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Introdução à PROTESE BUCOMAXILOFACIAL

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1 
 
 
 
1- Introdução à prótese bucomaxilofacial 
 
1. Histórico da prótese bucomaxilofacial. 
2. Desfiguração facial. 
3. Conceito e objetivos. 
4. Classificação das próteses bucomaxilofaciais. 
5. Higienização das próteses bucomaxilofaciais. 
6. Durabilidade das próteses faciais. 
 
1. Histórico da bucomaxilofacial. 
A tentativa do ser humano de restaurar a região buco-maxilo-facial é tão antiga quanto 
à formação das civilizações. A história da odontologia data dos primórdios. Escavações 
arqueológicas têm revelado múmias egípcias com olhos, nariz e orelhas artificiais. Da era dos 
fenícios, cinco séculos antes de Cristo, até hoje, sempre se buscou sanear os defeitos da face. 
Pela estética e pela saúde, reconstruir a face passou a ter o significado de resgatar a identidade 
do indivíduo. Os antigos hindus realizavam narizes artificiais em madeira e marfim e os 
chineses usaram resinas, jade e ceras em próteses faciais. Por volta do século XVI, os metais 
preciosos foram utilizados nestas aloplastias, como a prata e o ouro. No entanto os resultados 
estéticos e funcionais são considerados totalmente deficientes, se comparados aos resultados 
possíveis de serem obtidos atualmente. 
Ambroise Paré (1510-1590), por muitos chamado “O Pai da Prótese Buco-Maxilo-
Facial”, empregava tais madeiras suas próteses, além de próteses nasais em tela, papel e linho, 
na cor da pele do paciente. Paré tem papel importante na evolução da prótese bucomaxilofacial 
(PBMF), pois foi o inventor de inúmeros aparelhos da especialidade, como próteses nasais em 
ouro e obturadores palatinos em esponja marinha, e também foi quem preconizou o primeiro 
aparelho de prótese de língua. Pierre Fouchard, considerado o pai da Odontologia moderna, 
2 
 
 
 
também modificou os obturadores de Paré, além de ter apresentado vários aparelhos para ATM. 
Claude Martin voltou sua atenção para próteses faciais, especialmente para próteses óculo-
palpebrais. 
Antigamente nas guerras os vencedores estigmatizavam os prisioneiros amputando-lhes 
as orelhas e o nariz. Atila, rei dos hunos, usava esse processo, fazendo exceção as crianças e 
aos tocadores de instrumento de sopro. Na antiga Dinamarca, Tycho Brahe, astrônomo 
dinamarquês, perdeu seu nariz em um duelo noturno e recorreu ao “Grande Dane”, médico 
famoso da época, que lhe confeccionou o nariz em ouro e prata. O maior salto na evolução das 
próteses oculares deu-se durante a Primeira Grande Guerra, quando houve a necessidade de se 
repararem inúmeras mutilações. Acredita-se que, nesse período, foram confeccionadas as 
primeiras próteses oculares em resina acrílica e, desde então, esse material tem sido o escolhido 
para a sua confecção. Um dos precursores, o primeiro cirurgião dentista brasileiro a tomar 
conhecimento da especialidade foi Monteiro de Barros. Durante a Primeira Guerra Mundial 
viajou com o grupo expedicionário brasileiro para a França, onde participou dos Centros 
Odontológicos de Campanha do Exército Francês chefiados por Lemaitre. Entusiasmado com 
o que pode observar naqueles centros, ao regressar ao Brasil publica o primeiro trabalho da 
especialidade chamado de “Alta Prótese”. 
O que se nota é que conforme a região e a civilização havia técnicos, artistas ou artesões 
que fabricavam próteses e praticavam restaurações e extrações dentais, enquanto em outras isto 
pertencia à Medicina, sendo praticada por médicos ou por seus auxiliares sob sua supervisão. 
Com o passar dos tempos, os artesões passaram a adquirir conhecimentos básicos de biologia 
e medicina; dava-se o início das Faculdade de Odontologia, como exemplo na América do 
Norte e no Brasil, e a região buco-maxilo-facial constituiu-se área do cirurgião-dentista. 
3 
 
 
 
 A face passou a fazer parte do estudo odontológico. Nesta região localizada na porção 
anterior da cabeça, encontram-se órgãos importantes dos sentidos. A face foi sempre lembrada, 
desde os homens primitivos, em pinturas e esculturas que procuravam retratar seus 
semelhantes. A face, na qual, por sua complexidade muscular mímica, são notados os 
sentimentos, sempre foi exaltada pelos poetas e filósofos: “A face é o espelho d’alma”; “O que 
o coração sente a face retrata”. Didaticamente pode-se dizer que a face exprime personalidade; 
sentimento; comunicação; identificação. E é na face, esta parte tão bela do corpo humano, com 
a qual todos nós nos preocupamos de forma especial, pois a consideramos como nossa primeira 
aparência, nosso “cartão de identidade”, que pode ocorrer desfiguração. 
 
2. Desfiguração facial. 
2.1. Etiologia da desfiguração: 
2.1.1 Malformações: resultam de problemas genéticos (hereditários), mesológicos ou 
mistos quando da formação do ser. 
2.1.2. Mutilações podem ser: patológicas ou traumáticas. Patológicas com a 
leishmaniose, hanseníase, tumores (oncocirugicas), etc. Traumáticas, advindas de um trauma 
acidental: acidentes automobilísticos, domésticos, trabalho, etc; ou de um trauma intencional: 
guerras, etc. 
2.1.3. Distúrbios de desenvolvimento: os mais variados com os hiper e 
hipodesenvolvimentos, sejam da maxila, sejam da mandíbula. 
2.2. Modalidades terapêuticas da desfiguração: 
2.2.1. Autoplastia ou cirurgia plástica reconstrutora: é o primeiro método de 
escolha. Todo desfigurado prefere que sua reabilitação seja pela cirurgia; ser reparado com o 
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próprio tecido. Esta modalidade pertence ao cirurgião plástico. As cirurgias plásticas são 
realizadas com retalho livre região ântero-lateral do antebraço/retalhos regionais. 
2.2.2. Aloplasia ou prótese bucomaxilofacial: quando da contra-indicação da cirurgia 
plástica reconstrutora, seja de forma transitória, quando se aguarda a reabilitação cirúrgica 
final, seja definitiva pela extensão da perda, o único recurso é a aloplasia. A reabilitação 
aloplásica dá-se por material inorgânico e é conhecida correntemente com prótese. No que 
tange à reabilitação da região bucomaxilofacial, teríamos a prótese bucomaxilofacial. 
2.3.3. Misto: o uso de prótese não impede que o paciente seja reabilitado no futuro por 
método cirúrgico. Assim, uma perda pode ser reparada de forma aloplásica e, após algum 
tempo, seja pela evolução favorável da cicatrização, seja por uma melhor condição do paciente, 
ou por avanço das técnicas cirúrgicas, o deformado poderá receber tratamento cirúrgico. Nesse 
casos, pode-se oferecer uma complementação protética. 
 
