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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DCV CAMPUS I – SALVADOR Estudo dirigido sobre escurecimento não enzimático (Reação de Maillard e caramelização) 1- O que você entende por Reação de Maillard? Esta reação está dividida em quantas etapas? Descreva sucintamente o que ocorre em cada etapa É uma reação envolvendo aldeído (açúcar redutor) e grupos amina de aminoácidos, peptídeos e proteínas em seu estado inicial, seguida de várias etapas e culminando com a formação de pigmentos escuros. Etapas da reação de Maillard: •1a Etapa: 1.Condensação do açúcar redutor com o aminoácido 2.Desidratação formando uma Base de Schiff 3.Rearranjo para a forma cíclica formando a glicosilamina •2a Etapa (Rearranjo de Amadori): 1.Ocorre entrada e saída de um próton (H+), inicialmente formando o catiônico da Base de Schiff 2.Isomerização formando a forma mais estável ceto (cetosaminas) •3a Etapa: - Formação de redutonas 1.Conversão destes produtos em HMF (Hidroximetilfurfural): o HMF reage com os compostos iniciais, polimeriza-se e forma melanoidinas - Degradação de Strecker: 1.Compostos α-dicarbonila reagem com aminoácidos, produzindo sua degradação 2.Ocorre produção de CO2 3.Ocorre produção de compostos voláteis aromáticos como as pirazinas (dimetilpirazina é responsável pelo aroma das batatas chips) 2- Diga quais os fatores que influenciam na reação de Maillard e descreva de que modos eles agem. A ocorrência da reação em alimentos depende de vários fatores: temperaturas elevadas (acima de 40ºC), atividade de água na faixa de 0,4 a 0,7, pH na faixa de 6 a 8 (preferencialmente alcalino), umidade relativa de 30% a 70%, presença de íons metálicos de transição como Cu2+ e Fe2+, que podem catalisar a reação. Destes fatores, acredito que a temperatura é a mais importante, pois, como o próprio Louis-Camille Maillard mostrou, aminoácidos e açúcares redutores iniciam a cascata de reações durante o aquecimento. 3- Além da reação de Maillard existem outras reações que provocam escurecimento químico nos alimentos. Diga quais são. O escurecimento enzimático, Caramelização e Oxidação da vitamina C 4- Explique o fenômeno da formação do caramelo quando a sacarose é aquecida na ausência de água. Durante o processo de caramelização, o aquecimento do açúcar, geralmente em temperatura acima de 120°C, leva à desidratação e geração de duplas ligações com formação de anéis e compostos lábeis, que se condensam e formam polímeros que dão cor de caramelo. A reação se inicia pela desidratação do açúcar redutor com rompimento das ligações glicosídicas, introdução de ligação dupla e formação de intermediários incolores de baixo PM; os polissacarídeos são hidrolisados para monossacarídeos. A fração de baixo PM presente na mistura caramelizada possui, além do açúcar que não reagiu, ácido pirúvico, aldeídos e derivados do furano. A reação de caramelização é essencialmente iônica, podendo ser catalisada por ácidos (pH: 2-4) ou bases (pH: 9-10). A velocidade da reação é maior em meio alcalino. 5- Quais os mecanismos de escurecimento do ácido ascórbico? Que implicações nutricionais essa reação traz ao alimento? Que tipo de alimento é mais afetado por esse tipo de reação? A vitamina C oxida-se rapidamente em solução aquosa por processos enzimáticos e não enzimáticos, especialmente quando exposta ao ar, calor e à luz. A reação é acelerada por íons metálicos (Cu++e Fe3+), e em meio de baixa umidade a destruição é função da atividade de água. Na ausência de catalisadores, o ácido ascórbico reage lentamente com o oxigênio. O ácido ascórbico possui 1 grupo carbonila, ele deve passar a ácido dehidroascórbico no início da reação. Este contém 3 grupos carbonilas. Esta substância recebe 2 H+ e chega ao ácido 2,3 dicetogulônico que perde 2 moléculas de água e 1 de CO2 chegando ao furfural. O aparecimento do furfural já indica a tendência à polimerização e formação das melanoidinas com escurecimento. este furfural é um aldeído muito ativo, poderá combinar-se com grupos amino e chegar à reação de "Maillard", mas neste caso, esta reação é típica de meio alcalino, portanto não poderá ocorrer em sucos, mas pode