aprendizado e a constituição de sua identidade no meio social. No caso do Ensino Superior, a universidade é, hoje, uma das mais importantes instituições que mediam essa relação do indivíduo com a sociedade. De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), é esse espaço educativo que: • Transmite cultura; • Reproduz modelos de comportamento e de valores morais; • Favorece a troca de padrões do cotidiano por outros pertencentes ao grupo ao qual o aluno almeja fazer parte. Em outras palavras, trata-se do processo de aquisição de conhecimento que se deve basear em conceitos pertinentes àquele que se desenvolve: o aluno. Por isso, considerando tal definição, a universidade não pode ser uma instituição isolada da sociedade tampouco segregar os estudantes desse meio. Pelo contrário: ela se constitui como um importante local de troca, de obtenção de informação, em que o grau de cultura adquirido é atestado não só pelo diploma mas também pela qualidade da atuação profissional de seus egressos. Nesse contexto, aplica-se o conceito de educação: TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 9 “[...] processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano” (HOLANDA, 2010). Teorias da aprendizagem Agora que já definimos conceitos importantes, vamos compreender como as teorias da aprendizagem foram formuladas ao longo da história. Tais vertentes teóricas buscam explicar não só a noção de aprendizagem em si mas também POR QUE e COMO o indivíduo aprende, na tentativa de entender o comportamento humano e suas mudanças. Seu objetivo é prever e planejar situações que possam provocar ou potencializar a capacidade de aprendizado do sujeito, além de descobrir regularidades e esclarecer de que forma são construídas. De acordo com Marcondes (2008), o surgimento dessas teorias está associado à criação da Filosofia, na Grécia antiga, por volta do século VI a.C., com Tales de Mileto. Foi a partir do pensamento filosófico e da problemática em torno do saber científico que elas começaram a ser traçadas. Vamos entender melhor, a seguir, a influência dessa área do conhecimento na criação das teorias da aprendizagem. Influência da Filosofia na aprendizagem O nascimento da Filosofia é marcado pelo desejo de rompimento com o pensamento mítico , que fundamentava a origem do mundo em aspectos sobrenaturais. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 10 Por expressar grande insatisfação com os mitos sobre o real, o pensamento filosófico passou a basear suas teorias a respeito da fonte da vida no naturalismo – pautado na ciência. Conforme aponta Marcondes (2008), no período inicial de desenvolvimento do método científico – conhecido como Pré-Socrático –, a grande preocupação era a formulação de doutrinas sobre a realidade natural. Após esse momento marcado pela discussão sobre a procedência dos fenômenos da natureza, dois filósofos se destacaram e trouxeram contribuições importantes para a questão da aprendizagem. Veja a seguir quem foram eles: Platão (428 a.C. - 347 a.C.) trouxe a discussão sobre o conhecimento e sobre a metodologia de acesso ao saber. Para ele, a Filosofia teria essencialmente uma função crítica e o objetivo de superar o senso comum. Essa superação nos permitiria entender COMO é possível, através de métodos criteriosos e reflexivos, obter tal acesso. Foi esse filósofo que elaborou a teoria do conhecimento, que pressupõe a possibilidade de elaborar outros matizes teóricos sobre a realidade. Sócrates (469 a.C. - 399 a.C.) inaugurou a Filosofia Clássica e inseriu a problemática ético-política como questão fundamental para a sociedade da época. De acordo com Lefrançois (2012), a influência desses teóricos – principalmente a de Platão – foi tão significativa que, a partir dela, estabelecemos as regras básicas do método científico atual: 1- Realizar perguntas claras e passíveis de respostas. 2- Fazer um levantamento de hipóteses que possam ser testadas. 3- Coletar observações relevantes capazes de negar ou confirmar as hipóteses criadas. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 11 4- Aplicar a testagem propriamente dita. 5- Desenvolver conclusões. Atenção As teorias que foram – e são – elaboradas até hoje fundamentam- se nesses cinco requisitos. No entanto, ao tentar compreender o comportamento humano e as transformações provocadas pelas experiências vividas pelo sujeito, cada um tentará explicar o processo de aprendizagem a partir da forma como concebe e define o homem. Teorias e escolas no campo da aprendizagem Finalmente, após o período de discussões acerca das noções que envolviam o conhecimento, as teorias da aprendizagem foram produzidas, acompanhadas da criação da Psicologia Científica. Essa conquista diferenciou a nova ciência da Filosofia e impulsionou estudiosos e pesquisadoresà produção de conhecimento. Rapidamente, houve um crescimento de investigações na área, um aumento da diversidade de temas de estudo e a expansão econômica de diversos países – principalmente os Estados Unidos. As novas formas de ver o mundo e os objetos a seu redor favoreceu o surgimento das Escolas de Psicologia, que forneceram conteúdo para as primeiras teorias da aprendizagem. Vamos conhecer, a seguir, aquelas que são difundidas até hoje... TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 12 Atualmente, muitas teorias e escolas foram sendo criadas, de onde podemos extrair diversas contribuições importantes para a compreensão do campo da aprendizagem. São algumas delas: Escola associacionista Para este grupo, a aprendizagem ocorria por associação de ideias, e a produção de conhecimento devia pautar-se na utilidade do saber para a vida do sujeito. A partir desta escola, foram elaboradas as teorias sobre o condicionamento humano. Escolas interacionista e construtivista Estes grupos estavam preocupados, basicamente, em descobrir COMO os seres se desenvolviam para, por conseguinte, identificar COMO aprendiam. As informações sobre o desenvolvimento humano lhes permitiram observar e interpretar melhor o comportamento do indivíduo bem como suas formas de aprendizagem. Escola estruturalista Este grupo se preocupava com as estruturas de funcionamento do sistema nervoso central e a compreensão dos estados elementares da consciência. Trata- se da escola fundada por Wilhelm Wundt, que deu origem ao gestaltismo – assunto sobre o qual discutiremos mais adiante, na aula seguinte. Na próxima aula, apresentaremos, mais detalhadamente, as contribuições desses grupos para o campo da aprendizagem. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 13 Atividade proposta Algumas pesquisas sobre práticas pedagógicas realizadas em escolas e universidades apresentam dados positivos em termos de interesse e entusiasmo pela aprendizagem por parte de alunos jovens e adultos. Esses estudantes respondem prontamente às perguntas de professores, oferecem-se para realizar atividades em sala de aula, realizam tarefas propostas etc. O fato de tais educandos demonstrarem gosto pelas aulas e valorizarem as experiências vivenciadas podem apontar para a necessidade de pensarmos em várias maneiras de ensinar. Considerando essas questões, indique de que forma as teorias estudadas podem auxiliar a atuação docente, refletindo sobre o desafio atual do processo de ensino e aprendizagem. Ao longo desta aula, identificamos que as teorias da aprendizagem contribuíram para a constituição do método científico – aquele cujo fundamento é a reflexão. A partir dessa perspectiva, os alunos não reproduzem simplesmente o conteúdo aprendido, mas são incentivados a desenvolver seu pensamento sobre determinado tema. Como mediador do ensino e da relação entre o estudante e o conhecimento, o educador deve propiciar essa reflexão, instigando o educando a pensar e a elaborar suas próprias ideias. Afinal, eles precisam ser estimulados a enfrentar novos desafios por meio de pesquisas investigativas de teor reflexivo. Só não podemos nos esquecer de que é impossível apreender todo o saber em sala de aula. