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ESTÉTICA NAS INTERVENÇÕES MÉDICAS Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Elaine Watanabe CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Bárbara Pricila Franz Marcelo Bucci Revisão de Conteúdo: Rafael Appel Flores Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2018 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. W324e Watanabe, Elaine Estética nas intervenções médicas. / Elaine Watanabe – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 139 p.; il. ISBN 978-85-53158-51-5 1.Medicina – Brasil. 2.Estética – Brasil. II. Centro Univer- sitário Leonardo Da Vinci. CDD 610.1 Elaine Watanabe Possui graduação em Tecnologia em Cosmetologia e Estética pela Universidade do Vale do Itajaí (2007), Especialização em Estética Facial e Corporal na modalidade Magistério Superior. Foi professora titular da Universidade do Vale do Itajaí. Tem experiência na área de Cosmetologia e Estética, com ênfase em Biossegurança e Estética Corporal, atuando principalmente nos seguintes temas: estética, cosméticos, eletroterapia e prática clínica. Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................07 CAPÍTULO 1 Cirurgias Estéticas ....................................................................09 CAPÍTULO 2 Dermatologia Estética ...............................................................49 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 5 Introdução aos Procedimentos Estéticos Pré e Pós-Cirúrgicos .................................................................81 Procedimentos Pré-Cirúrgicos na Estética ...........................97 Procedimentos Estéticos no Pós-Cirúrgico ........................ 111 APRESENTAÇÃO Os recursos estéticos têm tido sua gama cada vez mais ampliada, oferecendo aos profissionais, métodos, cosméticos e tecnologias cada vez mais avançados. No entanto, a atuação na estética dos indivíduos, pelos esteticistas e pelos profissionais médicos, tem seus limites e critérios bem definidos, de modo que a atuação médica alcança as técnicas invasivas, enquanto a estética possibilita o uso de recursos superficiais, porém, diferentes à outra área. Em se tratando de estética, a atuação conjunta possibilita a otimização dos resultados nas intervenções médicas. Na disciplina de “Estética nas Intervenções Médicas”, discorremos sobre as principais intervenções médicas estéticas, iniciando pelas cirurgias plásticas, seguindo pelas intervenções minimamente invasivas, para sua melhor compreensão, uma vez que há grande necessidade do conhecimento sobre a forma com que cada intervenção ocorre, elucidando assim, os limites e as necessidades no momento da atuação do esteticista. Finalizada essa abordagem, como uma forma de conectar o conhecimento das intervenções médicas aos procedimentos estéticos, descrevemos o processo dinâmico que envolve os fenômenos fisiológicos que ocorrem na pele durante a cicatrização. Desta forma, ingressamos nos procedimentos estéticos, iniciando pelos pré-cirúrgicos, como a limpeza de pele, as esfoliações e as massagens, bem como o uso da eletroterapia. Encerramos com a abordagem pós-cirúrgica, com ênfase na drenagem linfática manual, considerada um dos recursos mais importantes para a recuperação do paciente recém-operado, seguido de outras possibilidades que vão desde técnicas manuais e o uso da eletroterapia e cosméticos. Sendo assim, o conhecimento adquirido nesta disciplina envolve as intervenções médicas, o processo cicatricial e as abordagens estéticas pré e pós-cirúrgicas. Você pode complementar o conteúdo dessa disciplina com o conteúdo de outras, ampliando seus conhecimentos sobre a estética. Bons estudos! CAPÍTULO 1 Cirurgias Estéticas A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Conhecer as principais cirurgias estéticas existentes. � Compreender como as cirurgias estéticas interferem no organismo do paciente. � Analisar o procedimento realizado e os estágios de recuperação. � Estabelecer as limitações do paciente para um plano de tratamento adequado às necessidades do pré e pós-operatório. 10 Estética nas Intervenções Médicas 11 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 1 Contextualização O termo cirurgia plástica tem origem na palavra grega plastikós, que significa formar, modelar, por isso, a cirurgia plástica é uma especialidade cirúrgica que tem por objetivo reconstruir estruturas corporais que apresentam alterações estéticas ou funcionais, quais sejam as suas causas. Sua atuação visa remodelar os tecidos para que alcancem um resultado mais próximo possível da normalidade, restabelecendo a capacidade de funcionamento e aparência (STEINER, 2009; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA, 1998 apud LIMA et al., 2015). Existe uma grande diversidade de cirurgias plásticas estéticas que podem ser realizadas em diferentes locais do corpo. As mais realizadas são nas mamas, no abdômen, na face e pescoço, no nariz, nas pálpebras e nas orelhas. Estas têm como objetivo final proporcionar o bem-estar do indivíduo por meio do aprimoramento de sua forma, o que faz com que sua autoestima seja elevada (STEINER, 2009). Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP, 2017), a cirurgia plástica tem passado nos últimos anos por uma evolução expressiva, assim como o aumento da procura desse tipo de procedimento e o consequente aumento no número quantitativo de cirurgias. Ao passo que a cirurgia pode melhorar aspectos do corpo e da vida, existem riscos que não podem ser desprezados. Por isso, a parceria que deve existir entre o paciente e o cirurgião não termina com a finalização da cirurgia. As visitas regulares de seguimento da cirurgia são muito importantes. Os procedimentos pré e pós-operatórios, realizados principalmente por esteticistas, são importantes aliados para otimizar os resultados das cirurgias plásticas estéticas e para melhorar a qualidade da recuperação. Para tanto, tão importante quanto o conhecimento dos procedimentos que podemos realizar, é o conhecimento de cada técnica cirúrgica, pois sem esse conhecimento seria como se estivéssemos trabalhando “às cegas”. Cada recurso utilizado na estética possui um mecanismo de ação específico para uma diversidade de situações, razão pela qual é preciso saber das condições resultantes de uma cirurgia que necessita ser tratada. Assim, o objetivo deste primeiro capítulo de Estética nas Intervenções Médicas é justamente descrever as cirurgias plásticas estéticas mais realizadas para que você possa compreender melhor as intervenções realizadas, assim como quais as áreas do corpo são afetadas por elas. A cirurgia plástica é uma especialidade cirúrgica que tem por objetivo reconstruir estruturas corporais que apresentam alterações estéticas ou funcionais, quais sejam as suas causas. Os procedimentos pré e pós- operatórios, realizados principalmente por esteticistas, são importantes aliados para otimizar os resultados das cirurgias plásticas estéticas e para melhorar a qualidade da recuperação. 