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Universidade Federal de Goiás Escola de Veterinária e Zootecnia Departamento de Produção Animal Prof. Dr. Victor Rezende M. Couto Manejo de fêmeas da desmama ao primeiro acasalamento Introdução • Recria tradicionalmente longa no Brasil – Chega a durar mais de dois anos • Redução no tempo de recria – Maximização do peso ao desmame • Grandes variações na composição corporal e na composição do ganho – Relação direta com a exigência Tabela - Variações na composição corporal e no ganho de peso de um bovino de raça britânica em recria Composição do corpo vazio Peso Vivo (kg) Água (%) Proteína (%) Gordura (%) 200 62,1 19,7 14,2 250 60,0 19,3 17,0 300 58,1 18,8 19,7 350 56,3 18,3 22,4 Composição do ganho de peso Peso Vivo (kg) Água (%) Proteína (%) Gordura (%) 200 57,1 18,3 25,4 300 50,3 15,7 36,2 350 46,9 14,4 41,6 Adaptado das equações do NRC (1996) Composição corporal de bovinos em recria Recria de novilhas • Tempo para atingir a puberdade é determinante na “produtividade” de uma novilha • Precisa estar púbere 60 dias antes de entrar em EM – Fertilidade aumenta até o terceiro ciclo estral Fatores pós desmame que afetam a idade à puberdade • Crescimento – Peso corporal – Ganho pós desmame – Composição corporal • Dieta e nutrientes – Consumo – Alimentação diferenciada – Proteína suplementar – Gordura suplementar • Outros fatores – Estação do ano – Exposição ao touro Crescimento – Peso corporal • Alta correlação com puberdade – 67% de correlação entre PC e Idade à puberdade Crescimento – Ganho de peso pós desmame – Recomendado mínimo de 65% do peso adulto à EM – Maior peso corporal • Maior taxa de estro • Maior taxa de concepção no primeiro serviço • Maior taxa de prenhez • Maior sobrevivência de bezerros • Maior produção de leite • Maior peso de bezerros desmamados Crescimento – Composição corporal • Foi sugerido que deve haver um teor mínimo crítico de gordura para que a puberdade seja alcançada – Teoria com pouca sustentação científica Poucos trabalhos desenvolvidos • Boa correlação com balanço energético Dieta e nutrientes - Consumo • Muitas vezes confundido com crescimento e ganho de peso – Desafio de interpretação • Consumo de nutrientes, sobretudo de energia – Boa correlação com a puberdade • Maior CMS – Menor idade à puberdade – Maior peso à puberdade – Maior concentração de LH, IFG-I – Menor concentração de GH – Maior ECC Dieta e nutrientes – Alimentação diferenciada – em fases • Dieta de curto prazo com alta inclusão de concentrado – Antecipa a puberdade – Maior taxa de prenhez – Maior produção de leite • Resultados pouco conclusivos – Novilhas alimentadas em nível contínuo moderado apresentaram resultado melhor Dieta e nutrientes – Proteína suplementar • Novilhas zebuínas – Melhora o CMS de forragem – Maior ganho de peso – Reduz a idade à puberdade Dieta e nutrientes – Gordura suplementar • Não reduz a idade à puberdade • Aumenta a proporção de novilhas em estro na primeira cobertura • Interação com grupos raciais • Resultados ainda inconsistentes Estação do ano • Ciclo estral não sazonal – Ovinos e equinos são sazonais • Efeito da estação de nascimento sobre a idade à puberdade – Alta correlação com a condição de pastagem encontrada Exposição ao touro • Pode induzir a puberdade – Presença de touros ou rufiões • Resultados pouco conclusivos Período pré desmame vs Maturação sexual e puberdade precoce Período pré desmame vs Maturação sexual e puberdade precoce • Creep feeding – Aumentou a puberdade aos 8 meses em novilhas taurinas de 59,4% para 81,3% – Resultados bem consistentes no sentido de antecipação da puberdade (mais que a suplementação pós desmame) Peso adequado à cobrição (Predominância de animais taurinos na amostra) 375-400kgNível Nutricional Inadequado 300-350 kgNível Nutricional Razoável 250-275 kgNível Nutricional Ótimo Considerando o peso adulto de 500 kg 75-80% do peso adultoInadequado 60-70% do peso adultoRazoável 50-55% do peso adultoAdequado Peso RecomendadoNível Nutricional Fonte: SPIRE e SPIRE (1984) Sistema de manejo 0 40 80 120 160 200 240 280 320 Águ as Águ as- sec a Sec a Sec a-á gua s Águ as Águ as- sec a Sec a Sec a-á gua s Época do ano Pe so em kg PP 14-15 PP 18-19 PP 25-27 PP 25-27 • Maior flexibilidade de ganho de peso • Pasto diferido nas águas • Sal nitrogenado ou suplemento de baixo consumo na seca • 80% do Peso adulto na EM Águas ÁguasSeca Seca Nitrogenado ou Proteinado de baixo consumo 0,2% PV Pasto diferido Pasto diferido Nitrogenado ou Proteinado de baixo consumo 0,2% PV Águas Estação de monta PP 18-19 • Pouca flexibilidade de ganho de peso • Seleção de animais precoces • Estação de monta de outono • Sal nitrogenado ou suplemento de baixo consumo na seca e na EM • 70-75% Peso adulto á EM