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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO Aluna: MIRIAN TESKI SALTURATO RA: 1804231 1. Leia com atenção as duas afirmações e responda à pergunta: I- “A ausência de determinantes biológicos de atividade nos seres humanos significa, nos termos de Sartre, que o homem, (...) é de início o não-Ser que adquire o Ser” (Ratner, 1995, p. 14). II- “O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo particular a humanidade” (SAVIANI, 2005, 13). É possível relacionar estas afirmações ao que a professora Tozoni Reis aponta como função do processo educativo? Resposta: Sim, porque “o processo educativo é um processo de formação humana, isto é, um processo em que todos os seres humanos – que nascem inacabados do ponto de vista das características humanas – são produzidos, construídos, como humanos. É um processo – histórico e social – de tornar humanos os seres humanos” 2. Qual a definição de sentimento de infância para Ariès (1981)? Qual a relação deste sentimento com o surgimento da uma nova função definidora da escola moderna? Resposta: Ariès define o sentimento de infância como consciência sobre a particularidade infantil que distingue adulto e criança. Esse sentimento fez surgir uma nova função para a escola que passou a ser entendida e a funcionar como “um meio de isolar cada vez mais as crianças durante um período de formação tanto moral, quanto intelectual, de adestrá-las, graças a uma disciplina mais autoritária, separando-a da sociedade dos adultos. 3. Conceitue “panóptico” e aponte pelo menos três elementos que caracterizam a escola estudada por Ferrari e Dinali como “panóptico”. UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO Resposta: O conceito de panóptico está ligado ao fato de um único vigilante observar todos os prisioneiros, sem que estes possam saber se estão ou não sendo observados. Partindo deste ponto, essa noção se dá pelo fato da escola, utilizar de artifícios que mantenham os alunos vigiados, punidos, recompensados e normatizados. Sendo assim, os autores mostram que a escola estudada é caracterizada como panóptico através da semelhança com o presídio: as grades que o cercam, o controle do portão e o porteiro na entrada; os grandes corredores fechados, no prédio do Ensino Fundamental, e as salas enfileiradas, com escotilhas nas portas, permitindo, a quem circula pelos corredores, ter uma visão do interior das salas de aula; o pátio centralizado entre os dois prédios. 4. Na teoria de Durkheim, qual a relação entre fato social e coerção? Resposta: Para Émile Durkheim, um fato social é qualquer forma de indução sobre os indivíduos que é tida como uma coisa exterior a eles, tendo uma existência independente e estabelecida em toda a sociedade, que é considerada então como caracterizada pelo conjunto de fatos sociais estabelecidos. A coerção social é a força que os fatos sociais exercem sobre os indivíduos levando-os a conformar-se as regras da sociedade em que vivem independentemente de sua vontade e escolha. Ex: adoção de idioma, tipo de formação familiar, código de leis, uso de talheres nas refeições. 5. Tomando o trabalho de Ferrari e Dinali, que aborda fundamentos da teoria de Michel Foucault, explique o que é disciplina e se a vigilância é um mecanismo da disciplina? Resposta: De acordo com o trabalho estudado, podemos dizer que a disciplina é uma modalidade do poder, uma forma mesma do poder. Para tanto, ela se caracteriza por métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo e que realizam a sujeição de suas forças, impondo-lhes uma relação de docilidade/utilidade. A função da disciplina é se apropriar do corpo com a finalidade de aproveitar o máximo de suas potencialidades (FOUCAULT, 1991). E a vigilância se torna uma forma de disciplina para atingir objetivos. UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO 6. Ao abordar em seu artigo as práticas docentes em sala de aula, Antonio Nóvoa define e explica os “efeitos da moda”. Como Nóvoa explica a circulação rápida dos “efeitos da moda” e qual a crítica que faz? Resposta: Os professores são desde sempre um grupo profissional muito