12 Estética nas Intervenções Médicas 2 Cirurgia das Mamas Sob a influência dos conceitos de beleza e feminilidade, e em função das mudanças de costumes e do tipo de vestuário, criou-se a necessidade de as mamas estarem aceitáveis em sua forma e em tamanho. Quandopequenas, as mamas provocam desconforto psicológico, afetando o tipo de vestimenta e algumas atividades sociais, quando muito grandes, podem provocar alterações físicas importantes, prejudicando a saúde e o bem-estar da mulher (TARIKI; PEREIRA, 2003). Para reduzir a incidência de complicações e a necessidade de novas operações em mamoplastia, a execução adequada da técnica cirúrgica é fundamental. Nesse contexto, um estudo realizado por Maximiliano et al. (2017) analisou o efeito do plano cirúrgico nas taxas de complicações pós-operatórias nas mamoplastias de aumento, realizadas entre 2011 e 2016, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Os pesquisadores concluíram que não houve diferença significativa entre a variação no planejamento e a incidência de complicações pós- operatórias ou necessidade de reintervenção, o que demonstra que as técnicas têm sido bem planejadas e executadas e que o procedimento é seguro. O conhecimento da anatomia do local que passou ou passará pela intervenção, nos ajudará a compreender melhor o processo pós-operatório. Por isso, em cada abordagem, caso seja necessário, traremos uma explicação da anatomia da região, iniciando pelas mamas a seguir: ANATOMIA DAS MAMAS A mama feminina fica apoiada sobre um leito que se estende transversalmente da borda lateral do esterno até a linha média e verticalmente da segunda até a sexta costelas. Dois terços da mama são formados pela fáscia peitoral sobre o músculo peitoral maior. O outro terço, pela fáscia que cobre o músculo serrátil anterior. Entre a mama e a fáscia peitoral há um plano de tecido conjuntivo frouxo ou espaço virtual, denominado espaço retromamário ou bolsa. Este plano, contendo uma pequena quantidade de gordura, permite que a mama tenha mobilidade sobre a fáscia peitoral. Parte da glândula mamária pode estender-se ao longo da margem ínfero-lateral do músculo peitoral maior em direção à fossa axilar, formando um processo axilar. A glândula mamária está firmemente fixada à derme da pele 13 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 sobrejacente, principalmente por ligamentos cutâneos significativos, os ligamentos suspensores da mama (MOORE; DALEY, 2007). Esterno Processo axilar da mama Axila Lóbulos de gordura Papila mamária Aréola M. serrátil anterior Vista anterior FONTE: Moore e Daley (2007) FONTE: Oncomastologia (2017) FIGURA 2 – ANATOMIA DA MAMA FEMININA Caixa Toráxica Músculo Peitoral Mamilo Pele Aréola Tecido Glândular Lóbulos Canal Lactífero Tecido Gorduroso FIGURA 1 – DISSECAÇÃO SUPERFICIAL DA REGIÃO PEITORAL FEMININA 14 Estética nas Intervenções Médicas a) Mamoplastia de aumento Considerado um dos principais procedimentos cirúrgicos, a mamoplastia de aumento consiste basicamente em um procedimento cirúrgico em que é colocada uma prótese mamária no interior de um espaço. No entanto, existem muitos elementos envolvidos que não são apenas o procedimento cirúrgico em si (ADAMS JÚNIOR, 2013). Para a realização das mamoplastias de aumento, as vias de acesso existentes para a colocação dos implantes são: incisões inframamárias, periareolar, axilar, transumbilical e mastopexia associada à prótese. Já em relação ao plano utilizado, pode ser: subglandular, subfascial e submuscular (MAXIMILIANO et al., 2017). Sendo a ântero-muscular, pelo ponto de vista fisiológico, a melhor localização. FIGURA 3 – INCISÕES PARA COLOCAÇÃO DE PRÓTESES FONTE: Arte Cirúrgica Cirurgia Plástica (2006a) A intervenção é realizada com a paciente em decúbito dorsal e sob anestesia geral, às vezes, em posição semissentada. Uma incisão é feita no local escolhido pelo cirurgião, em seguida, um descolamento dos tecidos de tamanho apropriado é realizado, às vezes, por endoscopia, e a colocação das próteses é feita após a realização de uma drenagem. O curativo deve ser o menor possível (MITZ, 2006). Considerado um dos principais procedimentos cirúrgicos, a mamoplastia de aumento consiste basicamente em um procedimento cirúrgico em que é colocada uma prótese mamária no interior de um espaço. 15 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 FIGURA 4 – PLANOS PARA COLOCAÇÃO DOS IMPLANTES Submuscular Subglandular Subfascial FONTE: Arte Cirúrgica Cirurgia Plástica (2006b) Existem formatos variados de implantes. Os redondos, de perfil alto, são utilizados quando se deseja uma projeção maior das mamas, os de perfil baixo, quando o objetivo é um maior preenchimento da base das mamas com menor projeção ou a necessidade de apenas um aumento discreto. Na ausência de mama, a melhor opção é o implante anatômico. Quanto ao volume, os mais frequentemente utilizados são os de perfil alto, entre 175 cc e 235 cc e os de perfil baixo com 160 cc e 240 cc (TARIKI; PEREIRA, 2003). O tamanho do implante é baseado na largura e no tipo de mama, bem como as assimetrias devem ser avaliadas pelo cirurgião (ADAMS JÚNIOR, 2013). FIGURA 5 – TIPOS DE PRÓTESES FONTE: Eden Knows Breast Implants (2017) Com o desenvolvimento das tecnologias empregadas no desenvolvimento dos implantes, foram surgindo diferentes possibilidades para a sua utilização. Os primeiros implantes de gel, com resultados satisfatórios, foram mostrados em 1963. Mais tarde, em 1970, foi proposto o uso do implante de silicone revestido por uma espuma de poliuretano e depois, nos anos 80, foi introduzido o implante de silicone texturizado. A evolução fez com que os casos de problemas pós- operatórios como a contratura capsular e a assimetria mamária diminuíssem (GUIMARÃES; GUIMARÃES, 2015). 16 Estética nas Intervenções Médicas b) Reconstrução das mamas A cirurgia plástica reparadora (CPR) tem por objetivo reparar as estruturas anormais, de forma a melhorar a função orgânica tecidual, além de buscar proporcionar ao paciente, uma aparência mais próxima do normal (COELHO, 2017). Após a mastectomia, seja total ou parcial, a reconstrução mamária costuma ser a última etapa de um tratamento sempre doloroso. O aperfeiçoamento das próteses de silicone e das abordagens cirúrgicas permite que sejam obtidos resultados naturais e, o que é mais importante, devolve à mulher o símbolo maior de sua feminilidade e sexualidade (NASCIMENTO, 2016b, p. 26). Nos casos em que é possível preservar boa parte da pele e da gordura, a reconstrução é possível na mesma cirurgia, trazendo muitos benefícios à paciente, como a redução do número de cirurgias, resultados imediatos e esteticamente mais naturais, e redução do estigma da mutilação da mama (NASCIMENTO, 2016b). Nos outros casos, quando há extensa remoção de pele e gordura, há a opção da utilização de um expansor tecidual, um implante que injeta aos poucos uma solução salina até alcançar o tamanho desejado, para então ser substituído por uma prótese de silicone definitiva (NASCIMENTO, 2016b). No entanto, em um estudo realizado por Cammarota et al. (2016), baseado em revisão de prontuários que datam do período de 1º de janeiro de 2004 a 31 de dezembro de 2012, verificou-se que os expansores de Becker (um tipo de expansor desenvolvido nos anos 1980 pode ser deixado como implante permanente) uma vez atingido o volume desejado, como alternativa técnica, é muito limitada. A grande necessidade de trocas e/ou correções associadas a tornam dispendiosa e menos eficiente em relação a outras técnicas já consagradas. Sua indicação deve ser, portanto, para casos específicos. 17 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 FIGURA 6 – CORREÇÃO DE ASSIMETRIA COM EXPANSOR DE BECKER Legenda: A, B e C: Pré-operatório de mastectomia esquerda. D, E e F: Pós-operatório de colocação do expansor do lado esquerdo. G, H e I: Pós-operatório tardio após correção com lipoenxertia em mama esquerda. FONTE: Camarota et al. (2016) A reconstrução da mama também pode ser realizada através da técnica de miniabdominoplastia reversa. Saldanha Filho et al. (2017), após a realização da técnica em doze pacientes,observou que a reconstrução mamária com retalho excedente de miniabdominoplastia reversa associada à colocação de implante é uma boa opção para a reconstrução mamária, e com baixa taxa de complicações para os casos selecionados, os quais são considerados ideais aqueles em que a paciente possui flacidez e lipodistrofia no abdome superior. No caso da aréola, sua reconstrução e reposicionamento compõem uma parte importante da reconstrução mamária. Esta pode ser feita a partir da pele retirada das proximidades do sulco genitocrural, entretanto, o transplante pode ser realizado a partir de várias técnicas como: enxertos locais revestidos de um transplante de qualidade semelhante ao da aréola; transplante retirado do mamilo contralateral; retirada de pequeno fragmento do lóbulo da orelha, cuja consistência imita perfeitamente aquela de um mamilo normal. Outra opção, não recomendada por alguns profissionais, é a realização de tatuagens para reproduzir a aréola e o mamilo (MITZ, 2006). c) Mamoplastia redutora e mastopexia A mamoplastia redutora tem como principais objetivos a redução do volume das mamas, retirada do excesso de pele (para evitar a flacidez) e também corrigir a queda da