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RESUMO PROCESSO TRABALHO

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Da competência territorial na 
Justiça do Trabalho 
Interpretação sistemática e teleológica do Artigo 651 
da CLT 
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5 
 
Publicado por Pedro Igor Papalino 
há 2 anos 
24,1K visualizações 
Resumo 
O objetivo do presente trabalho não é exaurir o tema, mas sim 
discorrer acerca da regra geral contida no “caput” do 
art. 651 da CLT. A regra geral contida no art. 651 da CLT é 
taxativa e dispõe que: “a competência das Varas do Trabalho é 
determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou 
reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha 
sido contratado noutro local ou no estrangeiro” Contudo, a 
interpretação literal do referido dispositivo implica em 
verdadeira obstrução ao firme acesso da Justiça, de modo que 
fere dispositivos e princípios constitucionais. 
Palavras chave: Art. 651 da CLT; Competência Territorial -
 RATIONE LOCI; Flexibilização do Art. 651 da CLT; 
Interpretação Sistemática E Teleológica do Art. 651 Da CLT. 
Abstract: The objective of this study is not to exhaust the 
subject, but dwell on the general rule contained in the "caput" of 
art. 651 of the Labor Code. The general rule contained in Art. 651 
of the Labor Code is exhaustive and determines that "the 
jurisdiction of the Labor Courts is determined by the location 
where the employee, complainant or complained, provide 
services to the employer, even if it has been hired elsewhere or 
abroad" However, the literal interpretation of said device 
involves real obstruction to access firm of Justice, so that hurts 
devices and constitutional principles. 
Keywords: Article 651 of the Labor Code.; Territorial 
competence - ratione loci; Easing of Art. 651 of the Labor Code; 
Systematic and teleological interpretation of Art. 651 The CLT. 
Sumário: 1. Introdução. 2. A flexibilização do art. 651 da CLT, 
de acordo com a interpretação sistemática e teleológica. 3. 
Considerações finais. 4. Referências bibliográficas. 
1) INTRODUÇÃO: 
Diferente do que ocorre na esfera cível, no qual o Código de 
Processo Civildetermina que a ação deve ser proposta no 
domicílio do réu, o caput do artigo651 da Consolidação das Leis 
do Trabalho determina que a regra geral para o ajuizamento da 
reclamação trabalhista é o local da prestação do serviço, in 
verbis: 
Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e 
Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, 
reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, 
ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. 
Assim, a ação trabalhista deve ser proposta no último local da 
prestação de serviço do empregado, ainda que o empregador 
tenha sido contratado em outra localidade ou no estrangeiro. ¹ 
O objetivo da lei é que o empregado possa propor a ação no local 
em que tenha condições de melhor fazer sua prova, que é no local 
onde por último trabalhou. ² 
Cumpre trazer à baila entendimento convergente ao exposto 
acima, vejamos: 
“Desta feita, resta claro que o artigo 651, da CLT, ao prever a 
competência territorial das varas do trabalho, não está negando 
e muito menos prejudicando o acesso à justiça ou a isonomia 
processual, muito pelo contrário, a regra prevista neste artigo 
apenas regulamenta o melhor local para o ajuizamento da ação 
laboral e ainda proporciona a faculdade de escolha do melhor 
foro em uma das suas exceções, prevista no parágrafo 
terceirodo artigoo supracitado, oferecendo à parte 
hipossuficiente todas as condições necessárias para que o Poder 
Judiciário possa apreciar a ameaça ou a efetiva lesão ao seu 
direito. Considerando ainda a árdua história do direito do 
trabalho, tanto material como processual, não há dúvidas de 
que se houvesse a remota chance de ser a regra da competência 
territorial prejudicial ao empregado tal dispositivo já teria sido 
banido daCLT e a exceção de incompetência não teria qualquer 
validade ou talvez não haveria a sua previsão nestes casos, 
sendo qualquer juízo competente para julgar os processos 
laborais.” ³ 
Complementando este raciocínio, alguns doutrinadores 
entendiam que, mesmo que a matéria fosse unicamente de 
direito, deveria a ação ser proposta no último local da prestação 
de serviços do empregado. 
Contudo, a rigidez na aplicação do referido dispositivo vai de 
encontro a dispositivos constitucionais e princípios trabalhistas. 