3. Conceito e objetivos. 
Vários autores tem conceituado a prótese bucomaxilofacial (PBMF) de diferentes 
maneiras. Em resumo a PBMF visa reabilitar o sistema estomatognático através de peças 
protéticas devidamente feitas para esse fim. Estas podem ser próteses oculares, de orelha, de 
nariz, de maxila, de mandíbula, dentes, entre outras. É a especialidade odontológica 
reconhecida pelo C.F.O. (Conselho Federal de Odontologia) e recomendada, o seu ensino, pela 
ABENO (Associação Brasileira de Ensino Odontológico) que compreende o estudo clínico e 
o tratamento (reparação artificial ou correção ortopédica) das lesões congênitas, evolutivas, 
traumáticas (acidentais e cirúrgicas) e patológicas sediadas na boca, maxilares e face. Os seus 
objetivos são restaurar a estética, restaurar a função, proteção dos tecidos, e auxiliar na terapia 
psicológica. A reparação da perda facial acarreta a normalidade das condições psíquicas do 
5 
 
 
 
paciente e sua total reintegração na sociedade. Apesar de avanços consideráveis no tratamento 
dos pacientes com defeitos faciais e das pressões psicossociais a que esses pacientes são 
submetidos. O paciente anoftálmico pode apresentar dificuldades em estabelecer vínculos 
afetivos, de organizar a vida frente às novas circunstâncias,sentimento de inferioridade e 
rejeição em relação ao meio de convivência. A sua falta de independência denota necessidade 
de apoio e encorajamento, sendo assim, um tratamento personalizado pode ser oportuno. 
A PBMF tem uma característica muito peculiar que a torna diferente, é muito 
importante saber lidar com o paciente mutilado, uma vez, que este encontra-se por vezes com 
sentimentos de inferioridade e sofre rejeição em relação ao meio de convivência. Assim este 
paciente deposita na reabilitação todas as expectativas para a exclusão de seus problemas. E a 
PBMF muitas vezes repara apenas parte da função o que é explicado geralmente na consulta 
inicial ao paciente, como a prótese ocular, que não devolve a visão, mas mantém preenchida a 
cavidade anoftálmica, restaurando a direção lacrimal e prevenindo o acúmulo desse fluido na 
cavidade, além de melhorar a aparência estética do paciente. Assim também vêm a prótese 
obturadora que tem a função de obturar o palato de forma a permitir separação das cavidades 
nasal e oral, restabelecendo a normalidade da fala, proporcionando melhora da mastigação e 
deglutição, eliminação da hipernasalidade, com recuperação da qualidade da voz pela redução 
quantitativa no escape de ar nasal durante o sopro e a fala, além de proporcionar condições 
estéticas mais favoráveis e acentuada melhora na qualidade de vida de seus usuários. No 
entanto a PBMF infelizmente não consegue restabelecer em 100% a função do tecido natural 
do paciente que fora perdido, o que em alguns casos torna-se de difícil aceitação pelo paciente 
que já se encontra em um quadro de depressão. O procedimento protético tem que ser 
personalizado e realizado de forma totalmente individualizada, sempre respeitando as 
características anatômicas e a tonalidade da pele de cada paciente. 
6 
 
 
 