sensível aos efeitos de moda. Hoje, mais do que nunca, as modas invadem o terreno educativo. Em grande parte, devido à impressionante circulação de ideias e à velocidade quase delirante das inovações tecnológicas. A adesão pela moda é a pior maneira de enfrentar os debates educativos, porque traduz uma “fuga para a frente”, um opção preguiçosa, porque falar de moda dispensa-nos de tentar compreender. A moda é a não-diretividade; vamos todos praticar a não-diretividade. A moda é o trabalho de grupo; todos a organizar grupos, e mais grupos, e mais grupos. A moda é a pedagogia por objetivos; cumpra-se a pedagogia por objetivos. A moda é o ensino reflexivo; vamos todos refletir já, rapidamente e em força. A moda são os audiovisuais, ou os computadores, ou as histórias de vida, ou o construtivismo, ou o pensamento crítico do professor, ou qualquer outra virá, e outra ainda, sem que para tal sejamos tidos ou achados. Em pedagogia, a moda significa quase sempre... a vontade de mudar para que tudo fique na mesma! Ora, neste mundo marcado pela velocidade das comunicações e da disseminação das ideias, neste mundo invadido por uma inflação tecnológica sem precedentes, é preciso que os professores aprendam a cultivar um ceticismo saudável, um ceticismo que não é feito de descrença ou de desencanto, mas antes de uma vigilância crítica em relação a tudo quanto lhes é sugerido ou proposto. A inovação só tem sentido se passar por dentro de cada um, se for objeto de um processo de reflexão e de apropriação pessoal. 7. Por que, para François Dubet, a organização de salas de aulas homogêneas é um dos mecanismos sutis da exclusão escolar e de reforço das desigualdades escolares? Resposta: Para ele, as escolas homogêneas, não aumentam muito o desempenho dos melhores alunos, mas enfraquecem nitidamente aquele dos alunos mais fracos. Pode-se assim evocar os mecanismos, mais sutis ainda, relativos às decisões que beneficiam sempre os alunos mais favorecidos, cujo desempenho é por antecipação considerado melhor já que eles se beneficiariam de um suporte familiar mais eficaz (Duru-Bellat, Mingat, 1985). UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO No final das contas, os alunos mais favorecidos socialmente, que dispõem de maiores recursos para o sucesso, são também privilegiados por um conjunto de mecanismos sutis, próprio do funcionamento da escola, que beneficia os mais beneficiados. Essas estratégias escolares aprofundam as desigualdades e acentuam a exclusão escolar na medida em que mobilizam, junto aos pais, algo que não é só o capital cultural, este entendido como um conjunto de disposições e de capacidades, especialmente linguísticas. Apela a competências muito particulares referentes aos conhecimentos das regras ocultas do sistema. A escola espera que os pais sejam pessoas informadas, capazes de orientar judiciosamente seus filhos e ajudá-los com eficácia nas suas tarefas. Ao mesmo tempo, fica claro que essa expectativa é cada vez maior e situa-se cada vez mais cedo. Quanto mais os métodos pedagógicos são “ativos”, mais eles mobilizam os pais, seus recursos culturais e suas competências educativas. 8. Considerando que a função social da escola acompanha a complexidade social, adequando- se a ela, explique as características do momento em que vivemos, chamado de intrageracional, e aponte que tipo de formação o momento atualexige. Resposta: Com as transformações aceleradas que acontecem no mundo, a expansão da informação e o conhecimento assumem um papel cada vez mais decisivo em todas as ordens da vida. A formação inicial e centrada na transmissão de conteúdos não é mais capaz de suprir as necessidade educacionais dos indivíduos ao longo das suas vidas, faz-se necessária uma formação mais ampla e adequada às novas demandas da vida contemporanea. A escola, em sua função social, tem um olhar constante voltado à sociedade, conectando seu saber com a prática cotidiana do aluno, preparando-o para o exercício profissional. A experiência de vivenciar as situações de aprendizagem ensina o convívio em grupo, indispensável para a vida e o trabalho.
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