2) A FLEXIBILIZAÇÃO DO 
ART. 651 DA CLT, DE ACORDO COM A 
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA E 
TELEOLÓGICA: 
Não obstante a regra geral contida no art. 651 da CLT disponha 
que: "a competência das Juntas de Conciliação e 
Julgamento é determinada pela localidade onde o 
empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços 
ao empregador...", sabe-se que na fixação da competência 
territorial, deve-se dar relevância à questão da hipossuficiência 
econômica do trabalhador, bem como, facilitar o seu livre acesso 
ao Poder Judiciário. 
Assim, tem-se que a interpretação do art. 651 da CLT não pode 
ferir os princípios constitucionais da inafastabilidade da 
prestação jurisdicional, da celeridade e da duração razoável do 
processo. 
Neste contexto, é imperioso destacar que perante a 
Justiça Especializada vigora o princípio protetivo do 
trabalhador, de modo que, aplicando tal diretriz ao caso 
concreto, conclui-se pela possibilidade da demanda no 
foro que se afigure mais acessível ao empregado. 
Com efeito, o entendimento já sedimentado pelo C. TST 
repousa no sentido de que a garantia do acesso à Justiça 
abrange o entendimento de que é competente o foro do 
domicílio do trabalhador, nos casos em que tal lhe seja 
mais favorável, em detrimento da regra prevista 
no caput do artigo 651 da CLT. 
Ora, trata-se de fato notório que inúmeros trabalhadores de 
nosso país transcendem os alicerces de seus lares e mudam-se de 
cidades a fim de conseguir encontrar o tão “almejado emprego”. 
E levando em consideração este contexto, também é notório o 
fato do obreiro ser a parte hipossuficiente na relação de emprego, 
e exatamente por isto, não seria razoável admitir que 
mesmo após o rompimento do vínculo 
empregatício, com o consequente retorno do empregado 
ao seu “lar”, que o mesmo não pudesse ajuizar a 
respectiva ação naquele local a fim de discutir os erros 
constantes do pacto laboral. 
Exatamente neste sentindo repousa a recentíssima decisão deste 
Egrégio Regional Capixaba (TRT 17ª), vejamos: 
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. EXCEÇÃO 
DE INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DO 
LUGAR. ART. 651 DA CLT. AÇÃO AJUIZADA NO 
DOMICÍLIO DO EMPREGADO. A interpretação das 
normas trabalhistas não deve cingir-se à literalidade, 
devendo ser compreendidas e aplicadas à luz dos 
princípios constitucionais, buscando-se extrair o real 
sentido e finalidade da norma. Destarte, na análise da 
competência em razão do lugar no âmbito trabalhista, deve-se 
harmonizar o normativo legal com os princípios constitucionais, 
notadamente com o princípio do acesso à justiça, insculpido no 
inciso XXXV, do artigo 5º, da cf/88, que encerra um dos mais 
elevados valores a ser tutelado no ordenamento jurídico, pois 
sua inobservância fere de morte o objetivo precípuo do processo, 
que é o fornecimento de uma tutela jurisdicional adequada, 
justa e tempestiva.Portanto, nas hipóteses em que a 
aplicação das disposições doartigo 651 da CLT impuser 
óbice real ao efetivo acesso à justiça do obreiro, 
impedindo. O de exercer o seu direito de ação, 
mormente pela sua manifesta hipossuficiência, em 
evidente malferimento ao artigo 5º, XXXV, da cf/88, há 
de se reconhecer a competência do foro do domicílio do 
trabalhador. 1. (TRT 17ª R.; RO 0001030-
71.2014.5.17.0005; Segunda Turma; Relª Desª Cláudia 
Cardoso de Souza; DOES 13/03/2015; Pág. 117) (Grifamos) � 
Ora, como já fora explanado no v. Acórdão, a interpretação das 
normas trabalhistas não devem cingir-se à literalidade, devendo 
ser compreendidase aplicadas à luz dos princípios 
constitucionais, buscando-se extrair o real sentido e 
finalidade da norma. 
Nesta toada, e ainda, em observância ao princípio da garantia 
constitucional de acesso à justiça e de proteção ao hipossuficiente 
é que o Colendo TST consignou a seguinte decisão, vejamos: 
RECURSO DE REVISTA. EXCEÇÃO DE 
INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL. ART. 651 DA CLT. 
GARANTIA DE ACESSO À JUSTIÇA COMO DIREITO 
FUNDAMENTAL. INTERPRETAÇÃO A LUZ 
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EMPRESA DE 
CONSTRUÇÃO CIVIL DE ÂMBITO NACIONAL. 
RECLAMAÇÃOAJUIZADA NO DOMICÍLIO DO 
RECLAMANTE. POSSIBILIDADE. 