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 14 Aprenda Mais Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula: Assista ao curta-metragem Mestrado da vida; • Leia o texto Aprendizagem humana: ciência e teoria – In: Lefrançois, 2008. cap. 1. Referências BECKER, F. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001. BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008. LEFRANÇOIS, G. R. Teorias da aprendizagem. São Paulo: Cencage Tearming, 2008. MARCONDES, D. Iniciação à história da Filosofia: dos Pré-Socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. HOLANDA, A. B. de H. F. Minidicionário Aurélio da língua portuguesa. Curitiba: Positivo, 2010. MOREIRA, M. A. Teorias da aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 15 Exercícios de fixação Questão 1 Refletindo sobre o conhecimento da realidade e os tipos de saberes que existem, analise as frases a seguir: I. O conhecimento utilizado no nosso cotidiano é intuitivo, espontâneo, obtido por tentativas de acertos e de erros. II. A ciência abstrai a realidade para negá-la e construir a única forma do conhecimento verdadeiro: o saber científico. III. A ciência compõe-se de uma atividade eminentemente reflexiva e de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade – expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Entre as afirmativas anteriores, está(ão) CORRETA(S): a) I e II b) II e III c) I e III d) I, II e III e) Somente I Questão 2 Com base nos conceitos de senso comum e de conhecimento científico , relacione as colunas a seguir: 1. Senso comum ( ) Acrítico TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 16 2. Conhecimento científico ( ) Assistemático Questão 3 Sabemos que o conceito de aprendizagem não se relaciona à repetição de ideias e de comportamentos. Essa concepção nos obriga a elaborar novas práticas educativas. Partindo desse princípio, é CORRETO afirmar que, atualmente, no Ensino Superior: a) Os conteúdos informativos e técnicos devem ser priorizados. b) O papel do professor é ensinar apenas os conceitos teóricos de cada disciplina isoladamente. c) As universidades representam centros teóricos de formação de especialistas, nos quais os educadores têm de ensinar práticas cotidianas de cada profissão. d) Os centros universitários precisam favorecer uma boa formação teórico- prática, facilitando o acesso às novas tecnologias, a aprendizagem efetiva e o futuro profissional dos alunos. Questão 4 O trabalho docente requer do professor – particularmente quanto à natureza do conteúdo ensinado – a escolha de métodos que provoquem uma relação efetiva entre o ensino e a aprendizagem. Sobre a forma e a organização do tema a ser tratado no espaço acadêmico, podemos afirmar que: a) Para assumir uma posição dominante em sala, o professor precisa se valer de aulas baseadas no diálogo. b) As aulas têm de incentivar tanto estudantes quanto educadores, associando o ato de ensinar ao processo de aprendizagem. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 17 c) As aulas devem-se restringir a uma exposição dialogada, pois essa é a única possibilidade de favorecer as colocações dos alunos e a organização do conteúdo. d) N.R.A. Questão 5 Ao longo de sua história, as instituições escolares foram se transformando. Acompanhadas por mudanças culturais, políticas e sociais, essas entidades sofreram modificações em termos de identidade, de função e de objetivos educativos. No caso do Ensino Superior, não é diferente. Por isso, é CORRETO afirmar que: a) A universidade é um local de impedimento das trocas de padrões do cotidiano com o espaço acadêmico. b) A universidade não pode ser vista como local de transmissão de cultura das classes menos favorecidas. c) A universidade é um espaço de práticas sociais e históricas importante para o crescimento das sociedades. d) N.R.A. Questão 6 Platão elaborou a teoria do conhecimento, que pressupõe a possibilidadede desenvolver concepções sobre a realidade. Os pensamentos desse teórico se refletem, até os dias de hoje, em estudos que envolvem o saber. Como vimos ao longo desta aula, foi a partir de sua influência que estabelecemos as regras básicas da metodologia científica, dentre as quais estão: I. Realizar muitas perguntas, visando ao maior número de respostas possíveis; II. Fazer um levantamento de hipóteses; TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 18 III. Coletar observações relevantes capazes de negar ou confirmar as hipóteses criadas. Entre os itens anteriores, estão CORRETOS: a) I, II e III b) I e II c) I e III d) II e III e) N.R.A. Questão 7 Analise a seguinte situação... Ao ser questionada sobre as possibilidades de fracasso por parte de seus alunos, certa professora afirma: “Esses jovens não aprendem porque não prestam atenção às aulas!” A fala dessa docente aponta uma visão muito comum entre os educadores – aquela que: a) Inclui, na avaliação do professor, fatores sociais e culturais. b) Implica uma visão ampliada do processo de ensino e aprendizagem. c) Valoriza o papel do professor no processo de ensino e aprendizagem. d) Associa, indevidamente, o processo de aprendizagem às condições exclusivas dos alunos. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 19 Questão 8 As teorias da aprendizagem foram formuladas ao longo da história, buscando explicar a aprendizagem em si e, também, POR QUE e COMO aprendemos. Entre seus objetivos, estão: a) Previsão e controle. b) Organização e controle. c) Previsão e planejamento. d) Organização, previsão e controle. Questão 9 A criação da Psicologia Científica favoreceu a organização de teorias da aprendizagem diferentes da Filosofia e impulsionou estudiosos e pesquisadores à produção de conhecimentos, aumentando a diversidade de temas investigados. Uma das escolas que surgem nesse momento, principalmente nos Estados Unidos, cujas bases defendem o saber prático, denomina-se: a) Estruturalista b) Associacionista c) Construtivista d) Interacionista TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 20 Questão 10 Para construir relações positivas em sala de aula, o educador precisa conhecer as teorias de aprendizagem. No que diz respeito à prática educativa, é INCORRETO afirmar que tais vieses teóricos: a) Melhoram a qualidade da relação entre professor e aluno no processo de ensino e aprendizagem. b) Colaboram, de forma mecânica, para que o docente compreenda as relações estabelecidas em sala de aula. c) Possibilitam mudanças de atitudes que podem aumentar o sucesso dos alunos no espaço escolar ou acadêmico. d) Contribuem para evitar que o educador, muitas vezes, reproduza as relações de coação que aumentam a dificuldade de aprendizagem e, por consequência, os índices de evasão e reprovação – sejam estes escolares ou universitários. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 21 Conhecimento científico: Diferente do senso comum, o saber originado da ciência implica uma atividade reflexiva – motivo pelo qual é explorado nos espaços organizados e sistematizados para provocar situações de aprendizagem. De acordo com Bock, Furtado e Teixeira, (2008, p. 20), trata-se do: “[...] conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade – que chamamos de objeto de estudo –, expresso por meio de linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade”. Gestaltismo: De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), trata-se de um sistema teórico, criado na Europa, que surge como negação e tentativa de superação da fragmentação das ações e dos processos humanos – aquele que postula a necessidade de compreensão do homem como uma totalidade. Seus teóricos buscaram construir uma psicologia que levasse em consideração as formas da percepção, procurando apreender como as pessoas compreendem seu entorno. Naturalismo: Na Filosofia, trata-se da única forma efetiva de investigar a realidade. De acordo com a visão dos naturalistas, os fenômenos e as hipóteses descritas como sobrenaturais não existem. Todos podem ser estudados pela mente humana através de métodos científicos. Portanto, qualquer fato denominado como tal inexiste ou, simplesmente, equivale a algo natural. Adaptado de: http://www.notapositiva.com/pt/trbestsup/psicologia/antropologia/naturalism o.htm. Pensamento mítico: De acordo com Marcondes (2008, p. 20), trata-se da: TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 22 “[...] forma pela qual um povo explica aspectos essenciais da realidade em que vive – a origem do mundo, o funcionamento da natureza e dos processos naturais e as origens deste povo, bem como seus valores básicos [...]. Um dos elementos centrais do pensamento mítico e de sua forma de explicar a realidade é o apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado e à magia”. Psicologia: De acordo com Lefrançois (2012, p. 3), trata-se da “[...] ciência que estuda o comportamento e o pensamento humanos, aquela que busca saber como a experiência: Afeta o pensamento e a ação; • Explora os papéis da biologia e da hereditariedade; • Examina a consciência e os sonhos; • Acompanha a transformação de crianças em adultos; • Investiga as influências sociais”. • Basicamente, essa área do conhecimento tenta explicar como as pessoas pensam, agem e sentem. Senso comum: De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), trata-se do conhecimento acumulado no cotidiano, de caráter intuitivo, espontâneo, que é obtido por tentativas de acertos e de erros, e passa de geração para geração, com status de verdade, sem questionamentos sobre sua utilidade e veracidade. Teorias da aprendizagem: De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008) e Lefrançois (2012), as teorias da aprendizagem têm sua origem marcada pela criação, em 1879, de um laboratório psicológico em Leipzig, na Alemanha, por Wilhelm Wundt – médico, filósofo e psicólogo que influenciou o desenvolvimento da Psicologia como ciência, tornando-se um dos fundadores da moderna psicologia experimental. Adaptado de: http://caminhodapsicologia.webnode.com.pt/wundt. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 23 Teorias: De acordo com Moreira (1999, p. 12), teoria é a: “[...] tentativa humana de sistematizar uma área de conhecimento, uma maneira particular de ver as coisas, de explicar e prever observações, de resolver problemas”. Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: Diferente da afirmativa II, que trata a abstração da realidade e sua negação como objetivos da ciência, as assertivas I e III descrevem, respectivamente e de forma correta, as características do senso comum e do conhecimento científico. Questão 2 - A, A, B, A, B Justificativa: De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), as características do senso comum incluem: acriticidade, assistematização, caráter sensitivo, superficialidade e subjetividade. Já as características do conhecimento científico definem-se pelos opostos: criticidade, sistematização, profundidade e objetividade. Questão 3 - D Justificativa: O conceito de aprendizagem implica mudanças efetivas e potenciais para o grupo social no qual o sujeito está inserido. Por isso, atualmente, é preciso associar, no espaço acadêmico, teoria, prática e novas tecnologias. Questão4 - B Justificativa: Assim como todas as etapas do processo de aprendizagem, as técnicas de ensino devem sempre associar o interesse do aluno a uma boa TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 24 sistematização do conteúdo, para que os estudantes sintam-se motivados a aprender e os professores, a ensinar. Questão 5 - C Justificativa: A universidade é um espaço educativo de transmissão de cultura, reprodução e questionamento de modelos de comportamento e de valores morais. Trata-se de um ambiente que favorece trocas de padrões do cotidiano entre diversos grupos sociais. Questão 6 - D Justificativa: As perguntas que levam a uma boa investigação são claras, passíveis de resposta e de testagem. Questão 7 - D Justificativa: A fala da professora evidencia seu desconhecimento quanto ao significado da aprendizagem, que corresponde a um processo multifatorial e complexo. Não podemos analisar uma situação de sucesso ou fracasso escolar apenas sob determinado ponto de vista. Questão 8 - C Justificativa: De acordo com os teóricos estudados, o objetivo das teorias da aprendizagem são prever e planejar situações que possam provocar ou potencializar a capacidade de aprendizado do sujeito, além de descobrir regularidades e esclarecer de que forma são contruídas. Questão 9 - B Justificativa: A escola associacionista valoriza a objetividade e busca compreender o comportamento humano. Seu objetivo é fugir do achismo através da cientificidade. Essa vertente teórica incentivou a compreensão dos estudos sobre os condicionamentos humano e animal. Questão 10 - B TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 25 Justificativa: As teorias da aprendizagem apoiam e auxiliam os educadores a refletirem sobre a realidade – nunca a repeti-la sem questioná-la, configurando a mecanização do pensamento humano. Elas visam organizar o raciocínio de um grupo de estudiosos sobre determinado tema, e não impor condutas e comportamentos sem problematizá-los a priori . TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 26 Luciana Pereira da Silva é Mestre em Ciências da Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Especialista em Psicologia Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Tem experiência na área de Psicologia com ênfase em Psicologia e Saúde, atuando, principalmente, nos seguintes temas: promoção da saúde, educação e saúde, gênero, psicologia e saúde e saúde pública. Já atuou como docente em algumas instituições e, desde 2004, é professora da área de Educação e Saúde da Universidade Estácio de Sá (UNESA). Além disso, é psicóloga do Ministério da Saúde. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0063427615420051 TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 2 Introdução Nesta aula, você vai conhecer duas das principais correntes filosóficas da Psicologia que muito influenciaram a educação: o elementarismo e o estruturalismo. A partir dessas correntes, surgiram as teorias da aprendizagem behavioristas, e, contrárias a estas, o gestaltismo, que trouxe contribuições significativas para as práticas educativas brasileiras. Aqui, vamos estudar, de forma breve, cada um desses temas, de modo que você possa entender sua importância no contexto acadêmico atual. Objetivo: Identificar os principais pressupostos teórico-metodológicos do elementarismo e do estruturalismo nas correntes de aprendizagem contemporâneas. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 3 Conteúdo Abordagens psicológicas: criação de pressupostos teóricos Na aula anterior, entendemos que as teorias expressam um conjunto de valores, conceitos e princípios que representam visões de mundo em que nos baseamos para compreender a realidade. Devido à diversidade humana, esses pontos de vista podem divergir ou mesmo se complementar. Foi justamente a partir de concepções distintas e, por vezes, opostas que as correntes teórico-explicativas foram criadas – assunto sobre o qual discutiremos aqui. Aliada ao grande avanço econômico da sociedade, no início do século XX, a característica diversa da Psicologia passou a mobilizar as primeiras abordagens da área. No momento que essa ciência se estabeleceu, diversas correntes se formaram, criando o que podemos chamar de bandeiras de luta ou pressupostos teórico- metodológicos. Isso ocorre quando qualquer saber científico é firmado. Com base, então, nessas escolas, inúmeras teorias foram elaboradas. Vamos conhecer, a seguir, algumas delas! Psicologia estrutural e elementarista Entre as correntes teóricas criadas a partir das abordagens psicológicas, estão o elementarismo e o estruturalismo, que buscam compreender o comportamento humano e a aprendizagem através dos elementos básicos que os compõem. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 4 Tanto para a psicologia estrutural quanto para a elementarista, o que importa é estudar os fatores psíquicos e as condutas do homem – aqueles que podem ser observados, medidos e decifrados por meio de investigações em laboratório. Nesse caso, não se enfatizam as características cognitivas do indivíduo, mas as explicações objetivas quanto a suas atitudes diante de situações diversas. De acordo com tais vertentes teóricas, os comportamentos devem ser entendidos a partir da troca entre o sujeito e o meio em que está inserido. Em outras palavras, todo comportamento precisa ser examinado e avaliado com base nas respostas a determinados estímulos. Disso resultou o surgimento da psicologia E-R – Estímulo-Resposta! Conforme veremos adiante, outras correntes seguiam essa concepção. Associacionismo Na Psicologia, a corrente teórica que representou, a princípio, a concepção apresentada anteriormente foi o associacionismo, cujo primeiro representantechamava-se Edward L. Thorndike. Esse estudioso elaborou a primeira teoria de aprendizagem: a lei pautada em um princípio utilitarista e não filosófico. De acordo com ela, todo comportamento tende a se repetir caso seja recompensado imediatamente após sua emissão. Em caso contrário, essa conduta não acontece. Clique aqui para ver o método experimental usado por Edward L. Thorndike. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 5 Teoria behaviorista Seguindo a linha de raciocínio anterior e avançando na criação de correntes teórico-explicativas sobre o comportamento humano, surgiu o behaviorismo. O principal e mais reconhecido teórico dessa vertente de estudo é Burrhus Frederic Skinner. Às vezes mal compreendido, Skinner desenvolveu seus pressupostos a partir de estudos de behavioristas contemporâneos – entre eles Ivan Pavlov, Thorndike e John Broadus Watson. Mas, ao contrário do que se difunde, ele não aceitou uma psicologia E-R simplista e descontextualizada. Skinner defendia que o homem é um ser em constante evolução, que influencia o ambiente e é por ele influenciado. Para o estudioso, a dualidade do condicionamento clássico – E-R – não explica a complexidade de comportamentos humanos. Por isso, ele classificou as condutas de maneira deliberada, voluntária, ativa – aquelas capazes de produzir mudanças sobre o ambiente de operantes. Saiba, adiante, de que forma essas concepções contribuíram para as práticas educativas. Contribuições do behaviorismo Todas as teorias são criadas e difundidas dentro de um contexto sócio- histórico. Partindo dessa premissa, vamos entender como as teorias behavioristas iniciais influenciaram a atuação docente. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 6 No momento de sua elaboração, a Psicologia – enquanto ciência – buscava o reconhecimento desses vieses teóricos. Por isso, eles se disseminaram e ganharam importância. De acordo com Moreira (2011) e Gamez (2013), as ideias originadas do behaviorismo dominaram, durante muito tempo, as atividades didático- pedagógicas – principalmente nas décadas de 1960 e 1970 –, tomando como base a seguinte associação: No ambiente educacional da época, também havia forte necessidade de organizar ações pedagógicas que pudessem sistematizar e potencializar a atuação dos professores, a partir da universalização do ensino. Alguns teóricos engajados na onda behaviorista, principalmente nos Estados Unidos, defendiam que, para reconhecê-la, seria fundamental abandonar a introspecção – olhar para dentro de si –, ou seja, a visão subjetiva dos fatos. Em seu lugar, eles pregavam a importância de seguir as regras do método científico, definindo objetos de estudo claros e precisos, e utilizando procedimentos objetivos de observação e controle. Veja alguns fatores relevantes que fizeram dessa corrente um fundamento tecnológico importante para a área da educação: A seriedade e o rigor metodológico com que os conceitos foram tratados; • A busca de explicações objetivas para o comportamento humano; • As técnicas criadas e testadas de forma exaustiva. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 7 Não podemos nos esquecer de que o comportamento é muito influenciado pelas características do meio e por ele condicionado e moldado. Por isso, ainda hoje, os reflexos do pensamento behaviorista são percebidos no cotidiano de professores e alunos, em situações diversas dentro das quais desejamos manter condutas que favoreçam a aprendizagem. Basta lembrar um pouco de sua própria trajetória educacional: Quantas vezes você foi recompensado ao tirar uma boa nota na escola? • Quais eram os prêmios de que você mais gostava? • Quais eram aqueles que se empenhava muito para receber? Toda essa metodologia de ensino baseada em estímulos e respostas fundamenta- se nessa corrente teórica! Na tirinha, é possível observar que ao mandar a foto, os pais do Calvin evitam a visita dos parentes, a qual, de acordo com o texto, parece ser um estímulo aversivo. Disponível em: http://behavioristaemacao.blogspot.com.br/. Acesso em 12 de jan. de 2011. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 8 Gestaltismo: outros caminhos para a educação As ideias behavioristas receberam muitas críticas, principalmente devido à ênfase dada à técnica em detrimento do valor humano. Algumas teorias se colocaram declaradamente contrárias a seus princípios, como é o caso do gestaltismo. Preocupados em compreender os processos psicológicos que envolviam a ilusão de ótica, alguns teóricos iniciaram estudos sobre a percepção. Entre eles, estão: Max Wertheimer Psicólogo alemão que defendia que a explicação para os fenômenos psíquicos estaria fundamentada na descrição do campo fenomenal. Disponível em: http://www.knoow.net/ciencsociaishuman/psicologia/wertheimermax.htm. Acesso em: 11 fev. 2014. Wolfgang Köhler Psicólogo norte-americano que conduziu novos conceitos sobre a percepção, a aprendizagem e a inteligência animal. Disponível em: http://www.biografiasyvidas.com/biografia/k/kohler_wolfgang.htm. Acesso em: 11 fev. 2014. Christian Von Ehrenfels Psicólogo e filósofo austríaco que pregava que, para haver apreensão de um objeto, todos os seus componentes deveriam ser percebidos em conjunto. Disponível em: http://www.infopedia.pt/$ehrenfels. Acesso em: 11 fev. 2014. Os experimentos nessa área os levaram à fundamentação e ao questionamento de preceitos do behaviorismo. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 9 A crítica principal dos gestaltistas a essa corrente teórica referia-se à ideia de que o comportamento estudado de forma isolada do contexto pode perder seu significado. De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), e Burow e Scherpp (1985) , para os adeptos do gestaltismo, toda conduta humana deve ser compreendida sempre em seus aspectos mais globais para que possam favorecer bons insights. Em outras palavras, é a forma como percebemos os estímulos que determina nosso comportamento. O modo como os elementos são organizados dita a qualidade (ou não) desse entendimento. Para que tais aspectos sejam bem avaliados, é necessário: • Equilíbrio; • Simetria; • Estabilidade; • Simplicidade. Somente assim, alcançamos o que eles chamam de boa forma – único princípio simples que governa a percepção e o pensamento. Conheça melhor as bases desse princípio a seguir! O que você vê nas imagens ambíguas seguintes? TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 10 1- O animal da figura pode ser um coelho ou um pato. Isso é um exemplo de percepção mutável. 2- Nesta segunda imagem, percebemos um vaso ou duas faces se olhando. Atenção Apesar de essa teoria não apresentar princípios de aprendizagem tão simples e claros quanto os do behaviorismo de Skinner, muitos experimentos da Gestalt foram empregados na área pedagógica. Mas, conforme aponta Lefrançois (2012), essa vertente de estudos da Psicologia: “[...] não é tão facilmente aplicada às firulas das práticas educacionais dentro das salas de aula”. Isso não significa, contudo, que suas implicações sejam irrelevantes. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 11 Princípios da psicologia da forma Alguns preceitos gestálticos sobre os estímulos a nossa percepção com vistas à boa forma devem ser respeitadosna organização do conteúdo de uma aula, disciplina ou curso e na maneira de apresentá-lo aos alunos. Toda experiência perceptiva ou cognitiva é governada por quatro desses preceitos. São eles: Proximidade Os elementos mais próximos tendem a ser agrupados. Semelhança ou similaridade Os elementos semelhantes são agrupados. Fechamento Os elementos que faltam para garantir a compreensão do conteúdo tendem a ser completados. Continuidade Os fenômenos perceptivos tendem a ser percebidos como contínuos. Também há uma orientação aos educadores e pais, por exemplo, nesse sentido: eles devem rejeitar problemas que levem os estudantes à tentativa de resolver questões de inúmeras formas, o que, de acordo com essa corrente teórica, levaria à memorização e à solução por ensaio e erro. Percebemos, então, que a psicologia da forma trouxe grandes contribuições para a educação. Conheça algumas delas adiante. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 12 Contribuições do gestaltismo De acordo com Lefrançois (2012, p. 213): “As situações de aprendizagem deveriam ser estruturadas de forma que os aprendizes pudessem ter um insight”. Essa orientação originada do gestaltismo é bastante significativa e deu suporte ao que hoje chamamos de construtivismo. Ela só reafirma a ideia de que a Gestalt preocupou-se, fundamentalmente, com: • A percepção; • A consciência; • A solução de problemas. Além disso, por ter rejeitado o behaviorismo, os princípios dessa corrente de pensamento abriram espaço para novos questionamentos e posicionamentos teóricos – principalmente aqueles que pretendiam valorizar uma aprendizagem mais significativa e menos quantitativa. Na próxima aula, discutiremos mais sobre o construtivismo, mas, agora, vamos aprofundar nossos estudos através de um exercício! TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 13 Atividade proposta Antes de finalizarmos esta aula, vamos fazer uma atividade! Primeiro, leia os quadrinhos a seguir: Como você percebeu, a professora de Mafalda parece seguir uma das teorias de aprendizagem estudadas ao longo do conteúdo. Identifique-a, justificando sua resposta. CHAVE DE RESPOSTA: Com base neste estudo, podemos afirmar que a teoria de aprendizagem em que se baseia a professora de Mafalda é o behaviorismo. Afinal, ela se preocupa com componentes gramaticais do português desconectados do todo que a aprendizagem da língua pressupõe. A ênfase de sua aula está na identificação correta dos vocábulos pelos alunos, e não no entendimento processual da leitura. É exatamente isto o que a teoria behaviorista prega: não valoriza aspectos cognitivos dos estudantes, mas foca na aprendizagem a partir de elementos básicos que podem ser reconhecidos e medidos. Nesse caso, a compreensão e a contextualização do processo educativo não são enfatizadas. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 14 Aprenda Mais Para saber mais sobre a relação entre condicionamentos e comportamentos operantes bem como refletir sobre seu poder no cotidiano do ser humano, sugerimos que assista ao filme O show de Truman. Referências BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008. GAMEZ, L. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: LTC, 2013. LEFRANÇOIS, G. R. Teorias da aprendizagem. São Paulo: Cencage Tearming, 2008. MOREIRA, M. A. Teorias da aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 15 Exercícios de fixação Questão 1 A teoria comportamental ou behaviorista possui vários pressupostos, todos baseados no fato de que o meio prevalece sobre as ações do indivíduo. Partindo desse princípio, assinale a opção que mais expressa essa ideia: a) O ambiente dá condições de a criança aprender, mas não promove nenhuma modificação em seu comportamento. b) Nem tudo pode ser aprendido – considerando que a criança já nasce com uma determinação biológica, é esta que vai preponderar sobre o ambiente. c) Quando educamos uma criança, temos de levar em conta suas tendências, aptidões e influências genéticas, pois apenas isso é determinante para seu desenvolvimento. d) Tudo pode ser aprendido – crianças saudáveis e bem formadas estão aptas para o treino, independente de suas tendências e aptidões genéticas. Questão 2 Os behavioristas apresentam diversos estudos que comprovam suas teorias. Os mais significativos são aqueles que envolvem estudos com gêmeos. Veja um exemplo: Jonas e João são gêmeos idênticos. Ao nascerem, foram separados e enviados a ambientes diferentes. Depois de alguns anos, compararam seus comportamentos e ficou comprovado que o menino que estivera submetido ao ambiente mais estimulante apresentava rendimento escolar superior ao de seu irmão, que fora exposto a um ambiente pouco incentivador. Em função do que estudamos, os behavioristas admitem que o rendimento escolar dos gêmeos resultou de: TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 16 a) Mutação genética. b) Determinação hereditária. c) Desenvolvimento embrionário. d) Predomínio dos fatores ambientais sobre os herdados. Questão 3 A escola behaviorista foi criada nos Estados Unidos, no século XIX, e