4. Classificação das próteses bucomaxilofaciais. 
De um modo geral as próteses bucomaxilofaciais podem ser divididas em restauradoras 
ou complementares. Dentre as restauradoras têm-se as internas que se encontram na intimidade 
do tecido, visando substituir uma perda óssea ou reparar deformidades do contorno facial; e as 
externas que podem ser intra-orais, oculares ou faciais. Todas as próteses externas podem ser: 
imediatas, temporárias ou reparadoras. No caso das próteses imediatas elas promovem 
cicatrização com mínima infecção cirúrgica. As próteses complementares auxiliam no 
tratamento plástico-cirúrgico, seja no pré, trans ou no pós-operatório, ou até mesmo em sessões 
radioterápicas (as próteses portam elemento radioterápico). 
4.1. Próteses externas intra-orais: as mutilações intra-orais de palato duro e mole, e 
de assoalho de boca acarretam graves defeitos orais ao paciente, com repercussões sociais e 
emocionais devido à presença de distúrbios estéticos e funcionais. A finalidade do tratamento 
protético de pacientes com mutilação intra-bucal é restaurar a função mastigatória, a fonética, 
a estética e restabelecer o bem-estar psicossocial. As próteses são recursos para auxiliar, 
complementar ou suplementar o tratamento cirúrgico, preparando o campo ou corrigindo 
seqüelas inevitáveis da cirurgia. Em alguns casos atuam como recursos definitivos, indicados 
pelas limitações cirúrgicas, visando restabelecer a função e a estética. Quando a cirurgia 
reparadora de defeitos intra-orais for contra-indicada o tratamento deve ser instituído por meio 
de próteses obturadoras palatinas, mandibulares e de língua. 
4.1.1. Próteses obturadoras palatinas: as próteses obturadoras palatinas são próteses 
usadas para obliterar uma abertura de palato, confeccionadas geralmente em forma de 
dentadura com ou sem penetração na cavidade palatina. Sua principal função é obturar o palato 
de forma a permitir separação das cavidades nasal e oral, restabelecendo a normalidade da fala, 
proporcionando melhora da mastigação e deglutição, eliminação da hipernasalidade, com 
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recuperação da qualidade da voz pela redução quantitativa no escape de ar nasal durante o 
sopro e a fala, além de proporcionar condições estéticas mais favoráveis e acentuada melhora 
na qualidade de vida de seus usuários. As aberturas produzidas podem ser muito pequenas ou 
podem incluir alguma porção do palato duro e mole, crista alveolar e o soalho da cavidade 
nasal. Pacientes com defeitos maxilares uni ou bilaterais apresentam colapso facial, debilidade 
funcional na mastigação e deglutição, fala ininteligível, secura das mucosas, e formação de 
crostas na área cicatricial. A ausência de suporte, retenção e estabilidade são problemas comuns 
de pacientes com maxilectomia que se submetem ao tratamento protético. 
Segundo Wang (1997), os fatores que afetam o prognóstico protético desses pacientes 
são o tamanho do defeito, o número de dentes remanescentes, a soma de estruturas sadias 
remanescentes, a qualidade da mucosa existente, terapia com radiação, e aptidão dos pacientes 
em aceitar ou não o tratamento protético. Pacientes que foram submetidos a uma maxilectomia 
unilateral possuem prognóstico favorável à reabilitação protética. Para pacientes 
completamente desdentados, o procedimento de maxilectomia usualmente resulta em 
prognóstico protético pouco favorável, pela inadequada área destinada ao apoio da prótese, 
falta de estabilização na abóbada palatina e falta de estruturas para sua retenção. O tratamento 
protético é extremamente difícil após uma remoção total maxilar e somente com a completa 
integração entre médico e protesista, será possível alcançar um resultado aceitável. Essa 
integração é fundamental, nesses casos, para que se obtenha o mais adequado plano de 
tratamento para o paciente, preservando estruturas sadias e, quando possível, realizando 
enxertos ósseos ou de pele na parede da cavidade sinusal. As próteses obturadoras podem ser 
imediatas, confeccionadas antes da cirurgia, com intuito de proteger a cavidade cirúrgica; 
provisórias ou temporárias, confeccionadas algumas semanas após a cirurgia, sendo 
individualizadas, com o objetivo de aguardar a reparação tecidual; e reparadora ou 
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restauradora, que é mais estética e funcional, apresentando todas as características de uma 
prótese convencional, confeccionadas após o processo de reparo cicatricial. Essas próteses são 
constituídas por uma porção intracavitária, que preenche a cavidade cirúrgica e, uma porção 
basal, podendo ser tanto uma prótese parcial removível quanto uma prótese total. O defeito, 
em conjunto com as estruturas remanescentes, deve ser usado para prover retenção, suporte e 
estabilidade para o obturador maxilar. 
Entre as próteses reparadoras encontram-se: obturadoras de palato duro, obturadoras 
faringeanas e de recobrimento. As próteses obturadoras de palato duro são indicadas para 
interromper uma comunicação no palato duro com as fossas nasais; para obliterar a 
comunicação temporariamente até que se institua o tratamento definitivo, em alguns casos, 
pode ser o tratamento definitivo. As próteses obturadoras de faringe ou palato mole são 
indicadas para adultos com alguma limitação cirúrgica, quando há grande distância entre a 
parede do palato operado e a parede da faringe, quando não há possibilidade de tratamento 
cirúrgico. As próteses obturadoras de recobrimento são indicadas na reabilitação oral 
definitiva, utilizadas como último recurso, quando todos os tratamentos e cirurgias já foram 
realizados, geralmente recobrem os dentes e o rebordo alveolar, buscando retenção 
principalmente nos primeiros; proporcionam nova arcada dentária artificial. Nos casos de 
cavidades maiores com envolvimento da mésio e/ou supra estrutura dos maxilares, a prótese 
pode ser “open hollow”, evitando-se o peso excessivo. Dessa maneira a extensãoobturadora 
da prótese pode ser feita oca para diminuir o peso da prótese. Alguns clínicos deixam a área 
oca aberta superiormente, e outros optam por colocar uma tampa na região superior ou palatina. 
A colocação dessa tampa impede qualquer refluxo de alimentos ou de líquidos para dentro do 
obturador, evitando a necessidade do paciente de limpar esta área da prótese. 
9 
 
 
 
4.1.2. Próteses mandibulares: as mandibulectomias parciais ou totais podem 
comprometer todo o sistema estomatognático dos pacientes. O prognóstico para segmentos 
edêntulos de pacientes mandibulectomizados torna-se menos favorável quanto maior a 
ressecção. Cada situação requer o mais apropriado protocolo individual de reabilitação. Sem a 
reconstrução cirúrgica pré-protética, a fabricação da prótese torna-se extremamente dificultada. 
A reconstrução protética de paciente submetido à mandibulectomia parcial ou total é um grande 
desafio. Devido à instabilidade da prótese mandibular causada pela grande perda óssea, a 
posição de equilíbrio mandibular é usada como a relação intermaxilar para montagem dos 
dentes posteriores, permitindo liberdade lateral para os movimentos mandibulares. Além disso, 
esses pacientes necessitam de suporte clínico e psicológico. As reabilitações protéticas destes 
pacientes nem sempre permitem o retorno total das funções perdidas, tendo somente a 
devolução parcial de sua estética, por meio de próteses totais mucossuportadas ou próteses 
parciais removíveis dento-suportadas. A função fica invariavelmente comprometida pela 
alteração articular e pequena área basal protética, onde o protesista encontra dificuldades para 
sua otimização e adequada reabilitação. Independente do volume mandibular removido, a 
mutilação acarreta uma série de sequelas funcionais e estéticas aos pacientes. As sequelas 
incluem queda da qualidade mastigatória, pela perda de parte ou da totalidade da mandíbula, 
perda do tônus muscular e xerostomia, causada principalmente pela radioterapia. Estes fatores 
ocasionam ingestão incorreta de alimentos, dificuldades de fonação e deglutição. 
As próteses reparadoras mandibulares devido as mutilações podem ser imediatas e 
tardias. A prótese reparadora externa imediata usa-se nos casos de contra indicação da interna 
imediata. Propõe-se reparar de modo imediato a porção óssea ressecada, evitando a retração 
cicatricial e os desvios fragmentares. São externas porque se situam no meio bucal. Para cada 
caso confecciona-se uma prótese provisória parcial ou total removível que melhor convier. 
10 
 