mama (mastopexia), resultando em um equilíbrio entre o tecido mamário e a pele. Nos casos de volume excessivo, também tem como objetivo 18 Estética nas Intervenções Médicas a redução de problemas posturais, além de prevenir deformidades na coluna vertebral. A intervenção é indicada em caso de hipertrofia mamária, considerada quando é necessário remover pelo menos 300 g de cada glândula mamária (TARIKI; PEREIRA, 2003; MITZ, 2006). A cirurgia pode ser realizada com anestesia geral ou local, complementada com sedação, e a técnica utilizada pode variar de acordo com o objetivo de diminuir o volume das mamas, ressecando o tecido mamário e o gorduroso e retirando o excesso de pele. As cicatrizes resultantes do procedimento podem ser somente ao redor da aréola (raramente), ao redor da aréola e de seu polo inferior até o sulco inframamário, em “T” invertido, ou seja, ao redor da aréola, do seu polo inferior até o sulco inframamário e no sulco inframamário e, em “L”, ou seja, ao redor da aréola, do seu polo inferior até o sulco inframamário, e lateralmente, no sulco inframamário (TARIKI; PEREIRA, 2003). FIGURA 7 – TIPOS DE CICATRIZES NA MAMOPLASTIA REDUTORA E MASTOPEXIA FONTE: Instituto Wanna (2018) Uma das técnicas que podem ser utilizadas para a redução das mamas, consiste na mamoplastia redutora pela técnica de pedículo inferior. Nesse procedimento, a marcação é feita com a paciente sentada (conforme figura a seguir): demarca-se um ponto que corresponde à projeção acima da aréola do ponto médio do sulco submamário e coincide com a linha média do braço (num ponto A), e os braços dos retalhos (nos pontos AB e AC), fazendo um ângulo de 90º entre si e estendendo- se de 7 a 9 cm, de acordo com a avaliação realizada com pinçamento bidigital. O excesso de tecido celular subcutâneo a ser ressecado é desenhado sem se estender 19 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 além dos limites anatômicos da mama. Na cirurgia procede-se à desepitelização do pedículo inferior, os retalhos dermoglandulares descolados das glândulas mamárias, ressecção dos excessos laterais e mediais, realização de suturas unindo os retalhos dermoglandulares e uma marcação do novo sítio do complexo areologlandular com sua transposição se fazendo naturalmente e sem tensão. Um dreno é colocado pela própria incisão cirúrgica (ADORNO FILHO et al., 2014). FIGURA 8 – PONTOS DE MARCAÇÃO PELA TÉCNICA DE PEDÍCULO INFERIOR AREOLADO A B C FONTE: Adorno Filho et al. (2014) FIGURA 9 – TÉCNICA CIRÚRGICA DE MAMOPLASTIA REDUTORA FONTE: Cammarota et al. (2014) A técnica de mamoplastia redutora com pedículo inferior areolado apresenta boa aplicabilidade e tem como vantagens a possibilidade de utilização em grandes ptoses mamárias, mantendo a sensibilidade da aréola, alto grau de satisfação com o resultado, baixa taxa de complicações e boa manutenção do resultado (ADORNO FILHO et al.; CAMMAROTA et al., 2014). Em alguns casos, a mamoplastia redutora associa-se a inclusão de implante mamário, buscando uma maior satisfação das pacientes, uma vez que uma parcela delas se queixa de perda de consistência e de volume das mamas, o que permite resultados que agradam tanto a paciente quanto o cirurgião, principalmente nas 20 Estética nas Intervenções Médicas mamas com flacidez de pele acentuada, com diminuição de volume mamário e perda de consistência mamária (GUIMARÃES; GUIMARÃES, 2015). Nos casos de assimetria mamária, que é uma deformação bastante frequente e que afeta negativamente os aspectos psicológicos da mulher, a intervenção é indicada tanto em casos de hipertrofia com assimetria, quanto nos casos de uma hipoplasia com assimetria. A técnica cirúrgica depende de cada caso, mas em alguns casos é necessário acrescentar uma prótese em um lado para equilibrar e reduzir a mama hipertrófica em relação à outra. Em outros casos, pode ser preciso reduzir de maneira distinta cada lado das duas mamas assimétricas (MITZ, 2006). 3 Cirurgias do Abdômen Para que o esteticista possa atuar corretamente sobre o local onde foi ou será realizada a cirurgia plástica, neste caso, o abdome, sua compreensão anatômica das estruturas que o compõem é essencial (MAUAD et al., 2003). ANATOMIA DO ABDÔMEN O abdômen é a parte do tronco situada entre o tórax e a pele, que consiste em um recipiente dinâmico e flexível que abriga a maioria dos órgãos do sistema digestório e parte dos sistemas urinário e genital. As paredes anterolaterais do abdômen são cobertas em suas faces internas por uma membrana serosa ou peritônio, que se dobra sobre as vísceras formando uma bolsa ou espaço virtual denominada cavidade peritoneal, que normalmente contém apenas líquido extracelular. Também podem haver quantidades variáveis de gordura entre as paredes e as vísceras e o peritônio que as revestem. Embora a parede abdominal seja contínua, é subdividida em parede anterior, paredes esquerda e direita (flancos) e parede posterior para fins descritivos. As paredes anteriores e laterais são músculo-aponeuróticas e, pela indefinição entre seus limites, frequentemente são chamados de parede ântero- lateral do abdômen. Durante um exame físico, a parede anterolateral é inspecionada, palpada, percutida e auscultada. Os cirurgiões geralmente abrem esta parede durante a cirurgia abdominal. Ao fechar as incisões cutâneas abdominais inferiores, os cirurgiões incluem a camada membranácea de tecido subcutâneo ao suturar, devido a sua resistência (MOORE; DALLEY, 2007). 21 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 FIGURA 10 – SUBDIVISÕES DA PAREDE ABDOMINAL FONTE: Moore e Dalley (2007) FIGURA 11 – PAREDE ÂNTERO-LATERAL DO ABDÔMEN FONTE: Moore e Dalley (2007) 5ª cartilagem costal Lâmina anterior da bainha do músculo reto Aponeurose do músculo oblíquo externo Camada membranácea profunda do tecido subcutâneo Fibras intercrurais Anel inguinal superficial Nervo ilioinguinal Funículo espermático Músculo reto do abdome Músculo oblíquo externo Interseção tendínea Espinha ilíaca ântero-superior M. serrátil anterior Lâmina anterior da bainha do músculo reto Linha alba Músculo oblíquo externo Ramos cutâneos abdominais laterais Ramos cutâneos anteriores do abdome Artéria e veia circunflexas ilíacas superficiais Artéria e veia epigástricas superficiais Artéria e veia pudendas externas Veia safena magna 22 Estética nas Intervenções Médicas a) Lipoaspiração Também denominada de lipossucção, a lipoaspiração é uma técnica cirúrgica cujo objetivo é a modelagem corporal através da remoção local de gordura subdérmica e suprafacial por meio de punções na pele. Foi introduzida na medicina em 1976, pelo otorrinolaringologista Fischer, que foi o pioneiro na utilizaçãoda cânula oca, e aprimorada posteriormente na França, por Illouz que incluiu à técnica, a injeção de solução salina e utilização de ácido hialurônico antes da remoção de gordura e Fournier, o movimento vai e vem das cânulas para modelagem suave e remoção da seringa (ALAM, 2010). A cânula utilizada para realizar a aspiração é conectada por tubos flexíveis estéreis a um dispositivo de aspiração. Os grumos de tecido gorduroso são aspirados por vácuo através de aberturas que ficam próximo a sua extremidade. Existem diversas configurações de pontas de cânulas e, o diâmetro e o comprimento a serem utilizados dependerão do local a ser aspirado (ASTON; STEINBRECH; WALDEN, 2011). A técnica cirúrgica consiste em marcar previamente o paciente em pé, antes da aplicação da anestesia que pode ser local, tumescente, infiltrativa ou bloqueio peridural, sendo todos os pacientes sedados com Midazolam. Procede-se a uma pequena infiltração na pele, nos locais das incisões, em seguida, infiltram-se as áreas que serão aspiradas, aguardando- se de 10 a 15 minutos para iniciar a lipoaspiração que é realizada em túneis, do plano profundo para o superficial. A cânula deve ser sempre direcionada à superfície para evitar acidentes, como perfurações abdominais ou torácicas (SABATOVICH, 2009a). A lipoaspiração não deve ser realizada com o objetivo de emagrecer, e sim para remodelar o contorno corporal, razão pela qual é indicada para remover gorduras localizadas das regiões como o abdômen, flancos e culotes (VASCONCELLOS; VASCONCELLOS, 2005). A lipoaspiração é uma técnica cirúrgica cujo objetivo é a modelagem corporal através da remoção local de gordura subdérmica e suprafacial por meio de punções na pele. A lipoaspiração não deve ser realizada com o objetivo de emagrecer, e sim para remodelar o contorno corporal, razão pela qual é indicada para remover gorduras localizadas das regiões como o abdômen, flancos e culotes. 