tinha como objetivo estudar o comportamento humano e as possibilidades de aprendizagem. Muitos conceitos importantes fazem parte dessa teoria, que tem forte aplicação na prática educativa. Entre eles, destacamos a noção de reforço , pensada a partir da lei do efeito, que se pode definir da seguinte forma: a) Forma de extinguir o comportamento, adotando sempre a punição como procedimento. b) Recompensa pelos bons comportamentos humanos, que deve ser aceita universalmente pela população. c) Apresentação de um estímulo agradável ou desagradável, recompensador ou aversivo, que aumenta ou reduz a frequência de algum comportamento. d) Estímulo que utiliza algumas sanções dolorosas para o aumento da produtividade nas empresas e para a aprendizagem de comportamentos adequados no espaço educativo. Questão 4 TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 17 De acordo com a psicologia da Gestalt, nossa percepção é organizada a partir de alguns princípios básicos que podem facilitar ou prejudicar a apreensão da realidade. Assinale o princípio que NÃO corresponde àqueles descritos por essa abordagem: a) Proximidade b) Semelhança c) Incongruência d) Fechamento Questão 5 Para a psicologia da Gestalt, a forma como percebemos os estímulos determina nosso comportamento, e a maneira pela qual os elementos são organizados dita a melhor qualidade (ou não) de nossa percepção. A esse princípio, os gestaltistas denominaram: a) "Insight" b) Proximidade c) Boa forma d) Semelhança TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 18 Insight: Fenômeno definido pela psicologia gestáltica como uma compreensão aparentemente imediata, uma espécie de entendimento interno. De acordo com Lefrançois (2012, p. 205), trata-se da: “[...] percepção das relações entre os elementos de uma situação-problema, o que significa solucionar uma dificuldade pelo conhecimento dessas relações. [Por isso, o insight configura-se como um] tipo de pensamento relacional [...]”.Associacionismo: De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 42): “O termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação de ideias – das mais simples às mais complexas. Assim, para aprender um conteúdo complexo, a pessoa precisaria, primeiro, aprender as ideias mais simples, que estariam associadas àquele conteúdo”. Behaviorismo: De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 58): “O termo behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson, em artigo publicado em 1913, que apresentava o título Psicologia: como os behavioristas a veem. O termo inglês behavior significa comportamento. Por isso, para denominar essa tendência teórica, usamos o termo behaviorismo – além de comportamentalismo, teoria comportamental, análise experimental do comportamento e análise do comportamento”. Burrhus Frederic Skinner: Um dos psicólogos de maior influência na América, que baseia seu trabalho nos comportamentos observáveis das pessoas e dos animais. Influenciado pelas ideias de Watson, de Pavlov e de Torndike, Skinner desenvolveu uma nova corrente behaviorista: a análise científica do comportamento. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 19 Adaptado de: http://www.oocities.org/eduriedades/skinner1.html. Construtivismo: De acordo com Lefrançois (2012, p. 214): “As abordagens construtivistas são métodos altamente centrados no aprendiz e refletem a crença de que a informação significativa é construída por ele, e não dada a ele [...]. Os métodos do construtivismo encorajam a aprendizagem pela descoberta, as abordagens cooperativas dentro da sala de aula e a participação ativa do aluno no processo de ensino e aprendizagem”. Edward L. Thorndike: Psicólogo e pedagogo norte-americano, um dos pais da psicologia da aprendizagem. De acordo com esse estudioso, podemos reduzir o processo de aprendizagem a várias leis, tais como a da disposição, a do exercício ou do uso e desuso, e a do efeito – a mais importante entre todas essas. Adaptado de: http://www.biografiasyvidas.com/biografia/t/thorndike.htm. Gestaltismo: Também chamado de psicologia da Gestalt ou psicologia da forma. Ivan Pavlov: Fisiologista e médico russo, criador da teoria dos reflexos condicionados – que influenciou a compreensão do papel do condicionamento na psicologia do comportamento. Adaptado de: http://www.algosobre.com.br/biografias/ivan-pavlov.html. John Broadus Watson: Um dos psicólogos mais influentes do século XX, autor fundamental da psicologia comportamental. Para Watson, a Psicologia não devia ter nenhum tipo de preocupação introspectiva, filosófica ou motivacional, mas apenas e simplesmente os comportamentos objetivos, concretos e observáveis. Disponível em: http://www.infopedia.pt/$john-broadus-watson. Acesso em: 11 fev. 2014. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 20 Operantes: Sobre a prevalência do comportamento operante, Lefrançois (2012) afirma: “Skinner acreditava que a maioria dos comportamentos importantes nos quais as pessoas se envolvem é operante. Caminhar até a escola, escrever uma carta ou um texto, responder uma pergunta, sorrir para um estranho, coçar a orelha do gato, pescar, limpar a neve com uma pá, esquiar e ler são todos exemplos de comportamentos operantes. Mesmo pensar é operante – uma forma oculta (interna) de comportamento verbal. Embora possa haver estímulos conhecidos e observáveis que, seguramente, levem a alguns desses comportamentos, o ponto crucial é que eles não são centrais em qualquer aprendizagem que ocorrer. O que é central são as consequências das respostas”. Pressupostos teórico-metodológicos: Estimativas ou probabilidades teóricas que são testadas e avaliadas na prática cotidiana. As diversas ciências estabelecem seus pressupostos, mas, com a evolução tecnológica e social, eles podem ser refutados ou confirmados. Por isso, algumas teorias se mantêm, outras podem ser ultrapassadas e negadas, sem que, com isso, sejam consideradas sem valor para a história científica em si. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 21 Aula 2 Exercícios de fixação Questão 1 - D Justificativa: De acordo com os behavioristas, as tendências e aptidões genéticas têm pouco poder de influência sobre as imposições do ambiente social, que prevalecem diante dos comportamentos que serão aprendidos. Questão 2 - D Justificativa: Os behavioristas consideram que o ambiente prevalece sobre todas as características biológicas. Afinal, elas são limitadoras, mas não impeditivas. Para esses teóricos, todos os comportamentos desejados podem ser ensinados. Questão 3 - C Justificativa: Os reforços são recompensas agradáveis ou aversivas para o sujeito que se esforça – aquele que repete o comportamento, a fim de receber novamente a resposta dada pelo meio, ou que evita comportamentos que levem a consequências desagradáveis, caso sejam emitidos. Em ambas as situações, há um efeito sobre a frequência das respostas dadas pelo organismo. Questão 4 - C Justificativa: A psicologia da Gestalt descreve apenas quatro princípios: proximidade, semelhança, fechamento e continuidade. A incongruência consiste na contradição, na incoerência ou inconveniência, e não pode facilitar a percepção. Questão 5 - C Justificativa: Para que os elementos sejam bem percebidos, é necessário ter equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade. Só a partir dessas qualidades TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 22 alcançaremos o que os gestaltistas chamam de boa forma – único princípio simples que governa a percepção e o pensamento. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 23 Luciana Pereira da Silva é Mestre em Ciências da Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Especialista em Psicologia Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Tem experiência na área de Psicologia com ênfase em Psicologia e Saúde, atuando, principalmente, nos seguintes temas: promoção da saúde, educação e saúde, gênero, psicologia e saúde e saúde pública. Já atuou como docente em algumas instituições e, desde 2004, é professora da área de Educação e Saúde da Universidade Estácio de Sá (UNESA). Além disso, é psicóloga do Ministério da Saúde. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0063427615420051 TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina.Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 2 Introdução Até este momento, você já conheceu algumas teorias importantes para a prática pedagógica. Nesta aula, vamos destacar aquelas que contribuíram para a evolução do trabalho docente. Sendo assim, você estudará as vertentes teóricas da aprendizagem de base construtivista e interacionista. Essas abordagens apoiam muitas práticas de sucesso, pois consideram essenciais os vários atores envolvidos no processo de ensino e aprendizagem e, acima de tudo, a participação ativa de alunos e professores para alcançar um aprendizado efetivo e de qualidade. Objetivo: 1. Identificar e descrever os princípios teóricos básicos do construtivismo e do interacionismo, enquanto filosofias e ciências, que embasam a proposta metodológica de uma prática docente de qualidade, atualizada com as mudanças constantes da sociedade e do mercado de trabalho. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 3 Conteúdo Teorias ultrapassadas Na primeira aula, conhecemos os principais conceitos em que se baseiam as discussões sobre a área da educação. Na segunda, identificamos os princípios elementaristas e estruturalistas de aprendizagem, bem como duas importantes correntes teóricas que fundamentaram – e ainda fundamentam – muitas práticas educativas: o behaviorismo e o gestaltismo. Para darmos continuidade a nosso estudo, propomos a seguinte reflexão: Quais são, para você, as características que descrevem os bons alunos? Você acredita que seria possível ensiná-las? Como? As teorias que vimos anteriormente foram muito criticadas por diversos teóricos das mais diversas áreas do conhecimento. Em todas as críticas, expressa-se a insatisfação com um modelo que considera o ser humano passivo diante do mundo – o meio em que vive – ou de suas características herdadas – a priori. No lugar dessas vertentes teóricas, enfatiza-se outro viés cujas bases modificam tais paradigmas ultrapassados. Vejamos, a seguir, em que parâmetros essa nova visão se ancora. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 4 Princípio da transformação Atualmente, as pessoas tendem a rejeitar teorias que não expressem uma visão de mundo dinâmica – com características que englobem o princípio da transformação do ser e do universo. De acordo com Becker (2001, p. 111): “[...] todo o universo, nos níveis micro e macro, está em movimento. Se ele está em movimento, está se constituindo, está se construindo”. Esse princípio da transformação está na essência do próprio indivíduo. Portanto, é necessário buscar e construir teorias que exprimam essa ideia. Na Psicologia, um importante representante dessa abordagem teórica foi Jean Piaget (1896-1980). Esse estudioso construiu um corpo teórico-filosófico extremamente relevante para a área pedagógica, denominado epistemologia genética, sobre o qual estudaremos a partir de agora. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 5 “A primeira meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas; homens que sejam criadores, inventores e descobridores.” (Jean Piaget) Epistemologia genética O princípio básico da teoria piagetiana afirma que, assim como os objetos do mundo, o sujeito é um projeto a ser construído, sem existência prévia. Ambos – sujeito e objeto – constituem-se, formam-se e complementam-se mutuamente pela INTERAÇÃO. O mundo de hoje é dinâmico de tal forma que os conceitos, as relações, as tecnologias, os instrumentos utilizados pelo homem estão em constante transformação e evolução. A mudança obriga o indivíduo a repensar, com frequência, sobre si mesmo, sobre seus relacionamentos, suas aquisições e seus valores. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 6 Em função da reflexão anterior, concluímos que todo o conhecimento do homem é construído/produzido a partir das próprias relações e trocas que estabelece com o mundo. Mas como se dá essa construção? Vejamos... HOMEM AÇÃO MEIO A partir do momento em que nasce, o homem atua sobre o meio ambiente em que está inserido: chora, dorme, sorri, manipula os objetos a sua volta. E é através dessas trocas com pessoas e objetos que ele vai conhecendo o mundo. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 7 DESEQUILÍBRIO Quando se depara com situações desconhecidas, o indivíduo “sai de sua zona de conforto” e entra em um estado que chamamos de DESEQUILÍBRIO. ADAPTAÇÃO O estado de desequilíbrio, por sua vez, obriga o sujeito a buscar respostas, a “correr atrás do prejuízo” ou, teoricamente falando, a buscar a ADAPTAÇÃO ao meio. Esse processo consiste em tentar compreender o mundo com os instrumentos e conhecimentos de que se dispõe. ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO Ao perceber que os saberes que possui são insuficientes para lidar com o novo, o homem passa pela etapa de ASSIMILAÇÃO. Sendo assim, ele busca outros conceitos, outros objetos até encontrar aqueles que permitam uma boa relação com esse novo. Nesse contexto, o sujeito entra em um estado de ACOMODAÇÃO. EQUILIBRAÇÃO Por fim, ao mesmo tempo em que encerra uma etapa, o estado de acomodação apronta o indivíduo para novas aprendizagens em um processo dinâmico e constante, denominado EQUILIBRAÇÃO. Atenção De acordo com Becker (2001, p. 112): “O sujeito age sobre o objeto, assimilando-o: essa ação assimiladora transforma o objeto. O objeto, ao ser assimilado, TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 8 resiste aos instrumentos de assimilação de que o sujeito dispõe no momento. Por isso, o sujeito reage, refazendo esses instrumentos ou construindo novos instrumentos, mais poderosos, com os quais se torna capaz de assimilar, isto é, de transformar objetos cada vez mais complexos. Essas transformações dos instrumentos de assimilação constituem a ação acomodadora”. Construtivismo: educar para transformar A partir da compreensão da relação HOMEM-MEIO, é possível perceber que, para o construtivismo, a aprendizagem é um processo dinâmico, ativo, que instiga o sujeito a adquirir novos conhecimentos. Por isso: CONHECER = TRANSFORMAR O OBJETO E A SI MESMO De acordo com a teoria construtivista, o processo educacional implica a transformação dos indivíduos e do próprio mundo. É por meio das interações que mantém com os que estão a sua volta, com sua cultura, que o homem se transforma e pode modificar a si e ao meio a seu redor. Em outras palavras, a construção do conhecimento e a transformação do mundo dependem diretamente das condições inerentes ao sujeito e do meio em que está inserido. No filme “Vem dançar”, por exemplo, podemos destacar algumas personagens que mediante novos conhecimentos e interpretação