 
 
Utiliza-se os recursos que a prótese dental fornece para reparar a perda. A confecção da prótese 
reparadora tardia externa é a fase final das perdas de substância da mandíbula. Esta prótese 
geralmente é confeccionada após a correção das possíveis deformidades por meio de aparelhos 
ortopédicos ou por meios cirúrgicos. As próteses mandibulares especiais para a mandíbula são 
necessárias em consequência de resseção com descontinuidade da mandíbula, ou seja, quando 
uma porção da mandíbula foi removida e a continuidade côndilo-a-côndilo foi interrompida. A 
mandibulectomia marginal implica que a margem do osso é ressecada, mas a continuidade da 
mandíbula é mantida. Geralmente, a margem da ressecção está no aspecto coronal e está 
envolvida com neoplasias epiteliais da boca. A mandibulectomia marginal pode ser restaurada 
com uma prótese removível parcial ou total inferior em casos em que a reconstrução dos tecidos 
moles sobre a mandíbula não é totalmente móvel ou compressível. As ressecções mandibulares 
com descontinuidade ocorrem geralmente na face lateral da mandíbula e resultam de lesões 
epiteliais na cavidade oral que recobre a mandíbula. As próteses mandibulares especiais para a 
mandíbula são necessárias em consequência de resseção com descontinuidade da mandíbula, 
ou seja, quando uma porção da mandíbula foi removida e a continuidade côndilo-a-côndilo foi 
interrompida. A obtenção de registros da relação maxilomandibular para esses pacientes é um 
desafio. Os pacientes não possuem um movimento de articulação sobre um eixo condilar. Os 
pacientes devem mover a mandíbula para o lado cirúrgico utilizando seus próprios músculos 
de mastigação alterados. Essa posição gerada pelo paciente deve ser usada como a posição 
relação de oclusão cêntrica. 
4.1.3. Prótese com rebaixamento palatal: é indicada nos casos que a língua ou 
estruturas contíguas da cavidade oral são ressecadas por doenças neoplásicas, devem ser 
considerados na confecção de uma prótese para aumento palatino ou prótese de língua. A 
prótese com rebaixamento palatal é indicada quando a língua ou estruturas contíguas da 
11 
 
 
 
cavidade oral são ressecadas por doenças neoplásicas, os déficits na função da língua estão 
relacionados com a perda de grandes quantidades de massa tecidual, desnervação e fixação da 
porção restante da língua. O tratamento reparador protético pode apenas incluir uma prótese 
para aumento do palato com dentes anteriores para melhorar a deglutição, fonética e estética. 
A prótese para aumento palatino consiste geralmente em uma prótese total superior 
confeccionada com rebaixamento palatal. As técnicas habituais na confecção de próteses 
devem ser usadas. A dimensão vertical é estabelecida pela visualização da forma facial e do 
espaço para a fala. O fonoaudiólogo pode auxiliar no desenvolvimento dos contornos. A área 
de perda de massa ou movimento da língua deve ser correspondentemente aumentada no 
palato. 
4.1.4. Prótese de língua: a face lateral posterior da língua é comumente acometida por 
carcinomas e frequentemente o tratamento envolve excisão cirúrgica e radioterapia. Em 
pacientes com lesões extensas, a ressecção cirúrgica pode incluir o assoalho de boca e o osso 
mandibular em adição à língua. Nestes pacientes pode ocorrer, comprometimento da 
mastigação, da deglutição e da inteligibilidade da fala, dependendo do grau, da extensão e do 
local da ressecção. Além disso, a remoção da língua resulta em instabilidade da prótese 
mandibular em pacientes edêntulos. As dificuldades após a glossectomia são manifestadas por 
meio do acúmulo de alimento na cavidade bucal, dificuldade no trânsito oral, aspirações 
durante e após a deglutição, e fala incompreensiva. A reabilitação funcional é atendida por uma 
ampla série de técnicas e próteses, incluindo enxerto de pele, retalhos miocutâneos locais e 
regionais, línguas protéticas e próteses dentárias, associadas ou não a implantes 
osseointegrados. Durante a reabilitação, a confecção de uma língua com plano inclinado 
posterior, para guiar o bolo alimentar à orofaringe, e uma elevação anterior para articulação de 
fonemas linguodentais e produção de vogais facilitará a mastigação, a deglutição e a fala destes 
12 
 
 
 