23 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 QUADRO 1 – CRITÉRIOS DE SELEÇÃO PARA LIPOSSUCÇÃO Categoria Critério específico Boa condição física • Não grávida e nem tentando engravidar. • Bom estado geral de saúde. • Medicamentos que não interajam com a anestesia tumescente. • Ausência de distúrbios ou anomalias sérias de sangramento. • Funcionamento do fígado dentro dos limites normais. • Status imune condizente com baixo risco de infecção. Indicação médica • Paciente não obeso. • Áreas focais de excesso de gordura. • Teste snap satisfatório ou paciente propenso a excesso de pele pós-operatório ou ressecção de pele subsequente. • A gordura-alvo não é gordura visceral. Prontidão emocional • Expectativas razoáveis. • O paciente entende que a simetria perfeita não será alcançada. • O paciente entende que nem toda gordura pode ou deve ser removida. • O paciente entende que os riscos são mínimos e raramente há eventos adversos. FONTE: Alam (2010) ANESTESIA TUMESCENTE – a Técnica Anestésica Tumescente (TAT) consiste na infiltração subcutânea de grandes quantidades de lidocaína e epinefrina diluídas, que provocam edema na área cirúrgica, deixando-a firme e tumescente (volume aumentado). A anestesia tumescente contribui para a redução de hemorragia, reduzindo a excessiva necessidade de cauterização. Possui efeito antibacteriano e minimiza o desconforto, além de contribuir para a facilidade do fechamento de grandes defeitos cirúrgicos, devido à distensão da pele causada pelo grande volume de solução tumescente injetada na área da cirurgia que causa uma expansão aguda de tecido durante a cirurgia (BREWER; ROENIGK, 2010). TESTE SNAP – uma lipoaspiração não reduz a área da superfície da pele, por isso, ao reduzir o volume adiposo, a pele deve ser capaz de encolher suave e igualmente, o que não ocorrerá com uma pele excessivamente solta que poderá permanecer após a cirurgia. No chamado teste snap, a pele solta e inelástica não retorna rapidamente à posição normal quando pinçadas. 24 Estética nas Intervenções Médicas b) Abdominoplastia e lipoabdominoplastia A abdominoplastia clássica é indicada para os casos em que há grande flacidez de pele, panículo adiposo variável e diástase dos músculos retos e/ou oblíquos. Para a sua realização, o cirurgião plástico leva em consideração, inicialmente, a pele, o tecido gorduroso e a porção muscular, seguido da avaliação dos músculos retos e oblíquos, por frequentemente estarem afastados uns dos outros. A técnica é realizada basicamente de acordo com as seguintes etapas (MAUAD et al., 2003): • Marcação da incisão suprapúbica. • Descolamento do panículo adiposo da aponeurose dos músculos, deixando apenas o umbigo preso em sua posição natural. • Realização de sutura para aproximar os músculos abdominais que se encontram afastados da linha média, para sua posição original. • Retirada do excesso de pele e tecido subcutâneo por meio de manobras de fixação e tração dos retalhos. • Recolocação do umbigo na pele com sutura, bem como todo o retalho tracionado. FIGURA 12 – TÉCNICA CIRÚRGICA DE ABDOMINOPLASTIA FONTE: California Surgical Institute (2016) A abdominoplastia pode ser realizada com a retirada da camada lamelar supraumbilical, associada à lipoaspiração complementar das áreas não descoladas. Essa ressecção da camada lamelar visa a um refinamento na abdominoplastia superior, já que, por vezes, ocorre uma diferença entre a espessura da gordura do retalho e da gordura da incisão operatória. Com essa associação cirúrgica, Alexandre (2009) obteve resultados satisfatórios. A abdominoplastia clássica é indicada para os casos em que há grande flacidez de pele. 25 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 FIGURA 13 – ABDOMINOPLASTIA COM ASSOCIAÇÕES 1 – Marcação com dois pontos de referência 4 – Descolamento infraumbilical com liberação de cicatriz umbilical 7 – Marcação para implantação do umbigo 10 – Lipoaspiração das áreas não descoladas 2 – Infiltração de soro fisiológico 5 – Plicatura 8 – Pontos de Baroudi 3 – Descolamento infraumbilical 6 – Retirada da camada lamelar com preservação da fáscia de Scarpa 9 – Fechamento por planos da ferida operatória FONTE: Alexandre (2009) Ao término da sutura, são deixados drenos para aspiração contínua para eliminar o sangramento residual e para realizar o curativo. O paciente ficará de repouso de 24 a 48 horas, até que os drenos sejam retirados. O cirurgião trocará os curativos até a retirada total dos pontos. Problemas como hematomas, seromas (coleção líquida abaixo da pele), infecções, deiscências e necroses são algumas complicações que podem ocorrer após a cirurgia, e cabe ao cirurgião responsável solucioná-los (MAUAD et al., 2003). 26 Estética nas Intervenções Médicas Segundo Saldanha (2004), as pacientes operadas pela técnica de lipoabdominoplastia retornam as suas atividades em menor tempo, uma vez que o procedimento é menos invasivo, provoca pequeno traumatismo vascular e nervoso, além de ter discreto espaço morto, apresentando, assim, um pós- operatório intermediário entre uma abdominoplastia e uma lipoaspiração. Atividades de Estudos: 1) Entre as cirurgias plásticas estéticas existentes, a mamoplastia de aumento é comum, o aumento é proporcionado pela colocação de implantes mamários. Cite as vias de acesso existentes para a colocação dos implantes e os planos utilizados. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Nas mamoplastias, o uso de um expansor pode ser necessário. Explique em qual situação e como o expansor é utilizado. ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Quais as vantagens da técnica de mamoplastia redutora com pedículo inferior areolado? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 27 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 4) Conceitue lipoaspiração. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5) Ordene adequadamente as etapas da técnica cirúrgica de abdominoplastia a seguir, numerando-as em ordem crescente de 1 a 5: ( ) Retirada do excesso de pele e tecido subcutâneo por meio de manobras de fixação e tração dos retalhos. ( ) Recolocação do umbigo na pele com sutura, bem como todo o retalho tracionado. ( ) Marcação da incisão suprapúbica. ( ) Realização de sutura para aproximar os músculos abdominais que se encontram afastados da linha média para sua posição original. ( ) Descolamento do panículo adiposo da aponeurose dos músculos, deixando apenas o umbigo preso em sua posição natural. 4 Lipoescultura A lipoescultura é uma técnica cirúrgica que consiste na remoção do excesso de gordura por meio da lipoaspiração tumescente corporal ou facial e a lipoenxertia (adição de gordura) sob a pele, por pequenas incisões, utilizando microcânulas acopladas a uma seringa. Nela, o cirurgião modela, de forma tridimensional, a face ou o corpo. A lipoenxertia ou enxerto de gordura autóloga é capaz de restaurar o volume subcutâneo por meio do preenchimento com a própria gordura do paciente, melhorando os contornos corporais ou faciais (YARAK; VILLAÇA NETO; GOLCMAN, 2008). A gordura retirada é transferida para regiões que necessitam de aumento de volume ou é utilizada para correções de imperfeições ou depressões encontradas no corpo. É possível, por exemplo, retirar o excesso de gordura da região de flancos, abdômen ou culotes e introduzi-la na região glútea, em várias camadas (ver gluteoplastia). A anestesia utilizada para realizar o procedimento depende da região e extensão da gordura localizada. As cicatrizes são mínimas e são planejadas para ficarem pouco visíveis (PALMA, 2012). 28 Estética nas Intervenções Médicas As complicações para esse tipo de procedimento não são frequentes e podem ser: hematoma, edema e infecções, necrose do enxerto, pseudocisto, infiltração da gordura intravascular e lesão dos tecidos (nervos, músculos, vasos e glândulas) (YARAK; VILLAÇA NETO; GOLCMAN, 2008). 