A regra geral para fixação da competência das varas 
do trabalho está prevista no artigo 651, caput, da CLT, 
o qual define o local da prestação de serviços como 
competente para o ajuizamento da reclamação 
trabalhista. A CLT, mediante o § 3º do artigo 651, faculta ao 
empregado optar entre apresentar a reclamação trabalhista no 
foro da celebração do contrato de trabalho ou no local da 
prestação de serviços, nas situações em que o empregador 
realiza atividades fora do lugar do contrato de trabalho. In 
casu, o reclamante foi contratado e prestou serviços na cidade 
de porto velho/ro, local diverso doseu domicílio, aracaju/se, o 
que, em uma interpretação literal do § 3º do artigo 651 da CLT, 
não ensejaria a aplicação do aludido dispositivo ao 
caso. Todavia, as regras de competência territorial 
devem ser interpretadas à luz da Constituição Federal, 
necessitando assegurar, em primeiro lugar, o amplo 
acesso do empregado à justiça, afim de que a 
atribuição da competência territorial ao local da 
prestação de serviço ou ao local da contratação não 
inviabilize o exercício do direito de ação, garantido no 
artigo 5º,XXXV, da CF. Outrossim, em estrita 
observância às normas de proteção do empregado, 
basilar no direito do trabalho, deve-se privilegiar o 
juízo da localidade que seja mais acessível ao 
trabalhador, beneficiando a parte mais hipossuficiente 
economicamente. Isso porque a finalidade precípua das 
regras de competência territorial, no âmbito da justiça 
do trabalho, é beneficiar o empregado, parte 
hipossuficiente, sob pena de negar-se acesso à 
justiça. Daí, a observância literal do artigo 651da CLT, 
pode possibilitar, em determinados casos, a denegação 
do próprio acesso à justiça, como se denota no caso em 
apreço. Ora, se o reclamante reside atualmente na cidade de 
aracaju/se, local sabidamente distante da cidade de porto 
velho/ro. Mais de 4000 km. E, como alega em sua petição inicial 
(a fl. 2), não tem condições de arcar com as custas e despesas 
processuais, impor a fixação da competência para o local em 
que foi contratado e prestou serviços (porto velho/ro), é fixar 
como competente local de difícil acesso para o reclamante, 
tornando inexequível o seu acesso à justiça, ainda mais em se 
tratando de reclamada que é empresa de construção civil, de 
âmbito nacional, que realiza contratação em todo o país. Desse 
modo, entendo que é perfeitamente possível a aplicação 
ampliativa do preceito contido no § 3ºdo artigo 651 da CLT, 
facultando, pois, ao reclamante, a opção de ajuizar a 
reclamação trabalhista no local do seu domicílio. Precedentes 
desta c. Corte na mesma linha. Recurso de revista conhecido e 
provido. (TST; RR 0001189-44.2011.5.20.0002; Sexta Turma; 
Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga; DEJT 18/10/2013; Pág. 
2340) 5 
Assim, impende destacar que, por diversas vezes, o obreiro 
reclama seus direitos em face de empresas que possuem 
representação em diversos estados de nosso país. 
Neste passo, caso o obreiro fosse impossibilitado de discutir as 
obrigações oriundas do seu pacto laboral em seu domicílio contra 
este tipo de empresa, que são atuantes, muito das vezes, no 
cenário nacional ou até internacional, tem-se que o referido ato 
importaria em verdadeira obstrução à Justiça. 
Ora, basta imaginar a situação de um trabalhador que reside na 
região sudeste e fora contratado para trabalhar em Maceió/AL, 
para tanto, utilizemos como paradigma um obreiro que resida em 
Vitória/ES, local de nosso escritório. 
Perceba que a distância que o obreiro teria que percorrer para 
vindicar seus direitos é de 1.618 km. Ora, tal fato importaria 
verdadeira obstrução ao firme acesso da Justiça, tendo em vista 
que a maioria dos trabalhadores não possuiria condições 
financeiras de custear uma viagem desta. 