pacientes. Associado a isso, pode-se fazer uso da palatografia, personalizando os contornos 
palatais da prótese maxilar à língua, o que eliminará as distorções sibilantes, melhorando a 
inteligibilidade da fala. Antes, durante ou após a reabilitação é interessante encaminhar o 
paciente a um fonoaudiólogo, para aprimorar sua dicção e aumentar a tonicidade da 
musculatura paraprotética, que o auxiliará durante a mastigação e deglutição. 
4.2. Prótese ocular: a perda parcial ou total dos olhos é um fato que compromete no 
ser humano não somente a função perdida da visão, como também a sua auto-estima e convívio 
social. A prótese ocular é uma reabilitação aloplásica, que possui como finalidade primordial 
o resgate da identidade do ser humano e sua reinserção em sociedade, pois os olhos são um 
importante fator na psicodinâmica do indivíduo em função da participação que têm no 
relacionamento humano. Além disso, aprótese ocular tem como função promover a 
sustentação da tonicidade muscular da pálpebra superior, dirigir o lacrimejamento ao seu ducto 
fisiológico, evitando, dessa forma, o empastamento de cílios, a secura da conjuntiva, e as 
atresias das pálpebras por falta de função, bem como proteger a mucosa cavitária de detritos e 
poeiras. Os fatores responsáveis pela perda dos bulbos oculares podem ser divididos em 
patológicos e acidentais. Três são os tipos de cirurgias óculo-órbito-palpebrais relacionadas 
com a prótese ocular: evisceração, remoção parcial do bulbo ocular, com a conservação da 
esclera; enucleação, remoção total do bulbo, permanecendo somente a cápsula e os músculos 
oculomotores; e exenteração que remove todo o conteúdo da cavidade orbital e tecidos 
circunjacentes. Devido à grande preocupação em restabelecer o equilíbrio facial, a arte e a 
técnica da confecção de próteses oculares datam de épocas remotas, tendo suas primeiras 
manifestações nos primórdios da humanidade. 
Um dos maiores problemas relatados por pacientes reabilitados por meio de próteses 
oculares é a movimentação limitada das mesmas, o que torna tais próteses esteticamente 
13 
 
 
 
desagradáveis. Para solucionar este problema, sugere-se a instalação de implantes intra-
oculares, que podem ser fabricados em diversos materiais, de características diferentes, com 
suas vantagens e desvantagens. Os implantes intra-oculares podem ser autoplásticos (esclera) 
ou aloplásticos (porosos – hidroxiapatita (HÁ), óxido de alumínio, polietileno (PPOI) - ou não-
porosos (silicone)). Destes materiais, a hidroxiapatita é a mais relatada na literatura, apesar de 
apresentar algumas devantagens. Todos os implantes devem ser recobertos quando da sua 
instalação. A exposição de implantes orbitais porosos pode ser reparada usando diferentes 
materiais, incluindo tecidos homólogos (esclera, mucosa do palato duro, tecido adiposo), 
autógenos (fáscia do temporal, músculo auricular posterior, músculos abdominais), 
xenoenxertos (pericárdio bovino) e materiais sintéticos (Vicryl. Dexon, polyester-uretano, 
polietra-fluoretileno), sendo que cada um também apresenta suas peculiaridades. Os materiais 
mais comumente utilizados como implantes intra-oculares são a HÁ e o PPOI. Os implantes 
de HA são caros e passíveis de provocar danos ao ecossistema, ao passo que o PPOI apresenta 
um custo relativamente baixo e não provoca danos, são biocompatíveis e as possíveis 
complicações são comparadas as dos implantes de HÁ. O potencial benéfico dos implantes 
porosos inclui uma melhora na mobilidade protética e uma incidência reduzida da migração e 
da extrusão dos implantes. Quando técnicas cirúrgicas semelhantes são usadas não há diferença 
para a mobilidade protética entre implantes porosos sem pegs e esféricos não porosos para 
recobrimento de esclera. O recobrimento suaviza o contato das próteses com os implantes na 
órbita e o reposicionamento dos músculos extraoculares, além de funcionarem como uma 
barreira entre o tecido liso e a superfície áspera do implante, protegendo os implantes da 
exposição ou erosão. A incidência de exposição é influenciada por doenças oculares prévias, 
cirurgias oculares, pelo tamanho do implante, e por uma implantação secundária. Essa pode ser 
conseguida por meio da utilização de implantes orbitários (polimetilmetacrilato, polímero 
14 
 
 
 
vegetal, hidroxiapatita sintética, polietileno poroso, etc) que facilitam a motilidade das próteses 
oculares, ou mesmo com a reprodução fiel da íris sã do paciente. 
Durante a confecção da prótese ocular, alguns aspectos importantes na sua dissimulação 
devem ser considerados, como sua leveza, morfologia da face anterior, escolha correta das 
cores da íris artificial e esclera. A prótese ocular é constituída pela esclerótica, confeccionada 
com resina acrílica branca, caracterizada por vênulas, representando a esclera do olho humano. 
Sobre essa esclerótica é posicionado o botão de íris artificial, que é a associação da pintura com 
a calota incolor. Esta última pode ser confeccionada industrialmente, ou obtida por meio da 
prensagem de resina acrílica sobre a pintura. Essa camada de resina incolor pode variar de 1 a 
3,5 mm, permitindo, pela sua translucidez, a perfeita visualização da íris artificial, em 
profundidade e naturalidade, semelhante ao olho natural, a fim de alcançar estética e harmonia 
facial. Vários autores sugeriram as mais variadas técnicas de obtenção do botão de íris artificial, 
como a pintura convencional e mistura de monômero-polímero sobre a íris artificial, a técnica 
da pintura invertida com a utilização de calotas pré-fabricadas e, também, a reprodução 
impressa ou fotográfica da íris sã do paciente, associada a mistura de monômero-polímero ou 
a calotas pré-fabricadas. Segundo a literatura, a utilização de calotas pré-fabricadas confere à 
prótese ocular propriedades físicas semelhantes à utilização da resina acrílica incolor em 
mistura monômero-polimero. 
A pintura da íris artificial é o passo mais delicado e requer método e disciplina 
rigorosos, para que o resultado seja satisfatório. Portanto, deve-se considerar, durante a pintura, 
a qualidade da tinta utilizada e as diferenças entre as técnicas de obtenção do botão da íris 
artificial. Estes fatores são importantes, a fim de prevenir descoramento, manchas e alteração 
de cor diante dos procedimentos de envelhecimento, limpeza e manuseio da prótese pelo 
paciente. O botão de íris artificial pode sofrer alterações de cor ao longo do tempo, sendo essas 
15 
 