5 Cirurgias da Face e Orelhas Muitas técnicas são descritas para rejuvenescimento facial, a mais antiga data de 1919 e, desde então, o rejuvenescimento facial vem passando por uma constante evolução nas técnicas cirúrgicas, com procedimentos mais clássicos ou técnicas compostas, que associam diversos procedimentos. Na atualidade, busca-se realizar cirurgias da forma menos invasiva possível (SANCTIS et al., 2014; LÓPEZ, 2016). A estética da face possui grande importância para a autoestima e retrata a identidade de um indivíduo. A percepção inicial que temos de uma pessoa, geralmente é reflexo da leitura que fazemos de sua face. Nela, fazemos estimativas como idade, humor, confiança e beleza. Alterações importantes podem impactar na saúde psicológica e na vida social, por isso, na mesma medida em que as técnicas cirúrgicas são desenvolvidas para melhorar a aparência, o efeito mais natural possível tem sido almejado e isso implica em intervenções que não resultem em cicatrizes aparentes ou modificações extremas. Para melhor compreender os meios utilizados pelos cirurgiões, devemos saber sobre alguns aspectos da anatomia da cabeça a seguir. A pele está sempre sob tensão. Em geral, lacerações ou incisões paralelas às linhas de clivagem cicatrizam bem com pequena formação de cicatrizes porque há ruptura mínima de fibras. As fibras ininterruptas tendem a manter as bordas da ferida no lugar. Entretanto, uma laceração ou incisão transversal às linhas de clivagem rompe maior número de fibras colágenas. As linhas de clivagem interrompidas causam a abertura da ferida, e pode haver formação de cicatriz excessiva (queloide). Quando outras considerações, como exposição adequada e acesso ou afastamento de nervos não são muito importantes, os cirurgiões que tentam minimizar a formação de cicatrizes por razões cosméticas podem usar incisões cirúrgicas paralelas às linhas de tensão (MOORE; DALLEY, 2007). A estética da face possui grande importância para a autoestima e retrata a identidade de um indivíduo. 29 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 FIGURA 14 – LINHAS DE TENSÃO OU CLIVAGEM DA PELE FONTE: Minars Dermatology (2018) FIGURA 15 – ANATOMIA DA FACE E DO PESCOÇO FONTE: <http://odontologia.queroconteudo.com/2017/06/anatomia- da-musculatura-do-pescoco.html>. Acesso em: 15 jun. 2018. 30 Estética nas Intervenções Médicas a) Lifting facial ou ritidoplastia A primeira técnica de cirurgia para promover o rejuvenescimento e o realce da aparência facial foi a ritidoplastia cutânea, que consistia unicamente na remoção da pele. A segunda descrevia o sistema musculoaponeurótico subcutâneo (SMAS) e seu tratamento com plicatura, sutura, seção parcial, entre outros, para tornar mais duradoura a cirurgia. A terceira consiste em uma ritidoplastia por planos profundos, em que se disseca profundamente o SMAS, mas sua aplicação foi reduzida devido aos altos índices de lesão do nervo facial (MEYER; AFONSO, 2010). Por sua vez, o lifting é indicado quando há uma ptose da pele da face. Seu objetivo é levantar as estruturas e fixá-las em sua posição original. O levantamento da pele na região temporal permite corrigir uma papada e um sulco nasogeniano discreto e a tração cutânea posterior à orelha a 45º, permitindo corrigir a ptose cervical. Estas diferentes manobras não levam em consideração os excedentes adiposos existentes, principalmente na região do pescoço, nesse caso, será conveniente realizar uma lipoaspiração ou retirada cirúrgica da gordura (MITZ, 2006). Na ritidoplastia cervicofacial, as demarcações das áreas de descolamento das incisões devem ser precisas e simétricas. As incisões são feitas nas regiões occipital, retroauricular, pré-auricular, temporal e parte do pescoço e descolamento subcutâneo da pele, evitando-se a lesão nervosa e dos bulbos pilosos. Após os descolamentos, realiza- se rigorosa hemostasia bilateralmente. O retalho do sistema músculo- aponeurótico superficial (SMAS) é tracionado superior e anteriormente. Com pinças específicas de marcação, determina-se o excesso de pele a ser ressecado na região pré-auricular, anterior e tração da pele na região cervical. A tração do retalho anterior é feita no sentido que vai do trago ao tubérculo de Darwin, sem subida do pé do cabelo, e a tração cérvico-occipital tem o sentido medial superior, evitando a formação de degrau entre as áreas glabra e pilosa. O excesso de pele é demarcado e ressecado, com posicionamento do lóbulo da orelha, naturalmente, e feita uma sutura simples (SABATOVICH; SABATOVICH, 2009b). Na ritidoplastia cervicofacial, as demarcações das áreas de descolamento das incisões devem ser precisas e simétricas. FIGURA 16 – TRAÇÃO DA PELEEM RITIDOPLASTIA FONTE: Clínica Nurkim (2017) 31 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 Na região submentoniana, a conduta cirúrgica dependerá do grau de envelhecimento da área. Por exemplo, em pacientes até 30 anos, com “papada”, uma lipoaspiração através das vias de acesso retrolobulares da orelha e submentoniana é a melhor opção, com curativo compressivo de crepom e gaze por 48 horas. Até os 35 anos, se houver algum excesso de pele e gorduras localizadas, realiza-se a lipoaspiração com ressecção da pele na região submentoniana, descolamento de toda região supra-hioidea e laterais do pescoço através de incisões retroauriculares, com tração e ressecção cutânea posterior. Os pontos são retirados entre 7 e 14 dias. Já os pacientes que, além da lipodistrofia na região do pescoço, possuem excesso de flacidez da pele mais a flacidez do músculo platisma com formação de bandas platismais, realiza-se a combinação de lipoaspiração, descolamento tração e ressecção cutânea com tratamento das bandas platismais mediais na região supra-hioidea. A gordura removida pode ser utilizada para uma lipoenxertia na área malar ou outra região facial, quando necessário (FLORES; LIZ, 2014; SABATOVICH; SABATOVICH, 2009b). b) Lipoescultura facial A lipoescultura pode ser indicada para a face quando nela se observa atrofia global ou bilateral. Sua intervenção é feita por incisões de aproximadamente 2 ou 3 mm, sendo uma na base do mento e duas anteriormente ao lóbulo da orelha como na lipolift (lipoescultura facial), associando-se incisões endonasais e até labiais em função dos diferentes locais que receberão o preenchimento. Através dessas incisões, o cirurgião faz túneis com a ajuda de pequenas cânulas com diâmetros variáveis, adaptando-se a cada situação. Em seguida, retira-se uma quantidade de tecido gorduroso da área doadora, que normalmente é o abdômen ou culote, de forma delicada para preservar os adipócitos, utilizando uma cânula e uma seringa. Em ocasiões específicas, é possível proceder por incisões mínimas e métodos endoscópicos (ver vídeo indicado pelo Leo site a seguir) para levantar os tecidos, deixando o mínimo de cicatriz visível, quando o nível de ptose cutânea não exige necessariamente a retirada de pele excedente (MITZ, 2006). A cirurgia, normalmente, é feita sob uma anestesia local, com sedação via endovenosa, porém, dependendo de fatores como a idade do paciente, problemas na coluna cervical, estado emocional e tempo cirúrgico, esta poderá ser feita sob anestesia geral, com a desvantagem do aumento do sangramento, desconfortos e prolongamento de edema e equimose no pós-operatório (SABATOVICH; SABATOVICH, 2009b). 