Assim, para ilustrar ainda mais a situação, trouxemos à baila 
algumas decisões paradigmas de ações que foram ajuizadas pelo 
nosso escritório que flexibilizaram a regra contida no 
art. 651 da CLT, vejamos: 
Processo nº: 0000555-98.2015.5.17.0161 
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL 
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 17ª REGIÃO 
Vara do Trabalho de Linhares/ES 
NEILA MONTEIRO COELHO - Juíza Titular de Vara do 
Trabalho - 6 
Conquanto incontroverso o fato do autor ter prestado serviços, 
durante todo o curso contratual, em Itajaí/RJ, vem ganhando 
músculos o entendimento jurisprudencial de que, a depender das 
circunstâncias objetivas do caso concreto, é de se emprestar 
elastério à interpretação do art. 651 e incisos da CLT, 
sobremodo quando a fixação da competência territorial da 
Varas do Trabalho, com base na literalidade do normativo legal, 
resultar em violação ao princípio de acesso à jurisidição. Basta 
ler os arestos transcritos pelo excepto em sua manifestação de Id 
b0ab0ae. No caso sob apreciação, além da mão-de-obra do 
excepto ter sido arregimentada em Linhares, portanto, desde 
sempre ciente a excepiente do fato de aqui ele manter domicílio, 
ao término do contrato de trabalho sequer foi efetuado o 
pagamento das verbas resilitórias, sob alegação de dificuldades 
financeiras por parte da empresa. Ora, maior razão então se dá 
ao trabalhador em ajuizar nesta Vara a sua reclamação 
trabalhista, já que privado daquela renda resilitória 
imprescindível para lhe assegurar algum fôlego de 
sobrevivência após a perda do emprego. Seria desarrazoado, 
nesta hipótese, exigir que a ação fosse intentada em outro estado 
da Federação, diverso do de seu domicílio, ademais, arcando 
com despesas de locomoção, estadia, alimentação... 
Portanto, à luz do princípio de acesso à justiça e de 
inafastabilidade da jurisdição, de que trata o 
art. 5º, XXXV da CF/88, desacolho a exceção arguída e declaro 
processar competente esta Vara do Trabalho de Linhares para e 
julgar a presente demanda, conforme acima já fundamentado. 
PODER JUDICIÁRIO 
JUSTIÇA DO TRABALHO 
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 17ª REGIÃO 
11ª Vara do Trabalho de Vitória 
RTOrd 0001613-04.2015.5.17.0011 
SONIA DAS DORES DIONISIO - Juíza Titular de Vara do 
Trabalho - 7 
2.1- EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL EM 
RAZÃO DO LUGAR. ART. 651 DA CLT 
Fundada no fato de que o Reclamante prestou serviços em outro 
Estado da Federação, as 1ª e 2ª Reclamadas opõem Exceção de 
Incompetência material, deduzindo o art. 651 da CLT, como 
fundamento da sua alegação. 
Não têm razão. Conquanto o do art. 651 da CLT, estabeleça de 
formacaput ordinária, que a competência se dá em razão do 
lugar da prestação de serviços, a interpretação que se deve dar 
a essa disposição não pode ser meramente literal, por não 
atender às premissas que fundaram a distribuição do exercício 
da função jurisdicional. 
Diferentemente da distribuição de competência entre Justiças 
diferentes, e entre juízes superiores e inferiores, competência 
funcional e material, que não pode ser modificada ante a 
prevalência do interesse público, a competência territorial pode 
ser modificada ou prorrogada, pois o interesse em jogo é de 
natureza privada e particular. Diante disso, a opção legislativa 
foi a de proteger o interesse da parte em se defender melhor: no 
processo civil, prevaleceu o do réu, conforme art. 94 do CPC, já 
no processo do trabalho, o do economicamente mais fraco,nos 
termos dos §§ 1º a 3º do art. 651 da CLT. 
Logo, a despeito de a norma trabalhista estabelecer como regra 
geral, o foro do local da prestação de serviços, ela própria se 
contingencia, permitindo exceção, conforme dicção da parte 
final do § 1º do art. 651 daCLT. 
Mas ainda que assim não fosse, a empresa não teria razão, 
porque nenhuma regra processual se presta a 
desfavorecer aquele que a lei procurou proteger. Logo, 
não é lógico que se exija que o hipossuficiente se 
desloque para outro Estado da Federação, para efetuar 
a defesa dos seus direitos. Não por outra, a razão de o 
art. 101 da Lei 8.078/90 ter estabelecido como foro, o do 
domicílio do Autor nas ações de responsabilidade civil. 
Portanto, todo o nosso sistema normativo brasileiro está 
concebido para a proteção do sujeito economicamente mais 
fraco. 
Assim sendo, rejeito a Exceção de Incompetência 
territorial. 
 
3) CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
Não obstante a existência de regra geral contida no “caput” do 
art. 651 daCLT, nota-se que houve uma construção 
jurisprudencial que flexibilizou a dogmática imposta pelo citado 
dispositivo, sendo que esse novo posicionamento 
éconsubstanciado no princípio basilar da proteção ao trabalhador 
e na preservação do princípio constitucional do acesso à justiça.

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