 
 
alterações clinicamente observadas e, às vezes, quase imperceptíveis a olho nu; no entanto, elas 
podem vir a se tornar acentuadas, o suficiente para levar a indicação da confecção de nova 
prótese, mesmo quando a outra ainda apresenta boa adaptação. Quanto às tintas utilizadas na 
confecção da pintura de íris artificiais, existem as tintas aquarela, guache, tinta a óleo, 
automotiva e tinta para modelismo, em diferentes superfícies, como papel, discos de acetato e 
resina acrílica. Alguns estudos demonstram que as tintas guache e acrílica, quando empregadas, 
apresentam alteração de cor, e a tinta a óleo apresenta melhor estabilidade de cor frente à ação 
degradante dos agentes ambientais. Além disso, a instabilidade de cor pode variar em relação 
à tonalidade do pigmento utilizado. Para permitir a caracterização da esclera e a aplicação da 
resina acrílica ocular incolor, a curvatura anterior superficial da esclera deve ser reduzida em 
1 mm. Fibras de seda vermelha são utilizadas para caracterizar as veias. São aplicadas com 
auxílio de uma pinça clínica e sobre elas é aplicado monômero. A partir daí, a prótese está 
pronta para o processamento final com a aplicação da resina acrílica incolor. 
As próteses oculares devem receber o polimento mais cuidadoso possível previamente 
a sua instalação, devendo ser polidas periodicamente, para evitar o acúmulo de microrganismos 
em sua superfície. A rugosidade das próteses oculares, frequentemente, também pode causar 
irritação e consequente alteração humoral, mas não tão frequentemente quanto promove 
conjuntivite superficial crônica, devendo ser repolidas. 
4.3. Próteses faciais: são próteses restauradoras que visam reconstruir, artificial ou 
aloplasticamente, perdas de tecidos das diversas regiões da face e do pescoço, restaurando a 
aparência e a função, protegendo os tecidos expostos e cruentos e, servindo como terapia 
psicológica. De um modo geral as próteses faciais se resumem em nasal, labial, oculopalpebral, 
auricular, calota craniana, prótese para traqueostoma e, em casos de comprometimento de 
tecido mole conjuntamente com o suporte ósseo têm-se as próteses para as grandes perdas da16 
 
 
 
face. Todas as próteses faciais tem por função primordial o restabelecimento da estética. Mas, 
pelo contrário do que se pensa, elas possuem outras funções. Por exemplo, a prótese nasal 
facilita a canalização do ar, melhorando a fonética. A prótese labial devolve o suporte e o 
vedamento dos lábios. A prótese auricular melhora o reconhecimento da audição e de discurso 
em ambientes ruidosos. As calotas cranianas protegem da massa encefálica. A prótese para 
traqueostoma filtra o ar inspirado e mantém cerca de 60% mais umidade e calor nas vias 
respiratórias, o que seria perdido com o traqueostoma aberto, além disso, estimula a 
musculatura envolvida na função respiratória pois oferece resistência à passagem do ar 
equivalente à da cavidade nasal. Prótese oculopalpebral é a restauração aloplásica do olho e da 
região palpebral. Esta modalidade de prótese facial é particularmente indicada para a reparação 
artificial das lesões produzidas pelo tratamento cirúrgico da região bléfaro-ocular. Segundo 
Neves & Villela (1998), uma prótese facial esteticamente agradável deve imitar ou reproduzir 
forma, volume, posição, textura, translucidez e cor da parte perdida, sendo quase que 
imperceptível àqueles que observem seu portador. 
4.3.1. Materiais de confecção das próteses faciais: a procura por um material ideal 
para a reabilitação protética de pacientes com desfiguração ou deformações bucomaxilofaciais 
existe desde os primórdios da história. As formas mais primitivas de próteses faciais eram 
construídas em madeira, marfim, ceras e metais. Sabe-se que as possibilidades de reconstrução 
protética encontram-se aumentadas pelo freqüente surgimento de materiais capazes de 
substituir os componentes faciais ausentes, como as resinas acrílicas, poliuretanos, cloretos 
polivinílicos, polietilenos e silicones. Os materiais utilizados para confecção das próteses 
faciais exigem importantes requisitos para que assim possam adequadamente atingir os 
objetivos almejados com a reabilitação protética, principalmente no que tange à estética, 
durabilidade e cuidados no procedimento do material. 
17 
 
 
 
Os principais materiais utilizados na escultura das próteses bucomaxilofaciais são as 
cera. Atualmente, tem-se empregado também massa para modelar. As características da cera 
são: é um material resistente; apresenta boa textura; é de fácil obtenção; sua cor pode ser 
alterada de forma a não causar distorções visuais; sob baixas temperaturas, as ceras vermelhas 
e azuis não aceitam modelagem plástica, devendo ser entalhadas (esculpidas); quando sua 
composição tem maior porcentagem de cera virgem, apresentam baixo ponto de fusão; a cera 
número 07 odontológica pode ser bem indicada. 
Atualmente, os materiais mais utilizados para a confecção de próteses 
bucomaxilofaciais são a resina acrílica termicamente ativada e os silicones, polimerizados pelo 
calor (HTV) ou pela temperatura ambiente (RTV). A resina acrílica é mais indicada na 
confecção de próteses complementares, restauradoras internas e externas: oculares e bucais. O 
silicone elastomérico foi primeiramente utilizado para próteses faciais por Barnhart em 1960 
e, desde então, tornou-se o material de escolha para este tipo de prótese, devido às suas 
propriedades químicas inertes, resistência, durabilidade e facilidade de manipulação. A resina 
acrílica, comparada ao silicone, apresenta baixo custo, é mais durável e mais fácil de ser 
adquirida, entretanto, não possui a flexibilidade do silicone, que é um requisito indispensável 
para que a prótese tenha a estética e o conforto requeridos pelos pacientes. A grande limitação 
do emprego do silicone como material para a confecção das próteses faciais é a sua rápida 
degradação e instabilidade de cor, causadas pela exposição aos raios ultravioletas, à poluição 
do ar e às mudanças de temperatura e umidade. 
4.3.2. Pigmentos: para que uma prótese bucomaxilofacial apresente estética agradável 
sendo bem aceita pelo paciente, esta deve ter a incorporação de pigmentos. A maioria dos 
materiais para confecção das próteses faciais e oculares são incolores e transparentes, sendo, 
portanto, necessário, torná-los translúcidos e coloridos. A pigmentação pode ser realizada 
18 
 