32 Estética nas Intervenções Médicas Assista a um vídeo explicativo sobre o Lifting Endoscópico no site: <https://www.lucianapepino.com.br/cirurgia-plastica/lifting-facial/>. c) Bichectomia A bichectomia é o nome dado à retirada cirúrgica de parte de gordura do compartimento denominado Bola ou Bolsa de Bichat, que se estende por quase toda a superfície lateral do rosto, em plano profundo, desde a têmpora até próximo a mandíbula. Na cavidade existente na região das bochechas, um grande volume pode dar ao rosto um aspecto mais arredondado. O acesso a esse compartimento se dá através de pequena incisão na cavidade oral e os riscos são comuns a qualquer procedimento cirúrgico como sangramento e infecção. Após a cirurgia, edema e equimoses podem durar de alguns dias a poucas semanas (SBCP, 2017). FIGURA 17 – CIRURGIA DE BICHECTOMIA FONTE: Siga (2018) d) Rinoplastia A rinoplastia é indicada para quem está insatisfeito com a estética do seu nariz. No entanto, ela pode ser associada a outro procedimento para corrigir sua estrutura, melhorando sua função, como nos casos de desvio de septo e hipertrofia dos cornetos (parede lateral inferior da cavidade nasal). A técnica cirúrgica pode ser fechada, as incisões ficam escondidas dentro das narinas ou aberta, quando há 33 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 necessidade de fazer o descolamento da pele, o cirurgião tem acesso mais amplo por uma incisão feita na columela (faixa estreita de tecido que separa as narinas, na base do nariz), sendo possível trabalhar cartilagens e ossos. Apesar de externa, a cicatriz não é perceptível. Também é possível realizar uma osteotomia, que consiste em quebrar o osso nasal com um instrumento específico (NASCIMENTO, 2016a). FIGURA 18 – RINOPLASTIA PELAS TÉCNICAS ABERTA (DIREITA) E FECHADA (ESQUERDA) FONTE: Sean Younai Plastic Surgery (2018) A cirurgia pode ser realizada sob anestesia geral ou local com sedação. A liberação do paciente se dá em torno de 24 horas após a cirurgia. O período de pós-operatório imediato é seguido de edema e equimose. O paciente pode-se sentir bastante desconfortável pelo tamponamento que é realizado nas narinas por até dois dias, além do gesso que poderá ser mantido por uma semana após a cirurgia (NASCIMENTO, 2016a; VASCONCELLOS; VASCONCELLOS, 2005). e) Otoplastia A otoplastia é uma cirurgia estética que pode ser indicada para um indivíduo ainda jovem para corrigir as chamadas “orelhas de abano”, que se trata de um problema congênito, mas a que se deve ser submetido ao manifestar o desejo de melhorar um aspecto que afeta sua vida. A indicação depende de um exame clínico. Às vezes, a orelha é um pouco grande, ou então, o lóbulo está apenas um pouco descolado. As técnicas para fazer a correção são variadas, mas o princípio das técnicas consiste em realizar incisões na região posterior da orelha, podendo ou não retirar uma quantidade de pele excedente. A cartilagem da anti-hélice é trabalhada e uma plicatura é feita para que a orelha tenha uma aparência mais natural possível. As intervenções são realizadas geralmente sob anestesia local potencializada, no entanto, em alguns casos, uma anestesia geral pode ser necessária (MITZ, 2006). A otoplastia é uma cirurgia estética que pode ser indicada para um indivíduo ainda jovem para corrigir as chamadas “orelhas de abano”, que se trata de um problema congênito. 34 Estética nas Intervenções Médicas FIGURA 19 – PROCEDIMENTO DE OTOPLASTIA FONTE: Design Cosmetic (2018) Além das cirurgias que usam a fixação através da sutura, há procedimentos que são baseados na raspagem da cartilagem e na combinação dessas técnicas. A raspagem pode ser superficial ou profunda, e ser feita nas superfícies anterior e posterior. Estudos demonstraram que a raspagem anterior da anti-hélice, em pacientes submetidos à otoplastia, é um procedimento seguro, não representando aumento na incidência de complicações precoces (RUSCHEL et al., 2007). Ao término da cirurgia, um curativo é colocado e retirado em até cinco dias. As orelhas ficam dolorosas, tumefeitas e com uma hiperemia que pode durar até 15 dias. Em geral, o resultado dessas cirurgias é excelente, mas em certos casos, pequenas imperfeições podem ser corrigidas secundariamente (MITZ, 2006). f) Blefaroplastia A blefaroplastia é um procedimento cirúrgico estético amplamente utilizado e que beneficia o paciente tanto na aparência quanto na correção de problemas funcionais, como a diminuição do campo visual, causada pelo excesso de pele da pálpebra superior e o aumento da pálpebra inferior pela herniação das bolsas gordurosas (SABATOVICH; SABATOVICH, 2009c). A blefaroplastia é um procedimento cirúrgico estético amplamente utilizado e que beneficia o paciente tanto na aparência quanto na correção de problemas funcionais, como a diminuição do campo visual, causada pelo excesso de pele da pálpebra superior e o aumento da pálpebra inferior pela herniação das bolsas gordurosas. Cartilage Sutures placed in cartilage for the creation of the fold Sutures lightened folding cartilage Cartilage removed from concha Concha reduced by closing defect Skin Removed 35 Cirurgias Estéticas Capítulo 1FIGURA 20 – ANATOMIA DAS PÁLPEBRAS FONTE: Gooo (2018) A recuperação da blefaroplastia costuma ser bem rápida, em média, apenas um dia para as atividades leves, e de quinze dias para as atividades físicas. Edema e equimose costumam desaparecer aproximadamente quinze dias após a realização da cirurgia. (VASCONCELLOS; VASCONCELLOS, 2005). A blefaroplastia pode ser realizada na pálpebra superior, onde a marcação para a incisão inferior, que está recriando a prega, deve ser 10 mm acima da margem tarsal. O ponto médio para a incisão superior deve estar a 12 mm abaixo da sobrancelha. Lateralmente, as incisões inferiores e superiores reúnem-se em uma orientação ascendente e podem ir além da pele da pálpebra para evitar o encobrimento lateral. A incisão pode ser feita com bisturi, laser ou radiofrequência. Já na blefaroplastia inferior, semelhante a superior, a incisão pode ser feita com diversas estratégias. Geralmente, uma incisão linear é feita ao meio através da conjuntiva e os retratores da pálpebra inferior são dissecados, expondo três corpos adiposos. A gordura é delicadamente removida para evitar rompimento de vasos sanguíneos. (SOMOANO; KAMPP; GLADSTONE, 2010). 36 Estética nas Intervenções Médicas FIGURA 21 – BLEFAROPLASTIA SUPERIOR FONTE: Medicine (2018) FIGURA 22 – BLEFAROPLASTIA INFERIOR Incisão Retirada das bolsas de gordura Sutura finalRessecção do exesso de pele FONTE: Adissi Plástica (2018) 37 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 6 Braquioplastia A braquioplastia é comumente realizada em pacientes que apresentam grande excesso cutâneo e flacidez da região posterior dos braços, após grandes reduções de peso. O tratamento consiste em ressecar esses excessos em forma de fuso, e em plano superficial. A cicatriz resultante situa-se na face posterior dos braços, com orientação longitudinal. Evita-se a tensão da sutura na pele logo após o procedimento, pois pode resultar em cicatrizes alargadas e mais aparentes na região (FERREIRA; MELLO FILHO; WADA, 2006). A avaliação de pacientes candidatos à braquioplastia envolve a consideração da quantidade de gordura residual e do grau de flacidez da pele. Uma das primeiras considerações é verificar se há flacidez suficiente que justifique uma cicatriz do cotovelo até a axila ou maior. Para a cirurgia são realizadas marcações com o paciente em pé, com os braços mantidos a 90º em relação ao seu corpo com o cotovelo flexionado. Uma linha horizontal deve ser desenhada da axila ao cotovelo, ao longo do sulco bicipital, marcando a posição desejada da linha final da incisão. Outras marcações se fazem necessárias para a retirada de pele contígua, de forma que a movimentação dos braços não fique prejudicada (DOWNEY, 2015). A avaliação de pacientes candidatos à braquioplastia envolve a consideração da quantidade de gordura residual e do grau de flacidez da pele. FIGURA 23 – MARCAÇÕES PRÉ-OPERATÓRIAS PARA BRAQUIOPLASTIA DE SULCO BICIPITAL FONTE: Downey (2015) 38 Estética nas Intervenções Médicas FIGURA 24 – PRÉ-OPERATÓRIO (ESQUERDA) E SEIS SEMANAS APÓS A BRAQUIPLASTIA (DIREITA) FONTE: Downey (2015) 7 Gluteoplastia Para muitas pessoas, os glúteos, depois das mamas, são o atributo da beleza feminina ideal. Por isso, algumas acabam recorrendo à cirurgia plástica para melhorá-los. As técnicas cirúrgicas para melhorar o aspecto da região glútea são uma das partes fundamentais da cirurgia do contorno corporal e, entre os procedimentos mais utilizados para efetuar o aumento e melhora do contorno glúteo, são a lipoinjeção e os implantes de silicone. A técnica cirúrgica de injeção de gordura mediante distribuição volumétrica, consiste em realizar marcações em quadrantes nos glúteos, onde o quadrante central será a zona máxima de