aparecer em repolhos desidratados. Certas enzimas, tais como a peroxidase e ácido ascórbico oxidase presentes nos alimentos também aceleram a oxidação do ácido ascórbico. Essas enzimas devem ser inativadas para prevenir as perdas oxidativas do ácido ascórbico. A oxidação indireta do ácido ascórbico ocorre pela ação das quinonas oriundas da oxidação de compostos fenólicos pelas PPOs. A velocidade da oxidação aeróbica é dependente do pH; é mais rápida e a degradação é maior em meio alcalino. Em pH muito ácido, o íon hidrogênio catalisa a decomposição do ácido ascórbico pela hidrólise do anel da lactona e, com a adicional descarboxilação e desidratação, ocorre a formação do furfural e dos ácidos A oxidação aeróbica do ácido ascórbico produz além do dehidroascórbico, a água oxigenada. A destruição anaeróbica do ácido ascórbico deve ser também levada em consideração. A velocidade desta reação é independente do pH, exceto na faixa de 3,0 e 4,0, em que há um ligeiro aumento da oxidação. Dentre os aceleradores desta reação estão a frutose, frutose – 6 – fosfato, sacarose e frutose caramelizada, sendo o produto final da reação o furfural e o CO2 Essa função como agente redutor ou antioxidante da vitamina C é muito importante para a indústria de alimentos, pois se calcula que em torno de 50% da perda de frutas tropicais no mundo ocorre em razão da enzima polifenol oxidase, que causa essa oxidação das frutas. Assim, para evitar que o alimento sofra alteração, atualmente muitos alimentos industrializados recebem adição de vitamina C. Essa medida é prática porque também confere ao alimento o valor nutricional da vitamina C, que previne doenças como o escorbuto, além de atuar na acumulação de ferro na medula óssea, baço e fígado; na produção de colágeno, que é uma proteína do tecido conjuntivo; também na manutenção da resistência do organismo a doenças bacterianas e virais; na formação de ossos e dentes; na manutenção dos capilares sanguíneos, entre outras. 6- Quais as implicações nutricionais positivas e negativas que a R de Maillard provoca no alimento? Que enfoque toxicológico pode-se fazer quanto a essa reação? Estabeleça uma relação entre a Reação de Maillard X envelhecimento X Diabettes melitus. Em termos nutricionais, essa reação provoca perda de certos aminoácidos ógico está ligada à formação de compostos mutagênicos. No processamento dos alimentos, a reação pode conferir aspectos positivos, como a formação do odor e sabor atrativos, mas acarreta também consequências nutricionais negativas, como a perda de aminoácidos essenciais e a formação de substâncias potencialmente nocivas à saúde humana. A formação de AGEs e ALEs (AGEs, do inglês Advanced Glycation Endproducts) e (ALEs, do inglês Advanced Lipoxidation Endproducts), nos alimentos constitui um tema de grande interesse na atualidade, desde que esses compostos tem sido associados a importantes efeitos pró-oxidativos e pró-inflamatórios envolvidos nas alterações metabólicas inerentes ao processo de envelhecimento, mas também à patogênese e à progressão de inúmeras doenças crônicas degenerativas, como o diabetes, o mal de Alzheimer, a insuficiência renal e a aterosclerose. Os AGEs podem causar prejuízos ao metabolismo por meio de dois mecanismos básicos. O primeiro é a modificação da estrutura nativa de biomoléculas, destacadamente a alteração conformacional de proteínas intra e extracelulares e o segundo via a interação desses produtos com receptores sensíveis a AGEs, presentes em uma grande variedade de células, tais como as endoteliais, os monócitos, macrófagos, adipócitos e podócitos,induzindo ao estresse oxidativo, à produção de citocinas inflamatórias e de fatores de crescimento, contribuindo assim para o surgimento e a progressão de diversas patologias Júnia H. Porto Barbosa*, Isis T. Souza, Antônio E. G. Santana e Marília O. F. Goulart Instituto de Química e Biotecnologia, Universidade Federal de Alagoas, 57072-970 Maceió – AL, Brasil ARAÚJO, J. M. A. Química de Alimentos, Teoria e Prática. UFV, Impr. Univ. Viçosa: 1995, 335 p. BOBBIO, P. A. Química do Processamento de Alimentos. 2ª ed. Varela, São Paulo: 1992
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