 
 
intrinsicamente, extrinsicamente ou mesmo associando os dois métodos. A cor e a habilidade 
das próteses faciais de se misturarem visualmente com o tecido circunvizinho têm maior 
influência na estética. Por isso, para cada tom de pele é necessário a utilização de diferentes 
pigmentos para realizar a coloração da prótese, podendo estes serem orgânicos ou inorgânicos, 
sendo os orgânicos mais instáveis em relação à cor. 
Durante a pigmentação destas próteses, a utilização de opacificadores, tais como o 
dióxido de titânio e o sulfato de bário, em proporções pequenas, torna-se necessária para dar 
opacidade e até mesmo, para aumentar o tempo de vida útil do material. As íris artificiais da 
próteses oculares podem ser pigmentadas com diferentes tintas como guache, acrílica, 
automotiva e à óleo. Além disso, recentemente, vem sendo utilizado, para confecção de 
próteses oculares, íris digitalizadas impressas em papel fotográfico que reproduz a cor da íris 
de forma mais fiel, com mínimos ajustes e modificações de cor, proporcionando uma estética 
mais agradável. Em próteses oculares e faciais a perfeita coloração é um dos requisitos de maior 
relevância no que diz respeito à estética da prótese, o que requer do profissional uma 
sensibilidade artística sutil, treinamento intenso e boa visão. 
4.3.3. Meios de retenção: um dos fatores essenciais para o sucesso nas reabilitações 
bucomaxilofaciais está relacionado à estabilidade dos aparelhos protéticos, mantidos em 
posição pelo emprego de diversos artifícios, dependendo do tipo de prótese e do material 
empregado. Os meios de retenção mais comumente utilizados são anatômicos, mecânico, 
adesivo, cirúrgico-protético com implantes osseointegráveis ou mista, associando os meios de 
retenção. O especialista em prótese também pode fazer uso das retenções conjugadas em casos 
em que ocorreu perda de tecido facial e maxilar, fazendo a união das próteses com encaixes, 
ganchos ou magnetos. O uso de implantes nas reabilitações bucomaxilofaciais tem mostrado 
grandes vantagens em comparação aos outros métodos de retenção, influenciando de modo 
19 
 
 
 
positivo na auto-estima e qualidade de vida do paciente, possibilitando sua reinserção em 
sociedade. Isso porque a associação dos implantes aos sistemas de retenção melhora a retenção 
e estabilidade da prótese, facilita a higienização, deixa o paciente mais seguro e confiante na 
retenção da mesma. Entretanto, a utilização dos implantes osseointegrados em pacientes 
portadores de câncer, mais especificamente em câncer de cabeça e pescoço é um método de 
reabilitação recente e ainda com muitas controvérsias. No tratamento de tumores nesta região 
é comum a associação de procedimentos cirúrgicos e radioterápicos que, pelos riscos advindos 
da terapia pós-cirúrgica, contra-indicam a utilização de implantes osseointegrados. Apesar da 
alta taxa de sucesso dos implantes osseointegrados utilizados nas reabilitações bucais, sua 
utilização em pacientes submetidos à radioterapia é motivo de extensa discussão. Por exemplo, 
a literatura mostra que a utilização da oxigenação hiperbárica (HBO) em pacientes que foram 
submeditos à radioterapia pode auxiliar no tratamento com próteses bucomaxilofaciais 
implantorretidas. Assim, esta modalidade de reabilitação ainda é um desafio para a 
implantodontia, com diversos trabalhos clínicos experimentais surgindo para direcionar a 
utilização dos implantes nestes tratamentos. 
4.3.4. Prototipagem rápida:a prototipagem é uma tecnologia que possibilita produzir 
modelos e protótipos diretamente a partir do modelo 3D (obtido por um sistema CAD, por 
digitalização ou por tomografia computadorizada). A partir do modelo 3D, as máquinas de 
prototipagem rápida produzem peças em plásticos, madeira, cerâmica ou metais. Na área 
médica e odontológica são produzidos protótipos com a finalidade cirúrgica e peças protéticas 
bucomaxilofaciais. 
4.4. Próteses radíferas: as próteses radíferas são uma alternativa de tratamento para 
pacientes portadores de tumores malignos. Estas próteses, também conhecidas como aparelhos 
porta-radium, se destinam à braquirradioterapia ou à actinoterapia externa por contato. Esse 
20 
 
 
 
aparelho permite que os elementos radioativos sejam direcionados para o tumor, quase não 
atingindo os tecidos sadios. A confecção desse tipo de prótese, que pode ser de resina ou de 
silicone, envolve uma legião de especialistas: um médico radioterapeuta, um físico e um 
protesista. Essa equipe tem que estar bem integrada para evitar procedimentos incorretos no 
paciente. Após a fixação dos catéteres pelo dentista, o computador irá planejar a distribuição 
das doses terapêuticas adequadas a cada região do tumor. A utilização da prótese radífera 
permite a otimização do tratamento, ao mesmo tempo em que protege os tecidos sadios do 
paciente. 
4.5. Próteses digitais: qualquer tipo de deformidade, facial ou em outra parte do corpo 
humano, pode causar distúrbios psicológicos e emocionais ao paciente bem como aniquilação 
social. A amputação traumática de um dedo pode provocar sérios danos a função do mão. 
Atualmente, muitas lesões e amputações de dedos podem ser resgatados por micro-cirurgia 
através de reimplante. No entanto, em alguns casos, quando a reconstrução não é aconselhável, 
podem ser confeccionadas próteses digitais. Por esses motivos, a reabilitação protética foi 
introduzida e materiais e técnicas foram desenvolvidos para serem utilizados neste processo de 
confecção de próteses digitais. A resina acrílica e o silicone são os mais comuns utilizados para 
este tipo de reabilitação. Embora a resina pode ser facilmente caracterizada e apresenta grande 
durabilidade, é um muito material duro e desconfortável para o paciente. Por outro lado, o 
silicone tem a textura e flexibilidade semelhante à pele, e proporciona uma prótese mais 
confortável além de apresentar melhor capacidade de ligação da prótese a pele. No entanto, 
este material degrada mais facilmente devido à instabilidade de cor quando exposto a radiação 
ultravioleta. Entre as técnicas de escultura existe a técnica do dedo análogo, a qual é realizada 
por meio de moldagem e escultura do dedo de outra pessoa; e também tem-se a técnica baseada 
na reprodução da anatomia do dedo perdido. Atualmente, os métodos para a retenção da prótese 
21 
 