projeção, portanto, o local em que se deve injetar o maior volume de gordura (pelo menos metade do volume total). As zonas primárias recebem cerca de 40% dos lipoenxertos e as zonas secundárias, 10% (VALLARTA-RODRÍGUEZ; RUIZ-TREVIÑO; GUERRERO-BURGOS, 2016). FIGURA 25 – DIVISÃO DA NÁDEGA EM NOVE QUADRANTES FONTE: Vallarta-Rodríguez, Ruiz-Treviño e Guerrero-Burgos (2016) Zona Central Zona Primária Zona Primária Zona Primária Zona Primária Zona Secundária Zo na Se cun dár ia Zo na Se cun dár ia Zona Secundária 39 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 FIGURA 26 – LIPOENXERTIA EM GLÚTEOS FONTE: Vallarta-Rodríguez, Ruiz-Treviño e Guerrero-Burgos (2016) No pós-operatório, observa-se a existência de um edema que dura de 10 a 15 dias e o risco de infecção deve ser considerado, tanto na área receptora quanto na área doadora. Caso ocorra, é feita uma intervenção no local. Nesse caso, pode ocorrer também a perda do benefício da lipoescultura, necessitando, assim, de uma reintervenção (MITZ, 2006). A inclusão de prótese glútea é indicada nos casos em que há significativa falta de volume, hipotrofia dos músculos glúteos ou ptose glútea. Os implantes glúteos proporcionam remodelagem e aumento efetivo das nádegas, alcançando a forma redonda desejada através de uma projeção concentrada, que nem sempre são obtidos por outros métodos, como em um enxerto de gordura. Os implantes podem ser redondos ou ovais, preenchidos com silicone altamente coesivo ou feitos de moles blocos de silicone, estes podem ser colocados em quatro planos: subcutâneo, subfascial, intramuscular e submuscular, e inseridos por uma incisão muscular próxima ao sacro-cóccix (AZEVEDO, 2014; MEYER; AFONSO, 2010). Os implantes glúteos proporcionam remodelagem e aumento efetivo das nádegas, alcançando a forma redonda desejada através de uma projeção concentrada, que nem sempre são obtidos por outros métodos, como em um enxerto de gordura. 40 Estética nas Intervenções Médicas FIGURA 27 – INCLUSÃO DE PRÓTESE GLÚTEA FONTE: Centeno e Bossert (2015) FIGURA 28 – PLANOS PARA COLOCAÇÃO DE IMPLANTES, DA ESQUERDA PARA A DIREITA: RETROMUSCULAR, INTRAMUSCULAR E RETROFASCIAL FONTE: New York Center (2018) O procedimento, realizado sob anestesia peridural, muitas vezes, pode ser associado à lipoaspiração de áreas adjacentes. Há discreto edema pós-operatório e o paciente é liberado a realizar as suas atividades normais após duas ou três semanas. O decúbito ventral é mantido por sete dias, e em alguns casos, por 15 dias, e o paciente pode caminhar no dia seguinte. O paciente também pode ser orientado a se sentar parcialmente ou a não se sentar por duas semanas, apenas recostar-se (MEYER; AFONSO, 2010). 41 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 Assista a um vídeo explicativo sobre a Gluteoplastia. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iWYbrhFs9IQ>. Acesso em: 8 jun. 2018. Atividades de Estudos: 1) O que é ritidoplastia? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) A rinoplastia consiste em uma cirurgia realizada para melhorar a aparência do nariz e pode ser realizada basicamente de duas formas. Explique quais são elas: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Por que a otoplastia não pode ser realizada no bebê, uma vez que é indicada para a melhora/resolução de um problema congênito? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 42 Estética nas Intervenções Médicas 4) Explique, em poucas palavras, como é realizada a blefaroplastia inferior. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5) Qual a razão pela qual a avaliação de pacientes que desejam realizar a braquioplastia deve ser criteriosa e a cirurgia evitada sempre que possível? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 6) Cite as vantagens da inclusão da prótese glútea em relação a lipoenxertia nas gluteoplastias. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 8 Algumas Considerações Neste capítulo conhecemos as principais cirurgias plásticas estéticas existentes para que, mais adiante, você possa entender melhor os procedimentos pré e pós-operatórios. Devemos lembrar que o papel da cirurgia plástica não se restringe à realização de procedimentos estéticos como normalmente vemos, principalmente pela mídia. A especialidade tem um amplo papel na correção de deformidades que acometem o corpo humano e o seu papel deve ser visto de 43 Cirurgias Estéticas Capítulo 1 forma adequada (LIMA et al., 2015). O profissional da estética poderá atuar em ambos os casos, desde que acompanhado ou orientado pelo profissional que realizou a cirurgia, sempre que necessário. De igual relevância, é o fato de estarmos conscientes de que o atendimento a um paciente submetido a uma cirurgia plástica estética ou que pretende fazê- la nunca deve ser limitado por um ou outro profissional isoladamente, sendo cada qual responsável pela sua área de atuação. Os profissionais devem estar, preferencialmente, interligados, como uma rede, e a comunicação deve existir. Como qualquer tratamento estético, no atendimento ao paciente proveniente de intervenções médicas, deve-se observar suas expectativas. Coelho et al. (2017) observa que uma insatisfação com o corpo em demasia pode se tornar um distúrbio de imagem e a realização de um procedimento estético não é capaz de amenizar os sintomas de um transtorno dismórfico corporal (TDC), bem como a cirurgia plástica não é indicada para solucionar ou amenizá-lo. Por isso, é preciso saber, além de tratar, orientar adequadamente o seu paciente. As técnicas estéticas aplicadas antes ou após as intervenções médicas devem beneficiar o resultado destas, e nunca o contrário. No próximo capítulo, você vai conhecer os procedimentos realizados em Dermatologia Estética, e posteriormente avançaremos para tratamentos estéticos pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos estéticos. Referências ADAMS JUNIOR, W. P. Mastoplastia de aumento: série atlas de cirurgia plástica. Porto Alegre: AMGh, 2013. ADISSI PLÁSTICA. 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CAPÍTULO 2 Dermatologia Estética A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Conhecer os procedimentos estéticos realizados na Dermatologia. � Analisar os procedimentos realizados. � Identificar os cuidados necessários antes e após a realização dos procedimentos dermatológicos estéticos. 50 Estética nas Intervenções Médicas 51 Dermatologia Estética Capítulo 2 1 Contextualização Neste capítulo abordaremos as modalidades não cirúrgicas ou minimamente invasivas, porém realizadas por médicos, principalmente dermatologistas, para tratamento de distúrbios estéticos. Hassan e Zachary (2015) declararam que os dermatologistas têm um importante papel na orientação de seus pacientes sobre questões cosméticas e estéticas, ajudando-os a identificar suas metas e optar pelo tratamento mais adequado. Além de produtos tópicos, os procedimentos minimamente invasivos e uso de dispositivos como o laser podem ser realizados para tratar de distúrbios como rugas superficiais, profundas, ptose, flacidez cutânea, cicatriz deprimida, elevada ou queloide, redução de volume, lentigo, melasma, telangiectasia, veias varicosas e remoção de pelos e de tatuagem. Small (2012) declara isso melhor ao afirmar que os procedimentos estéticos minimamente invasivos na área médica têm buscado corrigir ou melhorar a aparência de modo mais sutil e natural. Estes têm por objetivo reduzir os sinais do fotoenvelhecimento, relaxando os músculos faciais hiperativos com toxina botulínica, preenchendo rugas, redefinindo os contornos faciais com preenchedores dérmicos e melhorando a hiperpigmentação e as vascularizações epidérmicas com lasers e tratamentos com luz intensa pulsada. Devemos levar em consideração o fato de que podemos atuar na área da estética, de maneira complementar às intervenções estéticas médicas, beneficiando, assim, a recuperação e o resultado de cada paciente. Em algumas dessas intervenções não há indicação de outros procedimentos estéticos imediatos, no entanto, é de suma importância que os profissionais atuantes na estética conheçam as principais intervenções existentes e saibam quando, como e por que podem atuar ou não. Destacamos novamente que trabalhar com a pele exige amplos conhecimentos e cuidados que vão além das questões físicas, pois, como reflete Cucé (2010), a pele expressa bem-estar, saúde, vivacidade, alegria, disposição. É no seu brilho e viço que está o verdadeirocartão de visita de cada um. E, independente do recurso ou profissional que cada indivíduo busca para melhorar sua aparência, a ele deve ser oferecido o que de melhor cada profissional possa oferecer, garantindo os melhores resultados de acordo com as condições e características individuais. 