da realidade tiveram certas posturas que nos permite fazer a ligação entre suas ações e conceitos importantes da teoria construtivista. Assistaao filme e tente identificar. Clique aqui para ler a Sinopse. A concepção construtivista derruba a crença de que o saber é dado a priori – hereditariamente – ou pelo meio – empiricamente. Afinal, de acordo com essa visão: TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 9 O conhecimento é construção! Conforme aponta Becker (2001), essa ideia afeta o pensamento humano, em particular, e a noção de humanidade como um todo, além de modificar toda a forma de conceber a educação. Se o conhecimento não está pronto, se o sujeito é parte intrínseca da produção e reprodução desse saber, há infinitas possibilidades de adquiri-lo. Esse ponto de vista renova a forma de enxergarmos a nós mesmos, às pessoas a nossa volta, às questões sociais e políticas. Mas por que essa teoria ganhou tanta expressão no contexto educacional? Quais são suas influências no cotidiano acadêmico e de que forma modifica as relações pedagógicas? Vejamos a seguir... Atenção Nas palavras de Becker (2012, p. 113-114): “Construtivismo não é uma prática ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar; é, sim, uma teoria que permite (re)interpretar todas essas coisas [...]. Por isso, se parece esquisito dizer que um método é construtivista, dizer que um currículo é construtivista parece mais ainda; e ainda mais esquisito é afirmar que uma escola é construtivista”. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 10 Construtivismo e educação: papel do professor A primeira mudança provocada pelo novo paradigma de formação humana do construtivismo diz respeito à tomada de consciência do professor, que precisa ampliar sua reflexão sobre a prática docente. Suas atitudes devem levar à apropriação de sua própria atuação, construindo e reconstruindo saberes e ações pedagógicas. Ao instaurar a postura crítica sobre sua prática em sala de aula, o profissional da educação passa a preparar a si mesmo e aos sujeitos-alunos para os novos desafios da sociedade, dos relacionamentos e do mundo corporativo. Ele se torna desafiador, provocando desequilíbrios, tirando os estudantes das zonas de conforto alienantes, além de incentivador e mediador do processo de construção de conceitos e de criação de sentidos. Logo, com base na concepção construtivista da aprendizagem, as atividades educativas devem-se voltar para a resolução de projetos e estar contextualizadas com a vida do aluno, com suas necessidades. Fonte:Toonlet Disponível em: http://toonlet.com/archive?m=s&a=1&i=16565. Acesso em 20 de fev. 2014. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 11 O ensino passa a ser, então, um processo compartilhado, permeado por significados orientados para a autonomia do estudante. Construtivismo e educação: papel do aluno Como vimos anteriormente, no contexto educacional, a teoria do construtivismo prega que todo o conhecimento precisa ser significativo e funcional para estimular o desejo do aluno em aprender. Nesse caso, o estudante torna-se um sujeito ativo, orientado pelo professor a atentar tanto para o processo de aprendizagem quanto para o conteúdo alvo de estudo. Por isso, a filosofia do aprender a aprender é tão fundamental! Seguindo essa lógica, educador e educando configuram-se como pesquisadores, atores criativos, questionadores e participantes desse processo. Além disso, as competências do aprendiz, relativas à filosofia do ser e fazer, são estimuladas, bem como a autonomia para governar-se, pensar e decidir por si mesmo. Dessa forma, ele identifica e assume direitos e obrigações tanto diante de si quanto do grupo ao qual pertence, o que estimula a responsabilidade por ele próprio, por seus atos e pelo meio a sua volta. Atenção A partir dos pressupostos construtivistas, a finalidade da avaliação também se altera, tornando-se qualitativa e progressiva. Afinal, considera-se toda a dinâmica envolvida no processo de aprendizagem. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 12 Atividade proposta Antes de prosseguirmos neste estudo, vamos testar seus conhecimentos sobre a teoria do construtivismo? Observe os quadrinhos a seguir: Fonte: QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Refletindo sobre as implicações dos pressupostos teóricos construtivistas no ensino, elabore uma crítica sobre o conteúdo de leitura dado à Mafalda. CHAVE DE RESPOSTA: De acordo com os pressupostos construtivistas, as atividades educativas devem-se voltar para a resolução de projetos e estar contextualizadas com a vida do aluno, com suas necessidades. O ensino passa a ser, então, um processo compartilhado, permeado por significados orientados para a autonomia do estudante. Todo o conhecimento precisa ser significativo e funcional para estimular o desejo do aluno em aprender. Os exercícios devem priorizar a criatividade, e não a repetição. Críticas ao construtivismo O construtivismo, enquanto filosofia, recebeu algumas críticas por negligenciar a função das interações sociais – negligência essa que, talvez, tenha-se originado de uma escolha metodológica. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 13 De acordo com La Taille, Oliveira e Dantas (1992), a teoria construtivista contentou-se em afirmar que há influências e determinações sociais sobre a inteligência humana. Mas, conforme já apontamos, as divergências teóricas são comuns em áreas tão diversas quanto as Ciências Humanas – principalmente a Psicologia. Não é diferente com o construtivismo, que comporta, inclusive, o desdobramento de uma base interacionista, cujos pressupostos afirmam que o homem é um ser eminentemente social. A partir de seus ideais, outros teóricos aprofundaram a relação entre o sujeito e o meio em que vive, dando-lhe a devida importância, sem, contudo, quebrar o paradigma construtivista filosófico. Vejamos em que conceitos se baseavam essas novas concepções. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 14 Fonte: Site Espaço do Suede. Disponível em: http://suedesantos.wordpress.com/2013/09/04/o-maior- culpado-da-educacao-brasileira/. Acesso em 21 de fev. 2014. Interacionismo: interagir é preciso Você acredita que possa haver um homem isolado, independente das influências dos diversos grupos aos quais pertence e dos vários espaços que frequenta? O homem pode estar imune aos legados da história e da tradição? TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 15 De acordo com Gamez (2013), o interacionismo defende uma visão de desenvolvimento baseada na concepção de um ser humano ativo, cujo pensamento é construído, gradativamente, em um ambiente histórico e, por essência, social. Nesse caso, enfatiza-se o referido meio e as inter-relações humanas. No Brasil, um teórico interacionista que vem sendo muito estudado é o russo Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934). O ponto de partida de sua obra são os processos específicos dos seres humanos: a linguagem e a cultura, que compreendem o desenvolvimento do homem a partir de uma perspectiva histórico-cultural. Para essa abordagem, o processo de conhecimento se dá por meio da interação. Mas que mudanças essa perspectiva teórica trouxe com relação à abordagem construtivista? Vamos descobrir adiante... TEORIAS DA APRENDIZAGEM E CONSTR. DO CONHECIMENTO 16 Construtivismo X interacionismo • Para o construtivismo,
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