 
 
para o restante da parte do dedo incluem anel, anel duplo, adesivos e implantes 
osseointegráveis. A retenção é o fator determinante principal para o sucesso da restauração 
protética em qualquer parte do corpo. A prótese deve ter no mínimo 1,5 centímetros de 
comprimento para encaixar no coto do dedo amputado. As próteses retidas anatomicamente 
geram efeito de vácuo sobre o coto do dedo amputado. É importante para a estética, função e 
conforto, melhorando assim a qualidade de vida do paciente. Além disso, para melhorar a 
aparência e retenção em cotos curtos, os pacientes podem usar anel na junção entre a prótese e 
coto do dedo amputado. Embora os pacientes frequentemente necessitam de melhor 
reconstrução da mão em casos de lesão ou amputação, próteses podem recuperar apenas 
funções básicas da mão. O controle dedo requer considerável engenharia mecânica que engloba 
uma unidade motora eficiente, o que somente é possível atualmente em protótipos mecânicos 
de próteses de mão confeccionadas na engenharia médica. 
 
5. Higienização das próteses bucomaxilofaciais. 
Sabe-se que o sucesso na adaptação e uso de próteses bucomaxilofaciais depende de 
vários fatores, sendo sua manutenção uma dos mais importantes. Clinicamente, observa-se que 
a maior parte das complicações causadas por próteses está relacionada aos maus cuidados 
dispensados a sua limpeza, desinfecção e conservação. Por isso, é recomendada aos usuários 
de próteses a desinfecção constante destas. Os dispositivos, aparelhos e próteses devem ser 
devidamente higienizados sem que haja qualquer alteração estrutural do material em que foi 
confeccionado. Para efeito didático, podemos dividí-lo em de uso interno e de uso externo, e 
os de uso externo em bucais e faciais. As próteses internas devem ser esterilizadas antes de sua 
colocação. Se forem confeccionadas em metal, o método mais seguro é pelo calor seco (estufa) 
à 160ºC, por 60 min. O silicone pode ser esterilizada pelo calor úmido a 120 ºC por 60 min. 
22 
 
 
 
Próteses internas em resina acrílica não devem ser submetidas ao calor, pois podem sofrer 
alterações dimensionais e físicas. 
Para as peças externas, uma ampla variedade de agentes podem ser usados, tais como 
dentifrícios, sabão neutro e água, produtos comerciais para a limpeza de próteses totais 
convencionais como água e vinagre. Normalmente indica-se a escovação da prótese com estes 
produtos ou a imersão. Uma prótese ocular bem adaptada requer, hoje em dia, uma manutenção 
simples, devendo o paciente retirá-la diariamente para higienização, que pode ser feita com 
água e sabão neutro ou um simples sabonete de pH neutro. Só em caso de infecção conjuntival 
deverá ser retirada com mais freqüência para limpeza das secreções, aplicando-se um 
tratamento antibiótico adequado. Os esforços voltados para a técnica de confecção de próteses 
oculares contribuem para os indivíduos que delas necessitam, em vários e complexos aspectos 
que a perda da visão e a mutilação do órgão implicam. Quanto aos produtos comerciais para 
higienização de próteses bucais, estes geralmente possuem compostos alcalinos, detergentes 
aromatizantes e perborato de sódio. Quando da sua diluição em água, o perborato decompõe-
se, formando uma solução de peróxido alcalino que, por sua vez, também se decompõe, 
liberando oxigênio. As bolhas de oxigênio atuam, supostamente, de forma a remover os detritos 
pela ação mecânica. Não se recomenda o uso de hipocloritos, principalmente nas próteses 
metálicas, e os agentes de limpeza caseiro são contra-indicados, podendo afetar a adaptação da 
prótese e tornar sua superfície rugosa, o que, sem dúvida, dificulta a manutenção de uma 
superfície limpa. 
 
6. Durabilidade das próteses faciais. 
Um dos aspectos mais angustiantes nos tratamentos com próteses faciais é o fato de se 
tornarem desagradáveis após poucos meses de uso devido às mudanças de cor e distorção das 
23 
 
 
 
margens. As próteses faciais são consideradas efetivas por apenas seis meses a um ano, 
havendo a necessidade de serem refeitas devido à instabilidade de cor, deterioração da textura 
e das margens e diminuição da resistência das próteses em função dos efeitos dos raios 
ultravioletas, da deposição de resíduos microscópicos nas porosidades da superfície, uso de 
adesivos, manuseio e limpeza contínua das próteses pelo paciente. Além da exposição ao meio 
ambiente, outro fator que pode alterar as características e propriedades físicas e mecânicas do 
material é a pigmentação. 
 
Referências: 
1. Carvalho JCM, Brito e Dias R, Mattos BSC, André M. Reabilitação Protética 
Craniomaxilofacial - Fundamentos de Odontologia. São Paulo: Santos, 2013. 184p. 
2. Zarb GA, Bolender CL. Tratamento protético para os pacientes edêntulos. 13. ed. São 
Paulo: Elsevier, 2013. 464 p. 
3. Carreiro AFP, Batista AUD. PróteseParcial Removível Contemporânea. São Paulo: 
Santos, 2013. 361 p. 
4. Goiato MC, dos Santos DM, Moreno A, et al. Miyahara GI. Prosthetic treatments for 
patients with oronasal communication. J Craniofac Surg. 2011; 22(4):1445-7. 
5. Fonseca EP, Rosé MCM. Prótese ocular. São Paulo: CIP; 1987. p.17-22.

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