2 Laser A palavra laser é um acrônimo que corresponde a Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, que significa emissão estimulada de radiação Os procedimentos estéticos minimamente invasivos na área médica têm buscado corrigir ou melhorar a aparência de modo mais sutil e natural. 52 Estética nas Intervenções Médicas (FRANÇA, 2004) e possui múltiplas formas de utilização. Quando aplicado nos tecidos, o laser atua nos cromóforos, que são os alvos da pele, como a melanina e a hemoglobina presentes nas manchas, vasos e folículos pilosos. A duração do pulso do laser, o comprimento de onda e a fluência influenciam no resultado da terapia (CUCÉ, 2010). Assim que a energia luminosa é transformada, o cromóforo e partes do tecido adjacente são rompidos por fragmentação, coagulação, vaporização ou foto-oxidação. No caso dos lasers seletivos, a luz transpõe a pele para atingir o alvo, o que pode interferir na ação no alvo e absorção de macromoléculas ou resultar em cicatrizes indesejáveis (CONRADO, 2009). A seguir estão classificados os principais tipos de lasers quanto à aplicação. a) Lasers para lesões vasculares Os lasers existentes para tratamento das afecções dos vasos têm um amplo espectro de aplicações, sendo capazes de tratar as ectasias vasculares da cútis, tanto as adquiridas como as congênitas. Os principais lasers usados no tratamento das lesões vasculares cutâneas, com inclusão dos nevos vinhosos são o dye lasers e o laser de KPT. Também é possível utilizar o laser de alexandrita de 755 nm e pulsos longos, assim como o laser Nd: YAG de 1.064 nm no tratamento, tanto dos nevos vinhosos como das anomalias vasculares volumosas e das telangiectasias das veias dos membros inferiores (LANINGAN, 2007). Para o tratamento das lesões vasculares avermelhadas superficiais, a energia do laser é absorvida pela oxiemoglobina, o cromóforo-alvo nos vasos sanguíneos vermelhos. O aquecimento no vaso causa lesão na parede e dano ao colágeno perivascular, o que resulta no fechamento e obliteração do vaso com mínimo ou nenhum dano aos tecidos circundantes (SMALL, 2012). As telangiectasias faciais representam um dos distúrbios vasculares mais frequentes para tratamento e respondem facilmente à maioria dos lasers, cuja luz é absorvida pela hemoglobina. Os dois tipos de laser mais utilizados nesse tipo de tratamento são o pulsado com corante (PDL) e o laser de KPT (LANINGAN, 2007). b) Lasers para lesões pigmentadas O método de tratamento das lesões pigmentadas da pele depende da localização do pigmento, ou seja, se se encontra na epiderme, na derme ou é de localização mista, se é intra ou extracelular, assim como a natureza do mesmo (melanina ou pigmento de tinta nas tatuagens). Isso se deve ao fato de que existem muitos tipos de lesões pigmentadas e elas variam em relação à quantidade, à profundidade e à densidade da distribuição da melanina ou da tinta, no caso da tatuagem (DIERICKX, 2007). Quando aplicado nos tecidos, o laser atua nos cromóforos, que são os alvos da pele, como a melanina e a hemoglobina presentes nas manchas, vasos e folículos pilosos. 53 Dermatologia Estética Capítulo 2 O alvo para este tipo de laser é o melanossomo, cujo tempo de relaxamento térmico vai de 10 a 100 nanossegundos, porém, qualquer laser com comprimento de pulso menor que 1 microssegundo pode seletivamente lesá-lo. O espectro de absorção da melanina (que é o pigmento endógeno envolvido) de 250 a 1.200 nm, permite que qualquer laser produtor de luz ultravioleta, visível e infravermelha, possa remover pigmentações melânicas não desejadas em algum grau. Os lasers utilizados para lesões pigmentadas são o Q-switched ruby, com comprimento de onda de 694 nm e duração de pulso entre 25-40 ns, o Q-switched alexandrite com comprimento de onda de 755 nm e duração de pulso entre 50-100ns e o Q-switched Nd:YAG, com comprimento de onda entre 532 e 1.064 nm e duração do pulso entre 5-7 ns (FRANÇA, 2004). O efeito imediato que se observa na pele pigmentada sob a ação dos pulsos de laser de duração inferior a um microssegundo consiste no branqueamento imediato da pele. Esta resposta mantém relação com a ruptura dos melanossomos. Clareamento quase idêntico, embora mais intenso, ocorre quando as tatuagens são expostas ao Q-switched laser, pois tal como os melanossomos, as partículas de tinta das tatuagens são formadas por pigmentos intracelulares insolúveis, de tamanho submicrométrico (DIERICKX, 2007). FIGURA 1 – BRANQUEAMENTO IMEDIATAMENTE CONSECUTIVO AO TRATAMENTO PELO LASER FONTE: Dierickx (2007) c) Lasers para rejuvenescimento Baseado no princípio da fototermólise seletiva através do uso do laser, na técnica denominada resurfacing, a epiderme e a derme são retiradas com um mínimo de sangramento. É indicado principalmente para a correção das rugas causadas pelo fotoenvelhecimento e para cicatrizes de acne. Já o uso de lasers não ablativos, como o Nd:YAG de 1.320 nm e duração de pulso de 200 µs ou a IPL (luz intensa pulsada) seria uma alternativa aos lasers de erbium: YAG e 54 Estética nas Intervenções Médicas CO2, que apresentam efeitos colaterais, para pacientes com rugas discretas e cicatrizes. Nestes há preservação da epiderme e a injúria térmica da derme melhora o fotoenvelhecimento (FRANÇA, 2004). Os lasers podem ser utilizados para rejuvenescimento ao realizar peelings ablativo e não-ablativo. No caso do peeling ablativo, a principal vantagem é a eficácia, pois em um único procedimento obtém-se redução das rugas, lentigens solares, queratoses, irregularidades da superfície cutânea e da flacidez da cútis. Seu efeito é imediato, contrastando com os métodos não-ablativos cujos resultados se manifestam aos poucos, lentamente. Entre as desvantagens estão o eritema e o edema por período prolongado, o risco de ocorrerem infecções, alterações da pigmentação e formação de cicatrizes. O peeling não ablativo é indicado em pacientes que apresentam rugas finas, tratamento de eritema, telangiectasias e alterações da pigmentação (KILMER; SEMCHYSHYN, 2007). d) Lasers para remoção dos pelos Partindo do mesmo princípio da fototermólise seletiva, os lasers usados para a remoção dos pelos atuam sobre a melanina, destruindo o pelo seletivamente, sendo necessário nesse processo que a região do bulge, da matriz do pelo ou da papila dérmica seja destruído e, assim, a perda permanente dos pelos se obtêm aplicando uma fluência adequada (geralmente superiores a 30 J/cm²), levando à miniaturização do folículo com sua degeneração e fibrose (FRANÇA, 2004). No processo de fototermólise seletiva há geração de calor, que além de destruir o bulbo piloso, pode também destruir a melanina da epiderme, alterando, assim, outras células, ocasionando efeitos secundários indesejados como alteração de pigmentação, crostas, queimaduras e cicatrizes, por esta razão, o paciente ideal é aquele com pele clara e pelo escuro (SÁ; AMORIM, 2010). FIGURA 2 – AÇÃO DO LASER NA REMOÇÃO DO PELO FONTE: Visakha Institute of Skin & Allergy (2018) 55 Dermatologia Estética Capítulo 2 A eliminação dos pelos por meio de laser é considerada eficaz e é o melhor método para eliminar os pelos de grandes áreas em tempo relativamente curto. Os lasers disponíveis para a eliminação dos pelos são: lasers de rubi, laser de alexandrita, lasers de diodo, laser Nd:YAG, Laser Nd:YAG com Q-switched (GOLDBERG; HUSSAIN, 2007). Os lasers para depilação podem ser classificados de acordo com a sua complexidade, podendo ser considerado médico ou cosmético. No caso do médico, utilizam-se altas potências para resultados
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