Águas ÁguasSeca Nitrogenado ou Proteinado de baixo consumo 0,2% PV Pasto diferido Proteinado 0,3-0,4% PV Estação de monta março-abril Seca Pasto diferido PP 14-15 • Manutenção do ganho de peso • Intensificação da produção • Desmama acima de 200 kg (creep) • Suplementos múltiplos em todas as fases • 60-65% do peso adulto à EM Águas Seca Suplementos Multiplos 0,4-0,5% PV Creep-feeding Águas Suplementos Multiplos 0,4-0,5% PV Plano Nutricional Grupo de Manejo – Época do Ano Creep-feeding Recria Recria Recria Águas-seca Seca Seca-águas Águas Mistura mineral 184,5 202,1B 227,8C 261,4C Baixo 186,5 211,8B 239,1BC 276,5BC Médio Baixo 188,8 224,5AB 257,5BC 290,8BC Médio Alto 185,5 224,5AB 257,9B 293,4B Alto 197,2 241,1A 286,8A 330,4A PCF • Benefícios indiretos da suplementação – sobretudo no creep-feeding Animais zebuínos atigem a puberdade com cerca de 65% do peso adulto (NRC, 2000) Sistema superprecoce (Paulino et al., 2006) Sistema precoce (Paulino et al., 2006) Potencializando o crescimento contínuo 150 175 200 225 250 275 300 325 350 Águas-seca Seca Seca-águas Águas Mistura mineral Baixo Médio Baixo Médio Alto Alto Potencializando o crescimento contínuo PCF • E o custo do maior PCF? • Quanto é necessário investir no animal? – PP 14-15 meses - 520 kg de suplemento (730 kg até 18m) – PP 18-19 meses – 210 kg de suplemento • Quanto vale um bezerro a mais? • Quanto vale a seleção de um animal mais jovem? Potencializando o crescimento contínuo Plano nutricional Torna-se extremamente importante o conhecimento das interações ambiente- alimento-animal para que se possa traçar um plano nutricional adequado ao desempenho almejado. Interações dietéticas-digestivas • Efeito da proteína no consumo de MO – Lazzarini (2007) encontrou aumentos no CDMO até níveis de PB de 8% na dieta Interações dietéticas-digestivas • Efeito da proteína na digestibilidade da fibra – Lazzarini et al. (2009) encontrou aumentos fração efetivamente degrada da FDN até níveis de PB de 8,63% na dieta Interações dietéticas-digestivas • Efeito da proteína na digestibilidade da fibra – Lazzarini et al. (2009) encontrou aumentos fração efetivamente degrada da FDN até níveis de PB de 8,63% na dieta 10,83% PB na dieta Interações dietéticas-digestivas • Efeito da gordura na dieta – Segundo Hess (2008) a adição de gorduras na dieta reduz e relação acetato:propionato – Doreau & Chilliard (1997) relataram que essa reduçãoé acompanhada de menor digestibilidade da MO (FDN) – Coppock & Wilks (1991) observaram redução na digestibilidade da fibra em dietas com gorduras acima de 5% da dieta – Seleção de não-celulolíticos (exceção – gorduras protegidas) Interações dietéticas-metabólicas • Gorduras x Reprodução – Petit et al. (2002) observaram aumento no diâmetro do corpo lúteo de e concentrações de progesterona em fêmeas alimentadas com fonte de lipídeos na dieta – Maiores concentrações de progesterona nos ovários foram relatadas por Staples et al. (1997) com a inclusão de farinha de peixe na dieta de vacas – O ácido linoleico inibe a síntese de PGF2α – que por sua vez reduz a taxa de concepção em novilhas – As prostaglandinas do tipo 3 são aumentadas com a inclusão de farinha de peixe ou semente de linhaça na dieta. Elas são inibidoras da ação da PGF2α Interações dietéticas- metabólicas • Gorduras x Reprodução – O glicerol (TGC) é fermentado no rúmen à propionato Gliconeogenese Glicose hipotálamo GnRH – Willianms & Stanko concluem que a hiperlipidemia ou a hipercolesterolemia aumentam a taxa de síntese de progesterona pelo corpo lúteo em novilhas de corte contribuindo para melhores índices reprodutivos – A suplementação com gordura afeta a dinâmica de crescimento folicular em bovinos através do aumento do número de folículos de classificação média (1,5 a 5) (Wehrman et al., 1991; Ryan et al., 1992; Thomas et al., 1997). Interações dietéticas-metabólicas • Gorduras x Reprodução – A suplementação com gordura afeta a dinâmica de crescimento folicular em bovinos através do aumento do número de folículos de classificação média (1,5 a 5) que dobra com 3 a 7 semanas de alimentação (Wehrman et al., 1991; Ryan et al., 1992; Thomas et al., 1997). Considerações finais Um plano nutricional adequado deve ser traçado para se alcançar o peso adequado à cobertura, uma vez que este exerce forte influência sobre a maturidade sexual. No entanto, o desenvolvimento contínuo não pode ser negligenciado. A inclusão de proteína na dieta aumenta a digestibilidade da MS possibilitando maiores consumos e melhores desempenhos em bovinos. Considerações finais A inclusão de gorduras na dieta (ácido linoléico) melhora os parâmetros reprodutivos, porém pode reduzir a população de microrganismos fibrolíticos. Obrigado!
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